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A psicologia nas emergências, nos desastres e nos incidentes críticos Daniela da Cunha Lopes Olavo Sant’Anna Filho
Histórico Emergências e desastres são termos que nos trazem cotidianamente a inquietante certeza do quanto estamos expostos às ameaças, sejam elas provenientes de fenômenos naturais (vendavais, chuvas torrenciais, estiagens) ou de avanços tecnológicos (vazamentos em usinas nucleares, acidentes no transporte de produtos químicos, conflitos armados). Vistas por longo tempo como “atos de Deus”, agora cada vez mais nos convencemos de que, na realidade, não estamos indefesos às ameaças, mas sim vulneráveis diante delas, pois muitas vezes as construímos. As questões ambientais ganharam visibilidade e passaram a ocupar lugar de destaque na agenda de muitos países, incluindo o Brasil. Segundo dados da Estratégia Internacional de Redução de Desastres (EIRD), das Organizações das Nações Unidas (ONU), todos os anos mais de 200 milhões de pessoas são afetadas por desastres naturais relacionados a aspectos climáticos, como secas, inundações, enchentes, ciclones tropicais, terremotos, deslizamentos de terra, incêndios florestais, ondas de calor e outras ameaças. De acordo com o relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) – organização política criada no âmbito da ONU pela iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e da Organização Meteorológica Mundial (OMM) −, publicado em 2007, há uma estreita relação entre as mudanças climáticas e os desastres naturais, o que configura um aumento da frequência deles. Juntamente com o processo de mudanças climáticas, assistimos ao crescimento de populações e da densidade urbana, o que também contribui para o aumento da ocorrência de desastres. Hoje, mais de três bilhões de pessoas