Do limite ao infinito Após um ano de ausência, o Grupo Corpo retorna aos palcos de Porto Alegre. Trazendo os espetáculos Triz e Onqotô, a companhia apresenta-se sábado e domingo, às 21h e às 19h, respectivamente, no Teatro do Sesi (Assis Brasil, 8.787). Duas coreografias prometem mobilizar os fãs da dança. Último trabalho produzido pelo grupo e lançado em 2013, Triz tem como mote e inspiração os limites. O espetáculo se molda na sensação de estar sob a mira da mitológica espada de Dâmocles, suspensa por um tênue fio de crina de cavalo. O estado de tensão é permanente no decorrer dos 40 minutos de show, no qual um triz de imprecisão pode ser fatal - os bailarinos estão sempre ‘por um fio’. A trilha sonora, composta por Lenine, foi feita apenas com instrumentos de corda. Além das gravações da respiração, da contagem e do som dos pés dos bailarinos durante os ensaios, que foram transformadas em música. Metaforicamente, os limites acompanharam Triz desde o princípio. No momento da criação do espetáculo, houve uma série de problemas e limitações por parte do coreógrafo, Rodrigo Pederneiras. Normalmente, as coreografias são criadas um ano antes da primeira apresentação. Porém, Pederneiras passou por duas cirurgias, o que o deixou impossibilitado de se mexer. “Sempre mostrei tudo através do meu corpo, e dessa vez, tivemos que mudar a forma de criar a peça, a estreia também precisou ser adiada”, ressalta o coreógrafo. Os bailarinos também auxiliaram Pederneiras em muitos momentos. “Montar um espetáculo desses não é como matemática. As coisas vão acontecendo durante o processo de criação, nunca é tão planejado detalhadamente”, afirma, sobre os imprevistos que podem ocorrer em meio a produção. Em Triz, o corpo também é delimitado. O figurino de Freusa Zechmeister é uma malha inteiriça blocada no preto e branco, seccionadas em duas metades, verticais e assimétricas, o que em alguns momentos cria uma ilusão de fusão entre os corpos dos bailarinos. Dessa forma, cria a confusão de não saber de onde e a quem pertence o movimento. Para a companhia, o figurino é o símbolo evidente, de que a chave de superação pode estar na mera determinação de se manter em movimento.