A Vórtice é um coletivo de dois, composto pelos cineastas & artistas visuais Marcos Haas e Thiago das Mercês. Desde 2014 os artistas encontraram na colaboração criativa um espaço de experimentação em vídeo, produzindo videoartes, videoperformances, instalações, curta-metragens e videoclipes.
Marcos Haas é cineasta, artista visual, arte/educador e pesquisador gaúcho, bacharel em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e mestre pelo Programa Associado de Pós-Graduação em Artes Visuais (UFPB - UFPE). Tem experiência no campos do Cinema e das Artes Visuais, com interesse especial em montagem e edição de vídeo, animação, cinema experimental, cinema expandido, estética, arte contemporânea, videoarte, identidade, gênero e sexualidade, educação e estudos decoloniais. Enquanto artista e pesquisador tem trabalhado o conceito de masculinidades dissidentes através de articulações com a crítica feminista;
Thiago das Mercês é produtor, articulador, arte-educador, ator, pesquisador, curador, roteirista e realizador audiovisual recifense. Bacharel em Cinema pela UFPE, desenvolve trabalhos nos campos das artes visuais, do cinema, do vídeo, da produção artística e da pesquisa cultural, com ênfase em políticas públicas. Possui uma linha de produção voltada para a concepção artística de videoclipes autorais e narrativos desenvolvidos junto a artistas musicais de Pernambuco. Como roteirista, tenta criar crônicas do cotidiano que refletem a vida nas grandes metrópoles, e que aparentam ser isoladas, mas que em seu desenvolvimento constroem relações com outras histórias, criando universos ficcionais expandidos. Fundador da Afinco Produções, aceleradora de projetos culturais e iniciativas artísticas.
movimento
s.m. Ato ou efeito de mover, deslocar-se. Mudança pela qual um corpo está sucessivamente presente em diferentes pontos do espaço.
Fig. Agitação, fermentação política. Parte de uma graduação do metrônomo. A marcha real ou aparente dos corpos celestes.
Circulação, agitação produzida por uma multidão que se move em diferentes sentidos.
A série “Movimentos” é composta por seis videoperformances produzidas entre 2016 e 2017 pelo coletivo Vórtice, com a colaboração de diversos artistas e performers. Com interesse e foco em subjetividades diversas, identidades, e através de recortes íntimos e relações afetivas, o conjunto dos seis vídeos são um comentário sobre algumas articulações de classe, raça, gênero e sexualidades. A partir de registros de performances, ensaios, material de arquivo pessoal, captados entre Recife e Arcoverde, cada capítulo é o resultado de pequenos laboratórios experimentais em audio e vídeo, onde buscávamos o esgarçamento de determinada palavra, conceito ou gesto; aparecem nos vídeos os artistas e performers: Thiago das Mercês, Marcos Haas, Rebeca Gondim, Edson Vogue, Rosana Torres, Werner Ferlos, Jefferson Silveira, Adriano Paiva, Ana Paula Leandro, Ana Paula Arcoverde, Augusto César, David Ramos, Gabriel Cavalcante, Higor Mitos, Marcy Sobral, Debora Freitas, Junior Barbosa e Wesley Monteiro.
Todos os episódios estão disponíveis em plataformas digitais, e circularam em festivais, mostras e cineclubes dentro e fora do estado. Dentre os festivais em que um ou mais episódios foram exibidos estão:
20° Festcine
I Mostra Caldeira de Artes Visuais
Festival Mate Com Angu de Cinema Popular
Festival Visões Periféricas, na Mostra Tudojuntoemisturado
II Festival do Audiovisual Negro
I Palco Preto
Movimento #1 com Thiago Merces
E se comparássemos o sistema democrático com andar no carrinho do bate-bate?
Teríamos o poder de escolher o caminho que quiséssemos, mas sempre iriamos colidir nosso destino com o de outra pessoa em seu carrinho.
Também só poderíamos circular dentro daquele pequeno espaço que nos foi dado, outro lugar não seria possível ter poder para locomoção. A energia que faz com que possamos seguir é dada por alguém que controla a voltagem que movimenta nossos carrinhos.
E há uma pequena cerca ao redor desse espaço por onde podemos transitar, onde outras diversas pessoas nos observam enquanto colidimos.
E se quiséssemos andar por fora da cerca? E se quiséssemos sair do carrinho e caminhar? No bate-bate, podemos fazer isso. Mas e na vida? Tem regras e normas sociais que nos prendem e ditam como devemos seguir a vida.
É necessário questionar até a própria etimologia da palavra “democracia” e o que dizem que ela representa no dicionario. O que nos ensinam ser democracia, na pratica não acontece. Quase sempre, as ações não condizem com as palavras.
O desejo de mudar as coisas é um Movimento.
Imagens: Rafael Moury Fernandes
Direção e Narração: Thiago Merces
Edição: Marcos Haas
Texto Narrado: Dicionario da Língua Portuguesa
Texto Descritivo: Thiago Merces
clique na imagem para assistir o vídeo, ou acesse: https://www.youtube.com/watch?v=nOMaQJ_fROU
Movimento #2 com Marcos Haas
E se existisse um mundo hipotético onde nós tivéssemos que nos mover seguindo uma sequência e uma ordem de sons?
Onde nós tivéssemos que ser definidos de uma única forma, desde nosso nascimento até a morte?
Onde não haveria espaço para reconhecimentos, pois todos seríamos iguais dentro daquilo que foi definido por outros, a respeito de nós?
E que apesar de existir um som, fosse proibido dançar ou se mover fora desse ritmo?
E se em meio a esse certo mundo, enquadrarmos um corpo dançante.
E contrariando a ordem que vem sendo imposta à esse mundo, tal corpo não se definisse nem como feminino, nem como masculino?
E se, ao invés de se deixar definir pelos outros, seduzisse e brincasse com o próprio reflexo, como em um jogo, onde o objetivo não é se classificar, mas sim contrariar o seu próprio Eu?
E se ele conseguisse inverter as intenções até mesmo deste vídeo, e fugisse do compasso lógico das batidas que definem um ritmo?
Subverter a ordem considerada como a natural das coisas é um Movimento.
Com Marcos Haas e Jefferson Silveira
Direção: Thiago Merces e Marcos Haas
Imagens: Thiago Merces
Edição: Marcos Haas
Texto Descritivo: Thiago Merces
Agradecimentos: Ianah Maia
clique na imagem para assistir o vídeo, ou acesse: https://www.youtube.com/watch?zv=TxBHOAHxhJw
Movimento #3 com
Rebeca Gondim
Você já parou para pensar na quantidade de pessoas com cabelo crespo ou cacheado que os alisam?
Puxando, esticando, queimando, prendendo, podando, alisando diariamente seus cabelos.
Que desde pequenas, são influenciadas inclusive pelos próprios pais de que seu cabelo não é “adequado”.
É evidente que existe uma ditadura da beleza, e que diversos padrões do que é considerado belo, vem de pessoas que possuem fenótipos de pessoas brancas. Fazendo com que pessoas que não se encontram nesse padrão, tentem se adequar.
É a ditadura do liso, é a ditadura do branco.
É evidente também, que isso existe desde o período colonial de nosso país. Desde a escravidão dos povos africanos, que eram trazidos em navios negreiros para trabalharem nos engenhos de açúcar.
Onde essas pessoas nem eram consideradas pessoas, e sim peças. Onde qualquer característica que se assimilasse aos negros escravizados era vista de forma negativa. Sua cor, suas crenças, seu nariz, sua boca, suas danças, sua comida, seu cabelo...
Claro que hoje em dia, no Brasil, somos todos mestiços. Uma mistura. Somos em parte negros, em parte brancos, em parte indígenas. Mas historicamente, aquelas pessoas que não se adequam a padronização europeia e branca são descriminados.
Uma mulher negra e de cabelos cacheados escolher não alisar os cabelos, e deixa-los crescerem e florescerem, é um ato político.
Aceitarmos a forma como nascemos ou nos reconhecemos enquanto individuo é um Movimento.
Com Rebeca Gondim e Werner Ferlos
Direção, Filmagem e Texto: Thiago Merces
Edição: Marcos Haas
Registro da performance “Terezinha” de Rebeca Gondim, na Mostra de Artes Geraldo Barros, no SESC de Arcoverde.
Agradecimentos: Maria Clara Camarotti, Jorge Kildery, Natalie Revorêdo, Rebeca Gondim, Werner Ferlos, SESC Arcoverde.
clique na imagem para assistir o vídeo, ou acesse: https://www.youtube.com/watch?v=wmQgihXo0ak
Movimento #4 com Locomotivo Corredor
A palavra “Persona” significa máscara, que vem do teatro grego, onde cada ator utilizava uma máscara para construir seu personagem. A persona é como se fosse um “papel” para interpretarmos e sermos vistos pelos outros.
Em cada ambiente social em que adentramos, adotamos uma máscara. Um “personagem” de nós mesmos que criamos para sermos aceitos pelos outros. Para pertencer a um grupo.
Somos uma pessoa para nossa mãe, outra para nosso(a) namorado(a), outra pra nosso professor, e por aí vai... isso não significa que somos falsos ou que estamos mentindo. Não somos os “personagens sociais” que criamos de nós, e sim a força criadora dessas máscaras sociais.
Mas o que acontece quando somos influenciados ou coagidos a sermos ou agirmos de uma determinada forma? Deixamos de possuir a autonomia de construir nossa própria identidade social e passamos a agir de maneira padronizada. Passamos a ser iguais uns aos outros, deixando de lado aquilo que nos caracteriza e nos define como um ser social único, passando a ser apenas massa de manobra daquilo que esperam que sejamos dentro da sociedade.
Não cabe a ninguém além de nós definir quem somos e que papel devemos desempenhar na sociedade. Vestir a persona que nos derem é negar o próprio poder criativo e a liberdade de escolher o próprio rumo, que pode ser inclusive o de quebrar com essas máscaras e seguir por outro caminho.
A clareza de que não precisamos nos adequar a um padrão social e podemos escolher ser ou agir da forma que julgarmos melhor para nós é um Movimento.
Com Grupo Locomotivo Corredor
Dançarinos:Adriano Paiva, Ana Paula Leandro, Ana Paula Arcoverde, Augusto César, David Ramos, Gabriel Cavalcante, Higor Mitos, Marcy Sobral, Debora Freitas, Junior Barbosa e Wesley Monteiro. Ensaio do espetáculo “Carne Viva”, com direção de Ana Paula Arcoverde, na Fundação Terra, em Arcoverde.
Direção, argumento e imagens: Thiago Merces
Trilha Sonora: BrunWo Christofoletti Barrenha
Edição: Marcos Haas
Agradecimento especial a Jorge Kildery
na imagem para assistir o vídeo, ou acesse: https://www.youtube.com/watch?v=G6iTPWKhNbQ
clique
Movimento #5 com
Edson Vogue
O Vogue é uma dança de resistência da cultura negra/latina e LGBT, que nasce do contexto das prisões da cidade de Nova York, nos Estados Unidos em meados dos anos 30 e tendo seu conhecimento mais amplo pelo mundo no final dos anos 80. Os homossexuais que por diversos motivos estavam presos, procuravam nas revistas de moda Vogue uma forma de abstrair sua condição de presidiários. Naquela época não se era permitida a entrada de qualquer tipo de revista ou material pornográfico, e quando alguma publicação de revistas entrava, era da Vogue.
O mundo denso da moda que era apresentado pela revista passou a influenciar os presidiários, que começaram a imitar as poses das modelos fotográficas que nela eram apresentadas. Depois começaram a dançar utilizando as poses como referencia para criar os seus passos.
O Vogue representa uma cultura urbana. Uma diáspora africana que vai se ligando aos processos de urbanização e resistência da cultura negra e queer em todo o mundo.
Quem dança Vogue sente orgulho de sua cor e sua sexualidade. Quem dança Vogue sente-se poderoso e sabe que o é, pois tem consciência de que não está apenas dançando, está emponderando-se e emponderando a outros com seus passos. Quem dança Vogue sabe que não é apenas mais um, mas também sabe que não está sozinho.
Empoderar a si e a outros é um Movimento.
Argumento: Thiago Merces
Direção: Thiago Merces e Marcos Haas
Montagem, finalização e ilustrações: Marcos Haas
Música: ‘the ha dance’ Masters of Work
Agradecimento: Armando Batista de Souza
Texto: Thiago Merces e Edson Vogue
Com Edson Vogue
clique na imagem para assistir o vídeo, ou acesse: https://www.youtube.com/watch?v=y8l37fed0cM
Movimento #6 com
Rosana Torres
Nossos pais são a instituição que rege nossos caminhos em uma boa parte de nossas vidas, e depois, como em um estalar de dedos, nos é jogada toda a responsabilidade por nossos caminhos. E como pássaros que tem de aprender a voar sem nem nunca ter saído do ninho, temos de erguer nossas asas e levantar voo.
Todos nós somos instituições museológicas. Todos nós carregamos passado, cicatrizes, lembranças incrustadas em nossa carne e em nossa memória. Ao mesmo tempo em que todos somos fruto dessas historias e vivemos no presente. Podemos, além disso, projetar nosso futuro através de nossos sonhos, metas e desejos, e assim imaginar onde estaremos daqui a alguns anos.
As coisas que aconteceram nos formaram enquanto indivíduos. E as que acontecem hoje em dia, formará quem seremos no futuro. Somos fruto de acontecimentos. Sejam eles coisas que se passaram com a gente, ou com pessoas que vieram antes de nós. Nossos pais, nossos avós, nossos bisavós, e por aí vai.
Somos fruto das escolhas de nossos antepassados (digo, daqueles que tiveram escolhas), junto com a historia de outros antepassados que não tiveram escolha alguma. Somos resultado de nossas próprias escolhas também. Somos escolhas materializadas em pessoas buscando encontrar seu lugar no mundo.
Trilhamos esses caminhos nos espelhando no mundo que nossos pais nos ensinaram a viver, sem imaginar o quanto o mundo é grande e diferente de tudo aquilo que nos foi dito. Nossos pais, no entanto, filhos de uma geração que os criou, assim como nós somos filhos da nossa, fizeram de tudo o que puderam para dar o melhor para nós.
Ter respeito às gerações que passaram e entender a historia pela qual percorreram, para assim entender nossa própria historia e conseguir seguir em frente, é um movimento.
Com Rosana Torres
Argumento: Thiago Merces
Direção: Thiago Merces
Montagem e Finalização: Marcos Haas
Texto: “Lembrança do Mundo Antigo”, de Carlos Drummond de Andrade
clique na imagem para assistir o vídeo, ou acesse: https://www.youtube.com/watch?v=wNuZ9xCCQ-o&
~ outras produções ~
Entrever (Thiago das Mercês, 2017)
Violência policial e a omissão de reação da população diante dessa violência.
Entrever foi concebido como uma vídeo-instalação aprovada no edital IX UNICO Salão de Arte Contemporânea do SESC-PE para participar da exposição coletiva com o tema arte e participação, com exposições no SESC Casa Amarela e na galeria Ana das Carrancas no SESC Petrolina no ano de 2017.
Direção: Thiago das Mercês
Montagem: Marcos Haas
Olhos: Edson Vogue
Agradecimentos: Deborah Fabri
https://www.youtube.com/watch?v=XW3nbKIEQtM
Ovo de Colombo (Marcos Haas e Guilherme Correia, 2014)
Direção: Marcos Haas e Guilherme Correia
Assistente de Direção: Francine Antunes
Produção: Kelly Demo Christ
Assistente de Produção: William Weinberger
Direção de Fotografia: Bettina Wieth
Roteiro: Marcos Haas
Direção de Arte: Eduarda Jacobs
Montagem: Jacqueline Almeida
Som Direto: Pedro Coimbra
Mixagem de Som: Jacob Mattos
24º Curta Cinema 2014 - Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro - Mostra CineclubeLGBT
2º RECIFEST - Festival de Cinema da Diversidade Sexual
6º Festival Internacional de Cinema da Fronteira
4º Festival de Cinema Universitário de Alagoas
1º Festival Luz de Cinema
8ª Mostra Curta Audiovisual
https://vimeo.com/vorticefilmes/ovodecolombo
https://www.youtube.com/watch?v=6KLB4m-ZmjI
Copa
Registro da Performance “Copa” no festival Caldeira em Arcoverde, Pernambuco.
Performance e direção: Iagor e Jorge Kildery
Trilha Sonora Original: Nathan There
Captação: Juliabe Balbino e Marcos Haas
Edição: Marcos Haas
Terezinha de Rebeca Gondim
Registro da Performance “Terezinha” na Mostra de Artes Geraldo Barros, no SESC de Arcoverde em Agosto de 2016
Performance e direção: Rebeca Gondim
Captação: Thiago das Mercês
Edição: Marcos Haas
Luz na Luz
Videoclipe da música “Luz na Luz” do grupo Jonatas Onofre Quarteto.
Direção e Fotografia: Thiago das Mercês
Produção: Jéssica Otaviano e Thiago das Mercês
Performance: Kildery Iara, Rebeca Gondim e Anderson Vieira
Figurino: Vitória Liz
Montagem: Letícia Barros
Correção de Cor: Rafael Amorim
Gilmar
Videoclipe da música “Gilmar” do artista Mazuli com Carlos Eduardo Ferraz, Thiago das Mercês e Thiago Mazuli
Direção: Thiago das Mercês e Débora Bittencourt
Roteiro: Thiago as Mercês
Produção: Thiago das Mercês e Thiago Mazuli
Direção de Fotografia: Débora Bittencourt
Assistência: Inês Maia, David Oliveira e Douglas Monteiro
Montagem: Thiago das Mercês e Debora Bittencourt
Correção de cor e finalização: Pedro Malvado
Encabulada
Videoclipe da música “Encabulada” do grupo Nácar.
Roteiro e Direção: Thiago das Mercês e Marcos Haas
Direção de Fotografia: Tatiana Quintero
Produção: Thiago das Mercês
Assistência de Produção: Felipe Karnakis
Edição e Montagem: Marcos Haas
Estúdio: TV Universitária PE
Preciosa
Videoclipe da música “Preciosa” do artista Mazuli com Sofia Freire.
comv Crys Mun_Rá, Thiago Mazuli e Luna Rabay
Roteiro e Direção: Thiago das Mercês
Direção de Fotografia: Débora Bittencourt
Produção: Thiago das Mercês e Thiago Mazuli
Assistência: Inês Maia, Douglas Monteiro, Larissa Dutra e Matheus Rosa
Edição e Montagem: Thiago das Mercês e Debora Bittencourt
Correção de cor e finalização: Pedro Malvado
clipagem / comprovações: