Antologia Poética Amorosa
Nomes: Marcos Baptista, Rodrigo Marques e Miguel Monteiro
Turma: 11ºGpsi-B
Disciplina: Português

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Nomes: Marcos Baptista, Rodrigo Marques e Miguel Monteiro
Turma: 11ºGpsi-B
Disciplina: Português

Esta antologia tem vinte poemas escritos por vinte autores diferentes, que retratam várias realidades, mas, no geral, as obras desenvolvem-se à volta da mesma temática, o amor Todo o livro é ilustrado com fotos dos autores que escreveram os poemas. Visto que a leitura é um hábito cada vez menos comum (pelo menos em suporte de papel), o objetivo é voltar a criar esta rotina saudável e de grande importância. Para finalizar, está presente uma breve biografia destes poetas.
Poema:
Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói, e não se sente; É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Biografia:
Luís Vaz de Camões (c. 1524 – 1580) é considerado um dos maiores poetas portugueses. Sua obra mais conhecida é "Os Lusíadas", que é uma epopeia celebrando as navegações portuguesas. Ele também escreveu muitos sonetos líricos, muitos dos quais tratam do tema do amor.

2. Florbela Espanca
Poema:
Ó Mulher! Como és fraca e como és forte! Como sabes ser doce e desgraçada!
Como sabes fingir quando em teu peito A tua alma se estorce amargurada!
Quantas morrem saudosa duma imagem. Adorada que amaram doidamente!
Quantas e quantas almas endoidecem Enquanto a boca rir alegremente!
Quanta paixão e amor às vezes têm Sem nunca o confessarem a ninguém Doce alma de dor e sofrimento!
Paixão que faria a felicidade.
Dum rei; amor de sonho e de saudade, Que se esvai e que foge num lamento!
Biografia:
Florbela Espanca (1894 – 1930) foi uma poetisa portuguesa conhecida pela intensidade emocional e melancolia de seus poemas. Sua obra reflete frequentemente temas de amor, saudade e sofrimento.

Poema:
O amor, quando se revela, Não se sabe revelar. Sabe bem olhar p’ra ela, Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente Não sabe o que há de dizer. Fala: parece que mente… Cala: parece esquecer…
Ah, mas se ela adivinhasse, Se pudesse ouvir o olhar, E se um olhar lhe bastasse P’ra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala; Quem quer dizer quanto sente Fica sem alma nem fala, Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe O que não lhe ouso contar, Já não terei que falar-lhe Porque lhe estou a falar…
Biografia: Fernando Pessoa (1888 – 1935) foi um dos maiores poetas da língua portuguesa e um dos mais importantes escritores do modernismo. Ele escreveu sob vários heterônimos, cada um com uma personalidade e estilo distintos.

4. Sophia de Mello Breyner Andresen
Poema:
A minha vida é o mar o abril a rua
O meu interior é uma atenção voltada para fora
O meu viver escuta
A frase que de coisa em coisa silabada
Grava no espaço e no tempo a sua escrita
Não trago Deus em mim mas no mundo o procuro
Sabendo que o real o mostrará
Não tenho explicações
Olho e confronto
E por método é nu meu pensamento
A terra o sol o vento o mar
São a minha biografia e são meu rosto
Por isso não me peçam cartão de identidade
Pois nenhum outro senão o mundo tenho
Não me peçam opiniões nem entrevistas
Não me perguntem datas nem moradas
De tudo quanto vejo me acrescento
E a hora da minha morte aflora lentamente
Cada dia preparada
Biografia:
Sophia de Mello Breyner Andresen (1919 – 2004) foi uma das mais proeminentes poetisas portuguesas do século XX. Sua poesia é caracterizada pela clareza, simplicidade e um profundo senso de moral e justiça.

Poema:
Não te amo, quero-te: o amor vem d'alma. E eu n 'alma – tenho a calma,
A calma – do jazigo.
Ai! não te amo, não.
Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida – nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!
Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora, Não chega ao coração.
Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?
E quero-te, e não te amo, que é forçado, De mau, feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.
E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror.
Mas amar!... não te amo, não.
Biografia:
João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett (1799 – 1854) foi um poeta, dramaturgo e político português. Ele foi um dos maiores representantes do romantismo em Portugal.

Poema:
Rosto comprido, airosa, angelical, macia, Por vezes, a alemã que eu sigo e que me agrada,
Mais alva que o luar de inverno que me esfria,
Nas ruas a que o gás dá noites de balada;
Sob os abafos bons que o Norte escolheria,
Com seu passinho curto e em suas lãs forrada,
Recorda-me a elegância, a graça, a galhardia
De uma ovelhinha branca, ingênua e delicada
Biografia:
Cesário Verde (1855 – 1886) foi um poeta português cuja obra é considerada precursora do modernismo. Seus poemas frequentemente descrevem cenas urbanas com grande realismo.

Poema:
Adeus! Eu parto, mas volto, breve, A tua casa que deixei lá!
Leva-me o Outono (não tarda a neve)
Leva-me o Outono (não tarda a neve) No meu regresso, que sol fará!
Adeus! Na ausência meses são anos, Dias são meses, que aí são ais; Ah tu tens sonhos, eu tenho enganos, Eu sou sozinho, tu tens teus Pais
Biografia:
António Nobre (1867 – 1900) foi um poeta português cuja obra, caracterizada por um tom melancólico e pessoal, é considerada uma das mais importantes do fim do século XIX em Portugal.

Poema:
É urgente o amor. É urgente um barco no mar. é urgente destruir certas palavras. odio, solidão e crueldade, alguns lamentos muitas espadas.
É urgente inventar alegria, multiplicar os beijos, as searas, é urgente descobrir rosas e rios e manhãs claras
Cai o silêncio nos ombros e a luz impura, até doer. É urgente o amor, é urgente permanecer.
Biografia:
Eugénio de Andrade (1923 – 2005) foi um poeta português conhecido pela simplicidade e clareza de sua linguagem poética. Seus temas frequentemente incluem o amor, a natureza e a infância.

Poema:
Hoje quero com a violência da dádiva interdita. Sem lírios e sem lagos e sem gesto vago desprendido da mão que um sonho agita.
Existe a seiva. Existe o instinto. E existe eu suspensa de mundos cintilantes pelas veias metade fêmea metade mar como as sereias.
Biografia:
Natália Correia (1923 – 1993) foi uma poetisa, romancista e dramaturga portuguesa. Sua obra é conhecida pela crítica social e política, bem como pela sensualidade e exuberância da linguagem.

10. Alexandre O'Neill
Poema:
Ao lado do homem vou crescendo
Defendo-me da morte quando dou Meu corpo ao seu desejo violento
E lhe devoro o corpo lentamente
Mesa dos sonhos no meu corpo vivem
Todas as formas e começam
Todas as vidas
Ao lado do homem vou crescendo
E defendo-me da morte povoando de novos sonhos a vida.
Biografia:
Alexandre O'Neill (1924 – 1986) foi um poeta e publicitário português, membro do movimento surrealista em Portugal. Sua obra é marcada por um tom satírico e irônico, além de uma profunda sensibilidade.

Poema:
Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto, E hoje, quando me sinto, É com saudades de mim.
Como se chora um amante, Assim me choro a mim mesmo:
Eu fui amante inconstante
Que se traiu a si mesmo
Biografia:
Mário de Sá-Carneiro (1890 – 1916) foi um poeta e escritor português, conhecido por sua ligação com o movimento modernista e sua amizade com Fernando Pessoa. Sua obra reflete uma profunda angústia existencial.

Poema:
Viver assim: sem ciúmes, sem saudades, Sem amor, sem anseios, sem carinhos, Livre de angústias e felicidades, Deixando pelo chão rosas e espinhos;
Poder viver em todas as idades; Poder andar por todos os caminhos; Indiferente ao bem e às falsidades, Confundindo chacais e passarinhos;
Passear pela terra, e achar tristonho
Tudo que em torno se vê, nela espalhado; A vida olhar como através de um sonho;
Chegar onde eu cheguei, subir à altura
Onde agora me encontro - é ter chegado
Aos extremos da Paz e da Ventura!
Biografia:
Antero de Quental (1842 – 1891) foi um poeta, ensaísta e ativista português. Ele foi uma figura central na Geração de 70, que procurou renovar a cultura portuguesa, e é conhecido por sua poesia filosófica e social.

Poema:
Ofélia d'hoje que a Injustiça enlouqueceu.
Debruçada, a tremer, sobre um abismo imenso!
Lágrima universal na pupila do céu,
Pranto da Criação dum ermo olhar suspenso!
Aquela lágrima evapora, ó sol do amor
Converte-a em criadora e etérea nebulosa.
Cristaliza num mundo ideal aquela dor, Condensa numa alma a carne tenebrosa!
Biografia:
Teixeira de Pascoaes (1877 – 1952) foi um poeta e filósofo português. Ele é uma das figuras principais do movimento saudosista, que buscava ressuscitar a alma e a cultura lusitanas.

14. António Gedeão
Poema:
Recolhi as tuas lágrimas na palma da minha mão, e mal que se evaporaram todas as aves cantaram e em bandos esvoaçaram em tomo da minha mão.
Em jogos de luz e cor tuas lágrimas deixaram os cristais do teu amor, faces talhadas em dor na palma da minha mão.
Biografia:
António Gedeão (1906 – 1997), pseudônimo de Rómulo de Carvalho, foi um poeta, professor e cientista português. Ele é conhecido por sua obra poética, que combina ciência, humanismo e uma sensibilidade profunda.

Poema:
Agora que o silêncio é um mar sem ondas, E que nele posso navegar sem rumo, Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz Assim,
Já tão longe de ti como de mim.
Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor Durou.
Mas o tempo passou, Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.
Biografia:
Miguel Torga (1907 – 1995), pseudônimo de Adolfo Correia da Rocha, foi um dos mais importantes escritores portugueses do século XX. Sua obra inclui poesia, contos, romances e um famoso diário.

16. Sebastião da Gama
Poema:
Pelo sonho é que vamos, comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos? Haja ou não haja frutos, pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos. Basta a esperança naquilo que talvez não teremos. Basta que a alma demos, com a mesma alegria, ao que desconhecemos e ao que é do dia a dia.
Chegamos? Não chegamos? – Partimos. Vamos. Somos.
Biografia:
Sebastião da Gama (1924 – 1952) foi um poeta e professor português, conhecido pela sua poesia lírica e profundamente humanista. Ele também foi um defensor da natureza e do Parque Natural da Arrábida.

Poema:
Acompanhando a recente curvatura da terra o primeiro olhar descreveu a sua órbita sobre as oliveiras.
Só mais tarde a pomba roubaria o ramo e iria de árvore em árvore propagar a primavera
Foi então que os olhos se cruzaram e estava dita a primeira palavra à superfície do tempo
Biografia:
Ruy Belo (1933 – 1978) foi um poeta e ensaísta português. Sua obra é marcada por uma linguagem lírica e uma profunda reflexão sobre a condição humana e o sentido da vida.

18. Herberto Helder
Poema:
Amo devagar os amigos que são tristes com cinco dedos de cada lado.
Os amigos que enlouquecem e estão sentados, fechando os olhos, com os livros atrás a arder para toda a eternidade. Não os chamo, e eles voltam-se profundamente dentro do fogo. Temos um talento doloroso e obscuro. Construímos um lugar de silêncio.
De paixão
Biografia:
Herberto Helder (1930 – 2015) foi um poeta português frequentemente considerado um dos maiores poetas portugueses contemporâneos. Sua obra é conhecida pela intensidade e pelo uso inovador da linguagem.

19. Maria Teresa Horta
Poema:
Abrigo-me de ti de mim não sei há dias em que fujo e que me evado
há horas em que a raiva não sequei nem a inveja rasguei ou a desfaço
Há dias em que nego e outros onde nasço
há dias só de fogo e outros tão rasgados
Aqueles onde habito com tantos dias vagos.
Biografia:
Maria Teresa Horta (nascida em 1937) é uma poetisa, jornalista e escritora portuguesa. Ela foi uma das "Três Marias", autoras do livro "Novas Cartas Portuguesas", que desafiou a censura e a opressão do regime salazarista.

Poema:
ensanguentou-se a fonte dos sonhos por isso fecha os olhos e vê como o desejo acabou- vê a prata suja envolvendo os amantes no meio de sedas cintilantes espelhos e fogos onde o sussurro das horas se perde
Biografia:
Al Berto (1948 – 1997), pseudônimo de Alberto Raposo Pidwell Tavares, foi um poeta português. Sua obra é marcada pela exploração da identidade e do corpo, e ele é frequentemente associado ao movimento contracultural dos anos 70 e 80 em Portugal.

Com isto finalizamos, esperamos que tenhamos incentivado a ler com frequência porque é uma rotina muito saudável, agradecemos á professora Marta da área de Português pela a oportunidade de desenvolver este trabalho.
Com votos de boa leitura, muitos abraços.
