catálogo da individual Márcio Pannunzio - Xilogravuras

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29 de setembro a 9 de dezembro CAIXA Cultural S達o Paulo 2012

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agradecimentos Arminda Jardim Frederico Goiana JoĂŁo VergĂ­lio Gallerani Cuter Nelson Alvin Paloma Santa Rosa Klein Paulo Klein Paulo Cheida Sans Sirlene Viana Valdemar Batista Viana

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sumรกrio a intimidade aprisionada jรณias de Pannunzio perรณlas negras a promiscuidade pueril de Mรกrcio Pannunzio nota biogrรกfica

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A CAIXA Cultural apresenta a exposição “Márcio Pannunzio – Xilogravuras”. São 70 obras do artista paulista executadas com grande diversidade de técnicas, permitindo ao expectador uma visão abrangente das possibilidades técnicas e estilísticas da gravura. O núcleo central do projeto é constituído por xilografias de topo de pequenas dimensões, englobando as principais séries temáticas desenvolvidas pelo artista nos últimos dez anos. Também fazem parte da mostra, painéis fotográficos documentando todo o processo de criação e materiais usados na produção das gravuras. Ao patrocinar esse projeto, a CAIXA reafirma o compromisso de ser mais que um banco, pois participa ativamente da promoção artística e cultural do país. A CAIXA atua fortemente no desenvolvimento cultural promovendo projetos nos mais diversos segmentos: música, teatro, dança, artes plásticas, além de apoiar museus e a preservação de acervos públicos brasileiros. Todas essas ações visam democratizar o acesso aos bens culturais do país e proporcionar que os artistas brasileiros possam mostrar seus trabalhos. Essa é uma das formas da CAIXA cumprir sua missão, que é atuar na promoção da cidadania e do desenvolvimento sustentável do país. Caixa Econômica Federal 8


a feitura da tinta

bastidores

acima: o antes

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a intimidade aprisionada As gravuras de Márcio Pannunzio falam a respeito de duas coisas marcadas por uma oposição radical: o universo da intimidade (aí incluída com destaque a intimidade do próprio artista) e o universo da sociedade capitalista de consumo. A série “retrato do artista quando jovem” é a que melhor exemplifica essa dualidade, e pode servir, por isso, de introdução a toda a obra. Examinemos com cuidado o desenho reproduzido nas páginas 89-90. A superfície está dividida em dois grandes planos. À esquerda, o ateliê do artista; à direita, separada por uma parede protetora, a cidade que o circunda. O ambiente da cidade é marcado pela repetição. Uma floresta de prédios e chaminés misturados a jukeboxes gigantes marcam um ambiente em que o indivíduo ou simplesmente desaparece (como nesta gravura), ou então comparece na forma de um item indistinto na multidão. Trata-se, portanto, de uma repetição que traz a marca de uma impessoalidade induzida pela cultura de massas (representada aqui pelas jukeboxes). Curiosamente, o ambiente do ateliê também é marcado pela repetição. Os tacos no chão, os padrões no tapete e, acima de tudo, as centenas de autorretratos espalhados pelas paredes parecem estabelecer uma continuidade com o ambiente externo massificado. Mas isso é enganoso. Toda a cena do ateliê é dominada pela figura do artista que se olha no espelho e, mais uma vez, se põe a desenhar o próprio rosto, que lhe dirige um “bom dia”. É isso que ele tem feito sua vida toda, aparentemente: reproduzir-se em figuras diversas, que vão formando um entorno próprio, definindo sua 18


atividade e seu ambiente de trabalho. É por esse exercício obsessivo que o trabalho do artista enquanto jovem se define. A repetição do próprio rosto, no entanto, não aponta para uma falta de pessoalidade, como acontecia com a repetição das janelas, chaminés e jukeboxes. Pelo contrário. Aponta no sentido de uma exacerbação da personalidade do artista, que se repõe (metaforicamente) em cada uma das obras que produz. É sempre ele (ser humano único, irrepetível) que está presente em tudo o que faz, dando o sentido último e profundo de cada obra — sentido que o observador externo é convidado a procurar, mas com o qual não pode pretender coincidir. É esse, portanto, o sentido desse muro sólido, indestrutível, que separa o ateliê do artista do mundo exterior. É esse o sentido da ausência de passagens de um ambiente para o outro — a janela e a porta trancadas, com a prancheta pesadamente encostada a esta última. Dentro do mundo do artista, tudo é único, pessoal e, no limite, intransferível. Lá fora, o mundo é padronizado, impessoal, feito para ser de todos e de ninguém ao mesmo tempo. É dessa oposição entre o universo íntimo, com seus dramas solitários, e um universo público marcado pela massificação que trata a obra de Márcio Pannunzio, ora enfatizando um dos polos, ora o outro. Tome-se, por exemplo, os desenhos reproduzidos nas páginas 31 e 32. Em ambos, encontramos figuras imóveis, cada uma portadora de um gesto emblemático. A primeira leva o título “o sonho da razão produz monstros”, emprestado de uma famosa gravura de Goya. Transportado do final do século XVIII para o começo do século XXI, o “sonho da razão” não nos faz mais pensar na Revolução Francesa e em suas consequên19


cias mais violentas. O sonho da razão, hoje, é a sociedade de massas, a sociedade de consumo e o culto ao prazer imediato, egoísta, voltado para dentro de si mesmo, que apriosiona os indivíduos. Márcio Pannunzio retratou essa realidade numa mulher que se dobra na cintura, trava os dois braços abraçando as próprias pernas e oferece a quem a frui seus três orifícios abertos. Como toda mercadoria, essa mulher é objeto de fruição, e fica reduzida à função de proporcionar prazer a quem se disponha a pagar por seus encantos. Na página seguinte, uma Eva pós-moderna, com seis braços, apresenta-se como um ícone do sexo mercantilizado, interesseiro. Duas mãos sustentam os seios fartos, ofertando-os. Duas outras exibem uma vagina escancarada, cheia de dentes. As duas últimas estão postas sobre a cabeça, fazendo um gesto derrisório para quem a observa ou a cobiça. Nem esta Eva de seis braços, nem a prisioneira de si mesma do "Sonho da razão" carrega consigo qualquer espécie de personalidade. Não se trata, ali, de retratar idiossincrasias de Fulana ou de Sicrano, nem de criar personagens, por trás dos quais nós pudéssemos imaginar toda uma história de vida — família, amigos, viagens, experiências, vitórias e derrotas. Nada disso. Eles não são personagens. São símbolos, e só assim podem ser entendidos. Ícones de uma ideia, de um dilema, de uma denúncia. Os desenhos da série “a idade da razão” (título de um romance de Jean-Paul Sartre), retomam num outro plano a temática do “retrato do artista quando jovem”. Trata-se, aqui, do retrato do artista na idade madura. Desapareceram as paredes grossas, desapareceu o contraste explícito com o mundo externo. Implicitamente, porém, o contraste continua lá, talvez mais 20


forte ainda do que antes. A luminária pendendo do teto e iluminando o espaço de trabalho do artista funciona como símbolo da clausura. Ainda vemos a imagem no espelho servindo de modelo para a gravura. Agora, porém, ela é uma caveira — ela é a finitude da vida, na qual o artista se reconhece e que ele passa a retratar. Na gravura da página 88, essa ideia de fechamento no próprio mundo, de enclausuramento na intimidade ganha expressão máxima na maneira de retratar a sequência vertical que vem da luminária até a madeira entalhada sobre a mesa, passando pelo rosto e pelas mãos do artista. O fio da luminária é espiralado, dando a impressão de que a cúpula vai cair sobre a cabeça do personagem. A testa enorme concentra os olhos deste último na parte de baixo do rosto, jogando-os sobre as mãos que trabalham o pedaço minúsculo de madeira. Tudo na cena simboliza concentração, subtração ao mundo externo, mergulho na aventura da criação. A calcografia “o filho pródigo ao lar torna” tematiza o doloroso contato de um outsider com a cidade que ele voluntariamente abandonou. A multidão de elementos amontoados é atordoante, e põe a pessoa que vê a gravura no mesmo estado de confusão em que o personagem se encontra. A custo se distingue seu corpo, suas roupas, suas pernas. A jaqueta, muito curta para seu corpo, traz a inscrição "the last wild". Numa das mãos, segura uma bengala que oscila sob o peso do corpo arqueado. Ele caminha em direção ao fluxo de carros que são engolidos por um enorme prédio — um shopping center, com a inscrição “Paradise”. O rosto, a personalidade, a expressão facial do outsider estão completamente perdidos em meio à multidão de estímulos visuais da cidade. A sensação passada pela gravura é que, se ele der mais um passo, irá desaparecer 21


na teia de mercadorias que o cerca. A longa série “o triunfo da morte” retoma o tema da intimidade, dando-lhe dramaticidade máxima. O título é tomado de uma famosa pintura de Bruegel, retratando a morte causada pelas guerras e pelas pestes que assolavam a sociedade europeia do século XVI. Mais uma vez, a temática original é subvertida. Em primeiro lugar, não se trata de retratar a morte do ponto de vista de grandes eventos sociais, como guerras e pestes. Ela ocorre, aqui, num espaço íntimo — a sala de uma casa, com carros indiferentes entrevistos por uma janela. Apenas nos dois últimos desenhos, das páginas 43-44 e 46, a morte ocorre num espaço externo. Mesmo assim, porém, não se trata de um espetáculo compartilhado. O algoz e sua vítima estão no campo, sozinhos. O caráter íntimo do encontro fica assim ressaltado, ainda que por outros meios. Como interpretar essas imagens? Não parece se tratar apenas de uma representação desse destino comum a todos nós — dessa morte física que nos espera em algum ponto distante do futuro. Trata-se também disso, é claro, mas há algo mais a ser visto aí. A morte, nessas gravuras e desenhos, não se limita a vir buscar alguém que lhe será entregue. Ela é ativa. É uma assassina cruel. Ela esfaqueia, enforca, crava uma lança no peito, corta o pescoço, surpreende a vítima indefesa, nua, fragilizada, sozinha, implorando em vão por uma clemência que não virá. A morte tem prazer em matar. Põe nisso todo o seu empenho, toda a sua força, e se deleita com a dor da presa. Ela é sádica, calculista, implacável. É desumana. Estranhamente, no entanto, a morte humaniza a sua vítima. Faz com que, pelo menos ali, naquele instante extremo, ela se torne aquilo que provavelmente nunca foi: um indivíduo face 22


a face com a própria existência, que agora lhe será roubada. Lá fora, nos carros visíveis pela janela, estão as pessoas distraídas pelo consumo, pelo ritmo alucinante da cidade, pelos prazeres abundantes que chegam de todo lado. Só ali dentro, no espaço íntimo dominado pela dor, existe um indivíduo devolvido à própria individualidade, a essa solidão constitutiva da existência que uma sociedade mergulhada num fluxo de fruição irrefreada consegue, até o último minuto, disfarçar. A morte surpreendida no momento mesmo em que chega é substituída por uma contemplação trágica, mas distante, na série “as três idades”. Esse tema clássico da pintura (basta lembrar, por exemplo, o famoso quadro com esse nome atribuído a Giorgione) é retomado por Márcio Pannunzio num registro que oscila entre o sarcasmo e o drama. A figura central, um pouco ridícula e caricata, é o homem ou a mulher no auge da juventude — ele em pleno vigor, ela envolta em sensualidade — completamente indiferentes à fragilidade do recémnascido, de um lado, e da velhice, do outro. Da mesma forma que a morte, o amor tem o poder de subtrair o homem do universo do consumo. Mas a transformação que se opera neste caso não se dirige à própria existência isoladamente considerada. Não é a vida de quem ama que se revela na relação, nem a vida daquele que é amado. O amor abre as portas para um espaço íntimo compartilhado a que nenhum dos dois amantes teria acesso sozinho. Um novo ser, uma nova vida, um novo mundo nasce na relação amorosa, e é esse ser misturado, em que as individualidades se perdem e se confundem, que Márcio Pannunzio tenta retratar na série “ars amandi”. Para isso, ele distorce os rostos que se beijam, distorce os corpos que se abraçam, fazendo-os compor um 23


novo rosto, um novo corpo único, em que as antigas individualidades se fundiram. A melhor expressão dessa idéia talvez seja a gravura das páginas 57-58, na qual as mãos emolduram um novo rosto, formado com as partes deformadas dos rostos antigos. É interessante notar que, nessa série, o amor aparece com uma fisionomia angustiada, tensa, amedrontada. É como se o encontro do beijo, do abraço, do contato físico fosse a única esperança de vida dessas pessoas — como se, fora daquela relação, elas não pudessem respirar. Os amantes dessa série de gravuras são a um só tempo náufragos e tábuas de salvação. O amor não é um mero acréscimo à vida. Ele é a própria vida dessas pessoas. A exceção fica por conta das duas gravuras em que o amor surge como descoberta, num Jardim do Éden há muito perdido. Ali, Adão e Eva se beijam com calma, com serenidade. Originalmente, o contato não era um refúgio, não era determinado pela dor, pelo desespero, pela necessidade de evasão. Havia apenas o prazer tranquilo de dois corpos que, ao se tocarem, descobrem-se desejosos um do outro. Adão toca no mamilo de Eva, Eva toca no sexo de Adão. Suas pernas se entrelaçam, suas bocas se tocam, e nem por isso eles se confundem. Permanecem dois, apesar do prazer que a proximidade um do outro proporciona. No Jardim do Éden, duas pessoas podem se amar verdadeiramente sem se destruírem enquanto indivíduos. Após a queda, o amor ganhou contornos agônicos, transformando-se na mera sombra de uma individualidade perdida. Na série “encontro na Porta de Ouro”, Márcio Pannunzio retoma livremente o tema desenvolvido por Giotto num dos afrescos da Capela de Arena, em Pádua. No afresco, o pintor florentino 24


retrata o encontro feliz entre Ana e Joaquim, pais da Virgem Maria, logo depois que um anjo anunciou-lhes o nascimento próximo da filha. Ana dá um beijo casto em seu marido nos umbrais da cidade, sob um portão dourado. Nas gravuras de Márcio, a “porta dourada” não dá acesso à “cidade”. Trata-se de um recorte no interior daquele mundo massificado e bruto, um intervalo íntimo e irrepetível introduzido no universo estereotipado que circunda o casal. Na principal gravura da série, ambos estão sobre uma ponte, sob a qual passa um rio sujo, negro, cheio de dejetos. À direita, no final da ponte, vemos um portão de ferro e uma torre fortificada. Mãos podem ser vistas agarrando-se às pesadas barras do portão, conferindo à torre a aparência sinistra de uma prisão. Tudo se passa, então, como se o amor só se pudesse realizar completamente naquela ponte, naquele espaço espremido entre a torre e a cidade onde o casal se beija. Em “…a ânsia de amar a ânsia…”, a relação do homem com o consumo volta a ser tematizada na forma de um erotismo doloroso e destruidor — uma desvirtuação e rebaixamento do amor genuíno que oferece ao ser humano padronizado pela sociedade de consumo um sucedâneo da relação pessoal. A televisão é a personagem central de toda a série, mantendo com o telespectador relações de caráter escancaradamente sexual. Ela chupa o pênis de um homem que goza com expressão de agonia, e absorve os pensamentos de uma mulher que oferece os orifícios de corpo e o leite dos seios enquanto se afoga no pântano das imagens. A televisão não é apenas fornecedora de prazer. É, acima de tudo, ávida por arrancar prazer de quem a venera. Seu pênis se projeta para dentro da boca da mulher, que o vai chupando obediente, ajoelhada. O 25


título da série dá bem a ideia do caráter cíclico e autorreferente dessa busca irrefreável de satisfação associada ao consumo. Trata-se de um amor ansioso, de uma ânsia de amar e de obter o objeto de desejo que se transforma no amor por essa mesma ânsia — o amor por uma busca desesperada de amor, que nunca se perfaz. A política de uma sociedade abandonada à sede interminável de consumo só pode estar marcada pela corrupção, pela venalidade. “A política é a arte do possível”: a frase de Bismarck, com sua implícita rendição aos limites impostos pelo status quo, serve de mote para Márcio Pannunzio desenvolver uma série de gravuras e desenhos que, no limite da caricatura, inserem o político na atmosfera circundante, impregnada pelo consumo e pela busca do prazer imediato. Num dos desenhos das páginas 77-78, o político, estereotipadamente representado pelo uso da cartola, se masturba freneticamente com as duas mãos e a própria boca, enquanto defeca dinheiro sobre a mesa. Na página seguinte, o desenho evolui para um tríptico calcografado, no qual o político, no painel central, ganha mais dois braços, brandindo num a câmera da vigilância permanente e noutro a adaga da violência estatal. Nos painéis laterais, a representação dos cidadãos alienados, um de cada sexo, mas ambos repetindo a mesma pose de avestruz, com a cabeça enterrada no chão, e a mesma loquacidade fedorenta de conteúdos que lhes vão escapando pelo ânus. Finalmente, nas páginas derradeiras deste catálogo, o leitor encontrará uma série genial de desenhos retratando a senilidade. Não exibem mais a luta renhida e o desespero que marcam a série do “triunfo da morte”. Há sofrimento, é claro, mas há também um certo acomodamento com a decadência 26


que se traduz num fiapo de paz perpassando essas figuras grotescas, nas quais o rosto se desfigurou completamente, até quase desaparecer, achatado pelos limites da representação, as testas espremendo-se contra as margens. No primeiro desenho, da página 104, a testa e os olhos sumiram completamente, como se essa mulher estivesse compactada dentro de uma caixa. Da parte inferior do corpo, restou apenas o orifício anal, destacando-se em meio à massa de carne retorcida, lembrando o tubo digestivo a que ela parece estar reduzida, agora, na velhice. No centro do quadro, porém, o emblema emocionante dos dedos formando um círculo cobre o bico dos seios — um gesto contemplativo, sereno, resguardando seu último vestígio de feminilidade da devastação do corpo. Essa mesma placidez reconquistada a um passo do fim reaparece no desenho da página 106, na forma de um sorriso discreto e da multiplicação dos mamilos pelo corpo disforme, e também no desenho das páginas 107-108. Os olhos se foram, as vísceras são visíveis na altura do abdômen, pode-se acompanhar o caminho de cada veia nos braços, os seios estão reduzidos a duas toalhas triangulares caindo sobre o corpo, os joelhos e pés enormes indicam a dificuldade enorme de locomoção. As mãos, porém, não estão crispadas, nem pedem clemência. A boca não grita. A carne caminha tranquilamente para a inércia. Existe aqui uma interioridade que, na soberba da juventude, se perdia. A morte já não é uma personagem sádica, pronta a submeter sua vítima a toda sorte de torturas. Aliás, ela nem sequer é personagem, aqui. De algum modo, ela foi incorporada à rendição do corpo e, embora doa, já não assusta. Procurei ser descritivo nos comentários que fiz, mas não posso me furtar a um rápido juízo de valor no último parágrafo. 27


Tudo o que veio antes será capaz, espero, de dar substância a tal juízo. Márcio Pannunzio é um artista pleno. Sua vida é totalmente preenchida pela arte, e sua arte está impregnada por sua personalidade, por sua maneira de ver e de se pôr no mundo. Não existe aí a busca do efeito fácil, da empatia barata, da transparência impostora. Sua arte está a serviço de uma certa mensagem, sem dúvida alguma, mas essa mensagem não está a serviço de coisa nenhuma que não seja a necessidade imperiosa de comunicá-la — a necessidade artística de se pôr sobre o papel, de se exteriorizar. É isso que dá a ela essa originalidade radical, desvinculada de modismos e de diálogos espertos com as últimas tendências expostas nas bienais. Quando dialoga com a tradição, apropria-se dela de modo tão livre e pessoal que a transforma numa espécie de mote para o desenvolvimento de um poema com vida própria, onde a voz que se ouve é sempre a dele, Márcio Pannunzio, com seu sotaque inconfundível. Não tenho dúvida em reconhecer em sua obra um capítulo fundamental das artes plásticas do Brasil — um nome que a passagem do tempo irá engrandecendo cada vez mais. À distância, ficará cada vez mais claro o valor dessa reação discreta, íntima e solitária a uma época em que a individualidade se dissolveu e a vida perdeu o fio da meada de sua verdadeira e trágica narrativa. João Vergílio Gallerani Cuter FFLCH/USP

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sede de amar desenho a lรกpis 50cm x 70cm


doce felicidade monotipia 50cm x 60cm


o sonho da razĂŁo produz monstros desenho a lĂĄpis 40cm x 60cm


Eva desenho a lรกpis 50cm x 63cm


a idade da raz達o

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20cm x 27cm


18cm x 26cm

desenhos a l谩pis

pr贸xima p谩gina dupla: o filho pr贸digo ao lar torna/ calcografia/ 25cm x 44cm 34





o triunfo da morte xilografias de topo


pรกgina anterior e acima: 12,4cm x 9,6cm 39


13,3cm x 9,9cm 40


13,3cm 10,1cm 41





pรกgina dupla anterior: 30cm x 22cm/ desenho a lรกpis pรกgina ao lado: 20cm x 23cm/ desenho a nankin - bico de pena 45



as trĂŞs idades 12,8cm x 11,8cm


12,8cm x 11,9cm 48


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jóias de Pannunzio

sulcos sulcam nossas vidas secas, grafadas à buril e faca, feitas de sucos e sangue, tintas e porra creme.*

A mostra presente de Márcio Pannunzio revela muito mais do que impressos de “pérolas negras” da xilogravura brasileira. O artista aproveita a oportunidade para extravasar toda sua riqueza interior, que tem aperfeiçoado em anos de reclusão voluntária nas encostas de Ilhabela, eleita por ele e sua companheira Tana, para viver vida básica no litoral paulista. Ao longo das décadas, ele vem se dedicando a atividades cotidianas necessárias a quem escolheu a possibilidade de viver com as próprias mãos. E, esse louvor ao labor manual e à vida natural conduziu Márcio Pannunzio a abrir picadas, construir moradas “gaudinianas” com materiais possíveis e a exercitar artesanias que ele sublima e substantiva em sua obra gráfica, gestual, impressa ou rabiscada. Além de suas esmeradas xilogravuras – que me levaram a compará-las a “pérolas negras” – Pannunzio apresenta, no presente recorte, caprichos tropicais de sua autocuradoria. Selecionou crayons, monotipias, impressões calcadas em acrílico, juntou objetos triviais e utilitários do atelier e ilustrou, assim, exibição única e pessoal na qual até as molduras contam 50


histórias de portas e janelas de passados mais que perfeitos. A presente exposição de Pannunzio é um presente a quem viveu muitos tempos e possibilidades da arte, com seus impulsos vitais, sua sensualidade incontida, sarcástica e humorada crítica do gênero humano. Ilhéu em tempos de estio, o artista sorocabano Márcio Pannunzio é raro sobrevivente da prática artística que fazia – e, em seu caso ainda faz - da comédia humana obra de imensurável seriedade. Mesclando Dante com Dostoievsky, Kafka com Mutarelli, Rembrandt com Crumb, MP não é simples marca, mas certeza de que para tratar do que é a Vida, não basta uma arte acomodada. Paulo Klein Poeta e Escritor

São Paulo, 31 Outubro 2012.

* KLEIN Paulo – Fragmento de “Um longo poema a ser impresso”.

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pérolas negras A arte xilográfica de Márcio Pannunzio provém da tradição da xilogravura anônima medieval, relembra os expressionistas, o esforço dos cordelistas nordestinos e incorpora heranças de gravadores europeus que, entre nós, se materializaram, por exemplo, em Oswaldo Goeldi e Marcelo Grassmann. Mas, na obra de Pannunzio, reconhecido no circuito mundial de gravuras, há a adição de uma inquietude marcante das contraculturas e dos mestres do grotesco, desde Brueguel e Bosch até contemporâneos de comunicação imediata, como Angeli (dos Skrotinhos e da Rebordosa, principalmente), de Robert Crumb e Lourenço Mutarelli. Fiel à gravura de topo, onde o desenho é escavado a buril e goiva na madeira guatambu (equivalente nativa do buxo europeu), Pannunzio explora flagrantes da bestialidade e da fragilidade humanas para imprimi-los (preferencialmente, em papel arroz) com tramas minuciosas e labirínticas, tirando das matrizes séries com títulos sugestivos, como ... a ânsia de amar a ânsia ..., tristes trópicos ou o triunfo da morte, temas que, em geral, permitem que ele destile seu humor ácido em “bizarros instantâneos”. Os jogos de poder, o assédio, a promiscuidade e a banalização sexual são motes recorrentes no fabulário de Pannunzio. Em seus labirintos, que refletem a banda podre dos meandros sociais, parece não haver lugar para vacilo, piedade ou para atos gentis, muito menos doçuras ao pé do ouvido. Suas imagens corrosivas desnudam o homem contemporâneo de forma crua e impiedosa. 52


As gravuras de Pannunzio são confeccionadas geralmente em pequenas dimensões, processadas a partir do entalhe no taco de topo e, com translúcidos papéis especiais, consistem em delicadas jóias, espécie de pérolas negras. Paulo Klein

www.pauloklein.art.br

Association Internationale Des Critiques D’Art - AICA - Paris Associação Brasileira de Críticos de Arte - ABCA - São Paulo

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ars amandi

pรกgina ao lado: 8,2cm x 11,2cm prรณxima pรกgina dupla: 13,2cm x 9,1cm xilografias de topo 55


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9,3cm x 15,3cm

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9,3cm x 15,3cm

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... a ânsia de amar a ânsia ...

página dupla anterior: 30cm x 20cm/ desenho a nankin - bico de pena página ao lado: 17cm x 19cm/ desenho a lápis 63




9,6cm x 10,8cm 66



prรณxima pรกgina: 10,9cm x 17,4cm

ao lado: 21cm x 27cm desenho a lรกpis

9,6cm x 11cm 68




pรกgina anterior: desenho a lรกpis 20cm x 25cm


ao lado: desenho a lรกpis 20cm x 20cm

9,5cm x 10,9cm 72


9,3cm x 10,7cm 73

ao lado: desenho a lรกpis 20cm x 20cm


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Política é a Arte do Possível

ao lado: xilografia de topo/ 9,5cm 11,1cm 75


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desenho a lรกpis 41cm x 20cm

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pr贸xima p谩gina dupla: calcografia/ 40cm x 23cm




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a promiscuidade pueril de Márcio Pannunzio A mostra de gravura de Márcio Pannunzio na Caixa Cultural comprova mais uma vez a eminente qualidade artística do artista, que soube coadunar de modo eficiente a apresentação de suas obras em sintonia com o espaço expositivo, perfazendo um todo característico de sua criação. Desde a escolha das obras e a apresentação delas em molduras carcomidas até a colocação de mostruários didáticos, exibindo os materiais que utiliza como matrizes, madeiras, buris e apetrechos inerentes ao ato de gravar, incluindo esboços e desenhos que motivaram a sua produção gráfica, Márcio Pannunzio traz a público o seu universo de criação, numa competente apresentação profissional de um artista que, cada vez mais, cativa pela sua constante produção e pela riqueza expressiva de seu trabalho. Acompanho a produção de Pannunzio desde a sua participação na I Bienal Internacional de Gravura, realizada no Museu de Arte Contemporânea de Campinas, em 1987, evento vinculado ao meu projeto pela PUC-Campinas, do qual fui o curador geral. Na época, o artista já prenunciava enorme talento. De lá para cá, fui observando as suas constantes conquistas: “Menção Honrosa” recebida na 11ª Bienal de San Juan del Grabado Latinoamericano y del Caribe, em 1995; “Menção Honrosa” na Biennale Internationale d’Estampe Contemporaine de Trois-Rivières, Canadá, em 1999; “Menção Honrosa” na 3ª International Biennial Racibórz, na Polônia, em 2000; Bolsa “Vitae” de Artes, São Paulo, em 2002. Enfim, via o seu nome geralmente em destaque nos certames internacionais 82


de gravura. Recebeu mais de 30 prêmios, realizou cerca de 20 mostras individuais, sendo 5 no exterior, e é assíduo participante de salões nacionais e internacionais. Suas obras figuram em inúmeras coleções públicas, como: Tama Art Museum and Library Colletion, em Tóquio, Japão; National Centre of Fine Arts, em Giza, Egito; Roopankar The Museum of Fine Arts, Bharat Bhavan, em Bhopal, Índia, e em muitas outras. Certamente o seu currículo é uma apresentação inestimável de conquistas e láureas que registram uma carreira sólida e madura. Márcio Pannunzio é um dos brasileiros que mais representa a gravura do país. Tem uma perseverança em sua produção artística que seduz, deixando registrado por onde passa a sua marca como gravador. Domina as inúmeras possibilidades técnicas da gravura, desde a calcográfica até a xilogravura, adaptando-se também a novas possibilidades como a digigrafia. O primeiro impacto diante de suas obras são os detalhes ricamente trabalhados. Sulcando com buril, executa as matrizes de topo, compondo e distribuindo o claro e o escuro, dá “vida” a personagens incrédulos, numa figuração exótica que evidencia um mundo de sexo, consumismo e de admiração viciada e inescrupulosa pela TV. Constrói um paraíso grotesco cheio de humor e extravagância, próprio do exagero da conduta humana. Wolfgang Kayser afirma que para pertencer ao mundo grotesco “é preciso que aquilo que nos era conhecido e familiar se revele, de repente, estranho e sinistro”. É a transformação do nosso mundo feito de modo repentino e surpreendente. Assim, o artista cria situações e cenas inusitadas como nas 83


séries “...a ânsia de amar a ânsia ...”; “os pequenos assassinatos” e “tristes trópicos”. O conteúdo das gravuras de Márcio tem uma pitada de humor sarcástico. Para esclarecer esse pensamento, recorro à opinião de Sírio Possenti que diz “se é verdade que existem piadas que criticam, não se deve esquecer que elas, de fato, reproduzem, e só indiretamente, discursos que já circulam de alguma forma”. Complementa que “a crítica das piadas não é uma crítica nova. O que é novo nas piadas é certamente sua forma”. A gravura de Pannunzio é uma crítica à sociedade em forma de “piada” visual, mostrando os exageros obsessivos da mente humana. Sexo e consumo são os ingredientes de um ideário que mostra a orgia e a alegria como um alimento constante de um mundo cotidiano viciado em valores indignos para a convivência social. No bojo de um conjunto expressivo de minúcias, a visão de mundo que Márcio Pannunzio nos apresenta é um “olhar no espelho” de uma sociedade sem discernimento para saber o que nos aflige enquanto sociedade. As situações das cenas propostas pendem mais para um grotesco pueril, como situa Baudelaire ao dizer que “o riso causado pelo grotesco possui em si algo de profundo, de axiomático e primitivo, que se aproxima muito mais da vida inocente e da alegria absoluta”. Pannunzio registra em suas obras as manifestações do “povo”. De um povo com despreparo humano, que carrega o desprezo do tempo em não situá-lo com dignidade. Esse povo pertence a um território maltratado, deseducado, como reflexo da contingência de governantes inscientes. O “povo” nas obras de Pannunzio não representa os extratos das camadas sociais mais humildes. O seu povo é composto 84


por camadas sociais diversas, incluindo intelectuais e classes oprimidas. O artista não vê o “povo” como se fosse de cima para baixo, como se estivesse de fora e não pertencesse à esfera retratada. Pannunzio pertence ao mundo que registra, e ele sabe disso, como podemos perceber em situações em que o artista parece retratado em meio às cenas criadas. O artista não julga, não é arrogante, solidariza-se com as suas personagens e ambientes criados. Retrata o povo em suas vicissitudes e vícios. Embora em suas obras apareçam caveiras e assassinatos, isso é feito como uma charada, não significando estritamente a maldade. Por trás das aparências, a essência do seu trabalho está muito mais próxima da compaixão humana. Esse termo latino tem como composição etimológica o significado: “sofrer com”. O artista está com... o que cria, com o que representa.... que nada mais é a insistente busca da felicidade. O artista ridiculariza, apoia-se no “grotesco”, mas cria toda uma fortuna de obras que revela e denuncia os valores essenciais para a vida humana, como o amor, a justiça e o humanitarismo. As gravuras de Márcio Pannunzio pertencem a um universo promíscuo, próximo da inocência e ingenuidade de viver, sem o cerceamento de valores pecaminosos. Paulo Cheida Sans Doutor em Artes pela Unicamp Professor do Curso de Artes Visuais e extensionista da PUC-Campinas Diretor Curador do Museu Olho Latino, Atibaia, SP 85


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a idade da razรฃo abaixo: desenho a lรกpis/ 25cm x 20cm ao lado: xilografia de topo/ 8,2cm x 13cm


pr贸xima p谩gina dupla: retrato do artista quando jovem desenho a nankin/ bico de pena/ 40xm x 25cm

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encontro na Porta de Ouro abaixo: linoleografia/ 64cm x 42cm pr贸xima p谩gina dupla: desenho a nankin/ bico de pena/ 52cm x 28cm

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o sonho da raz達o produz monstros

ao lado: xilografia de topo/ 17cm x 19cm 95


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xilografia de topo/ 25,3cm x 19,8cm

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à esquerda: desenho a lápis 20cm x 23cm

à direita:xilografia de topo 21,5cm x 25cm 100



à esquerda: Eva no Jardim do Éden xilografia de topo 10,7cm x 18,7cm

à esquerda: Eva desenho à lápis 30cm x 40cm


senilidade

pr贸ximas cinco p谩ginas desenho a nankin/ bico de pena 103







doce felicidade monotipia 20cm x 30cm

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doce felicidade monotipia 20cm x 30cm 110


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Márcio Pannunzio, 13 de novembro de 1958, Casa Branca, São Paulo

formação

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, 1979 - 1982 Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 1981 - 1982 Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, 1984 – 1985 Bolsa Vitae de Artes 2002, projeto “Márcio Pannunzio – Xilogravuras” ProAc Edital 21 - 2011 - Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo ProAc Edital 21 - 2010 - Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo ProAc Edital 16 - 2008 - Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo

principais prêmios XYLON 12 – International Triennial Exhibition of Artistic Relief Printing, terceiro prêmio 3º Concurso Internacional de Minigrabado “Cidade de Ourense”, primeiro prêmio 11ª Bienal de San Juan del Grabado Latinoamericano y del Caribe, menção honrosa 1st International Small Engraving Salon Inter – Grabado 2005, Grande Prêmio Internacional BIMPE V, The Fifth International Biennial Miniature Print Exhibition, menção honrosa Biennale Internationale d’Estampe Contemporaine de Trois-Rivières, Première Édition, menção honrosa Banque Nationale du Canadá 3rd International Biennial Racibórz 2000 Poland, menção honrosa Gazeta Lokalna Raciborska Itart 2001 – 3rd Mini Graphic World Wide Show, prêmio exibição 3ª Muestra Internacional de Miniprint de Rosário 2005, Prêmio Especial Latinoamericano The 3rd International Mini Print Biennial Cluj-Napoca, menção honrosa 2ª Muestra Internacional de Miniprint de Rosário 2002, menção honrosa 112


5ª Bienal Nacional de Grabado em Relieve, 1ª Iberoamericana XYLON Argentina, menção honrosa III Bienal Argentina de Gráfica Latinoamericana, menção honrosa 10º Salão Paulista de Arte Contemporânea, Prêmio Secretaria de Estado da Cultura VIII Bienal do Recôncavo, menção honrosa VII Bienal do Recôncavo, menção honrosa 10º Salão de Artes de Itajaí, menção especial 6ª Bienal do Esquisito, prêmio aquisição 5ª Bienal Nacional de Gravura Olho Latino, menção especial 27º Salão de Artes Plásticas – Anuário Embu das Artes, segundo prêmio 4ª Bienal de Gravura de Santo André, prêmio aquisição 3ª Bienal Nacional de Gravura Olho Latino, Prêmio Atelier de Gravura Glatt & Ymagos 15º Encontro de Artes Plásticas de Atibaia, prêmio aquisição 16º Salão de Artes Plásticas Nacional Praia Grande – São Paulo, primeiro prêmio 2ª Bienal de Gravura de Santo André, prêmio edição XI Salão Municipal de Artes Plásticas – Fundação Cultural de João Pessoa, segundo prêmio II Bienal da Gravura – Fundação Espaço Cultural da Paraíba, prêmio aquisição 7º Salão UNAMA de Pequenos Formatos, prêmio aquisição 26º Salão de Arte de Ribeirão Preto Nacional – Contemporâneo, Prêmio Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto 2º Salão SESC de Gravura, menção honrosa 3º Salão UNAMA de Pequenos Formatos, Grande Prêmio Aquisitivo 3º Salão Victor Meirelles, menção honrosa 1ª Bienal Nacional da Gravura, prêmio aquisição 50º Salão Paranaense, menção honrosa 10ª Mostra da Gravura Cidade de Curitiba, prêmio aquisição

exposições individuais 2012 Museu de Antropologia do Vale do Paraíba, Jacareí, São Paulo 113


Espaço das Artes Helena Calil, São José dos Campos, São Paulo Sobradão do Porto, Ubatuba, São Paulo 2011 Secretaria de Cultura e Turismo, São Sebastião, São Paulo Secretaria de Cultura, Ilhabela, São Paulo Galeria Braz Cubas, Centro de Cultura Patrícia Galvão, Santos, São Paulo 2010 Caixa Cultural do Rio de Janeiro, unidade Almirante Barroso, Galeria 2, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro Ateliê Mineiro/ Casa 322, Pouso Alegre, Minas Gerais 2009 Museu Olho Latino, Centro de Convenções “Victor Brecheret”, Mezanino, Estância de Atibaia, São Paulo Museu Casa da Xilogravura, Campos do Jordão, São Paulo Museu de Arte e Cultura de Caraguatatuba, Caraguatatuba, São Paulo 2005 Casarão 34, Fundação Cultural de João Pessoa, João Pessoa, Paraíba 2003 Museu da Gravura Cidade de Curitiba, Curitiba, Paraná 2002 Museo Municipal de Bellas Artes Lucas Bráulio Areco, Posadas, Argentina 2001 Museo Nacional Del Grabado, Buenos Aires, Argentina Museo Municipal de Artes Visuales “Sor Josefa Díaz y Clucellas”, Santa Fé, Argentina 2000 Museu de Dibujo y Grabado “Guaman Poma”, Concepción del Uruguay, Entre Rios, Argentina 1997 Galeria de Arte da UNAMA, Universidade da Amazônia, Belém, Pará Galeria Parangolé, Espaço Cultural 508 Sul, Brasília, Distrito Federal 1995 Museu da Gravura Cidade de Curitiba, Sala Gilda Belczak, Curitiba, Paraná Casa da Xilogravura, Campos do Jordão, São Paulo 114


1994 Centro de Cultura Patrícia Galvão, Santos, São Paulo Museo del Grabado Latinoamericano y del Caribe, San Juan, Porto Rico 1993 Galeria Espaço Alternativo, IBAC/FUNARTE, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro 1992 Itaugaleria, Vitória, Espírito Santo 1989 Itaugaleria Higienópolis, São Paulo, São Paulo principais salões internacionais de gravura The 8th Kochi International Triennial Exhibition of Prints The 2nd Bangkok Triennale International Print and Drawing Exhibition L’Arte e ill Torchio 2009/ Maestros del Grabado Latinoamericano - Cremona, Itália 13th International Biennial of Small Graphic Forms and Ex Libris Ostrów Wielkopolski’2007 International Miniature Print Exhibition 2009 – Connecticut Graphic Arts Center BIMPE V – The Fifth Biennial International Miniature Print Exhibition Concurs Internacional de Gravat, Premi El Caliu 2008 4ª Muestra Internacional de Miniprint en Rosário 2008 The Americas Biennial Exhibition of Contemporary Prints L’Arte e ill Torchio 2007/ Art and the Printing Press – Cremona, Itália XIX Premio de Grabado Máximo Ramos 70th Annual Exhibition of The Society of Wood Engravers Busan International Print Art Festival 5º Festival de Gravura de Évora Concurs Internacional de Gravat, Premi El Caliu 2007 12th International Biennial of Small Graphic Forms and Ex Libris Ostrów Wielkopolski’2007 12 th International Biennial Print and Drawing Exhibition, R.O.C. BIMPE IV – The Fourth Biennial International Miniature Print Exhibition 69th Annual Exhibition of the Society of Wood Engravers 115


6th British International Miniature Print Exhibition Seventh Bharat Bhavan International Biennial of Print Art 2006, Índia 5th Egyptian International Print Triennale 2006 International Small Engraving Salon Carbunari 2006 Trienal Iberoamericana de Grabado en Pequeño Formato Concurs Internacional de Gravat, Premi El Caliu 2005 11th International Biennial of Small Graphics and Ex Libris Ostrow Wielkopolski 3ª Muestra Internacional de Miniprint de Rosario 2005 IV Triennial Havírov 2005 Czech Republic The 12th International Triennial of Small Graphic Forms Poland – Lódz’05 68th Annual Exhibition of the Society of Wood Engravers 18º Premio de Grabado Máximo Ramos XIIème Biennale Internationale de la Gravure et des Nouvelles Images de Sarcelles – Val de France Premio Acqui – VII Biennale Internazionale per l’Incisione The 5th International Mini Print Biennial, Cluj-2005 Concurs Internacional de Gravat, Premi El Caliu 2004 1st International Small Engraving Salon Inter – Grabado 2005 Mini Print Finland 2004 III Bienal Argentina de Gráfica Latinoamericana Sixth Bharat Bhavan International Biennial of Print – Art 2004 International Mini Print Salon Graphium 2004 VII International Art Triennale Majdanek 2004 4th International Triennial of Graphic Arts Prague 2004 67th Annual Exhibition of the Society of Wood Engravers International Mini Print de Saravejo 2004 Biennale de l’Estampe de Saint-Maur Concurs Internacional de Gravat, Premi El Caliu 2003 11th Gielniak Graphic Art Competition 5th British International Miniature Print Exhibition International Mini-Print and Bookplate Exhibition European Cities 5th Bienal Nacional de Grabado en Relieve – 1ª Iberoamericana XYLON Argentina 12th International Print Biennial Varna 2003 116


Asia Print Adventure 2003 4th Egyptian International Print Triennale The International Festival of Graphic Arts, Cluj-Napoca 2003 The Kochi International Triennial Exhibition of Prints coleções públicas Gewerbemuseum, Winterthur, Suíça Museo Municipal de Ourense, Ourense, Espanha Galeria de Arte da Casa do Brasil, Madri, Espanha Museu Comarcal de la Garrotxa, Olot, Espanha Museo Cívico, Cremona, Itália Tama Art Museum and Library Collection, Tokio, Japão Kyoto International Woodprint Association, Kyoto, Japão National Taiwan Museum of Fine Arts, Taiwan, R.O.C Museo del Grabado Latinoamericano y del Caribe, San Juan, Porto Rico Instituto de Cultura Puertorriqueña, San Juan, Porto Rico Museo Nacional del Grabado, Buenos Aires, Argentina Museo de Dibujo y Grabado “Guaman Poma”, Concepción del Uruguay, Entre Ríos, Argentina State Museum at Majdanek, Lublin, Polônia Panstwowa Galeria Sztuki, Lódz, Polônia International Print Society, Krakow, Polônia Galeria Zyhdi, Racibórz, Polônia The Society of Wood Engravers, Richmond, Inglaterra Contemporary Graphic Fund, Cluj County “Otavian Goga” Library, ClujNapoca, Romênia Lahti Art Museum, Lahti, Finlândia Bashkir National “M.R. Nesterov” Art Museu, Ufa, Rússia Roopankar The Museum of Fine Arts, Bharat Bhavan, Bhopal, Índia National Centre of Fine Arts, Giza, Egito Museé de Saint-Maur – Villa Médicis, Ville de Saint-Maur-des-Fossés, França Fundação Rômulo Maiorana, Belém, Pará Galeria de Arte da Universidade da Amazônia, Belém, Pará Fundação Cultural da João Pessoa, João Pessoa, Paraíba 117


Fundação Espaço Cultural da Paraíba, João Pessoa, Paraíba Museu da Gravura Cidade de Curitiba, Curitiba, Paraná Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba, Sorocaba, São Paulo Museu de Arte Contemporânea de Jataí, Jataí, Goiás Museu de Arte Moderna de Resende, Resende, Rio de Janeiro Secretaria de Estado da Cultura, São Paulo, São Paulo Casa da Xilogravura, Campos do Jordão, São Paulo Fundação Cassiano Ricardo, São José dos Campos, São Paulo Museu Olho Latino, Atibaia, São Paulo Museu de Arte de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, São Paulo Pinacoteca Municipal das cidades paulistas: Presidente Prudente, Santos, Piracicaba, Santo André, São Bernardo do Campo, Cerquilho, Praia Grande, São Sebastião, Caraguatatuba, Ilhabela, Jacareí e Ubatuba www.marciopannunzio.art.br www.marciopannunzio.com.br www.marciopan.art.br

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Presidenta da República Dilma Vana Rousseff Ministro da Fazenda Guido Mantega Presidente da CAIXA Jorge Fontes Hereda

exposição curadoria Márcio Pannunzio montagem Aparecido Manuel Guilherme Bueno Deocleciano Pereira Lopes Flávio Zabotto José Osvaldo Ribeiro dos Santos Tana Pannunzio

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produção Márcio Pannunzio Tana Pannunzio projeto gráfico Márcio Pannunzio Tana Pannunzio iluminação Rafael Burgath Sérgio Pupo


catálogo coordenação editorial Márcio Pannunzio Tana Pannunzio textos João Vergílio Gallerani Cuter Paulo Klein Paulo Cheida Sans projeto gráfico Márcio Pannunzio Tana Pannunzio fotografia Márcio Pannunzio jornalista responsável Sirlene Viana MTB 43079/SP

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Dados

Internacionais de Catalogação na Publicação (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Pannunzio, Márcio Márcio Pannunzio : xilogravuras. -- 1. ed. -Ilhabela, SP : Ed. do Autor, 2012. ISBN 978-85-914580-0-4 1. Artes plásticas - Exposições - Catálogos 2. Artistas plásticos - Brasil 3. Pannunzio, Márcio I. Título.

12-13651

CDD-769.981 Índices para catálogo sistemático: 1. Xilogravuras : Artes plásticas : Exposições : Catálogos 769.981

tiragem: 2.000 exemplares impresso na Atrativa Gráfica

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(CIP)


CAIXA Cultural São Paulo Praça da Sé, 111, São Paulo, SP CEP 01001 - 001 terça a domingo, das 9h às 21h tel. ( 11 ) 3321 4400 www.caixa.gov.br/caixacultural

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