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04/09/2015

Bem­vindos ao Método Abramović: Relato de uma vivência no aqui­agora do Sesc Pompeia ­ cmais+ O portal de conteúdo da Cultura EDITORIAS

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Bem­vindos ao Método Abramović: Relato de uma vivência no aqui­agora do Sesc Pompeia

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A busca pelo estado presente, através de quatro situações de longa duração: Detalhes da experiência com o Método Abramović narrada por Márcio Moraes, da redação cmais+ Marcio Moraes, do cmais+ 10/03/15 15:15 ­ Atualizado em 10/03/15 18:38

Arte & Cultura

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Participantes assistem aos vídeos de instrução e aquecimento ao Método. (Foto: Victor Nomoto).

Segunda­feira, abertura especial para imprensa do método Abramović; São Paulo, Sesc Pompeia, três da tarde. Feita a inscrição, fui encaminhado para os armários de metais, onde depositei todos os itens que carregava comigo, inclusive a câmera filmadora que me seria útil na coletiva de imprensa que se daria a seguir e, guiado pelos educadores e assistentes da exposição fomos todos colocados diante a quatro telas e duas guias. O emblemático logo do MAI, instituto de Marina Abramović, estampava as telas enquanto éramos orientados a aguardar a chegada de todos em silêncio. A preparação do método já começa aí, nos entreolhares curiosos dos participantes que aguardavam o inicio do aquecimento.

Todos prontos, em linha. Marina aparece em todos os monitores, com legendas em português e tradução para a linguagem dos sinais e nos conta sobre a experiência que iremos ter em seguida: uma vivência no aqui­agora. A busca pelo estado presente, através de quatro situações que duram 30 minutos cada. Estas situações consistiam em utilizações de Objetos Transitórios em que o público interagiria em três posições: sentados, deitados e em pé; uma caminhada em câmera lenta também seria realizada. Dada as instruções, sua colaboradora Lynsey Peisinger conduzia os aquecimentos em vídeo, que consistiam em exercícios de alongamento e respiração. Logo, era possível notar a dificuldade das pessoas com menor condicionamento físico. Após alguns exercícios de respiração profunda, um susto, olho para trás e vejo um dos participantes sendo socorrido pelos assistentes.

Aparentemente teve uma pressão baixa e caiu durante o aquecimento, mas logo se levantou e continuou a série de exercícios.

Aquecidos, fomos guiados ao canto para adentrarmos ao método. Colocamos headsets para abafar os ruídos internos e iniciarmos nossa jornada em busca do estado presente. Começo a perceber apenas os ruídos externos de maior potência, que me lembram de que estou numa grande metrópole, como ruídos de aviões sobrevoando os telhados da obra arquitetônica de Lina Bardi, o Sesc Pompeia. Questionamento sobre esta grande dicotomia (performance/vida cotidiana) borbulham em minha cabeça enquanto tento aquietar minha mente e prosseguir para o primeiro objeto transitório.

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Os Objetos Transitórios são feitos de madeira, minérios e cristais. Contam com mais de 1.5 toneladas de cristais brasileiros em sua composição. (Foto: Victor Nomoto).

Divididos em quatro grupos, nosso grupo começou pela posição sentada. Eram várias cadeiras feitas de madeira e cristais brasileiros, cada um com suas propriedades energéticas especificas. A pesquisa por estes cristais brasileiros faz parte da história de Abramović desde 1989. Por intuição, sentei­me em uma das cadeiras com a maior quantidade de cristais em seu dorso, virada para uma enorme parede branca. Logo de inicio, meus olhos não pararam de lacrimejar em nenhum momento, ofuscados pela imensidão branca, que me lembrava da visão dos cegos do filme Blindess de Meirelles. Alguns minutos se passaram e eu pensava enxergar, através de manchas de visão turva, algumas figuras que me lembravam os próprios cristais na parede, não sei dizer se influência dos mesmos ou de meus olhos lacrimejantes.

Três palmas dos guias, levantamos das cadeiras e iniciamos a enfática caminhada pelo espaço em slow motion. Essa ação já havia sido experimentada por mim anteriormente em workshops de performance­art, e já havia sido aplicada anteriormente em exposições da própria Marina no pais, mas isso não torna essa etapa menos instigante. O ritmo constante é conduzido pela guia, que provavelmente possuía um claro envolvimento com o trabalho, tamanha a força e expressão com que conduzia o caminhar. Seu olhar era intenso, presente e de passos vagarosos. No entanto, no outro extremo, um participante descompromissado olhava o relógio de pulso que deveria ter sido entregue na entrada. Me questiono a respeito de quão profundamente o público em geral poderá ter imersão num trabalho tão intenso e ao mesmo tempo simples, de auto reconhecimento corporal? Tento ludibriar meu cérebro e me concentrar nos passos do meu próprio andar. A longa duração da caminhada é essencial para desvencilhar­me destes artifícios do cérebro e me focar na minha persona, corpo em movimento.

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As camas de cristais ao longo do pequeno rio artificial que corre o galpão, Marina Abramović em diálogo com Lina Bo Bardi. (Foto: Victor Nomoto).

Dado o sinal, novamente, três palmas, mudamos de posição. Fomos para as camas de cristais; deitados, com um cristal no dorso e outro na altura da cabeça. Agora, com mais intensidade, ouvia os sons do meu próprio corpo, ouvia o pequeno lago artificial que corria adentro do espaço, o engolir da saliva e os batimentos de meu próprio coração. Foi o momento em que percebo, efetivamente, a minha presença no espaço através do ambiente sonoro. Olho fixamente para o teto e aprecio mais uma vez a incrível construção de Lina Bo Bardi, e me sinto extasiado nestes detalhes visuais dialogando com os sons do meu corpo.

E por fim, somos guiados para o objeto que, para mim, foi “a prova de fogo”: ficar em pé em frente aos cristais pelo tempo proposto. Demorou para que eu pudesse me acostumar com a posição desconfortável e os pés inchando dentro dos sapatos. Muitas pessoas passaram seu tempo acariciando seus cristais, algumas, como eu, encostavam­se neles para ter um certo alívio do tempo em pé.

Finalizado o último exercício do método, entrego meu headset ao educador mais próximo e caminho até os armários para retirar meus objetos, como um índio­herói que retorna da floresta para dentro de sua aldeia, dividir seus conhecimentos, adquiridos na aventura, entre os membros da sua terra comunal.

SERVIÇO Exposição – Terra Comunal: Marina Abramović + MAI Quando: 10 de março a 10 de maio Horário: terça a sábado, das 10h às 21h. Domingos e feriados, das 10h às 19h Local: Sesc Pompeia ­ Rua Clélia, 93 Informações: terracomunal.sescsp.org.br

Método Abramović Quando: 10 de março a 10 de maio.

Classificação indicativa: 12 anos.

Cinco sessões diárias de terça a sábado e quatro aos domingos e feriados, a partir das 9h30.

Inscrições pelo site www.sescsp.org.br/terracomunal. Cada sessão, com 2h30, atenderá aproximadamente a 90 inscritos.

MAIS

Terra Comunal ­ Marina Abramović + MAI

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Luciana Espinola Cataldi · Psicóloga Clínica at Consultório Particular Sui generis ! Exposição de arte + vivência, em São Paulo Curtir · Responder · 25 de março de 2015 18:48 Facebook Comments Plugin

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