Abambaé – “terra dos homens”: A invenção de uma brasilidade por intermédio da performance cênica do

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PRELÚDIO

Soa o último sinal, abrem-se as cortinas, o espetáculo começa... Esta seria a estreia esperada, ou, a mais “tradicional” de uma bailarina. Mas... espera. Que bailarina? Eu nem assumia esse estereótipo, e porque deveria vir à imagem de um palco de um teatro ao pensarmos em estreia em uma companhia de danças? Não, não soou nenhum sinal, não estava ansiosa em frente ao espelho de um camarim pomposo – apesar de sim, estar ansiosa –, o teatro não estava lotado. Neste dia o Theatro Sete de Abril, ainda de portas abertas1 nos recebeu. Foi lá que colocamos nosso figurino, foi lá que fizemos nossa última conversa anterior a apresentação, mas ele estava vazio. Vazio porque ele não era o cenário, porque naquele dia, seu palco não receberia artistas, e nem sua assistência receberia uma plateia ansiosa pela apresentação da noite. Era dia, por volta das 13h40, de um dia de semana, o ano era 2009, o dia 29 de abril: Dia Internacional da Dança. O palco? O Centro Histórico2 da cidade de Pelotas, mais precisamente cinco pontos: a esplanada

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O Theatro Sete de Abril, inaugurado em 1833, foi o primeiro teatro a ser construído no Rio Grande do Sul e até 2010 era um dos mais antigos do país ainda em funcionamento. Em 1972 foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). No ano de 2010 o teatro teve suas portas fechadas por uma interdição do Ministério Público ao ser constatado perigo de desabamento de seu telhado e algumas deteriorações em suas construções de alvenaria. Somente em 2012 seu projeto de restauro foi aprovado junto ao IPHAN e a fase um de suas obras de restauração – o telhado – tiveram início em 2013 com prazo de duração de 06 (seis) meses após o início efetivo do trabalho. Porém as obras da primeira fase foram dadas como concluídas em outubro de 2014, com um atraso de praticamente 10 (dez) meses. No momento atual a espera é pelo início da segunda fase da restauração na qual as reformas vão desde os camarins, sanitários, poltronas e lustre, entre outros, até melhorias como climatização e acessibilidade. As obras estavam previstas para começarem ainda no ano de 2015, e tinham a previsão de durarem entre 08 (oito) a 12 (doze) meses, sendo a conclusão estimada até o término do ano de 2016. Entretanto, até o presente momento, sequer foram iniciadas. 2 O Centro Histórico da cidade de Pelotas é composto pelo seu belo patrimônio cultural arquitetônico. São diversas construções de estilo eclético, tombadas ou inventariadas como patrimônio cultural e histórico, por onde a cidade se formou partindo da Praça Coronel Pedro Osório. Em seu entorno encontramos os prédios da Bibliotheca Pública de Pelotas, o Mercado Público, o Theatro Sete de Abril, Clube Caixeiral, o Grande Hotel e entre outros prédios que abrigam o poder público como a Prefeitura Municipal de Pelotas e o Casarão 6 onde se localiza a Secretaria de Cultura. Além disso ainda encontram-se casarões restaurados que foram marco em


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