A MIGRAÇÃO NEGRA NA CONSTRUÇÃO DO SAMBA CARIOCA André Diniz1
Resumo: O texto aborda as migrações dos negros da Bahia e da zona cafeeira do Vale do Paraíba, no século XIX, para a Cidade Nova, as áreas portuárias, os morros e os subúrbios cariocas. As duas gerações de sambistas que se configuram em espaços distintos da cidade são fundamentais para o entendimento da construção do samba como principal gênero urbano no Rio de Janeiro, e do Brasil, da segunda década do século XX.
Palavras chaves: samba, negritude, migração e cidade.
“Para falar em samba temos que falar em negro” (Candeia e Isnard)
Apesar do samba carioca ser uma linguagem musical miscigenada (fruto da polca europeia mesclada aos “batuques” africanos), é com os símbolos e a forte presença do universo negro que ele conquista seu espaço na sociedade brasileira. Esta história remonta aos muitos “sambas” folclóricos espalhados pelos país. Na realidade, a ideia da roda de cantoria e dança dos negros sempre foi uma tônica em suas práticas brincantes. Até podemos resumir as manifestações culturais dos negros no termo guarda-chuva “samba de umbigada”, expressão utilizada para caracterizar, de forma geral, os ritmos e festas espalhados pelo nosso território, como o samba de roda da Bahia, o samba rural paulista, o jongo, o lundu, o coco, o calango e o cateretê. Na umbigada, segundo o etnomusicólogo Carlos Sandroni,
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Doutorando em Geografia Cultural pela Universidade Federal Fluminense. É autor de mais de duas dezenas de livros, dentre eles Almanaque do Samba (Zahar) e Pixinguinha, o gênio e o tempo (Casa da Palavra). andredinizcultura@gmail.com