Revista Chrônidas Revista Eletrônica da Graduação e Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Goiás ____________________________________________________________________________________________
“MALANDRAGEM DÁ UM TEMPO”: UM ENCONTRO ENTRE ROCK E SAMBA
Rainer Gonçalves Sousa Mestre em História pela Universidade Federal de Goiás rainersousa@gmail.com
O que se comprova com o princípio da dependência crescente da música popular aos meios de comunicação é que quanto maior é a dependência (e a conseqüente descaracterização do produto cultural nacional) quanto maior a distância entre as possibilidades tecnológicas do país e a dos centros industriais que criam aqueles meios. No caso do Brasil, tal distância é tão grande que só pode levar a uma conclusão: os modernos meios de comunicação,considerando-se sua origem estrangeira, continuarão a trabalhar contra a cultura brasileira, de uma maneira geral, e contra a criação de uma música popular de caráter local, em particular (TINHORAO, 2006, 181).
José Ramos Tinhorão, aclamado crítico e pensador da cultura brasileira, concedeu esta declaração na recente obra Cultura Popular: temas e questões (2006). De fato, a inauguração deste artigo com a fala desse pensador é a porta aqui utilizada para se tematizar acerca da relação existente entre o desenvolvimento das manifestações artísticas e a ação da Indústria Cultural no contexto em que elas ocorrem. Contudo, antes de entrarmos no âmbito particular do tema abordado, buscamos fazer uma breve elucidação a respeito das linhas gerais que demarcam a citação de Tinhorão. Em sua perspectiva, as tecnologias de comunicação tornam-se fonte de lucro e interesse das nações que as produzem e detém. O reconhecimento desse monopólio se desdobra na interferência sobre as outras culturas que não possuem o mesmo tipo de tecnologia. Mais do que um simples fenômeno de exportação de materiais, essa experiência é seguida, conforme sugere o autor, pela exportação dos bens e valores da cultura que 64