http://dx.doi.org /10.1590 /2238-38752015v519
I
Universidade de Brasília, Departamento de Sociologia, Brasil
nilos @uol.com.br
Edson Farias I
o saber carnavalesco: criação, ilusão e tradição no carnaval carioca1
Na abertura do programa Roda Viva, da TV Cultura, levado ao ar no dia 22 de
sociologia&antropologia | rio de janeiro, v.05.01: 207 – 243, abril, 2015
março de 2011, a apresentadora Marília Gabriela informava que, naquela noite, o entrevistado seria o representante de uma profissão existente apenas no Brasil: O país do carnaval inventou o carnavalesco. O cara que literalmente coloca o samba na Avenida, seja ela a Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, ou o Sambódromo do Anhembi, em São Paulo. O nosso convidado desta noite é Paulo Barros, um dos mais importantes, um dos mais brilhantes representantes do trabalhador da folia.
Logo na sequência, a jornalista resumiu o currículo do entrevistado, Paulo Barros, destacando suas qualidades para justificar a notoriedade por ele obtida, a ponto de levá-lo ao centro das atenções naquele programa de TV: No carnaval deste ano [2011] ele foi vice-campeão, mas, mais uma vez, ele foi ovacionado pelo público. Paulo Barros perseguiu o sucesso na Avenida por mais de uma década e fez seu nome com lances de ousadia, surpresa, polêmica, irreverência e muita, muita criatividade. Ele inovou os desfiles com elogiadíssimas alegorias humanas. E, no ano passado, foi campeão apresentando truques de ilusionismo na comissão de frente.
No decorrer do programa, as perguntas formuladas pelos entrevistadores tiveram por objeto, sobretudo, a natureza da profissão de carnavalesco, ressaltando a cumplicidade, nela estabelecida, entre “inovação” e “criatividade”. Não por coincidência, tal aproximação faz eco com proposições de