Esta Kizomba é nossa Constituição: o Movimento Negro na travessia dos desfiles das escolas de samba

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Esta Kizomba é nossa Constituição1: o Movimento Negro na travessia dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro André Luiz Porfiro (Grupo de Pesquisa Ilè Obà Òyó – ProPEd – UERJ e Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro – ISERJ)

RESUMO

As escolas de samba do Rio de Janeiro são redutos de manutenção, preservação e circulação das culturas de matriz africana e afro-brasileira. Pretendo, neste artigo, ambientado no desfile carnavalesco de 1988, tecer as relações entre a agenda do Movimento Negro e a dinâmica da criação da identidade negra dentro das redes que se configuram nas escolas de samba. Relatarei as apresentações das Escolas de Samba Tradição, Beija-Flor de Nilópolis, Estação Primeira de Mangueira e Unidos de Vila Isabel no ano do centenário da assinatura da lei que aboliu o escravismo no Brasil. A reflexão estará centrada no enredo apresentado pela Unidos de Vila Isabel, intitulado “Kizomba, a Festa da Raça”, pois apontava, há mais de um quarto de século, para os propósitos estabelecidos pelas Leis 10.639/2003 e 12.288/2010, o Estatuto da Igualdade Racial: promover reais condições de inserção dos cidadãos afro-brasileiros em todos os segmentos da vida nacional.

Palavras-chave: escolas de samba, cultura afro-brasileira, igualdade racial, Lei 10.639/2003.

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Verso do samba de enredo da Escola de Samba Vila Isabel, carnaval de 1988.


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