Carnaval Carioca e Desigualdade Social: um exemplo de análise situacional

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Carnaval Carioca e Desigualdade Social: um exemplo de análise situacional Fabiano Gontijo

ANPOCS - 2001

Vamos tentar fazer aqui uma distinção fundamental entre diferenciações sociais e desigualdades sociais, partindo do exemplo de homens que mantêm relações sexuais preferencialmente com homens e que freqüentam algumas festividades ou algumas formas de ritualidades carnavalescas cariocas.

Começaremos relatando um fato observado durante o carnaval de 1999, servindo-nos da noção de situação social, tal como foi definida por Cl. Mitchell e os autores da Escola de Manchester. Em seguida, partindo dessa situação precisa, examinaremos as duas principais interpretações dos rituais carnavalescos desenvolvidas respectivamente por R. Da Matta e por M. I. Pereira de Queiroz – muitas vezes consideradas como opostas, pensamos que são complementares – e apresentaremos nossa própria interpretação. Enfim, voltaremos à situação inicial para analisa-la no contexto do debate sobre as diferenciações sociais e as desigualdades sociais.

Antes, gostaria de fazer uns comentários sobre um artigo que nos chamou a atenção, publicado no jornal O Globo de 28/08/2001, cuja chamada da primeira página dizia o seguinte: “Ofensa contra gays pode virar crime- Durante a Conferência Mundial contra o Racismo, que começa sexta-feira [31/08/2001], na África do Sul, o governo brasileiro vai propor que a expressão de ódio aos homossexuais seja considerada crime e incluída no Código Penal. A proposta prevê que o delito se torne inafiançável, tal como o racismo.”


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