O samba em pessoa: narrativas das Velhas Guardas da Portela e do Império Serrano

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fosse o irmão”, compreendeu? O Cartola fez, quando o Paulo esteve por lá. Paulo se aborreceu na Portela, foi para a Mangueira, ficou lá com o Cartola, uns dias, mas o Cartola insistia que ele devia voltar, que a Portela era dele, ele quem criou, foi ele quem deu tudo, que embalou a Portela. Então o Cartola insistia, mas o Paulo estava muito chateado e não voltou mesmo não... É, ele fez: O meu nome já caiu no esquecimento É verdade, é lindo. E para não ser esquecido, justamente, foi uma maneira. Ele fez: O meu nome já caiu no esquecimento... A velhice vem chegando Já me olham com desdém Olha: desdém! Ai, quanta saudade De um passado que se vai lá no além Chora cavaquinho, chora Chora violão também O Paulo no esquecimento não interessa a mais ninguém Chora Portela, minha Portela querida Eu que te fundei, serás minha toda a vida Aí eu faço: O teu nome não caiu no esquecimento, nem cairá Fiz esse samba dolente pra te adorar Paulo seja sempre iluminado por nosso Senhor Aqui na Terra te adoramos com fervor E lá no reino da glória descansa em paz Que a tua Portela não te esquecerá jamais Não gravei isso, não. Está no meu baú guardado. Esse eu cheguei a botar num festival, mas fui classificado com outra música e esse ficou de lado. Mas quando eu canto todos gostam... Tem a segunda parte, mas isso aí eu vou botar numa fita direitinho. E guardar pra mim, pro meu baú. Deu pra fazer alguma coisa?


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