O “Tal” e a cidade: relações entre cidadania e imaginário nas canções de Moreira da Silva

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Anais da VII Semana de História Política | IV Semana Nacional de História: Política e Cultura & Política e Sociedade Rio de Janeiro: UERJ, 2012 (ISSN 2175-831X)

O “TAL” E A CIDADE: RELAÇÕES ENTRE CIDADANIA E IMAGINÁRIO NAS CANÇÕES DE MOREIRA DA SILVA Isabelle Portes1

Resumo O artigo pretende discutir um traço do exercício de cidadania em relação ao conceito de imaginação social, através da trajetória de Moreira da Silva e de sua canção: Cidade Lagoa, que como apregoa o próprio título marca um malandro citadino. Anuncia, pois a sua relação com a cidade, entendida como a projeção dos imaginários sociais no espaço, além de sua atitude crítica diante dela. A cidade é a escala de observação para relacionar tais conceitos. Palavras-chave: cidadania, cidade, imaginário. Abstract he article discusses a dash of exercise of citizenship in relation to the concept of social imagination, through the path of Moreira da Silva and his song: Lake City, who touts himself as a “rascal” (malandro) city title tag. Announces because their relationship with the city, understood as the projection of imaginary social space, in addition to its critical attitude before her. The city is the scale of observation to relate these concepts. Keywords: citizenship, city, imaginary.

A noção de imaginário diz respeito, em certo aspecto as representações coletivas, no entanto divergem em seu significado à sociologia durkheimiana ou ao positivismo. Este movido por uma lógica cartesiana vê no imaginário um espectro de fantasias, de efeitos deformadores da realidade, nocivos ao desenvolvimento da ciência, que deveria perpassar pelo exercício de desmascaramento do plano simbólico. O imaginário para tal sociologia está presente como força construtora de coesão social, assinala a preponderância do fato, com certo imperialismo da sociedade sob o indivíduo. Para Baczo tal conceito de imaginação social é capital em todas as relações humanas, pois modelam comportamentos, mobilizam energias, legitimam violências; intervém em todo e qualquer exercício de poder, e designadamente o poder político, seja ele cotidiano ou no interior de esferas institucionais2. Nesse sentido, a ideia de imaginário que elabora traz em seu cerne uma organização dialética, na medida em que critica a impermeabilidade entre saber e prática, presente em uma série de estudos nas ciências sociais. Exercer o poder político simbólico não consiste em meramente acrescentar um “q” de ilusório a uma potência real, removendo seu vértice a fim de suplantá-lo com sonhos, fantasias, desejos, como se estes não fossem humanos ou transparecessem algo diverso da realidade. Ao contrário, a imaginação pode representar a duplicação, segundo o autor e o reforço da dominação efetiva pela apropriação de símbolos, que visam garantir subserviência, conjugando as relações entre sentido e poderio3.

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