ANTEPROJETO
Trabalho final apresentado à disciplina de Paisagismo II do curso de Arquitetura e Urbanismo da Escola Unicap-Icam Tech da Universidade Católica de Pernambuco, sob orientação das professoras Léa Cavalcanti e Maria de Lourdes Nóbrega.
Trabalho final apresentado à disciplina de Paisagismo II do curso de Arquitetura e Urbanismo da Escola Unicap-Icam Tech da Universidade Católica de Pernambuco, sob orientação das professoras Léa Cavalcanti e Maria de Lourdes Nóbrega.
1.1. Apresentação da área e localização
1.2. Aspectos Legislativos
4.1. Diretrizes para a intervenção paisagística
4.2. Diretrizes para a intervenção de arquitetura
5.1. Os dez passos da caminhabilidade
5.2. Distinguibilidade e Desenho universal
2.1. Breve contexto histórico da área
3.1. Usos e Atividades
3.2. Tipos arquitetônicos
3.3. Gabaritos existentes
3.4. Estudo de cheios e vazios
3.5. Estudo de sombras
3.6. Fluxos e hierarquia de vias
3.7. Vegetação
3.8. Mobiliário urbano
A área em análise se encontra dentro do bairro de Santo Amaro, localizado numa região central da cidade do Recife, que teve sua origem em 1681. A história do Bairro surge no fim da colonização holandesa e era reduto de pescadores até o século XIX.
Dentre os pontos principais da região, merecem destaque: o Mercado de Santo Amaro, a Praça General Abreu e Lima e seu Mural às Revoluções Pernambucanas, o Palácio Frei Caneca, a Igreja de Santo Amaro das Salinas, o Parque 13 de Maio, a antiga Fábrica Tacaruna, o Cemitério de Santo Amaro e o Cemitério dos Ingleses que, ao lado, é por onde passam duas vias arteriais do Recife, a Av. Norte e a Av. Cruz Cabugá.
Em 1939, neste bairro, foi inaugurado o primeiro parque urbano e histórico da cidade do Recife, o Parque 13 de Maio, um dos parques mais visitados do Recife. No parque ficam importantes edifícios públicos, como a Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco, a Câmara de Vereadores e a Assembléia Legislativa de Pernambuco.
O território tem uma ocupação muito forte de sobrados sem afastamentos frontais e laterais sendo uma das principais características das edificações da área. O patrimônio arquitetônico da região tem tipologias remanescentes de diferentes épocas, tendo edifícios ecléticos e neoclássicos.
Vista da rua Capitão Lima com a Rua da Piedade. | Fonte: Os Autores
Vista da rua Capitão Lima com a rua Da Fundição. | Fonte: Os Autores
O bairro de Santo Amaro tem suas origens após a expulsão dos holandeses, em 1681, quando o Major Luís do Rego Barros mandou erguer a capela de Santo Amaro das Salinas no local onde havia o Forte das Salinas. Na segunda metade do século XIX a área passou a ser chamada Cidade Nova, até então tinha ocupação rarefeita e pouca acessibilidade, era alagadiça, e por ser localizada fora dos limites da cidade recebeu equipamentos ligados à saúde e à morte, como o Cemitério dos Ingleses (construído em 1814), o de Santo Amaro (1851) e o Hospital de Santo Amaro (1892).
As populações de baixa renda sempre estiveram presentes na evolução do bairro, desde os mocambos, que no início do século XX chegaram ao número de dois mil, terceiro maior da cidade, de acordo com Santana (2019), às vilas operárias. Um dos motivos que levou à chegada dessa população ao local foram as expulsões decorrentes das obras de demolição para remodelação do centro histórico do Recife.
Em 1917, um plano de expansão da cidade elaborado por Saturnino de Brito abria novas vias e delimitava novas áreas construíveis no trecho compreendido pelas avenidas Norte, Cruz Cabugá, Mario Melo e pela Rua da Aurora, hoje denominado Quadrilátero de Santo Amaro. O bairro também foi incluso, na década seguinte, nos planos de ampliação e modernização do Porto do Recife, tendo sido cogitada a implantação de galpões e até área de ancoragem de navios. Todos os planos da época como os de Domingos Ferreira, Nestor de Figueiredo, Atílio Correa Lima e Ulhôa Cintra tinham o bairro como estratégico para articulação do centro com outras regiões da cidade e com Olinda, mas nenhum deles foi executado na área.
O traçado do bairro avançou sobre sucessivos aterros realizados nas trechos alagados e até os anos 1950 teve grande parte de seu desenvolvimento devido à construção das vilas operárias por parte do Estado e pela iniciativa privada através da Liga Social contra o Mocambo, um movimento higienista que tinha por objetivo eliminar as construções precárias, e a implantação de pequenas indústrias e loteamentos de classe média. Também surgiram equipamentos como o Mercado Público e o Parque Treze de Maio.
Em 1961, o Código de Urbanismo e Obras institui uma zona comercial e industrial na área do quadrilátero, devido à proximidade com o porto, incentivando a construção de galpões e fábricas em lotes de grandes dimensões, especialmente dos setores alimentício, de mobiliário, madeira e têxtil, definindo uma configuração espacial que perdura até os dias atuais. Até os anos 1980 o bairro também vivenciou a chegada de novos edifícios verticais financiados pelo Banco Nacional de Habitação (BNH).
Entretanto, o espraimento urbano e a descentralização das atividades industriais, deslocadas para a periferia da cidade, levaram à extinção dessa atividade no centro pela lei de 1983, quando pode se observar o início do processo de decadência da região que só voltou a receber novos investimentos no final da década de 2000 com a definição da área do quadrilátero como estratégica e elevação dos coeficientes de utilização, o que atraiu o mercado imobiliário, e a instalação de grandes empresas e equipamentos que novamente tem alterado a morfologia e ocupação do solo.
Áreas alagadas do bairro de Santo Amaro. Década de 1930. | Fonte: Fundação Joaquim Nabuco, 1930
Vista aérea do bairro de Santo Amaro. | Fonte: Recife, 1980
Outrora uma região industrial, a área em análise possui uma considerável variedade de usos e atividades com maior presença do uso comercial e de serviços, com destaque para o setor de comunicação, onde as sedes da TV Globo e do Sistema Jornal do Commercio ocupam grandes lotes e geram importante fluxo de veículos e pessoas. Outras atividades encontradas são cafés, restaurantes e pequenos escritórios, provavalmente atraídos pela vocação comercial que se estende para além do trecho em tela.
O uso habitacional também ocupa parcela relevante do território através de residências unifamilares como casas térreas e sobrados, casas de oitão ecléticas e construções modernas, bem como habitações multifamiliares, caso dos edifícios Alfredo Bandeira na Rua da Aurora, Conde de Sevilha na São Geraldo, e Rozette na Capitão Lima.
A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Piedade, a sede de sua pastoral e a Capela Jesus Misericordioso formam o núcleo religioso, tendo a Matriz como elemento marcante na paisagem da área de estudo e ponto focal das atividades relacionadas a esse uso, com as missas e eventos da igreja atraindo grande número de pessoas.
As sedes da TV Globo e Sistema Jornal do Commercio (à esquerda, de cima para baixo) e a Matriz de Nossa Senhora da Piedade (à direita), representando os polos de comunicação e religioso do bairro. | Fonte: Os Autores, 2022
A principal característica quanto a tipologia da área é a locação dos edifícios no lote, sendo grande parte das edificações da área sem recuos frontais e laterais, característica presente em mais de 60% dos edifícios do território sendo eles: em sobrados, casas de porta e janela, casa sem recuo lateral, etc.
A tipologia mais comum na região é a de sobrado compondo quase 44% da parte do total edificado, entretanto é possível notar que algumas edificações estão em um nível de descaracterização, em relação a sua fachada original, alto devido ao elevado uso comercial, havendo apenas algumas unidades com suas fachadas conservadas.
Em seguida deste fica a casa sem recuo lateral com aproximadamente 26%, que tem usos diversos como residencial, comercial e restaurantes.
Na região de análise, tem o gabarito predominante baixo, em sua maioria variando entre Térreo e 2 pavimentos, ao longo da Rua Capitão Lima. Na área contém também, edifícios de 3 a 4 pavimentos, como o icônico edifício da TV e Rádio Jornal, de 5 a 10 pavimentos como a sede da TV Globo. Mesmo em minoria na rua, há edifícios de 11 a 20 pavimentos e mais de 20 pavimentos, como o residêncial Edf. Conde de Sevilha e a torre de transmissão da TV Globo, respectivamente.
Mesmo sendo poucos e pontuais, edifícios de gabarito acima de 10 pavimentos, percebe-se que pela predominância e boa distribução do gabarito baixo ao longo da rua, a região tem boa proporcionalidade quanto a escala do pedestre.
Os cheios e vazios está intrinsecamente ligados a densidade, que corresponde à massa ou peso aparente de um objeto arquitetônico. Na área observa-se um dissonância nos cheios e vazios, tendo como predominte o cheio com 74,16%, e vazios com 25,83%. Algumas edificações foram modificadas para atender as demandas de usos, como por exemplo, comércio, tornando-se mais cheios do que vazios.
Os diagramas de sombra para o área de intervenção permitem identificar as zonas mais ou menos sombreadas ao longo do dia, de forma a orientar a implantação de mobiliário e de áreas de permanência.
Durante o solstício de verão (21/12), podemos observar que o lado esquerdo da Rua Capitão Lima (lado da TV Jornal) praticamente não é sombreada a qualquer hora do dia, exceto a partir das 16h quando fica um pouco encoberta pela torre da igreja, devido à orientação voltada para Sudoeste.
No lado oposto, o da Matriz da Piedade, as calçadas ficam sombreadas quase completamente até as 16h quando fica totalmente sombreada pelas edificações.
No solstício de inverno (21/06), ocorre o inverso, tem-se a calçada do lado esquerdo totalmente sombreada, exceto entre as 10h e 14h quando fica parcialmente encoberta.
Do lado direito, o passeio fica ensolarado a maior parte do dia.
O largo em frente à TV Jornal, ponto relavante para a análise, pela intervenção a ser realizada, é pouco protegida devido ao baixo gabarito das edificações do entorno, sendo melhor sombreada a partir das 16h nos dois solstícios.
Solstício de inverno (21/06) 08h
Solstício de verão (21/12) 08h
Solstício de inverno (21/06) 10h
Solstício de verão (21/12) 10h
Solstício de inverno (21/06) 14h
Solstício de verão (21/12) 14h
Rua do Veiga próximo ao cruzamento com a Rua Capitão Lima | Foto: Os Autores
Solstício de inverno (21/06) 16h
Solstício de verão (21/12) 16h
Fluxos são as movimentações de pedestres e veículos ao longo da via. A Rua Capitão Lima, possui um fluxo de veículos grande no começo e final do horário comercial, por ser uma área principalmente voltada para serviços e comércio. O fluxo de pedestres também segue esse horario, não só pelas pessoas que estacionam na via e se dirigem aos seus trabalhos, mas também por aqueles que usam de transporte público e alternativo (ciclovias) presentes na Via de Eixo Metropolitano ligada à Rua Capitão Lima. (Avenida Cruz Cabugá; que liga o bairro à cidade de Olinda e a outros bairros de Recife).
O fluxo de pedestres é intenso no horário de almoço, pois as pessoas que trabalham no entorno fazem uso de vários restaurantes presentes na área. Restaurantes e barracas informais se instalaram nas duas pracinhas do sítio para atender a essa demanda. Apesar de não possuir paradas de transporte coletivo, as vias encontram-se em um raio caminhável de vias de eixo metropolitano e vias arteriais que suprem essa necessidade.
Apesar da grande movimentação de veículos e pessoas, a via não possui uma boa caminhabilidade, pois suas calçadas são estreitas e tomadas em várias áreas pelas raízes da vegetação. A priorização do veículo particular é perceptível pela quantidade de vagas livre e sem custo disponíveis na região, enquanto as calçadas encontram-se inadequadas para pessoas com ou sem dificuldades físicas de locomoção.
A vegetação é um elemento crucial para se alcançar conforto térmico em cidades de grande incidência solar como Recife, ela permite a maior permanência do pedestre na rua, assim como proporciona uma redução na temperatura do entorno e sua devida implantação evita criar barreiras visuais e físicas para os passantes.
A área estudada, possui uma quantidade relativa de vegetação, porém a mesma se faz concentrada em alguns momentos e escassa em outros, prejudicando o conforto dos transeuntes. Apesar de muitas espécies encontradas oferecerem muita sombra, algumas requerem um nível de manutenção alto, como a Hernandia: que possui muitos galhos com grande quantidade de folhas perto de sua raiz, e precisa de podas constantes ; A Amendoeira-da-Praia : apesar de uma copa grande, seus frutos caem em grande quantidade e por serem muito densos podem danificar automóveis e machucar pedestres; a Leucena produz muitas vagens que caem nas vias, aumentando a necessidade de limpeza das mesmas.
A nível de intervenção, chega a ser favorável que a maior parte das árvores se encontrem em um lado da rua, pois como se trata de uma Via local, a proposta é aumentar as calçadas apenas de um lado, onde as pessoas transitariam ao longo do trecho completo.
Hernandia nymphaeifolia nativa altura: ~ 15 m
Amendoeira-da-praia
Terminalia Catappa
Cássia do Nordeste
Senna Espectabilis
Leucena
Leucaena leucocephala
altura 12m ~ 35m exótica (Ásia)
tronco: 50 cm
altura : 4m ~ 6mnativa
exótica (México)
tronco: 30 cm
Palmeira Areca altura : 3m ~ 9mexótica (Madagascar)
Dypsis lutescens
Morinda Citrifolia Noni altura : 3m ~ 10mexótica (Sudeste da Ásia)
Ficus Adhatodifolia Gameleira nativa
Libidibia Ferrea
Azadirachta indica Neem exótica (Índia)
altura ~ 20m tronco: 60cm ~ 90cm altura : 10m ~ 20m
altura : 20m ~ 30m
tronco: 50cm ~ 80cm
altura 15m ~ 20m
Pau Ferro nativa tronco: 30cm ~ 80cm
Araucária exótica (Austrália)
Araucaria cunninghamii
Cocos nucifera Coqueiro exótica (Sudeste Ásia)
Descrição e fontes das imagens
altura : ~ 40m
altura 10m ~ 20m
Mobiliário urbanos é um conjunto de elementos que são instalados em espaços públicos com uma finalidade específica, colaborar com a convivência entre as pessoas e tornar a vida na cidade mais organizada e confortável, além de ter uma íntima relação com o paisagismo, podendo impactar positivamente no aspecto estético de um espaço.
A partir da análise da área percebe-se que em toda extensão só é possível encontrar cesto de lixo em um único ponto, poucos bancos e alguns fiteiros. Caracterizando, assim, como uma área baixa em mobiliário urbano.
Mobiliário urbano na rua são Geraldo com a Rua do Veiga | Foto: Autorais
São apresentadas as seguintes diretrizes para intervenção paisagística na área de intervenção, no bairro de Santo Amaro:
1. Alargamento de calçadas visando ampliar o espaço destinado aos pedestres;
2. Adequação das calçadas e passeios ao desenho universal, com regularização das superfícies e implantação de rampas, tornando o espaço público acessível e melhorando a caminhabilidade;
3. Implantação de ciclofaixa conectada as já existentes na Rua da Aurora e Avenida Mário Melo, um estímulo à mobilidade ativa com redução do uso do automóvel;
4. Embutimento da rede elétrica e de telecomunicações, a depender de viabilidade financeira, ou ao menos ordenamento dos postes com retirada de cabos inutilizados;
5. Iluminação pública na escala do pedestre e atualização por luminárias em LED;
6. Implantação de novo mobiliário urbano como lixeiras, bancos e ordenamento dos fiteiros;
7. Redução das áreas de estacionamento e ampliação das áreas de permanência para as pessoas, especialmente no largo em frente ao Sistema Jornal do Commercio e no encontro da Rua do Veiga com a Capitão Lima;
8. Adoção de espécies vegetais adequadas ao local, capazes de promover sombra e plantadas de modo a evitar que as raízes danifiquem os passeios;
9. Implantação de sinalização visual informativa e turística, identificando e divulgando a história da região e as edificações relevantes;
10. Implantação de trecho compartilhado com redução da velocidade de veículos.
11. Proposta de paginação de piso adequada.
O projeto a ser desenvolvido na disciplina de Atelier de Projeto VIII terá sua implantação na quadra conformada pelas ruas Capitão Lima, da Piedade, Radialista Amarílio Nicéas e pela Travessa do Ferreira. Uma edificação de uso misto que deverá adotar uma abordagem contextualista em relação ao entorno, de modo a re-interpretar elementos da paisagem e das edificações existentes e cujos aspectos formais da nova construção estejam o mais consoantes possíveis sem, contudo, perder a identidade e originalidade.
De acordo com Andrade Júnior (2006), as edificações que seguem essa abordagem “além de buscarem referências tipo-morfológicas nas preexistências, remetem também (...) à sua macicez e possuem proporções de cheios e vazios próximas àquelas da arquitetura do entorno, ainda que com desenhos e formas diversos”. Considerando a metodologia apresentada na dissertação utilizada como arcabouço teórico da disciplina de projeto, identificamos os seguintes aspectos formais a serem apreendidos do entorno:
Volumetria: Volumes prismáticos retangulares;
Implantação: No paramento, sem recuo;
Escala: Imóveis confrontantes com gabarito máximo de três pavimentos, exceto pela Igreja da Piedade, que possui gabarito mais elevado pelas suas caracteríticas especiais e relevância na paisagem;
Densidade ou massa: Por se tratarem de edificações antigas de diferentes épocas, a proporção de cheios e vazios é mais alta se comparada à edificações recentes;
Ritmo: As fachadas apresentam larguras quase fixas dos lotes/imóveis que aliadas à repetição do tipo estabelecem um ritmo.
Cores ou texturas dos materiais de acabamento: Muitos imóveis foram descaracterizados ao longo do tempo e apresentam variações nas cores e materiais de revestimento , porém com predominância de pintura sobre alvenaria e algumas edificações com fachda em cerâmica.
Pór o automóvel em seu lugar: Disciplinar e incentivar a redução do uso do transporte motorizado individual de modo a priorizar o pedestre;
Adequar o estacionamento: Foram reduzidas as vagas de estacionamento e concentradas na Rua da Fundição especialmente para atender a acessibilidade de idosos, pessoas com deficiência e gestantes;
Deixar o sistema de transporte fluir: O trafégo de veículos e a variedade de modais é fundamental para vitalidade do comércio local. A circulação deve ser desimpedida, sem congestionamentos;
Acolher as bicicletas: A mobilidade ativa deve ser incentivada e priorizada, com espaços adequados para circulação e parada protegida e confortável;
Mesclar os usos: Os espaços compartilhados e a variedade de usos do solo atraem a circulação de pessoas, tornam os locais mais seguros e agradáveis;
Proteger o pedestre: O uso de estratégias como alargamento de passeios e calçadas, a paginação e materialidade do piso que induza a redução de velocidade dos veículos, uso de balizadores, alegretes, travessias elevadas e sinalização viária aumentam a segurança física dos transeuntes de todas as faixas etárias;
Eleger suas prioridades: Projetar os espaços públicos e vias orientadas às pessoas, tendo a escala humana e a caminhabilidade como elementos fundamentais para concepção de locais acolhedores e seguros.
Rua compartilhada com elevação do leito carroçável para o nível da calçada. Redução de vagas de estacionamento e liberação do tráfego.
Criar bons espaços: Atrair as pessoas para a rua, para o espaço público, através de locais confortáveis, visualmente interessantes e que possibilitem praticar atividades de lazer, culturais e esportivas nas diversas horas do dia;
Plantar árvores: A biofilia como elo entre os seres humanos e a natureza, promovendo a sustentabilidade, captura de carbono, ventilação e sombreamento, especialemente numa cidade tropical e ensolarada como o Recife;
Criar faces de ruas agradáveis e singulares: As fachadas das edificações e as interfaces como indutoras da boa caminhabilidade, de modo a tornar a rua atrativa e conferir o sentimento de lugar, de identidade e pertencimento, onde haja distinção dos diferentes matizes da paisagem urbana.
Espaços públicos atrativos, ventilados e sombreados.
A área de intervenção é caracterizada pela singularidade da sua paisagem, presença de imóveis de caráter histórico e marcada por diferentes formas de ocupação ao longo do tempo, assim, o projeto deve sinalizar adequadamente seus limites e abrangência, bem como tornar clara a distinção do traçado original da nova proposta, preservando a marca da história e a passagem do tempo, dentro dos princípios da distinguibilidade de Camillo Boito.
Entre as medidas de renovação, tornar os espaços públicos e privados acessíveis deve ser uma das prioridades do projeto de modo a possibilitar o uso por todos os públicos, independente da faixa etária, grau de mobilidade e das condições em que se encontram. Travessias elevadas, rampas com declividade adequada, sinalização vertical e horizontal, pisos táteis direcionais e de alerta, revestimentos antiderrapantes, ergonomia e universalidade são algumas das medidas adotadas no projeto.
A intervenção aqui analisada foi desenvolvida sobre uma rua estabelecida no início do século XIX em Brighton, Reino Unido, e contou com projeto do escritório de paisagismo Landscape Projects e consultoria da Gehl Architects, do professor Jan Gehl, em 2007. Situada numa região onde localizam-se as principais instituições culturais da cidade, a via era marcada pela forte presença dos carros, tendo sido cogitado inicialmente o fechamento total para pedestres, porém após levantamento de dados referentes aos deslocamentos da população na área, bem como estudo das demandas culturais e comerciais, a abordagem utilizada no projeto foi a de criar um espaço compartilhado onde o pedestre dominaria, mas onde todos os veículos seriam permitidos, e de forma que as várias atividades poderiam ser desenvolvidas e atenderiam a todos os interesses. Para tal, a qualidade visual e detalhes construtivos, como a paginação do piso, foram especificados de modo a reforçar a prioridade do pedestre, reduzir a velocidade de tráfego, induzir a direção defensiva e tornar o espaço mais acessível para pessoas com deficiência, tendo adotado recursos para auxiliar cães-guia, por exemplo. Os resultados logo apareceram em pesquisas pós-ocupação que mostram grande redução no tráfego de veículos, aumento de ciclistas em mais de 20% e quase o triplo do número de pedestres, com maior concentração destes à noite, período em que a rua fica mais agitada e vibrante.
Rua compartilhada: pessoas e todos os modais dividem o espaço de forma consciente, segura e ordenada. New Road, Brighton, Reino Unido, 2007.
A intervenção projetada tem como premissa ampliar a circulação de pessoas no espaço público e criação de áreas de permanência atrativas e capazes de dinamizar o local ao longo do dia e noite, aumentando a sensação de segurança, integrando os usos comercial e residencial e incentivando a mobilidade ativa.
Foram propostas duas novas zonas: uma pequena praça no encontro da Rua São Geraldo com a do Veiga, e um grande espaço compartilhado na Rua Capitão Lima que abrange o largo em frente à TV Jornal e ao lado da Igreja da Piedade, atualmente com forte presença de áreas de estacionamento que são disciplinadas e deslocadas para a periferia do local, visando atender as demandas do comércio e das empresas locais, bem como pessoas com mobilidade reduzida. Assim, abre-se espaço para uma praça em nível com quiosques, estação de bicicletas, mesas, bancos e demais mobiliários para usuários que podem desenvolver diversas atividades, em especial de lazer e cultura. A análise da dinâmica solar permitiu a locação de árvores para sombreamento e ventilação dos passeios e locais de permanência.
A paginação do piso em placas cimentícias, com faixas lineares claras e escuras, estabelece um contraste visual que busca induzir a redução de velocidade dos veículos e ao mesmo tempo facilitar a mobilidade dos pedestres, além de aumentar a acessibilidade. Também pretende direcionar as pessoas para o largo, considerado o “coração” da composição e principal espaço de encontros.
O largo ao lado da Igreja da Piedade e em frente à TV Jornal é requalificado e as pessoas são colocadas como prioridade em espaços de permanência.
Andrade Júnior, N. V. de. Metamorfose Arquitetônica: intervenções projetuais contemporâneas sobre o patrimônio edificado. 2 v. Orientador: Professora Esterzilda Berenstein de Azevedo. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Arquitetura, 2006.
Bortoluzzi, R.L.C.; Lima, A.G.; Souza, V.C.; Rosignoli-Oliveira, L.G.; Conceição, A.S. 2020. Senna in Flora do Brasil 2020. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB23172>. Acesso em: 25 mar. 2022
GHEL, Jan: SVARRE, Birgitte . A vida na cidade: como estudar. São Paulo: Editora Perspectiva, 2018
Lorenzi, Harri. Árvores Brasileiras Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil Vol.03. 1ª edição. Nova Odessa: Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda.2009.
Queiroz, R.T. 2020. Leucaena in Flora do Brasil 2020. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB23050>. Acesso em: 25 mar. 2022
Ribeiro, R.T.M.; Marquet, N.; Loiola, M.I.B. 2020. Combretaceae in Flora do Brasil 2020. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB22511>. Acesso em: 25 mar. 2022
Santana, A. B. de. Dos mocambos aos arranha-céus: o processo de formação do solo e estruturação espacial do bairro de Santo Amaro, Recife. Orientadora: Norma Lacerda Gonçalves. 159 f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano, Centro de Artes e Comunicação, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2019.
Soares, K.P.; Lorenzi, H.; Vianna, S.A.; Leitman, P.M.; Heiden, G.; Moraes R., M.; Martins, R.C.; Campos-Rocha, A.; Ellert-Pereira, P.E.; Eslabão, M.P. 2020. Arecaceae in Flora do Brasil 2020. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB609556>. Acesso em: 25 mar. 2022
Thomas, P. (2011). " Araucaria cunninghamii " . Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN . 2011 : e.T32835A9734286. doi 10.2305/IUCN.UK.2011-2.RLTS.T32835A9734286.en .