Revista MBA Março 2018

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FEV/MAR 2018

ganha o Nobel da paz pela sua luta a favor da educação de outras jovens como ela, onde o movimento Lean In, da COO do facebook Sheryl Sandberg moEva mulheres a assumirem riscos e se lançarem em busca de seus objeEvos sem medo e onde, possivelmente, a maior potência econômica mundial pode eleger sua primeira presidenta (Hillary Clinton), é impossível não observar uma mudança Se não bastasse as dificuldades em se adaptar à manos caminhos pelos quais vemos as mulheres na nossa sociedade. ternidade e morar fora, às vezes a vida ainda nos joga um novo desafio. Um assunto popular nas nossas redes Nesse quase um ano de Revista MBA percebi que ésociais inegável a parEcipação e e nvolvimento d e a lgumas m ulheres i ncríveis na e grupos de mães, o autismo e seus espectros tem batido comunidade rasileira dbrasileiras a Nova Zelândia. Nesses úlEmos emeses Eve na porta de algumas bfamílias na Nova Zelândia o privilégio de ter conhecido mulheres inteligentes, ambiciosas, gerado dúvidas dentre toda comunidade. A jornalista Emacorajosas, cheias de paersonalidade e com muita sede de contribuir nuella Camargo muito tato m e ais experiência cobriu o ês asem prol com de uma sociedade justa. Por isso esse m a revista é dedicada nós, mulheres. famílias brasileiras com sunto para gente, aconversando com crianças autistas no país e falando sobre como funciona o A matéria mais importante dessa edição, é, sem dúvidas, o arEgo tratamento, ajuda do governo com e saúde egousobre Violência DomésEca. As educação quatro brasileiras que enerosamente comparElharam suas histórias com a gente esperam que seus tros detalhes. caminhos não se repitam e que outras mulheres saibam o que fazer, E já que o assunto é educação, Roberta Vieira levou sua o quanto antes, para saírem de relações abusivas. primeira filha para a escola primária e despertou o interesse Nossa colunista Camila N assif escreveu sobre acomo saúde funXsica e mental em escrever sobre o assunto, Roberta descreveu da mulher e da necessidade de se colocar em primeiro lugar, e com ciona o sistema de educação e todos os detalhes que tiram um texto cheio de personalidade e empolgação, Isabelle Mesquita o sono dos pais primeira fala do pde oder de ser vviagem. ocê mesma e não cair nos padrões impostos pela s ociedade. S eja l ivre! Vindo do Brasil? Indo para o Brasil de férias? Alguém pe diu para que você levasse uma encomenda? Já pensou que Na nossa capa, quatro dos cabeleireiros brasileiros que mais badalam você poderia um grande problema, inclusive as mter adeixas das mulheres na Nova Zelândia, criminal, Amanda, Cao aroline, e Gisele de dividem com a gente a spara ua trajetória trabalhando levar umaDaniel encomenda um desconhecido outro país? aqui, s uas d ificuldades e o q ue é t rend p ara o r esto d Nessa matéria damos dicas para evitar cair em furadas.o ano. Nosso consultor Steve explica de-todas as Ainda temos ude ma imigração coluna nova, com LNorrie, uiza Veras, Erando suas das úvidas sobre impostos e contabilidade na NZ, e Rde osana Melo talhadamente mudanças nos processos de aplicação escreve um arEgo completo, bem-­‐feito, claro e simples de entender vistos para a Nova Zelândia. Várias agências ao redor do sobre os Diplomas neozelandeses (mais ou menos o nosso curso mundo e técnico no país estão fechando em prol de sum sistema brasileiro) e como esse curso pode er seu pontapé inicial no processo de imigração à Nova Luiza Zelândia. responde às mais integrado e nossa contadora Veras perguntas mais populares do ano passado na sua coluna. Duda Hawaii, um dos nossos fotógrafos colaboradores, escreveu um E mais, seedelicie com as imagens fantásticas de Duda texto mpolgante sobre a sua travessia do Tongariro, uma das caminhadas m ais b onitas d o m undo ( com f otos e spetaculares) e Hawaii e sua viagem à Rarotonga, uma joia no Oceano PacíPeterson Fabricio, nosso agente de imigração de plantão, fala do fico a apenas poucas horas de Auckland. visto de trabalho aberto dado aos que se formam por aqui. Tem informação para todos os gostos. Boa Leitura Se divirtam!

Cristiane Diogo


FEVEREIRO/MARÇO - EDIÇÃO 37 N° 01/2018

EDIÇÃO Cristiane Diogo

REDAÇÃO Gabriela Ferrão

DIAGRAMAÇÃO Tereza Manzi

COLUNAS Steve Norrie Rosana Melo Roberta Vieira Luiza Veras

FOTOGRAFIA Duda Hawaiii

COLABORADORES FEV/MAR 2018 Emanuella Camargo

A Revista MBA é uma publicação independente com a finalidade de informar a comunidade brasileira da Nova Zelândia e divulgar produtos e serviços que sejam do interesse dessa comunidade. A versão online desta publicação é gratuita. É proibida qualquer reprodução impressa ou digital, cópia do conteúdo, matérias, anúncios ou elementos visuais, bem como do projeto gráfico apresentados na Revista MBA com base na LEI DE DIREITOS AUTORAIS Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998, com respaldo internacional.

www.revistamba.co.nz

AGRADECIMENTO FEV/MAR 2018 Lorena Costa Cintia Rodrigues Arlen Rodrigues

PARA ANUNCIAR REVISTA.MBA.MARKETING@GMAIL.COM


ORGANIZAÇÃO

06

12

TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE ESCOLA PRIMÁRIA NA NZ

18 22

23

VISTOS E IMIGRAÇÃO:

DICAS DE CONTABILIDADE: PERGUNTAS MAIS FREQUENTES

AMIGO, LEVA UMA ENCOMENDA PRA MIM?

UM UNIVERSO EM DESORDEM: AUTISMO NA NOVA ZELÂNDIA

36

ENSAIO FOTOGRÁFICO: RAROTONGA

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vistos e imigração POR STEVE NORRIE

Eu pensei em começar o ano atualizando vocês sobre grandes mudanças que ocorrerão em breve na maneira em que a Imigração da Nova Zelândia processa suas aplicações de vistos. No ano passado, a Imigração da Nova Zelândia anunciou uma reestruturação de suas agências no exterior a na Nova Zelândia. Todos as agências do exterior fecharão, com exceção de Mumbai, Pequim, Nuku’alofa, Suva e Apia. Washington DC, a agência que atualmente processa aplicações feitas do Brasil, fechará em novembro de 2018. Em Auckland e Henderson os escritórios centrais fecharão e serão transferidos para Manukau. Auckland fechará em julho de 2018 e Henderson fechará em junho de 2019. As aplicações de visto feitas no exterior serão processadas em Mumbai ou Pequim. Mumbai será o centro de processamento para todas as aplicações de Visto de Estudante feitas fora da Nova Zelândia (com exceção para cidadãos Chineses) e Pequim será o centro de processamento para todas as aplicações de Visto de Visitante e Visto de Estudantes Chineses feitas fora da Nova Zelândia. As aplicações de Visto de Trabalho feitas fora da Nova Zelândia serão processadas em Manukau, Porirua, ou nas agências de Christchurch. Para os candidatos que estiverem na Nova Zelândia, as agências de processamento serão: •

Vistos de Estudante – Agência de Palmerston North

Vistos de Trabalho – Manukau, Porirua ou Christchurch

Investimento – Manukau, Porirua ou Christchurch

Vistos de Visitante – Hamilton

Parceria e Família – Porirua e Hamilton

fevereivo/março 2018


Para permitir que isso aconteça, a Imigração da Nova Zelândia planeja mudar até fevereiro a maior parte das suas aplicações de visto para aplicações online. No ano passado, eu participei de uma conferência de Imigração em que Peter Elms, Diretor de Operações da Imigração da Nova Zelândia, falou sobre essas mudanças. Eu perguntei para ele como eles pretendem processar online, as aplicações para grupos de famílias e em qual das agências as varias aplicações em um grupo familiar seriam processadas. Ele respondeu que aplicações de grupos de famílias seriam ligadas em conjunto e seriam processadas na agência que realizou aplicações para o primeiro requerente. Por exemplo, aplicações para uma família no Brasil, onde um dos pais é estudante estudando um curso de pós-graduação (o primeiro requerente), o outro aplicando como parceiro, filhos em idade escolar aplicando como estudantes domésticos e os filhos mais novos como visitantes, seriam todas processadas na agência do exterior alocada para Vistos de Estudantes – Mumbai.

Então, o que tudo isso significa para você? Se você estiver na Nova Zelândia O acesso ao guichê dos oficiais da imigração irá acabar. O fechamento da agência de Auckland em julho também será o fechamento do ultimo guichê da Imigração da Nova Zelândia. Isto significará que a única forma de contato com a Imigração da Nova Zelândia será através de um número de central de atendimento. Você não poderá mais depositar aplicações em papel na caixa de correspondência em um escritório de imigração. Isto significa que você deve enviar uma aplicação online antes de seu visto vencer para garantir que permanecerá legalmente na Nova Zelândia. Tome o cuidado de ter com certeza uma foto digital que tenha sido aceita pelo sistema online da imigração bem antes de seu visto vencer. Eu tenho certeza que haverão pessoas que descobrirão no último minuto que suas fotos foram rejeitadas e ficarão em situa-


ção ilegal na Nova Zelândia por não terem completado suas aplicações dentro do tempo. Se você estiver aplicando para um visto baseado em partnership ou visto de estudante domestico, ele deverá estar ligado a outra aplicação ou visto. A Imigração da Nova Zelândia ainda não nos informou como essa ligação funcionará. A Imigração da Nova Zelândia não disse como aplicações para residência serão processadas, presumindo-se que o único escritório para processamento de residências será Manukau, uma vez que o escritório de Henderson fechar. Por enquanto, aplicações para residência não serão online e continuarão sendo feitas em papel.

Se você estiver no exterior Aplicações para Vistos de Estudante, Trabalho e Visitante serão todas feitas online e os Vistos emitidos eletronicamente. Eles removerão o requerimento para os detentores de passaporte brasileiro enviar seus passaportes para Washington DC e pagar pelo serviço de postagem de retorno. Detentores de passaportes de outros países da América do Sul, provavelmente continuarão tendo que enviar seus passaportes para o Centro de Aplicação de Vistos em Washington DC para verificação. O requisito de vincular as aplicações de visto de grupo familiar em conjunto pode causar problemas para agentes educacionais no exterior. É ilegal dar conselhos de imigração sobre os pedidos de visto da Nova Zelândia, a menos que você seja um conselheiro de imigração licenciado, um advogado, Citizens Advice Bureau, ou um Membro do Parlamento. Entretanto, existe uma isenção limitada para agentes de educação com sede no exterior em relação apenas aos pedidos de visto de estudante No entanto, se um pedido de visto de estudante tiver que estar vinculado às aplicações de outros membros da família, isso pode tornar ilegal que um agente de educação no exterior aconselhe sobre qualquer uma das aplicações. Conforme mencionado acima, a Imigração da Nova Zelândia ainda não nos disse como as aplicações serão vinculadas. fevereivo/março 2018


A partir de dezembro de 2018, todas as

escritórios de Pequim e Xangai. Pessoal-

aplicações serão processadas em Mum-

mente, achei isso uma mudança satisfa-

bai (Estudante), Pequim (Visitante) ou Ma-

tória e não tenho queixas. No entanto, ouvi

nukau, Porirua ou Christchurch (Trabalho).

muitas queixas de outros conselheiros de

Como tudo funcionará? Não se surpreenda se houver atrasos no prazo de fevereiro para a implementa-

imigração sobre decisões de baixa qualidade e falta de compreensão de como as coisas funcionam na Nova Zelândia de oficiais de imigração estrangeiros.

ção das mudanças no sistema de vistos

Será um desafio para a Imigração da

online. No passado, a Imigração da Nova

Nova Zelândia assegurar uma tomada

Zelândia teve dificuldades para introdu-

de decisão consistente, justa e de alta

zir as mudanças no sistema on-line a

qualidade de um grande número de ofi-

tempo. Além disso, espere problemas e

ciais de imigração estrangeiros, por isso

o ocasional bug para os primeiros meses

pode haver algumas decisões variáveis​​

9 outras agências offshore fecharão

à medida que o novo regime se abrange.

antes de o Washington DC fechar em

Meu conselho é não se preocupar

novembro de 2018. Isso significa que a

com essas mudanças. Embora possa

Imigração da Nova Zelândia terá tem-

haver problemas, a Imigração da Nova

po suficiente para estabelecer serviços

Zelândia resolverá isso rapidamente.

de processamento de vistos nos novos Mega escritórios de Mumbai e Pequim.

No entanto, se você tiver dúvidas sobre como essas alterações podem afe-

Recentemente, a Imigração da Nova

tá-lo, eu sugiro que você entre em con-

Zelândia mudou grande parte do proces-

tato com um conselheiro de imigração

samento de vistos de trabalho para os

licenciado para obter seu conselho.


fevereivo/marรงo 2018


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Tudo que você precisa saber sobre escola primária na NZ POR ROBERTA VIEIRA


Geralmente quando as crianças completam 5 anos aqui na Nova Zelândia, estão prontas para dar início a vida escolar de uma maneira mais oficial, já podem começar a escola primária. E isso pode gerar uma certa confusão até para as pessoas que vivem por aqui há mais tempo. O sistema educacional da Nova Zelândia é um pouco diferente do Brasil, as crianças devem estar matriculadas até completarem 6 anos de idade, embora a maioria inicie aos 5 anos.

Os pais podem escolher entre: State School ou escolas públicas; State Intagrated Schools ou escolas parcialmente públicas, são as escolas de caráter especial como religiosas ou de métodos de ensino diferenciado, como Montessori por exemplo; Ou Private School as escolas particulares. Para que seu filho(a) frequente uma escola pública você precisa se atentar aos seguintes fatores: 1. visto que possibilite estudar numa escola pública 2. morar na zona da escola escolhida 3. escolher uma escola / bairro que não tenha zoneamento


Caso você opte por uma State Integrated School precisa entender o que será necessário para matricula, em escolas religiosas pode ser necessário uma carta de recomendação por exemplo, a escola poderá te informar o que precisa ser feito. Por aqui não é necessário estudar numa escola particular para ter acesso a uma educação de qualidade, e pode-se frequentar a escola até 19 anos sem custos como mensalidade. Se você optar por uma State School terá custos com uniforme, material escolar, viagens e matérias extra classe, se você escolher uma State Intagrated School deve ter uma taxa para manutenção da mesma que pode variar de $400NZD - $1,500NZD por ano e os custos com uniforme, material escolar, viagens e matérias extra classe também. Já as escolas particulares podem custar de $15,000 á $40,000NZD por ano, estima-se que somente 5% das crianças estão matriculadas em escolas particulares na Nova Zelândia, de acordo com o website do Governo New Zealand Now. As escolas podem ser somente para meninos, meninas ou co-ed (escolas mistas). Muitas escolas públicas (State Schools) também aceitam estudantes internacionais, e os custos são similares aos valores da escola particular por ano. O uniforme pode ou não ser obrigatório.

Muitas pessoas querem entender se existe uma classificaCão formal para decidir qual a melhor escola. Não existe uma classificação oficial dizendo se a escola A é a melhor que a escola B etc, aqui é muito comum que os pais escolham a escola baseados no feedback sobre a escola ou até mesmo por terem estudado lá ou conhecerem alguém que tenha. O que pode ser bem útil para e tender mais sobre a escola é ler o ERO report da escola escolhida ERO report, visitá-la e conversar com pais/ estudantes da mesma. Existe uma classificação sócio econômica chamada DECILE, que é uma classificação de 1-10, sendo 10 a melhor pontuação, mas note que esta é uma indicação de poder aquisitivo das famílias que têm alunos na escola, e não da qualidade da mesma, esta classificação é usada pelo governo para enviar mais ou menos subsídios financeiros (quanto maior o poder econômico da área onde está a escola, menor o subsídio). fevereivo/março 2018


Outra informação interessante é sa-

As crianças devem levar comida e sna-

ber que seu filho pode entrar na escola

cks para morning tea e lunch, muitos levam

ao completar os 5 anos, ou no início de

de casa sanduíches, frutas, iogurte e em mui-

cada termo, neste caso a escola oferecerá

tas escolas podem contar com a facilidade

cohort entry.

de ter o almoço entregue na sala de aula por

Ao escolher a escola primária entenda

empresas especializadas em comida esco-

até qual ano seu filho(a) poderá frequen-

lar, nesta opção os pais podem fazer o pedi-

tar, se a escola for:

do online (nada de arroz e feijão, almoço aqui

CONTRIBUTING PRIMARY – ano 1 (ou 0) até 6, após este período você precisa de uma intermediate school FULLY PRIMARY – ano 1(ou 0) até 8

é sushi, torta de carne, sanduiches frios...) A dica principal é sempre pesquisar bastante sobre a escola escolhida, no website você deve encontrar informações sobre o zoneamento também.

Na maioria das escolas quando as

Para as crianças que não falam inglês

crianças iniciam com 5 anos elas vão para

ainda é recomendado que os pais pergun-

uma sala chamada New Entrants, ano 0 se

tem sobre o ensino de inglês como se-

iniciaram no bimestre 3 ou ano 1 se inicia-

gunda língua. Mas nossa experiência com

ram no bimestre 1.

educação nos mostra que as crianças se

Nas escolas que oferecem entrada na data de aniversário de 5 anos muitas ve-

adaptam muito bem e mais rapidamente que os adultos.

zes os alunos iniciarão com uma turma

É muito importante que as visitas se-

que já está estudando ou até mesmo sozi-

jam feitas com a criança antes do início

nho(a) até que mais crianças iniciem.

das aulas para que ele(a) se familiarize e

As aulas são geralmente das 9am até 3pm (ou 3:30pm) de segunda a sexta e

aproveite as aulas com mais tranquilidade desde o início.

são oferecidas por bimestre. São 4 bimes-

Espero que este artigo tenha consegui-

trees por ano, com 2 semanas de férias

do clarear um pouco mais sobre esta nova

entre os bimestres e 6 semanas de férias

aventura que seu filho(a) está prestes á

no final do ano.

embarcar.

As datas de início podem ser diferentes de escola para escola, mas geralmente estão concentradas em Janeiro ou início de Fevereiro. Muitas escolas oferecem before care and after care para os pais que trabalham antes e depois do horário escolar e durante as férias elas também oferecem holiday programs.

Roberta Vieira é consultoria de sonhos na Nova Zelândia, mãe, esposa, ótima amiga e free range human. Está na NZ desde 2009 onde se apaixonou pela liberdade, segurança, qualidade de vida e a possibilidade de empreender sem muita burocracia. CONTATO: www.yepnz.com




dicas de contabilidade com Luiza Veras

PERGUNTAS MAIS FREQUENTES Quanto você cobraria para me auxiliar com as minhas dúvidas sobre como fazer o Imposto de Renda aqui na NZ? Eu me mudei para NZ e será minha primeira declaração para o IRD esse ano. Cobramos por hora. Grandes empresas são mais complexas e levam mais horas para a preparação do tax return, self-employed é mais fácil e o custo é menor por ser mais


rápido. Fica difícil de fazer cotação de uma empresa sem saber o tamanho, preciso conversar com cada cliente e saber o tipo de empresa para ter uma noção. Não fazemos tax return de empregados pois você pode fazer sozinho online no site do IRD, muito fácil e prático (mais informações no artigo aqui).

Minha esposa e meus 4 filhos (menores de 18 anos) são meus dependentes. Eu preciso de alguma forma declarar eles ao IRD (assim como fazemos no Brasil)? Se você e suas crianças tiverem visto de residência, você pode se registrar para o Working for Family Tax Credit (mais informações nesse artigo aqui) , o formulário pode ser encontrado no website do IRD. Todos seus filhos terão que fazer o IRD number e se registrar como seu dependentes. Com isso dependendo do seu salário você recebe tax credit de volta. Se não for residente não há direito a Working for Family Tax Credit.

Minha esposa e eu temos um imóvel Brasil que ainda não foi alugado mas provavelmente será nos próximos meses. Assim que o mesmo for alugado, como eu devo proceder para declarar essa renda ao IRD?

no

Todos novos imigrantes tem a isenção de 4 anos sem pagar imposto de renda recebida fora da Nova Zelândia. Depois que passar

Lembrando que o ano financeiro da Nova Zelândia termina em 31 de março e não em dezembro como no Brasil 4 anos você deve pagar imposto no Brasil e na Nova Zelândia duas vezes em cima da mesma receita recebida fora da NZ, pois Nova Zelândia e Brasil não tem contrato bilateral de bitributação até hoje. Nova Zelândia tem contratos com outros países para pagar imposto somente em um país, mas esse contrato não foi feito com Brasil ainda e você terá que pagar imposto na sua renda de aluguel no Brasil mesmo vivendo na Nova Zelândia.

No seu artigo você cita uma possível vantagem na opção “Working for Family Tax Credits (WFTC)". Você poderia explicar um pouco mais sobre como funciona essa opção ? E eventuais vantagens. Como mencionado acima ,se você e as suas crianças forem residentes podem receber Working for Family Tax Credit (dependendo do seu salário) salário muito bom não recebe, somente famílias de baixa renda. No entanto, não pode acumular privilé-


gios como receber o WFTC e a isenção de 4 anos de impostos da renda do aluguel do imóvel . Você escolhe de ser isento por 4 anos do imposto (Transitional Tax Resident) ou escolhe receber o WFTC. Caso não tenha visto de residência não precisa escolher, automaticamente você já é isento (Transitional Tax Resident) por 4 anos. Caso tenha o visto de residência você terá que ver qual das opções será mais vantajoso no seu Mais informacoes sobre transitional tax resident clique aqui.

Finalmente: Vale a pena pagar uma empresa para fazer o meu imposto aqui? Ou o processo via site do IRD e simples ? Se você for somente empregado não vale a pena pagar, faça sozinho pelo o site do IRD. Se você for self employed ou dono de empresa sim, pois há coisinhas nas leis tributária que o contador poderá melhorar sua situação no valor do imposto a pagar). Lembrando que o ano financei-

ro da Nova Zelândia termina em 31 de março e não em dezembro como no Brasil.

Meu partner tem visto aberto comigo podemos abrir algo no nome dele? Nós dois possuímos visto aberto (South Island Contribution Visa) que vai permitir o visto da nossa residência no próximo ano. Precisamos ser residentes para abrir algo??? Antes você precisa ver com o seu immigration adviser se seu visto pode abrir empresa. As leis mudaram muito e tem vários tipos de vistos e eu não tenho conhecimento especializado nessa área de visto, entao não posso te confirmar se seu visto pode ter empresa ou não. Na abertura da empresa com o departamento do Companies Office não haverá bloqueamento do registro da empresa caso seu visto não permitir abrir empresa, mas depois poderá causar problemas com a imigração e na aplicação da sua residência, então cheque sua situação antes.


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AMIGO,

LEVA UMA ENCOMENDA

PARA MIM


O controle de segurança entre países funciona de forma diferente de um lugar para o outro, mas se você tem o costume de entrar na Nova Zelândia por exemplo, sabe que a imigração aqui é extremamente restrita com a entrada de alguns certos produtos como comida por exemplo (e qualquer outro produto animal ou vegetal ou aquela bota enlameada da sua última trilha...). Leia AQUI detalhadamente sobre o que você pode ou não pode trazer para a Nova Zelândia. Como brasileiro, de um modo geral nós somos um povo que gosta de ajudar o próximo, conhecidos ou desconhecidos tem sempre alguém oferecendo a mão. De vez em quando nós vemos pessoas em grupos de brasileiros no FB perguntando “alguém pode levar uma encomenda para mim? É uma caixinha pequeninha/é um envelope”, mas você já parou para pensar nas consequências se dentro dessa caixinha tem algo mais além do que você achava que tinha? Aqui na Nova Zelândia é comum que o agente do aeroporto te pergunte “Você fez suas próprias malas?” e ainda “o que tem dentro dessa caixa?” Então é preciso que você saiba exatamente o que você tem na sua mala para não ter problemas. Pensando em levar uma encomenda internacionalmente para alguém? Aqui umas dicas:

Não leve encomendas de quem você não conhece, infelizmente, traficantes e pessoas mal intencionadas estão cada vez mais audaciosos e não tem pudor em até colocar algo na sua mala dentro do aeroporto sem seu conhecimento, eles facilmente usam da boa vontade de pessoas que não sabem o quanto estão se arriscando;

Conhece a pessoa e decidiu que vai levar a encomenda? Não aceite caixas fechadas nem lista de produtos. Veja você mesmo cada coisinha que você está colocando na sua mala e, de preferência, sempre tenha provas da sua conversa com seu amigo (a). Infelizmente, caso algum problema aconteça, você precisa poder provar que está levando algo para alguém.

Então fica a dica, cuidado ao levar algo para alguém no Brasil sem saber exatamente o que você está levando.


UM UNIVERSO EM DESORDEM Por Emanuella Camargo

Do diagnóstico até o desenvolvimento saudável de uma criança autista existe um processo complexo. Conversamos com duas famílias para entender os desafios de crescer num mundo com quem o percebe de uma maneira tão diferente aqui na Nova Zelândia.

fevereivo/março 2018


“É comum para mim e para outras pessoas com autismo sermos incapazes de descrever em palavras o que nos incomoda. Também é difícil perceber que outras pessoas não experienciam o mundo da mesma maneira que nós.” Esse é o depoimento - com tradução livre - de uma pessoa com autismo, presente no guia do Ministério da Saúde neozelandês . De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a síndrome afeta uma a cada 160 crianças no mundo e, em sua maioria, do sexo masculino. A Nova Zelândia possui 1 em cada 100 crianças com autismo. Ainda não há consenso sobre a origem do autismo - e também não há cura já que também não é considerado uma doença. Mas, o diagnóstico precoce e tratamento são essenciais. A principal etapa de observação dos sinais ocorre dentro de casa, por isso é necessário ultrapassar medos, tabus e um mar de informação sobre o tema. Identificar o espectro não é fácil, mas é o primeiro passo até o diagnósticado, garantindo, assim, melhor desenvolvimento e qualidade de vida da pessoa autista.


COMO IDENTIFICAR Os primeiros sinais aparecem, geralmente, após o primeiro ano de vida quando a criança começa a desenvolver a fala e as funções motoras. Sua criança pode ser autista se: • ELA TEM SENSIBILIDADE COM SONS OU MULTIDÕES • ELA TEM DIFICULDADE PARA CAMINHAR OU, QUANDO CRIANÇA, PARECE NÃO SE SENTIR MOTIVADA PARA SE MOVIMENTAR. • PARECE SEMPRE ANSIOSA OU INQUIETA SEM MOTIVO APARENTE. • TEM HÁBITOS REPETITIVOS. • TEM ATRASO NA FALA OU APENAS REPETE PALAVRAS QUE ESCUTA. • NÃO TEM INTERESSE EM SOCIALIZAR. • TEM NECESSIDADE DE ESTABELECER ROTINA EM TUDO QUE FAZ. • TEM DIFICULDADE PARA SE ALIMENTAR E, FREQUENTEMENTE REJEITA ALIMENTOS POR CAUSA DO CHEIRO, TEXTURA E ATÉ COR. • TEM PROBLEMAS PARA DORMIR E PODE FICAR ACORDADO POR VÁRIAS HORAS. • NÃO MANTÉM CONTATO VISUAL E PARECE DISTANTE QUANDO ALGUÉM PROCURA INTERAGIR. (FONTE: NEW ZEALAND ASD GUIDELINE, 2016, TRADUÇÃO LIVRE.)

fevereivo/março 2018

Mesmo se for observado apenas um dos sinais é importante que a família procure um especialista e continue acompanhando o desenvolvimento da criança. Pode ser que o diagnóstico final não seja autismo, mas na dúvida o tratamento pode fazer a diferença.

ASSISTÊNCIA NA AOTEAROA Na Nova Zelândia as famílias de crianças ou adultos autistas tem a opção de procurar assistência de duas maneiras. A primeira ocorre nos Plunkets, organização sem fins lucrativos por onde as crianças nascidas no país recebem suporte desde o nascimento até os cinco anos de idade. Com equipe de enfermeiras e profissionais qualificados, o Plunket tem papel importante no diagnóstico do autismo e de diversas outras síndromes e deficiências. A organização está espalhada por todo o país. A segunda forma é por meio da consulta com o clínico geral- ou GP General Practionner - e a partir dele requisitar um especialista para outros testes, caso necessário. Estabelecido o diagnóstico - que pode demorar até um ano, dependendo de cada caso - o passo seguinte é buscar profissionais que auxiliem a criança. Terapeutas ocupacionais, enfermeiras, psicólo-


gos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e demais profissionais fazem parte da equipe que irá acompanhar a evolução do autismo e oferecer à família ferramentas para melhorar a qualidade de vida pouco a pouco. Além disso, o Ministério da Saúde do país oferece os seguintes serviços para famílias de crianças diagnosticadas com autismo: • INFORMAÇÕES E ASSESSORIA SOBRE O TEMA. • EDUCAÇÃO PARA OS PAIS (CONVIVENDO COM AUTISMO, DICAS E DESENVOLVIMENTO DO AUTISTA). • APOIO COMPORTAMENTAL E DE COMUNICAÇÃO PARA GRUPOS AUTISTAS.

Muitos desses serviços são gratuitos na Nova Zelândia, desde que diag-

nosticados no país. O tipo de suporte varia de acordo o perfil avaliado, já que cada caso é único. A criança autista chega a fase adulta normalmente e, com acompanhamento, a qualidade de vida e socialização podem evoluir positivamente. Por outro lado, é um processo cheio de altos e baixos onde pais e familiares também precisam estar preparados para entender essa nova forma de ver e vivenciar o mundo com uma pessoa autista. Para entender de perto como é conviver com um autista conversamos com duas mães brasileiras que moram na Nova Zelândia sobre o tema. Elas nos deram dicas e dividiram o sentimento de como foi receber o diagnóstico na família.


HONESTIDADE E LEVEZA.

A HISTÓRIA DE JAMES.

“Quando eu descobri que meu filho tinha um atraso no desenvolvimento as pessoas não entendiam porque eu falava isso. Eu sabia que meu filho era diferente. A criança se desenvolve como qualquer outra até certo tempo e quando chega a quase um ano de idade você vai percebendo os sinais”, explica Lorena Costa, mãe do James, 7 anos e diagnosticado com autismo severo a moderado que se desenvolveu para autism high functioning. Até encontrar o diagnóstico adequado foram longos meses e diferentes pediatras. Lorena está na Nova Zelândia há 12 anos e na época, ela morava em Welington com o marido, James Stephen Burns e o filho. Com quase um ano de idade ela percebeu que o filho não parecia se desenvolver como as demais crianças da sua idade. “Eu deixava meu filho brincando e seu eu desse uma tampinha ele ia ficar por horas e horas entretido. Se eu chamasse ele olhava para mim, mas não tinha uma interação”, lembra. A experiência profissional como psicopedagoga no Brasil contribuiu para a observação precoce, mas isso não significa que foi mais fácil. “Trabalhar com uma criança especial é diferente de ter uma. Quando você trabalha com elas, você vai para casa e se desliga daquilo, mas no caso de um filho é um período integral”, conta. Foi durante uma consulta de mais de duas horas e uma sala com pediatra, terapeuta ocupacional, psicólogo infantil e um fonoaudiólogo que o laudo veio. A insistência e busca por informação foram importantes no processo da mãe e ela ainda ressalta: “Muitas pessoas pensam que vai passar ou que é algo bobo que não precisa de cuidados. Minha sugestão é que se o seu bebê é diferente e apresenta sinais de autismo você precisa encaminhá-lo para tratamento. Não espere a fevereivo/março 2018


criança ir amadurecendo para tratar, porque atraso no desenvolvimento da criança não passa com o tempo.” Nos anos iniciais, o casamento também passou uma chacoalhada, relembra Lorena: “O meu marido não tinha nenhuma informação sobre autismo. Ele não acreditava quando eu falava que nosso filho tinha sinais de autismo. Quando recebemos o diagnóstico isso foi bem difícil para ele. Foi um processo longo adaptar a rotina dele ao filho, mas ele foi aprendendo aos poucos como lidar com James e hoje são parceiros em quase tudo que fazem”. Depois do diagnóstico, James passou a receber acompanhamento de uma equipe profissionais da saúde. “Eu tive a visita de diversos terapeutas na minha casa. Tudo isso para ajudar ele (o filho) a ter essa conexão com o mundo. Eu sempre quis que ele apren-

desse a viver no nosso mundo, mas sempre de uma maneira muito sutil”, comenta. O serviço de apoio é oferecido, sem custo, pelo governo neozelandês e para ter direito é necessário ser encaminhado pelo médico responsável pelo laudo. A duração das visitas e o tipo de profissional de saúde disponível depende de cada caso e pode ser de dois anos até o restante da vida. Com o desenvolvimento gradual de James surgiu a necessidade de coloca-lo em uma creche. O desafio agora era de encontrar um local que oferecesse a estrutura para acolher o filho dela e contribuir na socialização, comunicação e crescimento dele. A dica da psicopedagoga foi procurar ambientes que já tivessem tido experiência com autismo e que suportassem um número menor de crianças. No entanto, a adaptação à creche foi dolorosa. James tinha crises quase que constantes. Chorava, arranhava Lorena e demonstrava imenso incômodo durante todo o trajeto até a creche. Pesquisando sobre o tema, Lorena encontrou uma ferramenta visual para ajudar na comunicação com o filho. “Eu tirava fotos do dia da rotina dele. Quando saia de casa eu tirava uma foto. Ele chorava do mesmo jeito. Quando chegava lá eu tirava foto de cada atividade. Eu mostrava para ele essa trajetória e estabelecia uma rotina”, explica. James, então, demorou dois meses para entender a nova ro-


tina e se tornar mais calmo. Hoje em dia, mesmo que ele mude de escola, por exemplo, fica mais fácil para ele entender o que vai acontecer, mesmo que a equipe e o local seja diferente. Após um ano na creche, Lorena percebeu que o filho não conseguiria acompanhar outras crianças em uma escola maior quando completasse cinco anos. “Ele não escrevia, ele tinha dificuldade motora, ele não comia de colher muito bem. Então tudo isso ia ser complicado na escola”, declara. Lorena entrou em contato com o Ministério da Educação e solicitou então, uma professora extra para ficar na sala de aula acompanhando James. O benefício foi concedido até James completar cinco anos e ser alfabetizado. Em seguida, após um relatório detalhado, Lorena solicitou ao governo neozelandês o chamado Ongoing Resource Scheme Founding - um tipo de auxílio contínuo no desenvolvimento de pessoas com a síndrome- para que James contasse com apoio durante todo o período escolar. Da creche, ele foi para a Sommerville Special Needs onde estudou por dois anos. Na escola ele ficou em uma turma com quatro crianças ao todo, todas elas com algum grau de autismo. “Hoje em dia ele escreve, lê e fala fluentemente. Também começou a aprender Português. Na

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escola eles tem o suporte de diversos recursos tecnológicos nas aulas. Muitos dos aparelhos ajudam eles a se comunicar, mesmo quando há um atraso na fala, por exemplo” detalha orgulhosa. Esse ano ele irá para a Stonefield School, a escola possui uma sala com crianças com diferentes necessidades e em contato com salas comuns. “Eles mantem contato com as outras crianças o que vai contribuir muito na socialização dele”, completa. Atualmente os aprendizados e altos e baixos da vivência com o filho ganharam o mundo. Lorena se engajou ainda mais em ajudar outras famílias a encontrar informação e apoio que precisam sobre a síndrome. Desde 2017 ela protagonizou no Plunket em Auckland, no mesmo espaço onde também é voluntária, um playgroup dedicado à crianças autistas e seus familiares. Naquele espaço as crianças e pessoas autistas brincam sem censuras e os pais podem trocar experiências e buscar acolhimento. “ A procura tem sido muito boa. Temos em média 25 famílias cadastradas. São famílias que estão entrando em contato com o autismo pela primeira vez e buscam identificação. Percebo que quando os pais estão bem isso faz muita diferença no processo deles com os filhos”, reflete.


A BATALHA DE CADA UM.

HISTÓRIA DE ARTHUR RODRIGUES.

Os brasileiros Cíntia Rodrigues e Arlen Rodrigues tiveram contato com o autismo por meio do filho único, Arthur, 7 anos. Ele tem Asperger, uma síndrome que também afeta a motricidade e que é considerada como parte do espectro autista. Arthur nasceu em Bleheim e o diagnóstico foi dado em um hospital na cidade de Welington, onde a família mora atualmente. Os sintomas iniciais apareceram quando o filho do casal tinha um ano e nove meses. “Fomos fazer uma visita ao Plunket e a enfermeira observou que ele tinha curiosidade por números e letras, antes mesmo de desenvolver a fala. Naquele momento ela nos encaminhou para um médico e sugeriu que o Arthur poderia ter autismo”, lembra. Com dois anos de idade o hospital enviou profissionais para visitar periodicamente a família. O diagnóstico definitivo veio quando ele estava perto de completar três anos de idade. “A gente


não tinha nenhuma informação sobre o assunto. A gente achava que o autismo só era aquele extremo que a criança não tem nenhum tipo de autonomia. Fomos, então, buscar fontes que pudessem nos ajudar”, explica. Mesmo munidos de informação, o resultado veio como um baque e mexeu com as expectativas do casal. “O mais difícil foi estar longe da família, principalmente quando você não sabe nada do tema. ‘Tem cura? Não tem cura? O que a gente precisa fazer?’ Você convive com uma criança que apresenta diversos desafios para você. E a família fez falta nesse processo”, lembra Cíntia. Antes de ir para a creche, Arthur passava longas horas sem dormir e os pais precisaram, muitas vezes, intercalar os cochilos para conseguir passar a fase complicada. Ele também ainda não faz todas as necessidades fisiológicas sozinho, por isso ainda utiliza fraldas para dormir e fazer cocô. Algo que ajuda o casal nesse aspecto é que o governo neozelandês entrega fraldas para Arthur. O serviço, assim como tantos outros, não tem custo, mas é necessário preencher os pré-requisitos do órgão. Uma ajuda de custo quinzenal - cerca de NZ $94 - também pode ser solicitada ao Ministério. O filho de Cíntia também tem desordem no processo sensorial, o que afeta os cinco sentidos e o torna sensível à cores diferentes, texturas, cheiros, formas. Roupas com etiqueta, por exemfevereivo/março 2018

plo, ou uma alimentação fora do usual são rejeitadas e podem desencadear o meltdown (Ver BOX Meltdown, Colapso ou crise, o que é?). A lista de desafios e aspectos que precisam de adaptação é longa, mas o carinho da família contribuiu com as pequenas conquistas. “Antes ele não dava bom dia nem falava nada com os outros. Quando a gente beijava ele limpava o rosto. Na hora do abraço ele empurrava, mas nunca desistimos e sempre demos muito carinho”. A abertura para falar do tema parece ser a melhor ferramenta para reduzir bullying e preconceito, como sugere Cíntia: “A gente nunca escondeu. Se você esconde a criança acaba sofrendo bullying. Não importa quão diferente ele é. Cada criança tem seu brilho, independentemente de ter autismo ou não. Sempre fui muito aberta com a família e com amigos.” Na visão de Cíntia, quanto mais as pessoas procuram entender o tema, menos elas julgam. “Se o seu filho está tendo uma crise e você está em um lugar público, muitas vezes as pessoas não entendem e te olham com julgamento. ‘Seu filho domina você’, algumas dizem. As pessoas não sabem que você está na batalha para manter seu filho calmo,” desabafa. A escola e o convívio social de maneira acessível tem papel fundamental nesse aspecto. Para Cíntia, não basta procurar um local que possui professores qualificados, por exemplo, é impor-


tante “ir visitar e sentir se o seu filho será bem tratado, se ele vai se sentir parte daquele espaço ou não”. A escola de Arthur tem sido um bom exemplo para observar o resultado positivo dessa integração. “Os alunos são muito acolhedores e sabem como ajudar ele. Quando chega um professor temporário, as outras crianças já tomam iniciativa e explicam como o Arthur gosta das coisas, quais são os brinquedos dele. É algo tão bonito e difícil de colocar em palavras. Bom saber que um coleguinha está fazendo o que pode para ajudar meu filho”, declara emocionada. Falar sobre os pontos positivos e negativos do seu filho, observar a infraestrutura do local e como as pessoas reagem ao tema pode contribuir na escolha, segundo Cíntia. O equilíbrio mental dos pais também é fator essencial. “Se você ficar ali naquele mundo com seu filho e não se permitir cuidar de você, sair um pouco e cuidar da sua sanidade mental o restante não vai funcionar. Tudo isso é bom para você ter saúde e energia para seguir com a sua vida”, aconselha Cíntia. Quando perguntamos sobre a relação do pai com Arthur, Cíntia trouxe elogios: “Foi um baque para nós dois. Mas por mais dolorido e desafiador que tenha sido, ele aceitou que o Arthur era autista e se dispôs a equilibrar e entender todas as etapas. Tem sido muito diálogo e parceria nesse sentido.”

ADULTO AUTISTA? Em média, a expectativa de vida de uma pessoa autista não ultrapassa os 60 anos, segundo estudo publicado pelo Jornal Britanico de Psiquiatria. Inúmeros fatores contribuem para que a pessoa com o espectro consiga ter maior expectativa de vida, entre eles, acompanhamento adequado e socialização são a base. A brasileira Marcela Godoy também acredita que integrar pessoas com diferentes necessidades à sociedade impacta positivamente na vida deles. Ela é formada em fisioterapia no Brasil e por aqui trabalha em uma empresa privada em Christchurch como community support worker. Por lá ela desenvol-


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MELTDOWN, COLAPSO OU CRISE: O QUE É? ONDE BUSCAR AJUDA NA NOVA ZELÂNDIA?

ve atividades com adultos entre 35 a 70 anos com autismo. “Ao introduzir atividades que trabalham o cognitivo, físico e emocional mostramos para eles do que eles são capazes e isso contribuiu muito na qualidade de vida. Além de gerar mais independência e melhor interatividade e comunicação com as pessoas ao redor”, detalha. Tarefas artesanais guiadas, jogos e produção de alguns objetos estão entre as atividades organizadas pela empresa - a qual Marcela prefere não divulgar o nome. Há sete meses no cargo, Marcela já teve experiência como cuidadora de idosos no Brasil e que indiretamente serviu de base para lidar com situações mais complexas. O trabalho com autistas tem sido, segundo ela, “desafiador, mas muito gratificante”. “Poder ver a alegria deles, o carinho e, ao mesmo tempo, eu vou entendendo melhor a forma que cada um tem de agir. Tudo isso me faz refletir bastante e também me ajuda a quebrar minhas próprias barreiras e tabus”, conta. A sugestão da profissional para quem se depara com o autismo é buscar informação e apoio. “Busquem centros, serviços de apoio e tratamentos. Tudo que possa ajudar no desenvolvimento da pessoa autista o mais cedo possível. Busque suporte familiar e não tenha medo de introduzir eles na comunidade. Lute com eles pelos direitos deles e claro, dê muito amor”, complementa.


Pessoas autistas não sabem lidar com situações novas ou com a falta de rotina. A forma que encontram para expressar a crise ou a dificuldade de entender o mundo ao redor é por meio de um colapso - ou meltdown, no inglês. A blogueira londrina, Emma Dalmayne tem síndrome de Asperger - um viés do autismo - e, em um dos textos, ela explica as crises da seguinte forma: “Quando você tem um colapso é como se o mundo estivesse de fato acabando. Tudo é demais e você sente como se algo intenso e obscuro tivesse tomado conta do seu interior. Uma raiva incontrolável que pode parecer completamente irracional para um estranho, na verdade pode nos devastar internamente.” A razão? Um ruído, um lugar novo, a comida no prato que foi servida de uma maneira diferente ou até o toque de alguém desconhecido. Qualquer coisa e até nenhum motivo

aparente podem desencadear uma crise. A pessoa com autismo pode gritar e muitas vezes se ferir, como forma de “parar” aquilo que eles não podem controlar. Protege-lo para que não se machuque ou levá-lo para um lugar afastado e silencioso são uma das formas de ajudar na hora da crise. Não é frescura ou falta de educação. É a maneira que os autistas encontram para externalizar o desconforto que sentem internamente.

NEEDS ASSESSMENT SERVICE CO-ORDINATION ASSOCIATION: http://www.nznasca.co.nz/ ASSOCIAÇÃO DA CRIANÇA AUTISTA: www.autism.org.nz BIBLIOTECA COM LIVROS ONLINE E DIGITAIS SOBRE O TEMA: https://ihc.mykoha.co.nz/ PLUNKET - ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA SEM FINS LUCRATIVOS: https://www.plunket.org.nz AUTISM NEW ZEALAND: https://www.autismnz.org.nz/ GRUPOS DE APOIO : http://www.autismnz.org.nz/local_ branches/nelson_marlborough/support_groups MINISTRY OF HEALTH: https://www.health.govt.nz MINISTRY OF EDUCATION: https://www.education.govt.nz

EMANUELLA CAMARGO

Nasci e passei boa parte da vida na capital brasileira em meio ao Cerrado. Como jornalista trabalhei com diferentes plataformas e é me apaixonei por revistas. Hoje, enquanto planejo os próximos projetos, mantenho um blog - o Além do Mar - sobre o cotidiano de expatriada na Nova Zelândia.



Rarotonga POR DUDA H

AWAII






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Duda Hawaii é fotografo há mais de 10 anos, já fotografou para revistas brasileiras, americanas, europeias, latinas da América do Sul e Central, australianas e japonesas. Foi colunista do site Waves ( maior da América do Sul) por 5 anos. Trabalhou como diretor/ diretor de fotografia do ultimo DVD da Banda Charlia Brown JR (Musica popular Caicara). Dono da DUDAHAWAII PHOTOGRAPHY. Contato: dudahawaiiphotograpy gmail.com



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