Flamengo02

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18/11/2009

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REVISTA DO FLAMENGO - ANO 1 - NÚMERO 2 ISSN 2175-9421

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EDITORIAL

Algumas coincidências me levam a creditar que realmente vivemos um momento mágico. Quando iniciamos nosso trabalho na edição número um da revista oficial do FLAMENGO e o time caminhava na 14ª posição deste Brasileirão, recebi de um grande amigo – ex-jogador das divisões de base do clube, ao lado de craques como Júnior, Geraldo e Zico – um antigo e emocionante cartão de Natal de 1981. VENCER, VENCER , VENCER... Este era o título do cartão, que vinha seguido da lista de inúmeros títulos, em várias modalidades de esporte, que nosso clube querido havia conquistado naquele ano de 81 (veja a reprodução abaixo), incluindo o Mundial de Clubes. Fernando, o grande amigo que guarda esta relíquia praticamente intacta, me emprestou para que fosse incluído naquela edição número um. Mas achei que uma relíquia como aquela merecia um momento melhor que o 14º lugar para ser relembrada. Quando fechamos a pauta desta segunda edição o clima já era outro e a euforia contaminava toda a Nação. Além disso, a trajetória rumo ao título do Campeonato Brasileiro ecoava na minha mente: VENCER, VENCER, VENCER... O timing do final do ano era perfeito. A hora de mostrar o cartão é esta! Enquanto escrevo este editorial, o time já concretiza uma segunda posição na tabela e, principalmente, uma postura de equipe vencedora. Uma equipe de jogo consistente, consciente, madura e objetiva, que conseguiu suplantar (e até engrandecer) suas maiores estrelas através do espírito de coletividade. O Flamengo de hoje é uma equipe, na real acepção da palavra. Adriano é um artilheiro generoso, que está longe daquele estereótipo de jogador vaidoso e vem mostrando que merece a alcunha de Imperador – e a volta à Seleção. Pet ganhou dos companheiros o apelido de “Pai”. Álvaro e Maldonado agregaram experiência internacional e humildade na mesma proporção que a técnica. E Andrade, grande figura, personagem da geração mais importante de nossa história, provou que craque e técnico o Flamengo faz em casa. Por tudo isso, honestamente, não importa tanto se ultrapassaremos o São Paulo nesta reta final. O importante é que estamos jogando como campeões, jogando como toda equipe rubro-negra deve jogar, jogando para VENCER, VENCER, VENCER... Feliz 2010! Marcio Saldanha Marinho Editor

DIRETORES

MÁRCIO G. SALDANHA MARINHO JOSIAS SILVEIRA EDITOR MÁRCIO SALDANHA MARINHO REDATOR RAPHAEL CRESPO REVISÃO MARCELO ASSUMPÇÃO FOTOs MARCELO MOREIRA, INÊS ROSARIO, andré batista e eduardo do egito COLABORADORES ARTHUR MUHLEMBERG, PEDRO GUIMARÃES, LEANDRO JANSEN, CÍCERO LIMA, AYDANO ANDRÉ MOTTA e aline nascimento SUPERVISÃO DE ARTE PAULO AFFONSO SOARES PROJETO GRÁFICO MAGNO AUGUSTUS XAVIER EDIÇÃO DE ARTE MAGNO AUGUSTUS XAVIER E WALTER JUNIOR PRÉ-IMPRESSÃO DEPTO. DE ARTE SISAL EDITORA

PUBLICIDADE GERENTE MARCONI BRANDÃO ATENDIMENTO RJ ROSA SALDANHA E FLÁVIA MENDONÇA ATENDIMENTO SP CLAUDINEI SANTOS RIO DE JANEIRO AV. DAS AMÉRICAS, Nº 1155, GRUPO 1606 BARRA DA TIJUCA - CEP: 22631-000 TEL./FAX: (0XX21) 2111-9800/2491-3781 SÃO PAULO RUA SÃO SAMUEL, Nº 177, VILA MARIANA SÃO PAULO - SP - CEP: 04120-030 TEL./FAX: (0XX11) 5574-0747 A REVISTA OFICIAL DO CLUBE DE REGATAS DO FLAMENGO É UM PROJETO DO DEPARTAMENTO DE MARKETING DO CLUBE, LICENCIADA PELA EDITORA ABRIL S.A. PARA A SISAL EDITORA LTDA, RESPONSAVEL PELA CRIAÇÃO, EDIÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. DISTRIBUIÇÃO EXCLUSIVA PARA TODO BRASIL: FERNANDO CHINAGLIA DISTRIBUIDORA S.A., RUA TEODORO DA SILVA, 907, RIO DE JANEIRO, RJ. FONE (0XX21) 2195-3200. REVISTA OFICIAL DO FLAMENGO NÃO ADMITE PUBLICIDADE REDACIONAL. AS OPINIÕES EMITIDAS EM MATÉRIAS ASSINADAS NÃO SÃO NECESSARIAMENTE A OPINIÃO DA REVISTA. REVISTA OFICIAL DO FLAMENGO NÃO SE RESPONSABILIZA PELO CONTEÚDO DOS ANÚNCIOS VEICULADOS, NEM POR QUALQUER TIPO DE TRANSAÇÃO COMERCIAL QUE ENVOLVA OS ANUNCIANTES. OUTUBRO/2009


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29/9/2009

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ESCALAÇÃO

26ENTREVISTA

MARCELO MOREIRA

Petkovic conta a história de sua vida: da profissionalização aos 16 anos, na Iugoslávia, até o grande momento no atual time do Flamengo


MARCELO MOREIRA

AYDANO ANDRÉ MOTTA

REVISTA DO FLAMENGO

40maracanã

O que aconteceu com o Fla nas outras vezes em que a casa foi fechada

Agência O Globo

MARCELO MOREIRA

A princesa funkeira mostra que é flamenguista de coração

MARCELO MOREIRA

62TATYGOMES

44Heróis

Leandro, o dono da lateral direita, é o destaque de nossa galeria

36Prata daCasa

Maicon Santana, o garoto que veio da internet e joga muita bola

58OLIMPÍADA Os jovens que já se destacam e podem brilhar no Rio

15VESTIÁRIO 16FLAGRANTE 22OMaracaéNosso 50álbumRubroNegro 52VOLTAAOMUNDO 54CaiunaRede 56BASQUETE 66PlanetaFlamengo


10AnosdaJacoFla

A partir desta segunda edição, as Embaixadas rubronegras ganham um espaço exclusivo na revista oficial do Flamengo. Esta coluna foi criada para você contar novidades, apresentar ações realizadas, enviar fotos, enfim, relatar o bonito trabalho que fazem as embaixadas de todo o Brasil.

Em 15 de novembro de 1999, a JacoFla era fundada por Paulinho, Robertinho do BB e Som da Serigrafia. A idéia de criação da torcida surgiu durante bate-papos no ViellaBar. No começo, tudo não passava de uma brincadeira de jovens torcedores. A brincadeira começou a ficar séria em 2002, quando Paulinho e Robertinho começaram a assistir aos jogos no Bar 621. Na época, torcedores de outros times podiam assistir aos jogos do Flamengo no local, mas, aos poucos, o acesso foi limitado apenas a flamenguistas, evitando dessa forma as confusões. O número de visitantes foi crescendo e logo o quintal de Dona Cleusa, nos fundos do Bar 621, tornou-se a primeira Sede Provisória da JacoFla. A partir de então, bastou se organizarem para alcançar os objetivos pretendidos. Atualmente, a diretoria da JacoFla é composta dos seguintes componentes: Tarcísio, Zacarias, Inécia, Nonato, Ivan, Ana Paula, Sônia, Nalzemir e Dione. No dia 15 de novembro do ano passado, a JacoFla recebeu a diplomação do Clube de Regatas do Flamengo como responsável pela Embaixada da Nação Fla-Jacobina, sendo representante do Clube na cidade. Para conhecer mais, entre no site www.jacofla.com.br

Amir, Edilson e Dener: turma da Fla-Minas, Embaixada da Nação, durante o jogo do brasileirão Flamengo 3 X 1 Atlético

Fla-Manaus Nosso querido Raul está inaugurando mais uma loja exclusiva do Flamengo, em Manaus (AM). Esta quinta loja será uma megastore com 200 m² preparados para receber os torcedores. A inauguração, no dia 28 de novembro, contou com a presença de Rondinelli, o “deus da raça”. A megastore da Fla-Manaus fica próxima à sede da embaixada, no centro da cidade.

FlaSucre Há coisas que só quem é rubro-negro consegue entender. Imagine uma torcida de flamenguistas bolivianos, residindo na cidade de Sucre. Parece impossível, mas não é. Esses verdadeiros heróis, apaixonados pelo Mengão, participam ativamente como Embaixada Rubro-Negra na Bolívia. Tudo começou quando, em Sucre, surgiu um time inspirado em nosso carioca, que chegou a disputar vários campeonatos profissionais, mas acabou extinto pela falta de investimentos. O amor pelo Flamengo tomou o coração de moradores locais, que em 1966 fundou sua torcida. Durante os últimos anos, eles acompanharam a trajetória vitoriosa de nosso clube e, há pouco tempo, resolveram reativar o time em Sucre. Para realizar o sonho, pediram o apoio do Flamengo na disputa do campeonato de acesso, algo como a série C. O Flamengo enviou para a Bolívia uniformes de treino e jogo, chuteiras e agasalhos, com os quais a equipe passou a se apresentar. Atualmente, a equipe joga com as mesmas camisas do Flamengo no Campeonato Brasileiro e, como não poderia deixar de ser, está liderando o campeonato boliviano.


VESTIÁRIO

REVISTA DO FLAMENGO

Na hora de torcer pelo Mengão temos de nos transformar em verdadeiros soldados da nação rubronegra. E você já viu soldado sem uniforme? Tem de vestir o manto sagrado. Hoje, temos opções que vão das tradicionais camisas oficiais de jogo às comemorativas e descoladas. Abaixo, algumas opções para torcer na moda.

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Júnior Camisa comemorativa do grande ano de 92, quando Júnior conduziu o Mengão ao quinto campeonato Brasileiro

Goleiraço A inesquecível camisa amarela de Raul, nesta peça comemorativa da Estilo Carioca

AQualquer Agaleravai hora delirar Para correr, malhar, ir ao estádio... a camisa da Flashop cai bem em todos os momentos

Esta criação da estilista Carol Gama, filha do eterno maestro Júnior, é a versão feminina da camisa do pai

åVoltano

tempo

Papagaio de Vintém, a camisa clássica que sempre está na moda


FLAGRANTE


REVISTA DO FLAMENGO

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NINGUÉM SEGURA O

MENGÃO PET, ADRIANO E FIERRO ENLOUQUECEM OS ADVERSÁRIOS E MOSTRAM A FORÇA DA ARRANCADA DESTE TIMAÇO

Davi e Golias vipcomm

Como na história bíblica, o pequeno Pet Davi deixou na saudade o gigante, o pentacampeão Edmilson Golias. O gringo enlouquece qualquer um! O Palmeiras sabe...


FLAGRANTE


21 MARCELO MOREIRA

REVISTA DO FLAMENGO

Dá licença Adriano não toma conhecimento da defesa Botafoguense. Passa como um trator, no meio dos dois, e depois, na seqüência da jogada, de virada, faz o golaço do jogo.


Entrevista

O irresistível

Petkovic 

, s. Líder do time te n a e u q o d r o i. 37 anos, melh so apelido de pa Ele voltou, aos o h n ri a c e so o it dores o respe ssa, incluindo, ganhou dos joga a p e d n o r o p s o ndo a tod E vem conquista nte a entrev ista ra u d e ip u q e a claro, noss

marcelo moreira

Revista do Flamengo: Para começar, Pet, seria legal você nos contar um pouco sobre sua infância. Petkovic: Ok! Estou convencido de que tive uma das melhores infâncias que alguém pode ter. Nasci numa cidade muito pequena, chamada Majdanpek. Pequena para os padrões brasileiros. Agora não sei, mas na época tinha uns 10 mil habitantes. É uma cidade com uma mina de ouro. Tem até uma joalheria famosa lá, chamada joalheria Majdanpek. E a gente vivia na rua. A cidade tinha só quatro avenidas principais, uma subindo, outra descendo, mais uma de um lado e a outra do outro. E muitas áreas de parquinhos, de lazer, um estádio, campinhos. Além de um rio que passava ao lado, muito bonitinho, que, logicamente, hoje está todo desarrumado, poluído. Mas a gente brincava na rua o tempo todo. Ao

chegar em casa, quando a gente aparecia na porta, a mamãe já pegava e jogava na banheira, com roupa e tudo, completamente sujos. Na escola, terminei as primeiras oito séries, em que fui muito bem, até os 14 anos de idade. E depois fui para uma cidade maior chamada Niš, já para fazer o segundo grau e começar no futebol, pois lá existia um clube da primeira divisão. E era a cidade de origem do meu pai. Papai e mamãe ficaram ainda um tempo em Majdanpek trabalhando. Eram quantos irmãos? Dois irmãos. Eu e mais um. E ele é bom de bola? É bom de bola, demais! Mas não era tão brigão quanto eu, então não conseguiu tanto sucesso, porque foi bonzinho. Muitos diziam que ele era melhor que eu.

Seu irmão é mais novo ou mais velho? Mais velho, quase cinco anos. Quatro anos e nove meses. Mas ele era muito bonzinho, não brigava com ninguém. Já eu brigava com todo mundo. E onde você começou a jogar profissionalmente? Joguei no Radnički Niš. Era um time da primeira divisão, da Iugoslávia antiga. Um time modesto. Sempre na primeira divisão, mas não ganhava nada. Chegou a ir para a Copa da UEFA, mas não passava disso. E comecei a jogar lá com 16 anos, no profissional. Você foi o jogador mais novo a disputar uma partida como profissional, certo? Mais novo da história do futebol na antiga Iugoslávia, com 16 anos e 15 dias eu joguei minha primeira partida como profissional, no dia 25 de setembro 1988.


ÚO jogo contracaonte.

vipcomm

Palmeiras foi mar Com dois golaços, o segundo Olímpico, Pet confirmou que o Fl a estava realmente na briga pelo título


Entrevista Então, joguei lá até 92, quando fui para o Estrela Vermelha de Belgrado, que era a capital da Iugoslávia e hoje da Sérvia. E fazia pouco tempo que o Estrela Vermelha havia conquistado o título da Liga dos Campeões e o Mundial... Isso, foi em 91. E eu fui contratado em 92. Você, então, estava bem valorizado nessa época, não? Eu era considerado o maior talento da Europa. Jogava pela seleção, já havia passado por todas as seleções amadoras. E sua primeira experiência fora da Iugoslávia? Fiquei no Estrela Vermelha até dezembro de 95, quando fui transferido para o Real Madrid. Meu primeiro país no exterior foi a Espanha. E depois o Brasil. Você já falou bastante da sua infância. Mas e a situação do seu país, de conflitos e guerra civil, como isso te afetou? Bem, isso veio bem depois, já não foi na minha infância. Começou em 91. Chegou a te afetar pessoalmente ou era mais distante de você, era algo que você só acompanhava pela TV? Não teve exatamente uma grande guerra, mas a confusão da separação do país. Os militares começaram a desertar. E aí tiveram início alguns conflitos, alguns combates e com isso muitos desperdícios de vida, mas nunca aconteceu no território sérvio. Um pouco mais na Croácia e na Bósnia, foi o pior. Mas tudo é perto, são distâncias de 300 km. Era pertinho. E como era a situação da sua família? Eram normais. Lá, com o regime socialista, havia uma grande classe média. Todo mundo trabalha, todo mundo tem o mesmo salário. Isso é a visão socialista. Lá, nós passamos do comunismo para o socialismo, então, você termina a escola e já tem um trabalho. Mas isso não dá certo. Não dá. Não pode ter, por exemplo, uma fábrica que trabalharia bem com 5 mil funcionários e tem que empregar 30 mil. Todo mundo recebendo o mesmo. Sendo que uns trabalham e outros ficam lá lendo jornal o dia todo. Seus pais ainda são vivos? Sim, graças a Deus! Todos os anos estão aqui. Meus pais são novos. Meu pai tem 65 anos e minha mãe tem 63.

Mudando de assunto, agora, para o futebol. Você já jogou, aqui no Rio, no Flamengo, no Vasco e no Fluminense. É possível comparar, não os clubes, mas as torcidas? É mais fácil comparar os clubes, porque as torcidas, com certeza, não tem como comparar. A do Flamengo não dá para comparar com as outras duas. Pelo tamanho. E o carinho? Também não dá para comparar. Pelo menos no meu caso. Apesar de eu ter sido muito bem recebido pela torcida do Vasco. E fui com muito medo para lá. Eu ficava pensando que chegaria com tomates, ovos, sei lá! Porque na época eu era chamado de carrasco do Vasco. Mas me receberam muito bem, joguei muito bem. Tive duas passagens por lá, fui ídolo. A torcida lá me recebeu bem, me respeitou. Já para o Fluminense eu não tive medo de ir, porque sabia que depois da boa passagem pelo Vasco, só poderia dar certo. A torcida deles queria muito, então eu fui e também me aceitaram. Joguei bem. Não tivemos sorte de conquistar um resultado. No Vasco conquistei, mas no Fluminense, não. E vamos falar do campeonato. Deixando o coração rubro-negro de lado, quem você acha que vai ser campeão? Não tem essa de coração, porque o coração não te dá razão. Pela lógica, acho que o Palmeiras ainda tem as maiores chances. E o São Paulo, como sempre, chega. Primeiro, o Palmeiras tem o Muricy, que três vezes seguidas ganhou o campeonato. Acumulou gorduras, que queimou recentemente. Vão ter que recuperar e começar a jogar bem de novo. Atlético Mineiro, por sua vez, não ganha nada além do estadual há muito tempo. Está carente disso, tem uma torcida que é muito boa e é uma massa. Então, pode ser que chegue, mas não sei se terá tanta força no final. Tem uma média de torcida altíssima, mas não tem um técnico com a capacidade do Muricy, que é um vencedor. Acho que Celso Roth não tem nenhum título fora do estadual, mas estadual, estando em time grande, todo mundo ganha. O São Paulo tem camisa, estrutura, é melhor organizado, tem um time que não chega a ser superior ao do ano passado, mas tem um técnico muito bom, que está com muita vontade de ganhar alguma coisa. E isso o torna um perigo. Acho que são os maiores candidatos ao título.

A gente tem percebido muito a sua influência na parte técnica e tática, hoje, no time do Flamengo... Influência? Talvez influência não seja o termo certo... Acho que não! Você acha que não? Podemos dizer que é uma postura de liderança, talvez. Isso, sim. Isso sempre fui. Sempre foi, sem dúvida. Mas a gente vê você sempre conversando com o Andrade, conversando com o time dentro de campo. O fato de você ter esse tipo de postura já pode ser uma preparação para um futuro? Já tenho uma certa idade. A leitura e a linguagem com o Andrade, por ele ter sido um craque, são fáceis de entender. E com a minha experiência, logicamente, eu tento ter duas visões, de dentro e de fora do campo nos jogos. São diferentes. Tendo essa oportunidade, essa liberdade que o Andrade me deu, de dentro do campo conseguir que a gente faça o melhor possível, o que mais se aproxima do que combinamos nas preleções e nos treinos, então às vezes eu posso ver dentro do campo, perceber alguma coisa e conversar com quem está fora. E eu tenho uma percepção muito boa de organização, senão eu não seria um organizador de meio de campo. E dizem que sou bom. Isso, sim. Mas você é como se fosse um técnico dentro de campo? Não! É insistir numa pergunta que não é real. É um absurdo insistir nessa história de técnico. Um líder dentro de campo, sim. Sempre fui e sempre aceitei. Passo alguns conselhos para os mais jovens? Passo, obviamente. Acho que isso é normal. É uma liderança natural, então. Acho que é bem por aí. Sempre que fui líder de um grupo, foi natural. Sempre aceitei esse papel. E onde não fui líder, não joguei bem. Muitas vezes vemos um time com um jogador que é um verdadeiro líder dentro de campo, mas não é capitão. Como é essa coisa de escolher o capitão do time? Não sei até hoje. É uma escolha do grupo? Grupo não existe. Não sei, depende de cada clube, de cada time.


Eurico Dantas / Agência O Globo

a vida foi h in m a d o g o Oj ratri. Foi o jogo do tet ágico, m o t n e m o m um , feliz” maravilhoso


Entrevista difícil, também. Mas voltando à outra pergunta, comecei a jogar 45 minutos, fui bem, passei a jogar um pouco mais do que isso, entrei no time titular e continuei jogando bem, aquilo que todo mundo esperava de mim, mas que muitos duvidavam. Direito de cada um. Muitos ficaram bastante e outros ficaram pouco surpresos com os resultados dentro de campo.

Nelson Antoine / FotoArena / Agência O Globo

O Cuca saiu, o Andrade entrou e demorou um pouco até essa seqüência

Como foi esse seu retorno para o Flamengo, quando o Cuca ainda era o técnico e não te deu oportunidade no time? Voltei para o Flamengo disposto a ajudar. Disposto a não jogar nenhum minuto, se não quisessem. Aquele papo de ‘só depende de você’ é uma tremenda mentira. Jogador não se escala. O jogador se mantém num time se ele entra bem e conquista os resultados, mas não se escala. No início eu não estava jogando, logicamente, eu tinha que readquirir a forma física de competição, apesar de já estar bem. Psicologicamente, estava bem, também, então não me incomodava a possibilidade de jogar ou não jogar, porque sabia que não dependia de mim. Isso era muito claro. E depois, com a saída da comissão técnica antiga e a entrada da nova, o time iniciou uma fase em que os resultados foram ruins e eu passei a receber mais oportunidades. Passei a jogar 45 minutos, em vez de apenas dois. E acho que dois minutos, com todo o respeito, nem o Pelé joga. Em muitos casos, botar um jogador em campo com dois minutos é até um desrespeito, você não acha? Não, depende da situação. Não é sempre. Por exemplo, para tirar um jogador que já se consagrou na partida, para ele sair aplaudido, vale a pena. Para segurar o tempo no final de um jogo

de bons resultados, no começo ainda teve uma certa instabilidade... (interrompendo) Não teve, não! No primeiro jogo ganhamos do Santos na Vila Belmiro, no segundo vencemos o Atlético Mineiro no Maracanã e empatamos o terceiro. O problema é que depois teve aquele período em que ficamos com seis ou sete jogadores fora. Juan machucado, Kleberson já fora do time, muitos suspensos por cartões, Toró machucado. Eram muitos jogadores sem condições de jogo. Seis ou sete jogadores titulares estavam fora. Quando quatro ou cinco retornaram ao time, começamos a melhorar. Aí, o que aconteceu? Vieram mais duas novas contratações, Álvaro e Maldonado. Então, aquela fase se reverteu e passamos a ter nove titulares em condi-

ções, além das peças de reposição. Na verdade, se formos pensar agora, não temos mais nove ou dez titulares absolutos. No Flamengo, hoje, temos uns 14, 15 titulares. E isso é importantíssimo. E, lógico, alguns jogadores recuperaram a confiança, voltaram a jogar bem, mudamos o esquema tático... E essa mudança foi importante... Muito importante! Abandonamos o esquema horroroso de três zagueiros e adotamos o único esquema bom, que


dá resultado. E já no jogo de volta contra o Fluminense, pela Copa Sul-Americana, jogamos muito bem. Perdemos a classificação por causa do regulamento, pelo mando de campo, mas contando com esse foram 11 jogos sem perder. Começamos a jogar bem. Algum técnico do início da carreira você considera importante para sua formação? Na infância eu tive, sim. Tenho um que eu destaco, na cidade onde eu

comecei. É o Slobodan Radovic. O apelido dele era Zolja. Esse foi o que mais me ensinou os fundamentos. Ele foi um grande atacante, bom. É quem eu mais destaco na infância. Depois teve, já no Radnički Niš, um importantíssimo, que foi o Nenad Cvetkovic. Esse foi o cara que me ensinou a bater falta. Junto com ele teve outro, o Rajkovic – acho que o primeiro nome dele era Ljubisa. Seu apelido era Zucá. Essas caras foram fundamentais, pois me deram aqueles ensina-

ao gol do tri m e g a n e m o h em O número 43, no segundo , o g o j o d po te ao tem de 2001, reme l armente a u c ta e p s e u o o Pet cobr tempo, quand eu o título. d s o n e u q a falt

Ú

mentos de base. Foi com eles que eu aprendi tudo, porque depois, quando ficamos adultos, não aprendemos mais nada, apenas aperfeiçoamos. E já que você está falando em bater falta, na Sérvia você já conhecia bem o futebol brasileiro? Não, só a Seleção. Já conhecia o Zico, por exemplo? Nunca vi o Zico jogar no Flamengo, só na Seleção. Só aqui, através de fitas. Na época em que eu estava na Sérvia, não tinha como vermos jogos de times brasileiros. Hoje já dá. E depois, sim, quando saí de meu país e fui para a Espanha, aí já pude ver alguns jogos de times brasileiros.

Seria interessante a gente saber o que faltou para você estourar no Real Madrid. Como foi sua passagem por lá? É uma boa pergunta. O que faltou? Não sei. Eu sou um cara que não tem o costume de lamentar. O que aconteceu é passado e pode acabar sendo bom. A única coisa que eu lamento não ter acontecido de acordo com a minha vontade, pode ter sido boa: não ter explodido no Real Madrid, como se esperava, porque se isso tivesse acontecido lá eu nunca teria pisado no Brasil. O que aconteceu foi o seguinte. Eu cheguei lá em dezembro, em vez de agosto, já com o pré-contrato assinado, mas o Estrela Vermelha não me deixou ir imediatamente, porque voltou a disputar jogos internacionais depois do embargo de três anos. Fomos eliminados logo no jogo das eliminatórias para a Liga dos Campeões, porque após três anos sem disputar, já havíamos perdido os pontos que nos classificariam como campeões, independente de termos ganhado o título de 91. Tivemos que disputar esse jogo e por azar perdemos e não fomos para a Liga. Então, após eles me segurarem, perdi à toa esses cinco meses. Isso foi um detalhe. Chegando lá, em dezembro, o argentino Jorge Valdano era o treinador, mas estava em briga com o presidente Lorenzo Sanz e quem tinha


Entrevista

eu esteja Pode ser que ltimos dando meus ú te nunca chutes. A gen gar enquanto sabe... Vou jo ar, porque eu der para jog ” me sinto feliz


que pagar o pato era o primeiro contratado do presidente. O técnico não me queria. Cheguei, fui apresentado, tive uma festa excelente, que antes de mim nunca havia sido feita no Real Madrid. Já tinha fama de batedor de falta, já era bom, mas cheguei ao Real Madrid sem jogos internacionais. É complicado, porque quando você faz um jogo internacional bom, você já tem mercado, e eu não havia feito, por causa do embargo à Iugoslávia, apesar de eu ter nome, já desde os 16, 17 anos, como ‘maior talento da Europa’. E quantos anos você tinha, quando chegou ao Real Madrid? Tinha 23. E quando cheguei, após uma apresentação muito boa, participei de um jogo comemorativo de Natal, contra o Atlético de Madrid, que tem aquela rivalidade. Vencemos por três a dois. Eu fiz um golaço, fui o melhor do jogo, mas o Valdano não me queria, não me botava para jogar. E isso foi em 95, né? Isso. Em dezembro daquele ano. Então, arrumaram uma situação para eu ir para o Sevilla. Eu iria emprestado por seis meses, porque eles queriam contratar o Suker no ano seguinte, em junho. Então, economicamente, seria um grande negócio. Emprestar um jogador de seis meses pelo valor de compra do passe de outro. E eu não queria. Então, já no ano de 96, em janeiro, teríamos um jogo contra o Real Zaragoza, no Bernabeu. E eu fiquei de fora, para não cumprir aquela partida e poder ser transferido. Fiquei na tribuna, com o time perdendo de dois a zero. Já nos acréscimos do segundo tempo, meu amigo Ivan Zamorano, atacante chileno, com quem eu dividia quarto na concentração, empata o jogo. Resultado: todo mundo feliz, menos eu. Porque diziam que se o Real não ganhasse, eu ficaria e o Valdano iria embora. No mesmo dia fomos para o escritório e o presidente jogou limpo comigo, disse que eu tinha um contrato de cinco anos, pediu para eu fazer isso por ele, disse que seriam só quatro meses de empréstimo... E eu nunca faço nada contra a minha opinião. Mas eu falei: ‘tá bom’. Realmente o cara me trouxe de lá, já resolvi minha vida, então vou fazer. Ele abriu o coração sobre o problema que estava tendo, que precisava do dinheiro e repetiu que o empréstimo seria mais caro que a compra de um passe. Aceitei. Então, ele me falou para ir para casa, porque teriam uma reunião com o Valdano e poderia ficar decidido que eu ficaria. Saí pela porta principal do estádio com meu pro-

curador e nos deparamos com mais de 3 mil torcedores, todos dizendo que me adoravam, gritando: ‘Rambo, si. Valdano, no’. E eu no meio deles. Rambo era seu apelido, né? Sim, Rambo. Enfim, passamos pela torcida, fomos para casa. No dia seguinte, o Valdano não caiu e me chamaram para conversar de novo. E eu não queria ir. Então, o meu procurador na época, que, hoje em dia é meu segundo pai, o Jorge Carretero – agora porta-voz da Federação Espanhola de Futebol – me disse: ‘agora você não vai’. Mesmo que chegássemos a um acordo. E eu respondi: ‘mas ontem eu já falei que vou’. E ele disse: ‘está bem, então. Se já falou, então você tem que ir’. Então fui lá, assinei, passei para o Sevilla e no primeiro jogo caiu uma chuva enorme, parecida com aquela que tivemos no jogo contra o Internacional, pelo Campeonato Brasileiro, perdemos de um a zero, o treinador caiu e trouxeram outro. Na mesma rodada o Real Madrid perdeu e caiu o Valdano. E eu caí também, psicologicamente. Fiquei lá umas duas ou três semanas lamentando. Com o novo treinador eu jogava, mas saía sempre. E quando eu perguntei o que precisava fazer para jogar 90 minutos, ele me disse: ‘nada. Simplesmente porque você tem contrato aqui só até o meio do ano e eu preciso preparar o time para o ano que vem’. Ainda fiz um gol e, depois de oito jogos, quebrei o pé. Operei, coloquei parafuso, foram quatro ou cinco meses de recuperação. E quando voltei para o Real Madrid, o técnico já era o (Fabio) Capello, teve briga. Enfim, foi por tudo isso que não deu muito certo por lá. Pet, o que é o Brasil para você? Você está estabelecido, vai ficar por aqui? Plenamente estabelecido. Nunca podemos dizer nunca ou jamais. Tenho planos de ficar aqui, pelo menos, até 2017. E depois, ou durante isso, fazer outros planejamentos. A gente pretendia te perguntar exatamente algo assim. O que você pretende fazer nos seus próximos dez anos de vida? Os próximos sete eu já planejei. Normalmente, faço planos para os próximos cinco anos, mas com a escolha do Rio de Janeiro para as Olimpíadas, em vez de ficar até 2015, vou ficar até 2017. Para pretensões, planejamentos, negócios,

família. Enfim, tudo. E depois vamos ver. Porque depois de 2016, ou o Rio vai ficar maravilhoso mesmo ou vai ficar pior do que é. Não vejo meio-termo. Vamos mudar um pouco de assunto. Vamos para Morro de São Paulo (Bahia). Ah, vamos! Arruma um jatinho. Ficamos surpresos quando soubemos que você passa férias em Morro de São Paulo, tem casa por lá. Não, tenho uma casa em construção. Estou terminando ela. Pois é, achamos muito legal você ter encontrado aquele cantinho. Você até brincou de arrumar um jatinho, mas realmente é longe. Quantas vezes você vai lá por ano? Ah, umas duas ou três vezes ao ano. Pouco. E o que você curte fazer por lá? Como é sua rotina quando vai para Morro de São Paulo? Paz, descansar, andar descalço na areia, tomar banho de mar, um vinho. Me dá liberdade. Como bem, descanso bem. Agora, tenho dois processos contra o Ibama lá. É mesmo? Sim, tive que processar o Ibama, porque as ondas do mar e os pássaros estavam começando a me incomodar! (risos) Você já tem uma data definida para deixar o futebol? Quando era mais novo, com 20 anos, dizia que ia jogar só até os 30. Mas depois aprendi a não falar mais. Agora, então, você não tem planos de parar? Veja bem, sinceramente, sou muito consciente. Pode ser que eu esteja dando meus últimos chutes. A gente nunca sabe. Na minha idade, Deus me livre, uma lesão pode acabar com tudo. Não vou dizer que vou jogar até junho, quando termina meu contrato, ou se vou continuar por mais um ano ou dois. Vou jogar enquanto der para jogar. E espero que seja o máximo possível, porque eu me sinto feliz. O primeiro amor que eu conheci foi o futebol. Já são 21 anos como profissional e 31 anos treinando, desde pequeno.


Entrevista E como você está se sentindo após cada jogo? (interrompendo) Feliz! Mas e fisicamente? (mais enfático) Feliz!!! Quando se está ganhando, não se sente cansaço. Sentimos depois, dois dias depois. Dói uma coisa aqui, outra lá. Mas quando acaba o jogo e você entra debaixo do chuveiro com um resultado positivo, você não pensa nisso. Só fica feliz! Agora, após um resultado ruim, você termina morto e enterrado.

A felicidade dá muita energia, não? Acho que o ser humano não conhece seus limites. Uma vez, caiu uma grade de ferro em cima da perna do filho de um tio meu. Ele levantou a grade com a mão direita e tirou o filho com a mão esquerda. Perfeito. Machucou, mas nada grave. Voltamos, depois, para tirar aquela grade. Pesava mais de 200 kg. Foram cinco homens levantando. Como ele conseguiu isso? Foi o momento do susto. Se ele deixasse o cérebro pensar que aquilo era pesado, ele não conseguiria.

um grupo, e d r e íd l i u f Sempre que papel. e s s e i e it e c a empre foi natural. S uei bem” g o j o ã n , r e i líd E onde não fu

E na seleção, tanto na época da Iugoslávia quanto na Sérvia, Pet. Fala um pouco para a gente o porquê de não ter acontecido uma sequência, assim como no Real Madrid. Bem, eu explodi lá. Joguei, com 16 anos de idade, em três seleções ao mesmo tempo, juvenil, juniores e sub-20. E depois, na principal, houve a grande frustração de termos sido mandados embora da Eurocopa (1992). Passamos pelas eliminatórias invictos e éramos os favoritos, mas por causa do embargo, fecharam o país economicamente e esportivamente, e mandaram a gente embora de avião de lá. A Dinamarca entrou no nosso lugar e conquistou o título. Então, foram três anos sem jogar fora da Iugoslávia, depois a ida para o Real Madrid e finalmente a vinda para o Brasil. É lógico que tive algumas brigas por lá, mas parece que longe dos


olhos, longe do coração. Quando me perguntam: ‘por que não joga?’ Como o jogador vai saber o porquê de não jogar, de não estar escalado? Vai ao treinador e pergunta! Sempre tem uma desculpa para dar. Você acha impossível ser convocado para a seleção e, de repente, disputar a Copa do Mundo? Nunca diga nunca. Nada é impossível. Mas acho difícil. Já tenho idade, eles já estão classificados, têm um time bom. Então, chamar pra quê? Acho muito difícil. E não estou esperando. E, pra finalizar, qual foi o jogo da sua vida, do qual você saiu mais feliz de campo? Que eu saí mais feliz de campo, certamente, foi o jogo do tetratri. Foi um momento mágico, maravilhoso, feliz.å

ganhe! acamisada entrevista!

A revista do Flamengo criou a promoção Camisa da Entrevista. na primeira edição foi a camisa 10, autografada por adriano. agora, chegou a vez da 43, número emblemático, que ficará marcado na mente dos torcedores como a camisa do craque petkovic. Em todas as edições, presentearemos um torcedor com a camisa autografada pelo entrevistado.

Nesta edição a camisa do pet

Para ganhar o prêmio é fácil, basta criar uma frase sobre o tema: “SEMPRE FLAMENGO”.

Entre no site

www.revistaflamengo.com.br

marcelo moreira

Pedro Silveira / O Tempo / Agência O Globo

e envie a sua frase. A mais criativa ganhará a camisa. Não perca esta chance!


PRATADACASA Nome: Maycon de Jesus Santana Data de nascimento: 11/07/1992 Altura: 1,68m Peso: 58 kg Posicão: atacante

Web


bcraque por Raphael Crespo fotos marcelo moreira e internet

Caro rubro-negro. Vamos fazer, aqui, um exercício, para que você pense no mundo ao seu redor. Some seu grupo de amigos mais próximos, composto por aquelas pessoas que frequentam sua casa; adicione os torcedores do Flamengo, com os quais se reúne no Maracanã ou em algum bar; agora acrescente seus colegas de trabalho, escola ou faculdade e finalize com os frequentadores daquele exclusivo clube de colecionadores de selos importados de Nova Guiné, ou de

qualquer outro grupo bem específico, do qual faz parte. Fez a conta? O resultado é uma parte de sua rede social. Agora, subtraia dessa conta a presença física das pessoas, eleve a muitas potências o número de membros de cada comunidade e você chegará a uma parte do universo das redes sociais na internet. Um universo nada paralelo, uma vez que a interação social entre os meios online e offline, cada vez mais, tende a se misturar.

ÚNA INTERNET, ÉOSPOSSQUÍVE ELMOSENTRCOARNTAMRARAS FACILMENTE OS VÍDE MENINO MAYCON, HABILIDADES DO AINDA ENGO QUE O LEVARAM AO FL AM

REVISTA DO FLAMENGO

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Há pouco mais de uma década, um menino bom de bola de uma pequena cidade do sertão nordestino dificilmente teria a chance de seguir carreira profissional num grande clube dos principais centros do País. Mas isso mudou, graças à tecnologia. E especificamente para o Flamengo, as novas mídias da internet já significam, ao menos, a promessa de um grande craque no futuro. No dia 2 de maio de 2007, entrou no ar, no YouTube, um vídeo que mudou a vida do jovem Maycon Santana, um adolescente de Adustina, de apenas 15 mil habitantes, localizada no sertão da Bahia. O vídeo, postado por Allan Ribeiro, também filho daquela terra, começa com o garoto franzino, de bermuda jeans, sem camisa e descalço, desafiando algumas leis importantes da Física com a bola nos pés. E na seqüência, para provar que o menino não era apenas um mero malabarista, mostra lances de jogos numa quadra de futsal, nos quais Maycon enfileira adversários antes de mandar diversas bolas para as redes. Mais democrático que o YouTube, onde a interação se dá pelo compartilhamento de vídeos, o Orkut, este, sim, uma rede social, foi o principal veículo de divulgação do talento de Maycon Santana. Allan criou uma conta no site e começou a criar tópicos em comunidades sobre futebol. Como um rastilho de pólvora, os links para o vídeo se espalharam pela internet – em dois meses, foram mais de 180 mil exibições – e, ao mesmo tempo em que chegaram às comunidades de torcedores do Flamengo, que começaram um movimento para pedir a contratação do jovem talento, chamou a atenção dos responsáveis pelo departamento de futebol do clube. “O que apareceu para o público não é bem a verdade. A torcida se movimentou, sim, para pedir a contratação do Maycon, mas antes dessa mobilização o Claudeci, que trabalha no departamento de futebol, já o havia reco-


Longe de

maracanÃ maracanã

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por Raphael Crespo


Nenhum rubro-negro hesitaria em responder “Maracanã” para a pergunta “onde é a casa do Flamengo?”. Pois uma coisa é certa: na história do mais importante templo do futebol mundial, não há dúvidas de que as cores que mais brilharam foram o vermelho e o preto. E apesar de o estádio pertencer ao Estado do Rio de Janeiro, já deveria ser flamenguista há tempos, por usucapião. Mas para os próximos anos, caros rubro-negros, nossa casa vai entrar em obras e as mágicas tardes de domingo terão proporções menores. Tendo em vista a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, a previsão inicial era de que o estádio ficaria fechado por três anos, entre fevereiro de 2010 e dezembro de 2012. Recentemente, a secretária de Turismo, Esporte e Lazer do Estado do Rio de Janeiro, Márcia Lins, afirmou que há uma possibilidade de alguns jogos acontecerem no início do ano que vem. “Nossa prioridade é preparar o Maracanã para a final da Copa do Mundo. Não podemos perder esse foco, pois isso

significa um caderno de encargos bem mais amplo que para os demais. No entanto, o Comitê Organizador Local flexibilizou o fechamento para obras no caso de alguns estádios, permitindo que as intervenções pudessem ser conciliadas com o funcionamento, como já foi anunciado em Minas Gerais. Pretendemos, então, compatibilizar a primeira fase das obras com parte do calendário do futebol carioca no primeiro semestre do ano que vem. Estamos discutindo agora esse assunto com a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro e a CBF, mas isso só acontecerá com a total anuência do Comitê Organizador Local e da Fifa. Caso seja possível, certamente não teremos a quantidade de

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jogos habituais, restringindo a utilização aos principais jogos e clássicos”, diz a secretária. De acordo com Márcia Lins, em 2009, aconteceram cerca de 90 jogos no Maracanã, entre Estadual, Brasileiro e Libertadores, “sendo que a maior parte das partidas foi de pequeno e médio porte. Ou seja, poderiam ser transferidas para outros estádios”. Inicialmente, a preparação do Maracanã levaria a uma mudança imediata no modelo de gestão, através de uma Parceria Público-Privada. O projeto conceitual previsto nessa PPP, que atendia a todos os encargos da Copa e algumas alterações operacionais e mudanças no entorno, estava orçado em R$ 430 milhões. No entan-

oFlamengonorio estádio

Partidas

Vitórias

Empates

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Maracanã

1910

1023

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Engenhão

4

4

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149

56

37

56

marcelo moreira

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maracanÃ to, de acordo com a secretária, o governo do Estado optou por promover diretamente as obras e utilizar o financiamento de R$ 400 milhões oferecido pelo BNDES aos estados. Somente depois da Copa será avaliada a mudança de gestão do Maracanã. Neste momento, está sendo detalhado o projeto-básico do novo estádio, para prepará-lo para a Copa. Isso ficará pronto até

o final do ano, para ser licitado, cumprindo a data de início determinada pela Fifa e o Comitê Organizador Local. “O futebol do Rio sempre esteve entre os melhores do País, antes mesmo do surgimento do estádio: são quatro grandes clubes e a maior torcida do Brasil. É evidente que o Maracanã é especial, um diamante no cenário do futebol e considerado o tem-

à OdaMARACAN usive D estádio, incl ICOS do L ia ór B st hi Ú P os IORES maiores públic MA rasileira. seis dos dez OS la Seleção B presente em pe tá as es en go ap en do Flam pera

O , su ês primeiros o de 1970 em dois dos tr ra Copa do Mund Eliminatórias pa arioca 41 to C 3.3 na 18 eo ) mp cisão do Ca raguai (1969  Brasil 1 x 0 Pa Fluminense (1963) - 177.020 - De 2º Turno do Campeonato Carioca – 0 Mundo de 1954  Flamengo 0 x Vasco da Gama (1976) - 174.770 ias para Copa do 1  Flamengo 3 x uai (1954) - 174.599 - Eliminatór Mundo de 1950 rag  Brasil 4 x 1 Pa uai (1950) - 173.850 (*) - Copa do ão do Campeonato Carioca rug Decis a 2 U x 1 il as Br  69) - 171.599 mpeonato Carioc - Decisão do Ca 3 Fluminense (19  Flamengo 2 x Vasco da Gama (1974) - 165.358 ias para Copa do Mundo de 1978 0  Flamengo 0 x mbia (1977) - 162.764 - Eliminatór Decisão do Campeonato Carioca  Brasil 6 x 0 ColôVasco da Gama (1981) - 161.989 Semifinal do Campeonato Carioca 1 lé  Flamengo 2 x Vasco da Gama (1973) - 160.342 o registro oficia 0 l pessoas, porém  Flamengo 1 x amente 205 mi ad im rox ap de deste jogo foi e o público total (*) Estima-se qu s. oa ss de 173.850 pe

plo mundial do esporte. É um estádio que tem alma e um peso muito grande para a história do futebol e, por isso, será palco da final da Copa de 2014. E precisa se preparar para isso. O Engenhão e os demais estádios terão um importante papel, absorvendo os jogos durante as obras. E tenho certeza de que desempenharão bem essa função nos próximos anos. Não diria que o futebol do Rio será prejudicado pela não utilização do Maracanã. Prefiro dizer que todos ficaremos com saudades e ansiosos pela volta a uma nova arena, certos de que as obras farão com que, num futuro próximo, o nosso estádio reabra as portas como o melhor do mundo. É a referência que eu gostaria de também fazer ao futebol carioca”, diz a secretária. Com o fechamento do Maracanã, o Flamengo tem duas opções imediatas na

marcelo moreira

Nonono onon no onon no nonono on ononon no


REVISTA DO FLAMENGO

os10maiorespúblicosdOBRASILEIRÃO

TODOS foram registrados no Maracanã, sendo sete em jogos do Flamengo. Entre os cinco primeiros, a histórica partida entre Fluminense e Corinthians, em 1976, aparece em terceiro lugar, mas só porque a torcida corinthiana, a única que consegue chegar perto da rubro-negra, praticamente dividiu o estádio com os tricolores.

 Flamengo 3 x 0 Santos (1983) - 155.523 - 2º jogo da decisão  Flamengo 3 x 2 Atletico-MG (1980) - 154.355 - 2º jogo da decisão  Fluminense 1 x 1 Corinthians (1976) - 146.043 - Semifinal  Flamengo 1 x 1 Gremio (1982) - 138.107 - 1º jogo da decisão  C.R.Flamengo 1 x 3 Botafogo (1981) - 135.487 - Quartas-de-final  Fluminense 0 x 0 Vasco da Gama (1984) - 128.781 - 2º jogo da decisão  Flamengo 2 x 2 Botafogo (1992) - 122.001 - 2º jogo da decisão  Flamengo 1 x 1 Vasco (1983) - 121.353 – Quartas-de-final  Flamengo 2 x 1 Guarani (1982) - 120.441 – Semifinal  Vasco 2 x 2 Internacional (1974) - 118.777 – 3ª rodada da fase final

O PROVEITAMENT A O , O Ã H N E G N NO E HORÕES, NÃO C S O D A S A C A É DE 100%. N PARA ENTRAR A Ç N E IC L S O PEDIM

Ú

marcelo moreira

cidade do Rio de Janeiro: o Estádio João Havelange (Engenhão), administrado pelo Botafogo; e o Estádio de São Januário, de propriedade do Vasco. Apesar de serem territórios um pouco desconfortáveis para a torcida, não tem jeito, vamos ter de nos acostumar. No Engenhão, em todos os jogos disputados, o Flamengo sempre ganhou. Já em São Januário, a parada é mais dura. Mas será que os torcedores podem começar a se preocupar com uma influência negativa nos resultados do time? Afinal de contas, grande parte de nossa força e das recentes boas campanhas no Campeonato Brasileiro vêm da união de time e torcida, no Maracanã. Em 1992, após conquistar o pentacampeonato brasileiro em cima do Botafogo, naquela trágica tarde em que torcedores rubro-negros morreram e ficaram feridos com a queda do alambrado da arquibancada do Maracanã, o Flamengo passou o resto do ano sem jogar no estádio, que ficou fechado. Coincidência ou não, diversos clássicos foram disputados em São Januário e o Vasco levou o título carioca daquela temporada. No ano de 2005, o Flamengo mandou boa parte de seus jogos do Campeonato Brasileiro no Estádio Luso-Brasileiro, na Ilha do Governador, e no Raulino de Oliveira, em Volta Redonda. Foi uma das piores campanhas do time, que terminou a competição em 15º, e só se livrou do rebaixamento nas últimas rodadas. Além disso, não custa lembrar a histórica arrancada no Campeonato Brasileiro de 2007, quando o Flamengo, enquanto teve partidas adiadas por causa dos Jogos Pan-Americanos, freqüentou a zona de rebaixamento, mas depois conseguiu uma seqüência impressionante de vitórias, com apoio incontestável da torcida e batendo recorde após recorde de público naquela competição, terminou em terceiro, com vaga garantida para a Copa Libertadores do ano seguinte. “Não acredito que o fechamento do estádio influencie nos resultados dentro de campo. Mas creio que será muito prejudicial para os torcedores. Todos sabemos o tamanho de nossa torcida e o Maracanã, literalmente, é o estádio que se tornou a casa do Flamengo”, afirma Leandro, um dos muitos grandes craques da história a desfilar sua categoria no gramado do estádio. Resta a nós, torcedores, seguirmos o Flamengo onde for. Sem o Maracanã, que seja no Engenhão, em São Januário, no Raulino de Oliveira ou mesmo num campo de pelada.å

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OREIDORIO

oS 10 MAIORES PÚBLICOS DO Campeonato Carioca ocorreram em jogos do Flamengo no Maracanã:

 Flamengo 0 x 0 Fluminense (1963) - 177.020 - Decisão do Campeonato  Flamengo 3 x 1 Vasco da Gama (1976) - 174.770 - Segundo turno do Campeonato  Flamengo 2 x 3 Fluminense (1969) 171.599 - Decisão do Campeonato  Flamengo 0 x 0 Vasco da Gama (1974) - 165.358 - Decisão do Campeonato  Flamengo 2 x 1 Vasco da Gama (1981) - 161.989 - Decisão do Campeonato  Flamengo 1 x 0 Vasco da Gama (1973) - 160.342 - Semifinal do Campeonato  Flamengo 2 x 2 Botafogo (1979) - 158.477 - Decisão do Campeonato  Flamengo 0 x 0 Fluminense (1976) - 155.116 - Taça Guanabara  Flamengo 0 x 1 Fluminense (1984) - 153.520 - Decisão do Campeonato  Flamengo 0 x 0 Vasco da Gama (1977) - 152.059 - Decisão do 2º turno


JOGAÇO

v o a e r g a l i M por Aydano André Motta foto Hipólito Pereira / Agência O Globo

Longe dos tempos bíblicos, poucos humanos sobre a Terra podem oferecer o testemunho de um milagre que ocorreu diante de seus olhos. Reza a lenda que se trata de privilégio restrito a fervorosas beatas portuguesas e italianas, que descrevem visões de imagens chorando ou vertendo sangue, para o descrédito de absolutamente todo mundo. Mas alguns milhares de rubro-negros, hoje em torno de 40 anos, têm toda a eternidade para garantir: num remoto domingo de outono, 18 de abril de 1982 (depois de Cristo), viram o Mar Vermelho se abrir, pães e peixes se multiplicarem e Lázaro ressuscitar em pleno gramado do Maracanã. Obra do deus Zico. Jogava-se a primeira partida da final do Brasileiro de 1982. O Flamengo, uma reunião de virtuoses, melhor time do mundo (referendado pelo título conquistado quatro meses antes, no Japão, com a vitória sobre o Liverpool), enfrentava o Grêmio, legítimo representante nacional do futebol uruguaio, com aquele estilo pegado, lamacento e guerreiro de todos os campeonatos. Num Maracanã apinhado, com mais de 135 mil viventes, os gaúchos amarraram o estilo luxuoso dos rubro-negros, transformando o primeiro capítulo da decisão numa tortura.

Desembocava num abissal sofrimento a campanha pontilhada de viradas inesquecíveis (desde a estréia, no Dia de São Sebastião, contra o São Paulo, que começou marcando 2 a 0 e terminou tomando um 3 a 2 por obra e graça de Zico, Júnior, Leandro, Andrade, Adílio, Lico...). O tempo passava, o Flamengo rodava a bola, tentava pelas pontas, se insinuava pelo meio, tocava para um lado e outro, mas o cenário permanecia árido. Até os 38 do segundo tempo, quando Tonho abriu o placar para os gaúchos num lance tosco, espirrado, infame. Era imerecido, injusto, abjeto, mas real. O Maraca, lotado além do possível, quedou-se paralisado: como vencer sem tempo, o que fazer para garantir a sobrevivência no estádio hostil, qual o antídoto para o paralisante veneno de uma defesa inexpugnável? E olha que eu, como de hábito, fiz minha parte. Aqui, uma revelação: o Flamengo não ganhou aquilo tudo por causa de Zico e a turma, mas graças ao respeito militar a um extenso ritual. A calça era uma só, o campeonato inteiro (apesar do joelho puído, séculos antes de virar moda); a camisa (a branca, da conquista maior) não podia ser lavada até o fim da competição; e no intervalo dos jogos, eu me obrigava a ficar em pé, de costas para o campo.

Sem isso, não se ganhava nem do brioso Cruzeiro de Pendotiba. Mas não havia reza, promessa, despacho ou superstição capaz de parar o tempo, que desenhava o desfecho tragicamente previsível, três dias depois no Olímpico. Se o time não conseguiu um golzinho sequer em 83 minutos, como materializar a façanha no átimo que restava? Os parceiros de crença carregavam na fisionomia, no coração e na alma a dor pelo golpe injusto e cruel. O pessimismo varreu a arquibancada, num “não dá mais” silenciosamente ensurdecedor. Angústia rara, naqueles domingos de campos carnavalescos, coalhados de craques (ainda não começara a sangria das negociações para a Europa), que se exibiam diante de platéias pacatas e hospitaleiras, risonhas e apaixonantes, de conflitos bissex-


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ho uiu um golzin g e s n o c o ã n Se o time r o materializa m o c , s o t u in m sequer em 83 ue restava? q o im t á o n a a façanh

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tos, rigorosamente a salvo de armas letais. Dias de emoção impecável, meus amigos. Mais que qualquer outro, o incrível esquadrão rubro-negro lotava as arquibancadas país afora, em jornadas inesquecíveis. No campeonato de 1982, bateu, também de virada, o São Paulo por 4 a 3, em pleno Morumbi, e o Inter por 3 a 2, no Beira-Rio. Espetáculos em seqüência. Mas naquele primeiro capítulo da final,os minutos corriam à toda, desenhando a tragédia. Até o instante derradeiro, quando Júnior arrancou cruzamento desesperado, extrema-unção imerecida para um time de heróis. Era o início do lance impossível. Zico antecipou-se, dominou e, com o lado externo do pé direito, bateu forte, cruzado e cirúrgico, no ângulo esquerdo de Leão. Golaço redentor, improvável, inacreditável. Anos mais tarde, o ex-lateral e hoje comentarista confidenciou ao torcedor que não mirou o camisa 10 no lance. Dado o adiantado da hora, jogou na área simplesmente: “O Galo que se virou para dar um jeito”. A arquibancada explodiu em gritos desordenados, conjugação de prazer e alívio. Alguns fiéis se ajoelharam, uns poucos seguiram catatônicos, muitos ergueram as mãos para o céu diante do indescritível. Abraços atabalhoados, lágrimas desavergonhadas e preces agradecidas formaram a moldura do milagre. Como Lázaro, o Flamengo ressuscitou diante de sua torcida pela genialidade do nosso deus particular. Uma semana depois, veio o segundo título nacional, em pleno campo adversário, 1 a 0, gol de Nunes. Mas o bi nasceu no Rio, no querido Maraca, no jogo da minha vida.å


A campanha deste brasileirão é de matar qualquer rubro-negro do coração. ANTES DE ENTRAR no G4 passaMOS por três partidas que deixaram torcedores cardíacos em observação profissional. Botafogo, Barueri e Santos. UFA! Da euforia na vitória sobre o Botafogo, ao inferno na derrota para o Barueri, acabamos chegando ao céu, na sofrida conquista contra o Santos. DEPOIS DEPENAMOS O GALO E CHEGAMOS AO TERCEIRO LUGAR. O álbum Rubro-Negro desta edição mostra alguns destes momentos, que nos levaram a vibrar Nas TRêS vitórias importantíssimas.

Completamente atordoado, o goleiro mineiro tenta entender como Pet conseguiu meter a bola em um local impossível. O Gol Olímpico nunca mais sairá da sua cabeça

Monstro!!! El e merece duas fotos. Em dois jogos pe gou três pêna ltis seguidos. Um fant asma que as sombra a mente dos at acantes. Que o digam Lucio Flávio, do Botafogo, e Galo, do Santos. O primeiro já pe rdeu três decisões por pênaltis para Br uno e o segundo foi ve ncido duas ve zes no mesmo jogo. É o melhor go leiro do Brasil.

Marcelo Prates / Hoje em Dia / Agência O Globo

VISUAL álbumrubronegro 


Caneeeta!!! O gringo rabiscou e meteu no meio das pernas do aloprado Alessandro. O cara fica louco quando joga contra o Mengão. E a galera delirou novamente com Pet.

ESTA SEÇÃO É UMA HOMENAGEM AO JORNALISTA SALDANHA MARINHO, EDITOR DA 1ª REVISTA RUBRO-NEGRA NA DÉCADA DE 50

rador u! O Impe No Paaaa u estilo, área, a se dou invadiu a an omba e m armou a b pesar na trave. A um balaço de foco, dá ra de estar fo spero ber o dese , e rc e p para ga e ho... Se p do goleirin la e tudo. bo entra com

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MARCELO MOREIRA

REVISTA DO FLAMENGO


REUTERS/Alessandro Bianchi

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2013 REVISTA DO FLAMENGO

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Só em

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O Flamengo sempre foi prodigioso na criação de craques da zaga. Nomes como o de Mozer e Aldair, legítimos “prata da casa”, marcaram época não só com a camisa rubro-negra, mas também da Seleção Brasileira. Em 1996, os torcedores já saudosos após a ida de Aldir para a Europa perguntavam: quando chegaria uma nova fera para proteger o gol? Apesar de termos contado com bons “xerifes” como Rondineli e Marinho, a expectativa era por um jogador nos moldes dos dois primeiros, de estilo mais refinado. Foi quando surgiu um menino simples, muito tímido, de 17 anos, que encantava pela forma firme e elegante de desarmar. Além disso, era habilidoso e tinha grande visão de jogo, saía rapidamente com a bola dando passes perfeitos e ligando contra-ataques. Estreava entre os profissionais Juan Silveira dos Santos, ou simplesmente Juan. Mais um integrante deste seleto time de fantásticos zagueiros, rubro-negros de coração, formados na gávea e que serviram a Seleção. Ao longo dos seis anos em que jogou no Fla, Juan ganhou 13 títulos, incluindo o marcante tricampeonato estadual de 2001. Durante esse período chegou à Seleção Brasileira, mas Felipão acabou deixando-o de fora da Copa de 2002. Neste mesmo ano, o Fla não conseguiu segurar o jogador, que vendido para o

Bayer Leverkusen, da Alemanha, foi disputar a partida mais difícil de sua vida: a adaptação, com a família, num país completamente diferente e com um futebol que exigia mais força física que o brasileiro. Uma prova de fogo, vencida com determinação e talento. Ao longo dos cinco anos em que jogou em Leverkusen, Juan foi titular absoluto e, apesar de não ter ganho títulos, conseguiu a experiência necessária para, ao lado do pentacampeão Lúcio, fazer uma dupla de zaga praticamente insubstituível na Seleção. Em 2007, após a conquista da Copa América, Juan se transferiu para o Roma, onde conquistou a Copa Itália. O período em terras italianas começou muito bem, mas nos últimos dois anos uma série de contusões tem afastado o zagueiro dos campos. A situação ficou tão constante, que fortes boatos sobre a volta do jogador para se tratar no Mengão e, posteriormente, jogar novamente com a camisa rubro-negra apareceram em todos os veículos da mídia esportiva. Apesar de flamenguista apaixonado, cria da mesma geração de Júlio César e Adriano, Juan deixou clara a intenção de terminar o contrato com o Roma, que vai até 2013, quando o jogador terá 34 anos. Voltar para o Fla e encerrar a carreira? Ele não falou nem que sim, nem que não, mas cá entre nós, se o físico permitir, ainda

poderá gastar as chuteiras por aqui. No fechamento da edição, infelizmente, mais uma contusão afastou da Seleção o jogador que mais convocações teve no atual grupo. Ficamos aqui torcendo para que Juan se recupere rapidamente, termine sua “volta ao mundo” e retorne para seu verdadeiro clube de coração!å

JuanSilveira dosSantos

Idade: 30 anos Altura: 1,82m Clube atual: Roma (Itália) Clubes que já defendeu: Flamengo , Bayer Leverkusen e Roma Seleção Brasileira: 70 jogos e 5 gols

Títulos

Flamengo Campeonato Carioca: 1996, 1999, 2000 e 2001 Taça Guanabara: 1996, 1999 e 2001 Taça Rio: 1996 e 2000 Copa Ouro Sul Americana: 1996 Copa dos Clubes Brasileiros Campeões Mundiais: 1997 Copa Mercosul: 1999 Copa dos Campeões: 2001 Roma Copa Itália: 2007/2008 Seleção Brasileira Copa América: 2004 e 2007 Copa das Confederações: 2005 e 2009


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A NBB começou para o time de basquete rubro-negro da melhor forma possível, de casa nova e com vitórias. Na verdade, a casa não é uma novidade tão grande assim para jogadores e torcedores, pois foi exatamente nesse palco que o time conquistou o bicampeonato nas finais do ano passado. A grande diferença é que agora, nesta temporada 2009/2010, todos, literalmente todos os jogos no Rio de Janeiro serão na maravilhosa HSBC Arena. E posso garantir, o torcedor saiu ganhando. A turma da Revista do Flamengo foi assistir à segunda partida do time na Arena, e saiu encantada. Além da vitória sobre o time do Saldanha da Gama (109 a 72), toda a estrutura e a organização em torno do jogo foram dignas de NBA. Já na chegada, nos surpreendemos. Como o jogo era sexta-fei-

ra, às 19 horas, início de temporada, a expectativa de público era pequena, e, apesar disso, nos deparamos com um aparato no acesso ao estacionamento e à entrada do estádio, compatível com final de campeonato. A rua estava toda cercada, com várias placas de sinalização e funcionários indicando o caminho a ser percorrido até o estacionamento. A valor é salgado, R$ 15 para guardar o carro, mas há vagas de sobra, segurança e praticidade. E, honestamente, quando penso no inferno do Maracanã, nos flanelinhas que cobram R$ 10, às vezes R$ 20 para “arrumar” uma vaguinha, fica até barata a mordomia. De posse dos ingressos saltamos do carro e subimos a rampa em direção à entrada, e nova surpresa! A Arena mantinha o mesmo esquema dos shows de música, a arena, no mais alto padrão internacional, está preparada para receber um grande público

com pessoal educadíssimo e recepcionistas gatas e atenciosas, que informam precisamente onde ficam os lugares. E mais uma vez, o número de pessoas trabalhando poderia atender a dez vezes o público presente. Segundo Rodrigo ????????, assessor de imprensa da HSBC Arena, a idéia é essa mesma: “Não importa o tamanho do público, todos os jogos terão o mesmo tratamento. Desta forma, o torcedor já saberá como será recepcionado sempre que vier ao jogo do Flamengo.” Chegamos aos lugares. Bem, na verdade podíamos escolher qualquer lugar, pois o público realmente era muito inferior ao que o time bicampeão merecia – Qual é nação? Temos que dar força em todos os jogos, ir só na final não vale – e sobravam opção. Bola ao alto e começou a festa. A Arena, montada para o Pan-Americano nos padrões internacionais, proporciona telão, ar-condicionado e som da melhor qualidade, que estão sendo muito bem utilizados. Cada intervalo ou pedido de tempo, o rock pesado junto ao locutor da partida levantam a galera. Uma festa mesmo. Ah, o jogo! Quase me esquecia. A superioridade do time do Mengão foi tão grande, que não deu nem para ter emoção. O que deu sim, foi para ter certeza da grande contratação que foi Guilherme Teichmann. O cara joga muito, fez 28 pontos e já demonstra um entrosamento perfeito com Marcelinho. É mais um grande jogador para compor um time de verdadeiros guerreiros. Temos tudo para chegar ao tri!å

marcelinho continua comandando o time


O FUTURO JÁ OLÍMPICOS

A escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016 trouxe inúmeras promessas de melhorias para a cidade. A grande responsabilidade de sediar uma Olímpiada requer muito trabalho e empenho. Os projetos estão aí, mas é preciso disciplina e seriedade para que eles cheguem à realidade e tragam as

DA ESQUERDA PARA A DIREITA: Douglas Vieira - Vôlei Masculino Luiza Saback - Pólo Aquático Feminino Gabriela Salles - Remo Giovana Stephan - Nado Sincronizado Gabriel Andrade - Basquete Letícia Costa - Ginástica Olímpica Gabriel Gomes - Judô

melhorias que a população espera. No esporte não é diferente. Crianças e jovens atletas, com idades de 11 a 17 anos e que são as grandes promessas do Rio, precisam de dedicação, garra e preparação para fazer bonito em 2016. Presença garantida nas Olímpiadas desde 1932, nos Jogos de Los Angeles,

os atletas do Clube de Regatas Flamengo já se preparam para este novo desafio. Campeã brasileira em várias categorias do nado sincronizado, a jovem Giovana Stephan é um perfeito exemplo disso. O treinamento diário de cinco horas e a paixão pelo esporte a levaram para a seleção brasileira e para a final de solo no Mundial de


JÁ COMEÇOU REVISTA DO FLAMENGO

brasileiro”, diz a jovem, que pratica o esporte desde os 9 anos de idade e já começa a se preparar para a competição. Na mesma modalidade e com o mesmo objetivo, outras grandes atletas do Flamengo se destacam e prometem ser sucesso nos jogos de 2016, como as campeãs sulamericanas Lorena Molinos, as gêmeas Ga-

briella e Daniella Figueiredo, Maria Eduarda Pereira e Maria Eduarda Cavalcanti. Também das águas do Flamengo surge um dos pontos mais fortes do clube, a natação. Nomes como Fernando Scherer, Rômulo Arantes e Maria Lenk já passaram pelas piscinas da Gávea. Hoje, há jovens que buscam o caminho para

MARCELO MOREIRA

Esportes Aquáticos deste ano em Roma, Itália, conquista inédita do Brasil. Aos 19 anos, Giovana acredita que em 2016, com 26 anos, estará em ótimas condições para concorrer a uma vaga nas Olimpíadas. “É uma idade boa. A vice-campeã mundial de nado sincronizado tem 32 anos. Quero participar, fazer bonito e agradar o povo

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OLÍMPICOS

mostra Luiza Saback uático q A o l ó P o n a forç amengo l f o d o in in m Fe

Ú


REVISTA DO FLAMENGO repetir a trajetória de sucesso destes atletas. Julia Miranda, Luis Fernando Filho e Thiago Olabarriaga são alguns deles. “É preciso treino e esforço”, pontua Thiago, que pratica natação há dez anos e conquistou o 1º lugar no Campeonato Sudeste deste ano. Para um resultado satisfatório em 2016, o esforço deve começar já. “O atleta precisa se dedicar, ser assíduo aos treinos e demonstrar força de vontade”, explica o técnico das categorias femininas do pólo aquático do Flamengo, Antonio Canetti. “Para poder jogar numa olímpica tem que treinar muito, fazer bastante trabalho muscular e de fundamentos básicos do pólo aquático, visando aprimorar o conjunto da equipe”, completa Solon dos Santos, técnico das categorias masculinas da modalidade. Segundo esporte mais antigo da história do Flamengo, o pólo aquático masculino não se classificava para uma olimpíada desde 1984 e o feminino nunca participou. A escolha do Rio de Janeiro como sede trouxe de volta a esperança para esses atletas. Pela primeira vez, o Brasil terá representantes em todas as 28 modalidades olímpicas, uma exigência do Comitê Olímpico ao país sede. “Achei muito bom o Rio ter sido escolhido como sede dos Jogos Olímpicos. Será a primeira oportunidade que terei de participar de uma Olimpíada. Tenho que treinar bastante para conseguir estar lá”, afirma Luiza Saback, que só este ano coleciona vitórias em dois campeonatos brasileiros e um estadual, sendo artilheira de dois deles. Assim como ela, as jovens Victoria Cahmorro, Tatiana Veloso e Maria Clara Fontoura também já se preparam para fazer bonito em 2016. Na categoria masculina não é diferente. Guilherme Leivas, Douglas Magalhães, Thiago Fonseca, Marllos Araújo, Guilherme Onetto e

Nicolas Nippolis são alguns dos meninos que buscam a classificação. “Preciso me dedicar em tempo integral, fazer o possível para estar lá”, comenta Nicolas, campeão brasileiro na categoria Sub-19. Em outras águas, as conquistas rubronegras também são destaque e servem como exemplo para os que almejam sucesso na carreira. Criado em 1895, o remo é precursor da história do clube e tornou o Flamengo conhecido antes mesmo da implantação do departamento de futebol, além de ser o primeiro esporte do clube a participar de uma olimpíada. Gabriela Salles não vivenciou esta história, mas sabe da importância do esporte que escolheu praticar. Há três anos ela treina quatro horas diárias e está animada para buscar a classificação nas Olimpíadas. “Tenho que me dedicar mais do que já me dedico para conseguir”, conta Gabriela, que tem 15 anos e faz parte da categoria infantil. Das águas para as quadras, o vôlei rubro-negro possui o título de campeão dos campeões, desde sua primeira equipe em 1940. Para repetir este título em 2016, jovens de várias categorias como Douglas Vieira, Isabella Batista e Caroline Siqueira buscam melhorar a cada dia. Os treinos diários com duração de quase três horas e a dedicação são alguns dos segredos desses vitoriosos. O premiadíssimo basquete do Flamengo também não fica de

giovana stephan e a equipe de nado sincronizado

fora quando o assunto são as promessas para o futuro. Douglas Rodrigues, Henrique Stephan, Daniel Lorio, Paulo Felipe, Gabriel Andrade e Anderson Rezende já se destacam pela desenvoltura na quadra. “Para chegar às Olimpíadas temos que treinar muito e jogar mais”, acredita Gabriel, de 16 anos. No tatame, a nova geração de judocas quer lutar com garra para ter sucesso nos Jogos Olímpicos. Gabriel Gomes, de 14 anos, e Ellen Suzano, de 15 anos, são exemplos de atletas que já estão buscando um melhor desempenho e evolução nos treinos. “Tenho que melhorar o nível técnico. Se estiver treinando bastante e forte, eu chego lá”, explica Ellen, campeã brasileira regional em 2008 e vice-campeã em 2009. A ginástca olímpica do Flamengo também é referência de sucesso. As conquistas dos irmãos Hypólito e de Jade Barbosa ajudaram ainda mais a disseminar o esporte no País e a incentivar jovens talentos, que se espelham neles e em outros grandes atletas do clube. Um exemplo desse talento é Letícia Costa. Aos 14 anos, já competiu no Pan-Americano Juvenil de Ginástica Olímpica, conquistando o 9º lugar, e acaba de integrar à seleção brasileira. Para 2016, Letícia acredita que tem que treinar bastante e ter pensamento positivo. Boa sorte a todos!å

coleção de iel gomes e a

Úgabr

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medalhas


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