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O Futuro das Reparações

Chamo-me Paulo, sou fundador e gerente da MediaTronik e docente de informática na Escola Secundária José Afonso Loures e dediquei as últimas 2 décadas da minha vida à reparação de equipamentos electrónicos.

Desde há uns largos anos para cá, tenho me deparado com uma tendência assustadora: cada vez mais os fabricantes tomam medidas que dificultam ou impossibilitam as reparações.

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Esta tendência, também deverá manter os nossos leitores e leitoras atentos, pois é algo que os afecta directamente.

Os fabricantes têm vindo gradualmente a limitar o acesso às reparações dos equipamentos. No entanto, com a evolução do mercado para uma demografia mais nova, os fabricantes têm se tornado cada vez mais arrojados nas suas estratégias.

Actualmente até se cria um pouco a ilusão de que um equipamento com 2 ou 3 anos é velho, é antigo e já não serve. Mas essa noção está completamente errada, na minha experiência como técnico, constato que computadores com 5 anos, são objetivamente funcionais para 90% dos utilizadores. Aliás, a maioria dos equipamentos com 5 anos ainda em circulação, são superiores aos disponibilizados atualmente no programa e-escolas aos alunos do ensino básico. E certamente o leitor também terá esta noção. A verdade é que existem esforços concertados por parte dos fabricantes para tornar as reparações económica e praticamente inviáveis:

Limitar o acesso a peças de reposição

Os fabricantes têm como estratégia chave controlar o fornecimento de peças de reposição.

Habitualmente só as lojas autorizadas têm acesso à grande maioria das peças de reposição, criando uma espécie de quartel das peças, fazendo com que os fabricantes fiquem com o monopólio das reparações.

Vedar o acesso a manuais técnicos e esquemas eléctricos.

O esquema eléctrico é um mapa que mostra a localização e identificação dos diversos componentes e como estão interligados. Estamos a falar de centenas ou talvez milhares de circuitos. Aqui surge um problema talvez um pouco mais indirecto para o consumidor. Na MediaTronik, somos especialistas em electrónica e um dos serviços mais requisitados é a reparação de motherboards de computadores portáteis. Acontece que sem o esquema elétrico a reparação destas motherboards fica muito difícil, situações que para técnicos qualificados são relativamente simples, sem o esquema fica impossível. Emparelhamento de componentes Outra prática que começa a ser cada vez mais recorrente é o emparelhamento dos componentes de um aparelho, ou seja, no caso de avaria de uma peça, a sua substituição fora da marca, mesmo com peças originais, não só é difícil, mas impossível.

Irreparável por design

Os computadores são formados por várias componentes: o processador, a memória RAM, o SSD e por aí adiante. Até muito recentemente, estes componentes (que por sinal são componentes que avariam com frequência, o SSD por exemplo, até tem um limite de leituras e escritas) eram destacáveis. Nos computadores atuais, vem tudo soldado na motherboard, tornando a substituição de componentes que custam €20 ou €30 (como é o caso de uma memória RAM), tornar-se num processo ou impossível ou caríssimo.

A solução

A verdade é que este tipo de práticas está a provocar um grande stress na carteira dos consumidores e no meio ambiente.

E é sobretudo no último ponto que reside o grande problema com o fim das reparações.

O E-Waste (lixo electrónico) é um problema de escala mundial, apesar dos países desenvolvidos terem programas de reciclagem muito sofisticados e relativamente eficazes, segundo o site Onde Reciclar promovido pelo Electrão, 80% das doenças nos países em desenvolvimento são causadas pela exposição a substâncias tóxicas que existem nos equipamentos, como mercúrio, cádmio, chumbo, entre outros.

Portanto, está nas mãos do leitor de tomar uma posição, ainda para mais numa altura em que o ambientalismo e a sustentabilidade estão em destaque, para o leitor colaborar, basta começar a reparar.

Como a MediaTronik ajuda:

O nosso serviço entra precisamente antes da reciclagem, que é a escolha mais limpa e sustentável, porque reduz o lixo, as emissões de CO2 resultantes da reciclagem dos equipamentos e evita aterros.

A solução de reparar não só se traduz numa poupança ambiental, mas também no dia-a-dia das pessoas que recorrem dos nossos serviços. Já contamos com perto de 18000 reparações, o que se traduz para cerca de 36Ton em equipamentos eletrónicos que não foram parar ao lixo. Fora os equipamentos que adquirimos avariados e restauramos para vender como recondicionados. Esta poupança ambiental, também se traduz numa poupança económica, sendo o valor de reparação médio cerca de €100 e o preço médio de um computador portátil novo de €500/600, traduz-se numa poupança directa de €7.200.000 aos nossos clientes.

Poderá ler este artigo na integra na página: https:// mediatronik.net/artigo-de-opiniao-o-futuro-dasreparacoes/

Gerente da Greatest Advance – Electronic Services Unip. Lda

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