Revista Londrix 2019

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LONDRIX FESTIVAL LITERÁRIO DE LONDRINA

06 a 11 maio 2019

15 ANOS

Publicação do Festival Literário de Londrina

Ano 07 - Nº 07 Maio 2019



ÍNDICE

Editorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 Sarau das Pretas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 Poesia in Concert . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 Assalto Literário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 Encantamentos Poéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 Sarauzinho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 Um Dedo de Prosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 Vídeo Poema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 Jornalismo Literário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 Cinema e Teatro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 Londrix chama Filo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 Lançamentos e autógrafos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 71 leões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 Empoderamento pela poesia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 Aula-show . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 Sarau: prosa, poesia & outras delícias . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 Palestina – um olhar além da ocupação . . . . . . . . . . . . . . . . 26 Clubes de leitura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 Pedras, Paus e Pétalas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 Literatura e fotografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 Autoras londrinenses . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 Na casa do Londix . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 Por amor à Yá Mukumby . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 Batuque na caixa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

DIREÇÃO: Christine Vianna

FOTOGRAFIA: Lu Perrota

PARCERIA: Museu Histórico, UEL

ASSESSORIA PEDAGÓGICA: Áurea Palhano

TIRAGEM: 10.000 exemplares

CURADORIA: Claudia Freitas, Frederico Fernandes e Marcos Losnak

PATROCÍNIO: SECRETARIA ESPECIAL DA CULTURA MINISTÉRIO DA CIDADANIA GOVERNO FEDERAL PROMIC

EDIÇÃO REVISTA: Mario Fragoso

REALIZAÇÃO: AARPA

DESIGNER: Marco Tavares

APOIO: CULTURAL, INTERATIVA, RPC

AGRADECIMENTOS: Denise Gentil e Rodrigo Garcia Lopes que em 2005 ajudaram a idealizar o Londrix com Christine Vianna e Marcos Losnak.


Premiações ASSALTO LITERÁRIO

Prêmio Todos por um Brasil de Leitores (MINC)

UM DEDO DE PROSA NAS ESCOLAS

Prêmio Circulação Literária/Circuito de escritores (MINC)

SARAU: PROSA, POESIA & OUTRAS DELÍCIAS

Prêmio Sarau/Circulação Literária (MINC)

LONDRIX 2012

Prêmio Melhores Feiras Literárias do País (MINC/Biblioteca Nacional)

LONDRIX 2017

Prêmio Melhores Feiras Literárias do País (MINC/Biblioteca Nacional)

LONDRIX 15 ANOS

Segunda melhor pontuação Feiras Literárias/ Secretaria Especial da Cultura/Ministério da Cidadania/Governo Federal


LITERATURA:

ECOS DE RESISTÊNCIA A Literatura é um fenômeno cultural que se estrutura no tempo. Em dias de embargo de aquisição de livros para escolas públicas, de projetos de lei que proíbem o pensamento crítico, de retorno virulento do conservadorismo, do pseudomoralismo, do negacionismo histórico, do florescimento da misoginia e do racismo, cabe indagar quais são as vozes dissonantes e resistentes que fazem da palavra escrita e falada um antídoto contra a antimonotonia e o irracionalismo. Quem está produzindo a literatura de recusa, denúncia e ação no interior do campo literário brasileiro? Em que novos e antigos habitats o incômodo prolifera na contemporaneidade? É na tentativa de mapear alguns dos principais eixos de resistência no cenário nacional que o Londrix - Festival Literário de Londrina propõe, em sua edição de 2019, o debate fervilhante entre autores e público, dispostos a enveredar pelos caminhos do conflito de ideias, dos embates entre a violência da ordem e a criatividade da objeção. Nesse sentido, há que se pensar na resistência literária em suas múltiplas facetas. Desde os relatos pungentes de sobrevivência física em contextos de massacres, chacinas e genocídio, até a estratégia das pequenas editoras empenhadas em propor uma alternativa ao book business das gigantes de mercado. Entre esses dois extremos, o Londrix contemplará a exuberância das literaturas negra, feminina e periférica, que põem em xeque o monopólio da escrita canônica; mergulhará nas trincheiras do jornalismo cultural, que seguem altissonantes, a despeito do cenário de crise; e trará ao público o contato presencial, vívido e insubstituível com os autores que elegem a obstinação como motriz de suas obras. Um conjunto que se ergue contra o desmonte sistemático dos futuros possíveis, individuais e coletivos. Em um mundo inebriado pelo poder e uso da força, diametralmente oposto à capacidade de diálogo, a literatura de resistência se descola do núcleo estagnado da tradição, florescendo na negociação de práticas e no intercâmbio de subjetividades. Autores inauguram vias inéditas de debate e elegem espaços antes impensáveis, sobretudo na internet, como arenas de discussão pública para o fazer literário. Em comemoração aos seus 15 anos de existência, o Londrix se debruça sobre essas novas realidades e compreender a dissonância, apresentar o que o establishment renega como perturbador ou deselegante e, principalmente, aproximar agentes muitas vezes distantes, porém partícipes do mesmo processo histórico.

LONDRIX FESTIVAL LITERÁRIO DE LONDRINA

15 ANOS

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ENDEREÇOS: CMEI PROF Vanderlaine - Rua Carmem Ilhesca Batista, 55 – JD. Maria Cecília Feira Livre do Cincão - Av. Saul Elkind - Cinco Conjuntos Museu Histórico de Londrina - Rua Benjamin Constant, 900 Vila Cultural Cemitério de Automóveis - Av. Arthur Thomas, 342 Sesc Centro - Fernando de Noronha, 264 Shopping Com-Tour, Restaurante Kyoto - Av. Tiradentes 1241 Universidade Estadual de Londrina - Rodovia Celso Garcia Cid | PR 445 Km 380

Debates, palestras, oficinas, atividades infantis - ENTRADA FRANCA Show 11/05 “Ação entre amigos para compra de instrumentos de percussão para oficina”, R$10,00 até 23 horas; depois, 15,00


SARAU DAS PRETAS

YÁ MUKUMBY

VIVE!

Líder religiosa e militante ativa do movimento negro londrinense, brutalmente assassinada em 2013, recebe as homenagens do Coletivo Luiza Mahin.

Pioneiro do Paraná. Nas conversas informais – como era bom papear com ela – ou nos debates, a serenidade era sua marca registrada. Por isso, dialogava com praticantes de todas as religiões. Tanto que, quando sua filha mais nova manifestou o desejo de seguir o catolicismo, não teve dúvida. “Se defendo o princípio inalienável da liberdade, como posso tolher o desejo da menina”, disse.

Samba

Principal manifestação rítmico-musical da afrobrasilidade, o samba era, por assim dizer, a segunda paixão da Yá. Principalmente o samba de roda que ela puxava nas festas do Ilê Axé Ogum Megê, templo consagrado aos Orixás que cerrou as portas com a morte. Então, é isso. Viver é cantar, sambar, se lambuzar no “ajeum” e abraçar e beijar os familiares, os amigos, os colegas, os vizinhos e aquele bêbado que passa pela nossa rua e nem é notado. Assim ensinava a Yá Mukumby. Asé!

PROGRAMA DO SARAU Dona Vilma Santos de Oliveira, a Yá Mukumby Alagangue, mudou-se pra Londrina ainda adolescente e aqui teve sua vida abreviada aos 63 anos. Neste mais ou menos meio século, Mukumby tornou-se símbolo de resistência, fraternidade e generosidade. Defensora e difusora em tempo integral das religiões de matriz afro-brasileiras, a Iyalorixá tornou-se, naturalmente, porta-voz dos cerca de 25% de cidadãos afro-londrinenses. Ela que não teve oportunidade de chegar ao ensino superior, cumpriu destacado papel na implantação da política de cotas na Universidade Estadual de Londrina. Não por acaso, quase seis anos após seu assassinato, a memória e o legado da Yá Mukumby seguem sendo reverenciados. Suas lutas continuam sendo travadas pelos filhos e filhas de santo que entregaram seus Oris (cabeças) em suas mãos.

Preconceito

“Acho que fiz minha parte, sim. Fui ousada ao encarar o preconceito de frente. Sou macumbeira porque macumba é um ritmo que se dança aos orixás”, era uma espécie de mantra para a sacerdotisa afro-brasileira nascida em Jacarezinho, Norte

Dia 04 de maio Vila Cultural Cemitério de Automóveis 18 horas - DJ. Jo Moreno e sua playlist recheada de música preta. 18h30 - Momento Erê. Contação de história para crianças. 19 horas - Roda de Capoeira do CECA Londrina (Centro Esportivo de Capoeira Angola). 19h40 - abertura oficial do evento. Apresentação de vídeo em homenagem à Dona Vilma - Yá Mukumbi. Em seguida, microfone aberto. 20h30 - Show com Tião Carvalho. 21h15 - Microfone aberto e reapresentação do vídeo sobre Dona Vilma - Yá Mukumby. 21h30 - Segundo tempo do Show com Tião Carvalho. 22h15 - Encerramento. Promoção: Coletivo “Luiza Mahin”

Tião Carvalho é pura poesia

Maranhense radicado em São Paulo-SP há décadas, Tião Carvalho é sinônimo de ritmo e tradição cultural afro-brasileira. Amigo de tomar café na cozinha da Yá, ele faz uma especialíssima participação no Sarau das Pretas – Yá Mukumby vive!

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POESIA IN CONCERT

CERTIDÃO DE NASCIMENTO

O primeiro Poesia in Concert aconteceu em 1992, no Valentino. O show depois também ganhou o nome Palavra Cantada é Palavra Voando: Jam Poetry. Três poetas londrinenses, Mário Bortolotto, Maurício Arruda Mendonça e eu, com afinidades eletivas em comum, mas estilos bem diferentes, mais Silvio Demétrio nos violões de aço e nylon (Maurício e eu também nos revezávamos no violão). Foi uma noite mágica. O Valentino lotou e muita gente ficou pra fora. Então fomos obrigados a fazer uma segunda noite, que também foi um sucesso. Depois repetimos a dose em Londrina e em Curitiba. O público vibrava com os po-

emas, respondia no ato ao que líamos. O repertório era mais ou menos este: poemas nossos e de autores como Marcial, Ezra Pound, Cruz e Sousa, Rimbaud, Lawrence Ferlinghetti, Charles Bukowski, e. e. cummings, Paulo Leminski, Allen Ginsberg, entre outros. O recital de 92 tinha até um libretto, feito pelo Tony Hara. Todos ainda moravam em Londrina, então foi bem fácil organizar e ensaiar. Foi um encontro feliz de quatro caras que acreditavam que o poema é potencializado e ganha novas dimensões quando falado e levado ao palco. Uma celebração da vida e da poesia. Rodrigo Garcia Lopes

Poesia in Concert:

30 ANOS Poesia e música têm encontro marcado na “Concha Acústica”. Celebração das três décadas de namoro da poesia pé vermelho com a música.

Na antiguidade pré-civilização, poesia e música eram artes entrelaçadas. O poeta, lira à mão, tirava acordes e soltava os versos no ar. Depois, cada qual seguiu seu caminho. No caminhar, não raro se esbarram. Recordam a origem comum. Dão-se as mãos, matam as saudades e se separam.

ENTIDADE PERDIDA

E assim chegamos ao século XX, tempo em que os mortos e feridos nas guerras passaram a ser contados aos milhões. Foram 10 milhões de mortos e 20 milhões de feridos na “Grande Guerra” – 1914-1918. Como houve uma segunda, foi rebatizada Primeira Guerra Mundial. Ah, teve também a morte de milhões de civis, em geral, pela fome. Algo entre 5 e 10 milhões de vidas perdidas. No bis, isto é, Segunda Guerra Mundial,

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MAURÍCIO ARRUDA MENDONÇA

RODRIGO GARCIA LOPES


nocultura cafeeira. E faz história. Corre mundo. Familiariza-se com grandes nomes do cenário artístico brasileiro e mundial.

SÍLVIO DEMÉTRIO

MÁRIO BORTOLOTTO

foram 15 milhões de soldados e 45 milhões de civis, mortos. E restou um arsenal atômico capaz de destruir o planeta.

Beat

Este era o mundinho que tinham por aqueles dias, final dos anos 1950, escritores, poetas, músicos, fotógrafos, pintores, bailarinos, cineastas... Nessas horas, ufa!, aparecem “os que são peças redondas nos buracos quadrados”. Beat generation. Geração beat. Contracultura. Ferlinghetti, Ginsberg, Kerouac, Burroughs, Snyder, Corso, Cassady… Um caminhar no sentido contrário do american way of life. Poesia pé na estrada. Palavra falada, cantada, que ecoa pelo planeta afora. Paz e amor. Faça amor, não faça a guerra. Titio Timothy Leary distribui o ácido lisérgico. Expandir a consciência é vital. Psicodelismo. Até que o John Lennon anunciou: “So, dream another dream. This dream is over (Ooo-ooo-ooo)”.

Monocultura

Fruto do encontro de dezenas de etnias, raças, culturas e histórias milenares, Londrina, escora-se na mo-

Até que uma madrugada gelada incinera o sonho do ouro verde. Expulso do campo, o trabalhador rural vem pra periferia da cidade. Vira bóia-fria. Seu filho adolescente perambula pela urbe, descobre a biblioteca. Conhece os malucos.

JULHA

Faz poesia, música, teatro, cinema... E vai pra praça abrir o peito e soltar a voz. Encher o ar da agora Metrópole do Norte do Paraná de poesia. Um uivo, feito Ginsberg. Ao fundo, uma guitarra rasga um blues de tocar fundo na alma...

Poetas

Mário Bortolotto, Rodrigo Garcia Lopes, Sílvio Demério... Gente que sua a camisa e o cérebro na afinação da lira e no versejar. Poetizar improváveis possíveis existências. Dar o recado e curtir um blues olhando a lua e as estrelas. Três décadas depois da estreia, apesar de alguns cabelos brancos, Poesia In Concert mantém o mesmo vigor das primeiras performances. Continua em sintonia com o seu tempo e ciente da necessidade de dar uns berros de vez em quando.

Disco

A noite será, também, da nova geração. Nas pickups estará a DJ JULHA, aliás, Julia Pereira Aka. Musicista há 15 anos, JULHA retomou a discotecagem em 2016 com um repertório atualmente centrado no velho e bom blues e o jazz. Yeah!

Debate Poesia e Música: intersecções artísticas de identidade e diversidade com os autores e autógrafos:

Poetas e escritores, “figuras carimbadas” da escrita de Londrina, Augusto Silva, Mário Bortolotto e Rodrigo Garcia Lopes terão um corpo a corpo, alma a alma, com os leitores londrinenses. Augusto Silva, atualmente residente de Umuarama, volta a Londrina pra autografar e papear sobre “Canções que não chegaram a tempo.” Mário Bortolotto, que trocou o Jardim do Sol, Zona Oeste de Londrina, pela megalópole São Paulo-SP, conversa e autografa “O pior lugar que eu conheço é dentro da minha cabeça.” Rodrigo Garcia Lopes, deixa o Oceano Atlântico que banha Florianópolis-SC, onde reside, e vem autografar “Roteiro Literário – Paulo Leminski.” MESOESFERA - LEANDRO BENEVIDES

Dia: 6 de maio, às 19h30 Local: Vila Cultural Cemitério de Automóveis.

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ASSALTO que encanta suas vítimas

“Oh, bendito o que semeia livros, livros à mancheia”, verso de Castro Alves no poema “O Livro e a América”, é conhecido até por quem diz nada saber de poesia. Este é o objetivo do Assalto Literário. Roubar alguns segundos das pessoas e distribuir livros... À mancheia... Num país onde se vende a ideia da insegurança, dia e noite, noite e dia, principalmente através dos programas policiais, ao ouvir a voz de assalto, não há quem fique indiferente. O susto inicial, porém, logo se transforma em atenção. Enlevo. Absorção. Encantamento com a audição de leituras e declamações. Tem sido assim, nas centenas de Assaltos Literários perpetrados por aficionados pela leitura de poesia, prosa poética, romance, crônica, conto, jornal, revista, bula de remédio, fórmula química do desinfetante de banheiro... O melhor de tudo, porém, é a avidez com que os ouvintes recebem os livros distribuídos. E não importa a área da cidade onde o Assalto é realizado. O resultado é o mesmo no formigueiro humano do terminal urbano central, no aeroporto, na rodoviária, na “calçadão”, na feira-livre, bar ou praça da cidade, aglomerado urbano visto pelo poeta francês Charles Baudelaire (1821-1867) como “prisão, hospital, lupanar, Inferno, purgatório.”

Em Hamelin

Nas andanças literárias, surpresas boas acontecem. Como no dia em que os assaltantes foram até a Zona Norte de Londrina, no Conjunto Habitacional Vista Bela, uma espécie de “Cidade de Deus” pé vermelho.

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O repertório selecionado era de poesia voltada ao público adulto, mas, lá chegando, perceberam que havia mais crianças. Rapidamente, livros infantis substituíram os adultos. E começou o Assalto. E a empatia manifestou-se. Meninos e meninas, pés descalços, além de ficarem atentos às histórias, exibiam felizes os livros que ganhavam. E seguiam o tambor que marcava a movimentação dos assaltantes literários. Pareciam as crianças do conto reescrito pelos Irmãos Grimm – “O Flautista de Hamelin”. Neste, as crianças seguiram o artista que livrara a cidade do flagelo dos ratos, encantados pelo som da flauta do músico, que não recebera o prometido pelos governantes. No conto, as crianças foram presas numa caverna.

Liberdade

Não se sabe qual será o futuro daquelas crianças, pois isto depende uma série de fatores, a maioria deles alheios à nossa vontade. No entanto, a alegria estampada com o livro debaixo do braço, faz os assaltantes devanearem um futuro de liberdade. Liberdade de viver e crescer, física e espiritualmente, de braços dados com a leitura.


A IDOSIDADE tratada com carinho Não faz muito tempo, o idoso era visto e tratado como inservível. Ainda bem que este tempo se esvai. Agora, através dos Encantamentos Poéticos, os cabelos brancos ancestrais lubrificam a memória e contam suas histórias, escrevem, versejam, cantam...

tempo que, submissa ao patriarcado, viveu em função do marido e dos filhos. Do trabalho. Da dupla, tripla jornada diária feminina.

Mens sana

A indústria farmacêutica, sempre ciosa com os interesses de seus acionistas, através das redes de farmácias, costuma oferecer atividades físicas aos idosos. O que é muito bom. Pro cliente e, principalmente pros fabricantes de medicamentos. Os idosos vivem mais e seguem tomando remédios, de uso contínuo, de preferência. E se vivem mais, pois que vivam, então, de forma prazerosa nossos idosos. Foi pensando mais ou menos por aí, que a professora de Língua Portuguesa e Literatura, Christine Vianna, também atriz, agitadora cultural e apaixonada pela palavra, sobretudo pela linguagem em suas infinitas possibilidades, devaneou os Encantamentos Poéticos. Estimulando a memória e a oralidade, sobretudo na periferia de Londrina, homens e mulheres, gente trabalhadora, simples e honesta, descobre neste contar e recontar, a riqueza da vida que viveram e da que ainda têm pela frente. Da importância de compartilhar a experiência acumulada ao longo de décadas.

Carinho

Na Unati (Universidade Aberta à Terceira Idade), da Universidade Estadual de Londrina, o primeiro texto compartilhado foi da Lya Luft, conto do livro “Perdas e Ganhos”. Ele contava a história de uma tia da autora que, de tão viciada em cirurgias plásticas, tornou-se irreconhecível em seu leito de morte. Parecia outra pessoa. Num primeiro momento, as “alunas”, uma meia-dúzia de mulheres com idades variando dos cinqüenta e tantos aos sessenta e poucos, torceram o nariz. Mórbido. Triste. Depois, ao perceberem que se tratava de uma reflexão sobre a recusa em aceitar o natural, inevitável, inadiável envelhecimento, a prosa tomou outro rumo. A mais calada de todas, desandou a falar. Tinha muito a dizer. Contar e recontar sobre o mais de meio século de andanças e vivências pelo montículo de poeira estelar Terra, nosso endereço no Universo. Do

Neste tempo pautado pela intolerância, sobretudo pelo descaso com a humana vida, os Encantamentos Poéticos simbolizam o agradecimento que todos devemos aos que nos criaram. Educaram. Os corpos alquebrados pela vida dura, através da poesia, do carinho que recebem, tornam-se altivos. Alegres por viver.

Encantamentos Poéticos

De agosto a dezembro de 2018 – No Centro de Convivência da Pessoa Idosa (Zona Leste e Oeste) Coordenação: Áurea Palhano, Leandro Benevides, Samantha Abreu. De fevereiro a abril de 2019 - No Centro de Convivência da Pessoa Idosa (Zona Leste, Oeste e Zona Norte) Coordenação: Luiz Eduardo Pires. Áurea Palhano e Christine Vianna (coordenação geral)

Dia 07 de maio , às 16h30 Resultado da Oficina Encantamentos Poéticos Local: Museu Histórico

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Passeio pelo mundo da IMAGINAÇÃO Se é de pequenino que se torce o pepino, é de criança que se toma gosto pelos livros e a leitura. Esta é a ideia do Sarauzinho. Poesia, histórias e estórias, palhaçada... Risos escancarados, olhos brilhantes... O abrir da porta do mundo da imaginação. Se houvesse um campeonato mundial de leitura, na tabela o Brasil ficaria distante dos países que disputam o título. Pior: seria candidato ao rebaixamento. Duvida? Dados recentes informam que os franceses, esses tarados por leitura, leem 21 livros por ano, enquanto no Brasil este número cai, vertiginosamente, para 2,43 títulos. Mantido o ritmo atual, o país levará 260 anos, isto mesmo, mais de dois séculos e meio, pra atingir o índice de leitura dos países desenvolvidos. Por isso, o desejo de conquistar corações e mentes pro mundo da leitura, energiza os idealizadores e realizadores do Sarauzinho – contadores de histórias, leitores, declamadores, palhaços... A Thatyca Thatê, por exemplo, garante que não há de se esquecer da primeira vez que participou do Sarauzinho. Uma menina “DOWN”, quatro, cinco, seis anos, agarrou-se às pernas da leitora e ali ficou até o final da apresentação. E riu o tempo inteiro. De repente, sentiu-se acolhida, protegida. Amada...

Vaivém

Num primeiro momento, os encontros ocorriam nas escolas. Depois, até pra que as crianças conheçam uma vila cultural, passeiem pela cidade e ativem os infantis neurônios em ebulição, o Sarauzinho saiu da sala de aula e, de lá pra cá, tem enchido de vida o barracão metamorfoseado na Vila Cultural Cemitério de Automóveis. O palhaço “Mequetrefe”, criação do ator Gustavo

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Bertin, tem agitado as matinadas e as vesperais das crianças estudantes do Ensino Fundamental. Antes o provocador do riso frouxo foi o palhaço, “Carabina”, leia-se, Sérgio Melo, discípulo de “Picolino”, imortal criação do artista circense Ricardo Queirolo, um legítimo saltimbanco. Crianças que agora estão no Ensino Médio, ou cursando uma faculdade, e que tiveram contato com “Morgana”, contadora de histórias que habita a memória de muitos londrinenses. Viajaram em outras dimensões com a “Nega do Leite”, persona criada pela atriz Edna Aguiar. Conheceram Monteiro Lobato, Ziraldo, Ruth Rocha, Câmara Cascudo...

Passarinho

Como na fábula do passarinho que ia ao rio e voltava com uma gota no bico, pra despejá-la, na volta, no incêndio que consumia a floresta. Os realizadores do Sarauzinho no velho Pindorama, Terra dos Papagaios, Brasil... apenas fazem o que lhes cabe...


Um DEDO DE PROSA com a juventude Projeto leva escritores às escolas do Ensino Médio. Bate-papo visa clarear o caminho da escrita, trilha a ser seguida pelos vestibulandos pra irem de encontro à temida redação do vestibular

Adolescência. Hormônios em ebulição, cabeça a mil. Você precisa escolher uma profissão, sentencia o pai. Você podia arrumar uma namorada, suspira a mãe. Enfim, todo humano ser que foi adolescente um dia sabe como é. Por isso, promover o diálogo de escritores com essa molecada é um projeto muito prazeroso. Um dia ou outro, principalmente se for pela manhã, a tradicional turma dos fundos faz o que faz a turma dos fundos. Difícil, em tal idade, verbalizar sentimentos em público. Paixões. Como a paixão pela leitura e a escrita. Depois, quando o bate-papo coletivo se dissolve, ainda que timidamente, aparecem os poetas. Meninas e meninos que apreciam a literatura em suas mais variadas formas. Adolescentes a concluir o Ensino Médio. Jovens que devaneiam cursar uma faculdade. Outros que preferem um curso profissionalizante. Alguns que ainda aprendem a profissão pelas mãos dos pais pedreiros, mecânicos, eletricistas, serralheiros, agricultores...

Livros

Sempre, sempre e mais, livros, livros, livros pros estudantes e pras bibliotecas das escolas. E lá vai o cardioescritor Marco Antonio Fabiani, também proponente do projeto “Um Dedo de Prosa nas Escolas”, proseando como é de praxe na sua Ribeirão Claro, Norte Pioneiro do Paraná. Encontro de gente que escreve com gente que precisa escrever. Estudantes em vias de prestar vesti-

bular e o poetagricultor Vinicius Lima, que trocou o caos urbano pelo bucolismo rural. Samantha Abreu, mestranda em literatura e sua escrita bem humorada sobre a mulher no terceiro milênio da era Cristã. Herman Schmitz, curitibano naturalizado londrinense, também mestrando em literatura, e sua paixão pela ficção científica. Na Vila Iara, Zona Leste de Londrina, o criador de “Jabutis de Literatura”, Domingos Pellegrini, dança twist pra explicar a importância da comunicação. E o jornalista investigativo José Maschio resgata a ditadura militar-empresarial.

Redação

Destinado aos estudantes do terceiro ano do Ensino Médio, jovens em idade de prestar vestibular, a redação é o pano de fundo da prosa. E elas têm sido produtivas. Até aqui, mais de uma dezena de escritores e milhares de livros distribuídos. Na cidade e no campo. Em Londrina e outras cidades do Paraná e de Santa Catarina. Não por acaso o projeto levou o Prêmio Circulação Literária – Circuito de Escritores/MINC 2015

Um dedo de prosa nas Escolas dos Distritos de Londrina

Com Aldo Moraes, Camila Mossi, Elizabeth Ghisleni, Fernando Gimenez, Gustavo Rugila, Mário Bortolotto, Moacyr Eurípedes Medri

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VÍDEO POEMA

Oficina forma VÍDEO POETAS

Desde a lira greco-romana até hoje, a poesia experiencia, vivencia múltiplas formas de versejar e levar o fazer poético ao público. O vídeo poema, uma possibilidade contemporânea, por ser uma linguagem nova, demanda formação. Marcia Oliveira, 50 e poucos anos, funcionária pública, atriz, mãe e avó, participou da Oficina de Vídeo Poema comandada pela cineasta Fran Camilo, de 8 a 11 deste outonal abril londrinense, das 08 às 18 horas. Segundo ela, “foi muito legal esta oportunidade de perceber como é possível fazer um vídeo poema”. Na opinião da oficinanda, “todo mundo devia aproveitar a oportunidade que o Festival Literário oferece, pois foram momentos muito agradáveis”. Por ser a primeira experiência, a Oficina será debatida, avaliada, analisada, com o objetivo de aprimorar a ideia e descobrir novos caminhos a serem trilhados pelo vídeo poema.

Teoria e prática em cena Durante quatro dias, 20 interessados em explorar novas tecnologias, novas linguagens, como casar poema e vídeo, se encontraram na Vila Cultural Cemitério de Automóveis para discussões teóricas e abordagens práticas e criativas. Após oito anos de sucesso de público e de crítica, a Mostra Vídeo Poema busca, agora, dar um salto de qualidade nas criações. Pra isto acontecer, é preciso oferecer formação. Como a Oficina aplicada pela cineasta Fran Camilo, que atraiu o interesse de duas dezenas de vídeo poetas de idades variadas e formações idem.

Sarauzinho

Foram três dias de muita atividade. De discussões teóricas sobre a estética desta modalidade contemporânea. De familiarização com os equipamentos e as possibilidades de utilização dos mesmos. Assim, a tendência é que a Oficina, pelo interesse demonstrado pelos oficinandos, se repita por muitos e muitos anos.

Palhaçadas e contação de história pra turbinar a imaginação das crianças do Ensino Fundamental e provocar o riso. Muito riso. Em ação o palhaço Mequetrefe e a contadora de histórias Gilza Santos. Dia: 10 de maio, às 10 horas Local: Museu Histórico

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INFORMAÇÃO COM ARTE

O Jornalismo Literário

Desde a criação da escrita cuneiforme pelos Sumérios, cerca de 4 mil anos a.C., na Mesopotâmia, até o tempo presente, muito se tem escrito. O jeito é que muda, mas o escrever é sempre o mesmo. Em sua 15ª edição, o “Festival Literário de Londrina – Londrix”, oferece uma “Oficina de texto sobre jornalismo literário”. Serão três dias de teoria e prática a cargo do jornalista investigativo e escritor José Maschio – autor de “ Crônica de uma grande farsa”, em parceira com o também jornalista Luiz Taques, e “Tempos de cigarro sem filtro”. Segundo o oficineiro, “a idéia é despertar o interesse pela escrita literária no jornalismo.” Maschio defende que, “sim, é possível fazer jornalismo literário sem deixar de informar o leitor”. No primeiro dia os oficinandos lêem e analisam o conto reportagem “Os anos loucos de Londrina”, que o jornalista e escritor João Antonio reportou durante os três meses que residiu e trabalhou na então “Capital Mundial do Café”, em 1975, no “Jornal Panorama.”

Andança

No segundo dia, os oficinandos circulam pelo centro de Londrina, observam o movimento, conversam

com os londrinenses e produzem um texto coletivo sobre as mudanças no comportamento social dos freqüentadores, em relação ao período em que o autor escreveu o texto lido e analisado. Durante as conversas, outros autores marcarão presença. É o caso do jornalista e escritor estadunidense John Reed (“México Insurgente”, “Os dez dias que abalaram o mundo”, entre outros).

Percepção

Segundo Maschio, “pra quem não é jornalista, a oficina propicia a percepção de que escrever não é nenhum bicho de sete cabeças, talvez de seis..., mas que sempre é possível unir realidade e ficção, sobretudo na América Latina, onde tudo se confunde.” Local: Museu Histórico Dias: 06, 07 e 08 de maio, das 14 às 16 horas Interessados devem enviar e-mail para producaolondrix2019@gmail.com

Como viver de literatura em Londrina? A questão será debatida pelos escritores Felipe Melhado, Felipe Pauluk e Renato Forin Jr. Será que eles conseguirão respondê-la? Felipe Pauluk é um curitibano residente em Londrina. Jogou na loteria da vida e, numa quina, tirou o menor prêmio - a literatura. O primeiro: “Meu Tempo de Carne e Osso”/2011. Depois vieram “Hit The Road, Jack”/2012, e “Town”/2015. “Comida di butequim” e “Tórax de São Sebastião”, de poemas, são de 2016. Em 2017, lançou “Manual Prático de Perna Mecânica para Cantores”. Pauluk também é roteirista. Felipe Melhado é jornalista, mestre em História pela UEL e editor na Grafatório Edições, onde organizou livros de Paulo Leminski, Rogério Sganzerla, Paulo Menten e Arrigo Barnabé. Traduziu, com Gabriel Daher, poemas do jamaicano Claude McKay, para o

livro “Porque Eu Odeio”. Trabalhou para a Leya, FTD, Abril, entre outras. Co-organizou a coleção Doc. Londrina./Kan Editora. Renato Forin Jr. é doutor em Letras pela UEL, jornalista, ator e diretor. Em 2016, lançou o livro-CD “Samba de uma noite de verão”, vencedor do 59º Prêmio “Jabuti”. Sua peça “OVO” recebeu o Prêmio Literário 2017, da Fundação Cultural do Pará. Escreveu o catálogo “Ballet de Londrina – 20 anos de arte”, 2013, além de compor a dramaturgia do espetáculo comemorativo de 25 anos da companhia, em 2018. Dia: 06 de maio, às 16 horas Local: UEL, sala 126, CLCH (Centro de Letras e Ciências Humanas)

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LINGUAGENS

Londrix é CINEMA E TEATRO Explorar, difundir e debater a escrita, a palavra, as infinitas linguagens, faz parte, desde sempre, do cardápio anual servido pelo Festival Literário de Londrina. Em sua 15ª edição, o Festival Literário de Londrina mantém a tradição de expor ao público várias possibilidades de ler e interpretar o mundo em que vivemos. O cinema fica por conta do estudioso cineasta Luiz Henrique Mioto. O teatro entra em cena com o grupo “À Deriva” revisitando “A Incrível e Triste História De Cândida Erêndira e Sua Avó Desalmada”, leia-se: Gabriel Garcia Marquez. Historiador, mestre e doutorando em Educação, cineasta e agente cultural, desde 2009 Mioto coordena cursos introdutórios da linguagem cinematográfica e de criação no mundo do cinema. O público alvo são as crianças, os jovens e os adultos de várias cidades. Ele também coordena projetos culturais que mesclam o estudo do “cinema” e a “memória” como inspiração reflexiva e sensibilizadora. Há seis anos convivendo com os Kaingangs da Reserva Indígena do Apucaraninha, cerca de 50 km ao Sul de Londrina, Mioto desenvolve um trabalho com a comunidade, que tem como foco a organização de acervo e espaço de memória dos Kaingangs, além de oferecer a formação audiovisual. Pra esta edição do Londrix, Mioto programou três curta-metragens, cujos títulos podem ser conferidos abaixo.

Teatro

O grupo “À Deriva” é fruto de um trabalho da disciplina de Montagem Teatral, do quarto ano do curso de Artes Cênicas da Universidade Estadual de Londrina (UEL). O elenco foi formado sob a orientação da atriz e professora Ceres Vittori. A leitura de Marquez resultou na montagem “O mar do tempo perdido.” Como explica o programa da peça, viviam longe de tudo e sob a influência do mar, que, há tempos, exalava um humor insuportável. Naquele ano, porém, o mar se fez liso e fosforescente, e nas primeiras noites de

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março exalou uma fragrância de rosas recebida como um sinal divino. Mas para fins de janeiro, o mar foi se tornando áspero novamente... Não sentiram o mau presságio daquele que seria o vento de sua desgraça...

Exibição comentada de curtas-metragens por Luiz Henrique Mioto:

“Kanhgág kãsir ag egkrénh – Meninos kaingangs caçando”, direção de Silas Nivyg Pereira, 2018. Um tio leva os sobrinhos pra caçar tatu na floresta. Eles usam a armadilha, passam a noite caçando e levam o tatu pra ave cozinhar. “Kré hyg hán – Fazendo balaio”, direção de Rosana Nirygtánh, 2018. Registro sobre a cestaria Kaingang. A coleta da taquara, o secar, o destalar, a pintura, o trançado e a saída pra vender o balaio. “Gïr Ag Ka Nhinhir – Crianças brincando”, direção Jaqueline Kómog Marcolino, 2018. Dia: 07 de maio, às 14h30 Local: Museu Histórico

Teatro

“O mar do tempo perdido”, direção de Ceres Vittori. Elenco: Bruno Prado, Guilherme Gomes, Maria Clara Villela, Mariana Chinchilla Resende e Nathan Stuchi. Dia: 07 de maio, às 15h30 Local: Museu Histórico

Sarauzinho

das 15 às 16 horas, no Museu Histórico, Cauê Taiguara e Gilza Santos contam histórias e fazem a alegria das crianças. Erês. Curumins. Kids...


FILO

NITIS JACON comemorada Recolhida à sua casa por problemas de saúde, a grande dama do teatro do Norte do Paraná, será recordada por quem teve o privilégio de com ela conviver. O pop filósofo pé vermelho, Mário Sérgio Cortella, diz que comemorar quer dizer lembrar junto. Memorar com. É isto que vai acontecer no 15º Festival Literário de Londrina – Londrix. Vamos lembrar com o coração, recordar, o legado da mulher de teatro Nitis Jacon.

carrega o caixãozinho do bebê morto pela Luftwafe, “Guernica”, estará na mesa formada pra comemorar Nitis Jacon. Juntam-se a ela o diretor do Filo, Luiz Bertipaglia, a atriz Maria Fernanda Coelho e a pesquisadora Sonia Pascolati. Eles se encontrarão onde antes pessoas embarcavam e desembarcavam em Londrina. Na antiga gare da estação ferroviária, atual Museu Histórico. O passeio promete, afinal, não é todo dia que se pode viajar pelo fazer teatral de Londrina, a Metrópole do Norte do Paraná que um dia foi Patrimônio Três Bocas, Distrito de Jataizinho. Que cresceu vertiginosa e desordenadamente. Que arregalou olhos pelo mundo afora.

Réquiem

Esta mulher criou e dirigiu o Proteu (Projeto de Teatro Experimental Universitário), grupo que ganhou Londrina, a Região, o Estado, o País e, já que estava na estrada, aproveitou o embalo e foi teatrar pela América Latina e a Europa. Na jornada diária, dois hospitais - Arapongas e Rolândia, um grupo de teatro com multidões de “Ben-Hur” em cena, articulações com o movimento teatral do Brasil, das Américas, do Mundo, a censura e ainda com tempo pra (re)criar o Filo – Festival Internacional de Londrina.

Plataforma

Estas e outras histórias, notícias da vida da médica psiquiatra que convivia com loucos. No hospital e no teatro. Literal e cenicamente. Elza Correa, mãe que

Não estava nos planos, mas é assim mesmo. Nem sempre o encenado é exatamente o ensaiado. O Ator Remir Trawtwein, que ensaiava o espetáculo “Tango”, comemorativo dos 40 anos do Proteu, sofreu um enfarte fulminante e saiu de cena aos 58 anos de vida dedicada às artes – teatral e gastronômica. A ele nossos aplausos! Dia: 07 de maio, às 20h Londrix chama Filo Elza Correia, Luiz Bertipaglia, Maria Fernanda Vaz Pinto Coelho e Sonia Pascolati Local: Museu Histórico

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PLATAFORMA

Lançamentos e autógrafos no outono de Londrix O suspiro inicial da literatura londrinense, em 1959, causou rebuliço. “Escândalos da Província”, primeiro romance dos jovens, Londrina e o Jornalista Edson Maschio, ambos aos 25 anos, contava histórias cabeludas que o leitor associava a personalidades locais. Reeditado em 2011, apesar dos 42 anos de vida, o livro foi debatido e absorvido pela nova geração de leitores londrinenses. Por ter aberto a picada da literatura na então Capital Mundial do Café, cidade onde se acendia o charuto com nota de cem no prostíbulo, “Escândalos da Província” é referência para estudo, pesquisa e debate da escrita de Londrina.

Por isso, o Festival Literário de Londrina – Londrix cumpre este papel de plataforma de lançamentos. De novos e de consagrados autores. Publicar, divulgar e incentivar a escrita londrinense é um dos objetivos do Festival. Como sempre ocorre, em sua 16ª edição, o Londrix promove uma série de lançamentos que você confere nestas páginas.

O também jornalista e escritor Domingos Pellegrini virou destaque nacional com dois Jabutis – Conto e Romance. Ademir Assunção não é daqui, mas pisou no pó e no barro da terra vermelha, também tem um Jabuti - Poesia. Renato Fiorin, nos presenteou com outro Jabuti, Mário Bortolotto e Maurício Arruda Mendonça carregam vários “Shell”; Edra Moraes, Prêmio Biblioteca Nacional e por aí vai. Aqui se escreve, muito e bem.

“Estrangeiros”

Provocar encontros, também está na receita do Festival. Assim, escritores de Londrina e região, têm oportunidade de trocar figurinhas com autores de outros cantos do Brasil e de outros países. Parafraseando Vinícius de Moraes em “Samba da benção”, “a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro na vida”.

6 DE MAIO

UEL/CLCH/sala 126 16 horas “Manual Prático de Perna Mecânica Para Cantores”, de Felipe Pauluk. Um livreto de poesias onde o lirismo e o caos urbanos concretam os sentimentos do emissor. Revolta e paixão levantam as estruturas dos leitores deste livro. Contando com poemas ácidos e catárticos, o livro é um passear no parque enquanto o mundo acaba.

“Samba de uma noite de verão”, de Renato Forin Jr. Uma metáfora da formação do Brasil a partir de suas misturas étnicas, religiosas e culturais. Ora com lirismo, ora com ironia, o livro-CD atravessa temas como a exploração da pobreza, a demagogia dos líderes, os amores tropicais e a relação da sociedade com os artistas.

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Felipe Melhado, Felipe Pauluk, Renato Forin Jr., Augusto Silva, Mário Bortolotto, Rodrigo Garcia Lopes


Vila Cultural Cemitério de Automóveis 19h30min “Canções que não chegaram a tempo”, de Augusto Silva. Mais recente livro de poemas do umuaramanese, conhecido pela intensidade e genialidade da sua obra. Terceiro livro de poesias, após um hiato de alguns anos. “Escrevo poemas, não livros de poemas, então demora pra rolar um novo livro”, diz Augusto, um professor encantado pela literatura.

“O pior lugar que eu conheço é dentro da minha cabeça”, de Mario Bortolotto. Desta vez o autor encara sem medo seu universo pessoal, para dele arrancar um conjunto de poemas que soam como preces de um ateu que ainda acredita no sagrado que habita o seu inferno particular. Transformado em poesia, esse inferno agora é nosso.

“Roteiro literário – Paulo Leminski”, de Rodrigo Garcia Lopes. A obra é composta por um ensaio, dividido em três partes, na qual Lopes analisa a trajetória pessoal e artística de Leminski (1944-1989), curitibano que se dedicou à tradução, prosa literária, ensaio, canção popular e à poesia. O livro é ilustrado com fotos de Eduardo Macarios e Dico Kremer.

ser humano com suas contradições decorrentes de normais sociais, de pudores e comodismos.

“A mulher que contou minha história”, de Flávia Quintanilha. Coleção de poemas dos últimos 10 anos da poeta, também marca a comemoração de 50 anos da autora. Através dessa obra apresenta poemas sobre a existência, a filosofia, o amor e a identidade numa pintura poética que tem a ataraxia como seu pincel.

“Fubá com sagu”, de Gustavo Rugila. Uma obra inusitada. Um livro de amor escrito por um engenheiro. Com uma linguagem suave e emocional, o jovem escritor tem um talento especial para registrar emoções. Seus contos e poesias dão a impressão de uma conversa acolhedora entre amigos

19 horas “Sambas escritos” e “Invocação ancestral de mulheres negras”, de Carmen Faustino. Formada por quatro volumes, a “Coleção Sambas Escritos” nasce do desejo de conectar histórias, falas, corpos, palavras e saberes de autoras e autores que têm no samba seu espaço de existência, afeto, pesquisa, território e memória.

Camila Mossi e Flávia Quintanilha

8 DE MAIO

Museu Histórico 18 horas “Agora sapiens”, de Camila Mossi de Quadros. Os textos centram o ser humano e suas questões existenciais como cerne das temáticas da obra, falam de amor, guerras, utopias e distopias. São crônicas que também captam o cômico e o trágico do

Carmem Faustino, Lívia Natália, Juliana Barbosa, Lau Patron

“Nelson Sargento e as redes criativas do Samba”, de Juliana Barbosa. O livro destaca o samba como cultura resultante da diáspora africana, mas vista na dinâmica da vida urbana brasileira: suas relações com a população dos morros, com o carnaval, com a vida dos botecos e sua participação e resistência criativa frente à indústria cultural.

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“Água negra e outras águas”, de Lívia Natália.

“Um bourbon para Faulkner”, de Marco Fabiani.

Com um domínio impressionante da linguagem e construção de metáforas insólitas, mas sem hermetismo, ela nos oferece, neste livro, um conjunto de poemas que constroem uma ponte de palavras entre esses dois mundos que nos constituem.

A partir de um fato verídico, ou seja, a vinda de William Faulkner ao Brasil, em agosto de 1954, Fabiani ficciona a estada do Prêmio Nobel por aqui e imagina-o enclausurado no hotel, bebendo e conversando com o barman, um descendente do chamado “Sul profundo”, dos EUA.

20 horas “71 leões”, de Lau Patrón. Diário dos 71 dias que Lau morou no hospital, ao lado do filho em coma na UTI, entre a vida e a morte. Udimensão real das pessoas, das emoções fluidas, da não existência de heróis. Do amor, como fonte de escolhas. De não matar um leão por dia, mas recebê-lo com reverência, um a mais na alcateia. Para avançar. Para ir avante.

“E se eu não existisse”, de Mayara Villardi. Aos 12 anos, a vida de Gustavo estava muito complicada: problemas na escola, conflitos familiares, uma imensa crise existencial... Desesperado, ele pede a Deus pra deixar de existir. Seu desejo foi concedido? E se ele nunca tivesse existido? Caminhe com Gu na maior descoberta de sua vida.

20 horas “Um Dedo de Prosa”, coletânea de textos de autores que participam do projeto.

Fernando Fiorin, Isabela Nicastro, Marco Fabiani

Autores: Alex Guergolet, Célia Musilli, Christine Vianna, Edra Moraes, Eduardo Baccarin Costa, Ernesto Ferreira de Oliveira, Fabio Giorgio, Fernando Gimenez, Herman Schmitz, José Antonio Pedriali, José Maschio, Marco Fabiani, Mário Bortolotto, Maurício Arruda Mendonça, Nelson Capucho, Samantha Abreu e Silza Maria Pasello Valente.

9 DE MAIO 19 horas

“Manhãs descafeinadas”, de Fernando Fiorin. Flávio, professor universitário idealista de posições fortes e marcantes, em constante luta contra o conservadorismo e o pensamento reacionário das pessoas à sua volta - colegas de profissão ou amigos mais próximos -, vivendo em uma Londrina diurna, tomada por universitários e acadêmicos que lutam por um espaço para viver e ser feliz

“Sem travas na língua - o coração grita, a razão traduz”, de Isabela Nicastro. Crônicas sobre situações da vida cotidiana, relacionamentos e comportamento, originalmente publicadas num blog e depois coletadas em livro. Leitura que envolve e remete a experiências que, com certeza, o(a) leitor(a) vivenciou em algum momento da vida.

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Rafael Silvaro, José Maschio, Eduardo Baccarin Costa,

10 DE MAIO 15 horas

“Flores de alvenaria”, de Sérgio Vaz. Poeta e morador da periferia, Sérgio Vaz sabe, como poucos, transmitir a alma das ruas. Neste livro ele nos lança nas calçadas do subúrbio e descortina um universo muitas vezes invisível, ora em verso, ora em prosa, sobre os mais variados temas: educação, negritude, liberdade, sexo, empatia.


19 horas “Concreticidades”, coletânea de contos organizados por Victor Hugo Barbosa e editados por Rafael Silvaro.

após décadas na estrada, resgata memórias desde os tempos de menino e refaz os caminhos trilhados durante a ditadura militar-empresarial que usurpou a democracia brasileira entre 1964 e 1985.

Autores: Abílio Junior, Alessandra Navarro, Amanda Damasio, André Simões, Domingos Tortato, Felipe Pauluk, Hígor Mejïa, Isabela Torezan, Juba Heeveerson, Julia Riede, Layse Barnabé de Moraes, Leonardo Andrade, Manuela Pérgola, Márcio Soares, Matheus Migotto e Vivian Campos

“O solitário do 406”, de Eduardo Baccarin Costa. Após a morte da mulher e ver o viver sem sentido, o solitário encontra Deus num bairro carente, evento que gera um Centro Apostólico e de Artes e Educação que transforma a região. Versão urbana de A Cabana? Talvez. Importa é que Deus está presente e fala de variadas formas com aqueles que ama.

Mayara Villardi, Moacyr Eurípedes Medri, Giovanna Vaccaro

“Poemas do amanhecer”, de Aldo Moraes. Mais conhecido pela dedicação à música, sobretudo com o projeto “Batuque na caixa”, referenciado pela Unicef, Moraes escreve desde sempre. Nesta publicação ele nos traz versos escritos entre 1986 e 2011, onde passeia pelo estilo livre, sonetos, haicas... O desenho da capa é de Marcela Brisola.

11 de maio 11 horas Nilton Bobato, Paulo Porto

“Procura-se um coração”, de Giovanna Vaccaro. Com uma escrita envolvente e dinâmica, a autora conversa com o público jovem de maneira consciente e empoderadora. Assuntos como amor, amizade, consequências das ações, perseverança e tomada de decisões são abordados em seus títulos, que apaixonam desde a primeira página.

“Palestina: um olhar além da ocupação”, de Nilton Bobato (viceprefeito de Foz do Iguaçu-PR) e Paulo Porto (vereador em Cascavel-PR). Relato nu e cru dos seis dias que os autores passaram na Palestina. Brasileiros e em missão oficial, isso não lhes garantiu vida fácil diante da ocupação israelense em solo palestino.

21 horas Vila Cultural Cemitério de Automóveis “Tempo de cigarro sem filtro”, de José Maschio. Jornalista investigativo reconhecido nacionalmente,

“Chove chuva chuá”, Maria Helena de Moura Arias. Neste livro, escrito e ilustrado Por Arias, a chuva é uma personagem importante, que traz com ela diversas palavras, as quais completam sua passagem por nosso cotidiano, encontrando-se no som do dígrafo CH, além de brincar com o som da chuva - do plic plic ao chuááá. Do chóóóó ao chuuum.

Maria Helena de Moura Arias, Aldo Moraes

17 horas “Pedras, paus & pétalas”, de Moacyr Eurípedes Medri. A chegada das primeiras professoras de Boa Fé provocou discussões. Clementina e Catarina eram negras, o que fez despertar o racismo latente na comunidade. Partindo daí, o Botânico aposentado desenrola o novelo da memória e nos traz um humano relato da colonização do Norte do Paraná.

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MÃE ATÍPICA

“71 leões”, um por dia Dois meses, mais onze dias, foi o tempo que a gaúcha, meio brasileira, meio uruguaia, Lau Patron, passou no hospital ao lado do filho João, 20 meses, acometido por um AVC.

“Toda mudança passa pelo afeto. Ele deveria ser a nossa principal ferramenta de navegar pelo mundo. Tentativas com afeto estão sujeitas a acerto e erro, mas raramente vão machucar. Porque quando nos movimentamos com atenção e afeto (a empatia está embutida), saímos do piloto automático, das repetições daquilo que ouvimos um dia.”

adversa, encontra forças que não imaginava possuir, tornou-se exceção. Aparece aqui e ali, pro bem da humanidade, como no caso da heroína Lau. “Inclusão não é um favor! Mães, filhos e mundos”, é o tema a ser debatido. Ao lado da escritora, a londrinense Michelle Berbet, vice-presidente da Associação Famílias Especiais de Londrina (Afel) e membro

Se este pensar não o sensibiliza, desculpaí, mas você tem problemas no que se refere à percepção do que seja o viver. De ser humano. De fazer parte do todo chamado humanidade. Esta fala da mãe que se defrontou com uma doença rara do filho, até então com 100% de mortalidade, nos esfrega na cara o que é, de fato, ser humano. A experiência vivida foi escrita e virou livro – “71 leões” – alusão ao dito popular “matar um leão por dia”. Só que, no caso da “mãe atípica”, como Lau(ra) se auto-denomina, os leões diários recebidos durante a vigília ao lado do leito do filho, não foram mortos. Pelo contrário, foram recebidos com afeto e a ajudaram a superar a dor.

Heroína

O tempo presente não admite heróis. Só super-heróis, com super-poderes, armas letais. O herói, aquele ser humano comum que, diante de uma situação

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dos Fiscalizadores do Bem, que detectam obstáculos aos deficientes e se mobilizam pra cobrar soluções junto ao poder público. Dia: 8 de maio, às 20 horas Local: Museu Histórico


FEITIO DE VIVER

Empoderamento

PELA POESIA

As poetas Carmen Faustino, Juliana Barbosa e Lívia Natália, debatem vivências e o fazer literário. Afrodescendência, feminilidade e feminismo estarão na mesa de mulheres negras que refletem e reproduzem suas trajetórias de vida.

Carmen Faustino, da periferia de São Paulo, é poeta, escritora, arte-educadora e produtora cultural. Formada em Letras e especializada em História de África e Cultura Afro-Brasileira, é ativista das questões raciais, sociais e de gênero e atua há 10 anos no ensino, ação social e cultura na Zona Sul paulistana. Juliana Barbosa nasceu em meio ao samba do Abdon e da Fatinha, seus pais. Doutora em Ciências da Linguagem e especialista em Comunicação Organizacional, pesquisa a cultura do samba e desenvolve projetos em Londrina, como o Estação Samba, criado em 2008, programa de rádio que se tornou um circuito de espetáculos e rodas de samba. Lívia Natália é poeta, doutora em Literatura e professora de Teoria da Literatura na Universidade Fede-

ral da Bahia. Consagrada a Osun e Odé, o candomblecismo é um dos temas fortes de sua escrita, além da vivência da mulher negra - seu corpo, cabelos e todos os signos étnico-raciais que atravessam, buscando subverter conceitos e reinventar modos de ser.

Empoderadas

Cada qual no seu espaço de atuação, seja no ensino, na pesquisa e extensão ou na literatura, pontos em comum entre as debatedoras, ou, ainda, no ativismo, são mulheres empoderadas no labor e no estudo. Na denúncia e na defesa das injustiças cometidas contra a maioria da população do Brasil – os afrodescendentes. Dia: 08 de maio, às 19 horas Local: Museu Histórico

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AULA-SHOW

O BRASIL VIA CANÇÕES DO RÁDIO Na casa do barbeiro Clélio, no Centro de Londrina, o rádio não tinha folga. Foi através dele que os filhos adquiriram o gosto pelas canções

Obra

Pellegrini é autor de seis discos lançados com seus parceiros d’O Bando do Cão Sem Dono, grupo surgido em Londrina em meados dos anos 1990 que fez história no eixo Londrina-São Paulo. O mais recente, Outros Planos, lançado em julho do ano passado, foi incluído na lista dos 100 Melhores Discos de 2018 pelo site O Embrulhador, referência na área. Em sua aula-show no LONDRIX Bernardo conta a história dos compositores e de suas criações intercalando exemplos de músicas históricas com suas próprias composições.

Aula-show

Será um mergulho nas canções que o pré-idoso Pellegrini ouve desde a infância. Letras e músicas que habitam a memória do compositor e o inspiram em suas criações. Ele canta as canções ao violão e conta o contexto das músicas selecionadas pra esta prosa, que tem tudo pra ser pra lá de prazerosa. Dia: 9 de maio, às 19 horas Local: Museu Histórico O compositor e jornalista Bernardo Pellegrini é um apaixonado pela canção popular. “Quem quer conhecer a história do Brasil e a história do povo brasileiro tem, necessariamente, que passar pela história da canção popular”, diz. “O rádio no Brasil só se viabiliza como negócio, quando traz para a programação o conteúdo que aqueles negros perseguidos pela República vinham gestando nos morros do Rio de Janeiro, então capital federal. Nesse momento o País ganha uma nova língua portuguesa: a língua falada nas ruas, a língua que celebra o Brasil brasileiro”, complementa.

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Sarauzinho

Palhaçaria, show clássico circense conduzido pelo Palhaço Arnica e contação de história DUM DUM SERERE com Dani Fiorucci. Dani há mais de 15 anos conta histórias, aprendeu na prática a arte que se tornou seu ofício. Mais que contar, trata-se de dialogar sobre a humana existência, forma de ser, dificuldades, encantos... Dia: 9 de maio, às 15 horas Local: Museu Histórico


Sarau promove encontro e bate papo “Poesia contra a violência: a literatura como um instrumento de cidadania”

O Museu Histórico de Londrina, pela segunda vez estende o tapete encardido de terra vermelha para o poeta da periferia paulista, Sérgio Vaz, de Taboão da Serra, Grande São Paulo-SP. Poeta com muitos livros publicados, criador da Cooperifa (Cooperativa Cultural da Periferia), Sérgio Vaz traz sua poesia pra se encontrar com o rapper e agitador cultural Leandro Palmerah, menino inquieto que mora no Residencial Vista Bela, Zona Norte de Londrina. Muita figurinha há de ser trocada e compartilhada

com o público. Vaz e Palmeirah têm muita história pra contar. Muita poesia pra declamar, cantar e sensibilizar a platéia, mesmo que não seja da perifa, localização geográfica com muitos problemas a discutir e resolver. Dia: 10 de maio, às 15 horas Local: Museu Histórico

Sergio Vaz participa do Sarau: prosa, poesia & outras delícias/Ler para ser, na Vila Cultural Cemitério de Automóveis, 21 horas, 10 de maio

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PALESTINA

Um olhar além da ocupação Resistência é o tema do 16o Festival Literário de Londrina – Londrix. Neste sentido, nada mais pertinente do que o livro “Palestina – um olhar além da ocupação”, obra que relata os percalços enfrentados por brasileiros que lá estiveram.

NILTON BOBATO

Durante seis dias, em 2015, uma delegação brasileira formada pelo atual vice-prefeito de Foz do Iguaçu, Nilton Bobato, pelo vereador na cidade de Cascavel, Paulo Porto, e, pelo presidente da Sociedade Árabe Palestina de Foz do Iguaçu e diretor de Assuntos Internacionais do Município, Jihad Abu Ali, visitou a Palestina. Apesar de serem brasileiros e estarem em missão oficial, isso não lhes garantiu vida fácil, em função da ocupação israelense em solo palestino. Ali, brasileiro filho de palestino, nome e fisionomia árabes, ficou retido quase 12 horas, incomunicável, nas mãos das autoridades israelenses. O fotógrafo Porto, biotipo europeu, passou sem problema. Bobato, mais moreno, foi retido por um tempo até ser liberado. Sem Jihad pra atuar como intérprete, os dois outros brasileiros tiveram de se virar pra conseguir chegar ao seu destino e serem recepcionados pelo prefeito de Jericó, milenar cidade palestina.

Barreiras PAULO PORTO

Estes e outros episódios, como o encontro com o presidente da Palestina, Mahmoud Abbas, a tensão a cada parada nas barreiras formadas por Israel, em toda a Palestina, e a alegria de encontrar, sob ocupação, uma sociedade vibrante e que não se rende, são relatados de maneira direta no livro, ilustrado com as fotos de Porto. Trata-se de um retrato franco e sincero de um povo que luta, há sete décadas, pelo seu direito de possuir um país, um território. Um povo que resiste e se refaz a cada nova geração. E que, apesar das adversidades, estuda, produz, escreve romances, poesia, como os versos de Mahmoud Darwish, do coletivo Poetas Palestinos da Resistência, falecido em 2008.

“Carteira de identidade...

Escreve que sou árabe. Tu saqueaste as vinhas dos meus pais e a terra que eu cultivava. Eu e os meus filhos. Levaste-nos tudo, exceto estas rochas, para a sobrevivência dos meus netos. Mas o vosso governo vai também apoderar-se delas… ao que dizem!..” JIHAD ABU ALI

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Dia: 10 de maio, às 20 horas Local: Museu Histórico


CLUBES DE LEITURA

O PROTAGONISMO DO LIVRO

Há uns sete mil anos, o homem descobriu o fogo. Fez uma fogueira e chamou os vizinhos pra uma roda de grunhidos. O livro veio bem depois... Como o samba, que ninguém aprende no colégio, o hábito de leitura antecede ao beabá. Segundo o pesquisador e escritor Elias José, autor do livro “Memória, cultura e literatura: o prazer de ler e recriar o mundo”, “o prazer de ler nasce na infância, é anterior à escola. Começa em casa, a criança vendo e copiando os pais e irmãos leitores”.

fomento à leitura, o aumento de repertório do professor e, por consequência, do aluno. No Clube de Leitura o professor tem a oportunidade de (re)ler os clássicos da literatura infanto-juvenil, estudar e refletir sobre a obra e ainda tem a oportunidade de ler em sua sala de aula, ampliando o repertório literário dos alunos. Dia: 11 de maio, às 10 horas Local: Museu Histórico

Programa:

“Ler pra quê?”, Aliny Perrota. “As irmãs de Palavra”, Dany Fran e Kelly Shimohiro. “Caixa de Pássaros”, Raphaela Tasmo Rodrigues. “Leia Mulheres”, Priscila Seidel, entre outros.

Lançamento Compartilhar livros e leituras nos primeiros anos de vida escolar, sem dúvida, duplica a possibilidade de uma criança tornar-se um leitor contumaz. Este pensamento permeia a obra da professora catalã Teresa Colomer, também escritora e pesquisadora de literatura infantil e infanto-juvenil. Segundo ela, “compartilhar obras é importante por tornar possível beneficiar-se da competência dos outros para construir o sentido e obter prazer de entender mais e melhor os livros.... permite perceber a literatura em sua dimensão socializante, faz a pessoa se sentir parte de uma comunidade com referências e cumplicidades mútuas”.

Professor

O profissional do ensino, intermediário entre o livro e o aluno, é fundamental na formação do leitor. Neste sentido, os Clubes de Leitura tornam-se parceiros dos professore, familiares e estudantes, pois objetivam o

“Chove Chuva Chuá”, livro no qual a chuva é uma personagem importante, pois traz com ela diversas palavras, as quais completam sua passagem por nosso cotidiano, encontrando-se no som do dígrafo CH. Maria Helena de Moura Arias, a autora, é jornalista e doutora em Letras. Publicou três livros infantis pela Editora Scortecci/Pingo de Letras: “Poesia é magia”, 2012, “De que cor será a lua?”, 2014, e, “A viagem da lagarta”, 2016. Dia: 11 de maio, às 11 horas Local: Museu Histórico

Sarauzinho

Um é pouco, dois é bom, três é melhor – apesar dos erros de concordância – bem poderia ser a chamada pra função dos palhaços Arnica, Malagueta e Mequetrefe. Dia: 11 de maio, às 10 horas Local: Museu Histórico

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PROSA ESCRITA

PEDRAS, PAUS & PÉTALAS

PhD em Botânica, décadas como professor de tal ciência na UEL, bordador, tecedor de balaios, pró-reitor, diretor de secretaria de estado... Moacyr Eurípedes Medri

crenqueiro. Ouviu muitas histórias que, pra não esquecer, talvez, registra em livros. Saiu da roça aos 25 anos e veio pra cidade cursar Biologia, porque era um curso recém criado na UEL. Formado, teria emprego certo como professor. Graduado, foi fazer mestrado e doutorado em Manaus, pois se é pra estudar o reino vegetal, lugar melhor não há. Foram décadas dedicadas ao ensino, à pesquisa e à extensão; sobretudo, ao pensar, refletir e debater o ensino superior. Suas debilidades. Caminhos que conduzam a um ensino superior, público, autônomo, laico e de qualidade.

O Escritor

Aposentado, começou a inventar coisas pra ocupar o tempo ocioso que (re)conquistou. Virou corredor de rua, globetrotter e escritor. Escreveu contos, romances e peças de teatro. Empolgou-se e escreveu “Pedras, paus & pétalas”, inspirado nas recordações de sua primeira professora, Clementina, e sua irmã Catarina. A chegada das irmãs professoras, retintas afro-brasileiras, à nascente Boa Fé, cidade imaginada pelo menino careca, provocou burburinhos. Cochichos. Como assim, duas negras professoras? Assombro, digamos, natural no Brasil sertanejo dos anos 1940. Foram aceitas pela competência e paixão com que exerciam o magistério. A partir delas, Medri espana o pó da memória e tece, como se fizesse um balaio, um texto em que a vida vivida em seus tempos de meninice, juventude e maturidade, são revividos e contados, como se o autor e o leitor estivessem em volta da fogueira numa noite estrelada, um pouco fria, de preferência, proseando sobre seus viveres.

Obras

Um memorialista caipira, que coloca em seus romances memória o macio escorrer das corredeiras do rio Tibagi, visível ao longe a partir da Água das Abóboras, bairro rural de Ibiporã – “bonita terra”. Não morava às margens do rio de “corredeira muita”, mas andou dando banho na minhoca naquelas águas. No balcão da venda atendeu fazendeiros, sitiantes, chacareiros, lavradores, viajantes e todo tipo de en-

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“Da cor da terra”, estreia, teve dois contos levados pro teatro. “Cheiro de chuva”, também foi parar no palco. Em 2016, deixou os contos de lado e partiu pro romance. “Travessia: a felicidade não mora ao lado”. Em seguida, engatou “Pedras, paus & pétalas”, a qual, agora, compartilha com os amantes do texto bem escrito. Da leitura prazerosa. Racismo. A publicação ganha destaque por abordar a questão da discriminação racial, tanto das professoras afrodescendentes, quanto dos demais imigrantes que construíram a região Norte do Paraná. Dia: 11 de maio, às 17 horas Local: Museu Histórico


LITERATURA E FOTOGRAFIA

O encontro de DUAS LINGUAGENS

A estréia foi com “Hotel Solidão”, em 1994, livro bem recebido pela crítica e pelo público leitor. A partir daí, porteira da alma aberta, tornou-se um escritor prolífico, cuja obra rompeu fronteiras e teve muitos títulos traduzidos em vários idiomas - bengali, croata, espanhol, francês, inglês, italiano, sueco e tamil. Ao visitar o “Museum of Broken Relationships” (“Museu dos Relacionamentos Rompidos”), em Zagreb, na Croácia, Carrascoza teve a inspiração pro “Catálogo de Perdas”, livro de contos produzido em parceria com a fotógrafa Juliana Monteiro Carrascoza e que será o ponto de partida pro debate na 15ª edição do Londrix.

Premiado

FOTO: MARCOS VILAS BOAS

Docente da área de Relações Públicas da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), João Anzanello Carrascoza, parece ter optado pelo TIDE (Tempo Integral e Dedicação Exclusiva) fora do campus. São dezenas de livros – contos, romances, literatura infantojuvenil, além de livros de não-ficção de sua área docente.

FOTO: LUCIANA ZACARIAS

A escrita chegou primeiro, há alguns milênios. A fotografia (photon: luz, grafein: escrever), teve seu primeiro registro no século XIX. De lá pra cá, andam de mãos dadas. relacionada à morte de alguém, seja um filho, amigo, pai ou mãe, mas também pode ser perdas de amor, fé, confiança, oportunidades. A temática parece oportuna pra este momento complicado do planeta Terra.

Tamanha dedicação à literatura resultou em reconhecimento, que se deu através de muitos prêmios conquistados por Carrascoza. Ele recebeu os prêmios “Jabuti”, “Fundação Biblioteca Nacional”, “Associação Paulista de Críticos de Arte” e “Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil”, além dos prêmios internacionais “Radio France” e “White Ravens.”

Parceria

Juliana Monteiro Carrascoza é fotógrafa, participou de exposições coletivas, em São Paulo e em Minas Gerais, e publicou alguns de seus trabalhos em revistas especializadas em fotografia. A série “Onde eu possa morar”, vencedora do Prêmio “Mobile Photo Festival”, foi exposta no MIS-SP durante a programação do “Maio Fotografia.”

Os autores abordarão seus pontos de vista sobre o hibridismo na criação artística a partir da experiência do livro “Catálogo de Perdas”. A partir do processo de produção de uma obra que estabelece a fusão entre conto e fotografia, os autores investigam as possibilidades de comunhão entre literatura e imagem.

A estréia da parceria com João Anzanello, “Catálogo de Perdas”, foi selecionada pelo “Festival ZUM”, do Instituto Moreira Salles, esteve nos principais festivais de fotografia do país, foi finalista do prêmio “Jabuti” e vencedor do prêmio “FNLIJ – Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil” nas categorias “jovem leitor “ e “projeto editorial”.

O livro é escrito em primeira pessoa e narra, sob diversas perspectivas, histórias de perdas – a maioria

Dia: 11 de maio, às 16 horas Local: Museu Histórico

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AUTORAS LONDRINENSES

Cartografias femininas em debate Não é segredo para ninguém que a escrita de autoria feminina, na sociedade patriarcal ainda vigente, apesar dos avanços conquistados a duras penas, segue relegada a um segundo plano. Tá na hora de quebrar este paradigma. O Coletivo Versa foi criado oficialmente em abril de 2017, depois de diversos encontros entre autoras londrinenses. É um grupo formado por escritoras de Londrina que busca, através de pesquisas, mapear e conhecer as mulheres que estão fazendo a literatura londrinense contemporânea.

A proposta é coletiva e individual ao mesmo tempo, proporcionando diversidade e personalização de expressões literárias. Assim, o Coletivo criou a coluna Autoras Londrinenses, em 2017, em sua página no Facebook.

Exposição A coluna publica biografias e textos de escritoras, conhecidas ou não, além de intentar descobrir novas autoras e divulgá-las, para que desengavetem seus textos e, também, que a cidade conheça sua produção artística literária de autoria feminina. Nesta 16ª edição do Londrix, visando publicizar escritoras e obras, além de provocar o debate entre as 17 autoras publicadas pelo Coletivo, mais o público leitor, o Versa faz uma instalação-exposição, durante o Festival, com fotos, biografias e textos. Este será o ponto de partida para um debate mais amplo sobre o contexto de produção na cidade, sua forma de atuação, contatos literários, importância de buscar outras mulheres que escrevem como forma de fortalecimento, de autodescoberta... Dia: 11 de maio, às 18 horas Local: Museu Histórico

Samantha Abreu, Vivian Campos, Beatriz Bajo, Vivian Karina, Flávia Verceze, Layse Moraes e Letícia Sanches, compõem o grupo que busca fomentar o diálogo da literatura de autoria feminina com outras artes, além de debater sobre o lugar dessa autoria, questioná-la, firmá-la e entende-la como lugar de descoberta e afirmação literária, após anos de desatenção por parte das histórias literárias e seus cânones.

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Sarauzinho

Palhaço Arnica, Palhaça Malagueta e Palhaço Mequetrefe abrem a mala e desfiam o novelo de histórias que conquistam a atenção da criançada e adultos. Dia: 11 de maio, às 10 horas Local: Museu Histórico


NA CASA DO LONDRIX, a Vila Cultural Cemitério de Automóveis, não poderia faltar o Sarau Prosa, Poesia & Outras Delícias

Em atividades ininterruptas desde 2007, transpira cultura. Curiosidade sobre o nome da Vila: Christine Vianna, ao fundar o espaço prestou uma homenagem ao seu grupo de teatro, o Cemitério de Automóveis, de Mário Bortolotto que por sua vez reverenciou Lawrence Ferlinghetti ao (re)batizar o grupo. Uma espécie de mantra para A VCCA são as palavras de Kerouac: “Aqui estão os loucos. Os desajustados. Os rebeldes. Os encrenqueiros. Os que fogem ao padrão. Aqueles que veem as coisas de um jeito diferente. Eles não se adaptam às regras, nem respeitam o status quo. Você pode citá-los ou achá-los desagradáveis, glorificá-los ou desprezá-los. Mas a única coisa que você não pode fazer é ignorá-los. Porque eles mudam as coisas. Eles empurram adiante a raça humana. E enquanto alguns os veem como loucos, nós os vemos como gênios. Porque as pessoas que são loucas o bastante para pensarem que podem mudar o mundo são as únicas que realmente podem fazê-lo.”

O ovo ou a galinha

Não se sabe ao certo quem veio primeiro. O Sarau ou o Cemitério. Mas, o Sarau, prosa, poesia & outras delícias é um evento mensal que está no ar desde 2007. Fomenta, provoca o hábito da leitura, apresentando obras de referência mundiais, autores consagrados e autores locais, visando a formação de um público leitor mais atuante e crítico. Cria um espaço que possibilita o diálogo a respeito da produção

artística e discute as vertentes de ação criativa contemporânea. São noitadas de encontro entre escritores, intelectuais e a comunidade em geral. Quando o microfone é aberto à participação do público, boas surpresas acontecem. Surgem leitores e autores, numa participação interativa da plateia. Que se torna personagem. Dia: 10 de maio, às 21 horas Local: Vila Cultural Cemitério de Automóveis Participação de Sergio Vaz , apresentação do pocket show Mesoesfera de Leandro Benevides, Blues e Poesia com Diego Munhon e outras atrações

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SAMBA DA RESISTÊNCIA

Por amor à Yá Mukumby “Não deixe o samba morrer / Não deixe o samba acabar O morro foi feito de samba / De samba pra gente sambar...”

O samba, ritmo que a saudosa YalorixáMukumby reverenciava, um dos códigos genéticos da resistência afro-brasileiríndia, teve sua morte decretada inúmeras vezes. Foi perseguido. Proibido. Como quase tudo que é “coisa de preto”. Samba de roda do Recôncavo Baiano. “Eu queru mi casá, cuma dúzia di muié. Trêis Luzia, trêis Maria, trêis Bastiana, trêis Zabé...” Samba de breque do malandro. Samba-canção... “Louco, pelas ruas ele andava e o coitado chorava, transformou-se até num vagabundo”... Samba evocação de Agepê. “Eu sou Nagôôô, eu sou de lá, do lado de lá da maré...” Música de baixar o santo. Desafio de samba no pé e samba no gogó. Vadiagem. O mundano ao final da celebração às divindades de África que sobreviveram ao Atlântico e aos tumbeiros.

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Orixás Ogum Iê! Ilê Axé Ogum Megê, chão consagrado ao Orixá da metalurgia. Da guerra. Guerreira Yá Mukumby. Tombou esfaqueada por um tresloucado dependente químico, aparentemente num surto psicótico. Síndrome de abstinência. A engoma silenciou. Os Alabês, que a adoravam, pois sempre levava uma água que passarinho não bebe pros intervalos, sentem saudades da Mãe de Santo que frequentava todos os terreiros de Umbanda e Candomblé de Londrina. Que reverenciava e era reverenciada por onde andava. Como no Conselho Universitário da UEL (Universidade Estadual de Londrina), onde defendeu com unhas e dentes, sabedoria e doçura, as cotas raciais.


Zica da “Mangueira”. Luiza Braga nasceu e cresceu no samba. Ouvindo o pai, que agora acompanha, no batuque e no canto. E ainda tem a participação especial de Tião Carvalho, músico maranhense que há anos compartilha a cultura de sua terra com Londrina.

O ritmista, professor e mestre de bateria Mau Werner, marca presença puxando o Samba de Roda com músicos convidados.

Abrir as porteiras do ensino superior para os afro-brasileiros que, até então, só entravam como zeladores, auxiliares...

Dona Alial Impossível falar de Dona Vilma, Yá Mukumby, sem citar Dona Alial. Ekede Lemba Gemin. Mãe e fiel escudeira. Da filha e de Ogum. Oxalá a acompanhar Ogum na gira. Costureira que foi a primeira zeladora contratada pela UEL, quando esta foi criada. Católica de rezar terço toda tarde, até o fim dos seus dias, quando a medicina não deu conta de curar a filha, levou-a na Umbanda. E aceitou com serenidade a constatação de que o ar avoado da menina Vilma, na verdade, era a manifestação da espiritualidade ancestral. Sambar na avenida Dona Alial não sambava, mas ia no forró dos idosos de roupa colorida, unhas pintadas e rosto levemente maquiado. Alegrava-se ao ver a filha cercada de Ogãs e Iaôs. Gente de todas as cores, cheiros e amores. Axé!

De casa Braguinha, Joaquim Braga, diria Mano Brown, é um preto tipo A. Parceiro da Dona Vilma na Escola de Samba “Quilombo dos Palmares”, da mais distante Zona Norte de Londrina. Com a benção de Dona

São pessoas que conheceram e conviveram com Yá Mukumby. Que tomaram café na rua Olavo Bilac, Jardim Edi. Que sabem a importância deste ser de luz que iluminou caminhos a serem trilhados pelos afro-londrinenses. Tudo gente da casa...

Jantar africano por adesão R$35

Cardápio - cochila arroz afro, banana da terra, salada verde com croquete, frango afro, tchintchinga – ancestral do nosso espetinho de “gato” – e de sobremesa bolinho de chuva afro com caldo de chocolate ao leite ou amargo. Adesão pelo e-mail producaolondrix2019@gmail.com As panelas e gamelas serão pilotadas por Lionella Aboh – “Chef Djidji”, que traz do Benin, país localizado na Costa Oeste de África, no Golfo da Guiné. Lionelar reside no Brasil há cinco anos, onde se formou em Gastronomia pela Unifil-Londrina. Dia 11 de maio, às 21 horas Local: Vila Cultural Cemitério de Automóveis

R$10 até 23 horas, depois R$15 *Ação entre amigos para compra de instrumentos de percussão para Oficina

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BATUQUE EXPOSIÇÃO MÚLTIPLO NA CAIXA Projeto social expõe poemas

Criado em 1999, o Batuque na Caixa proporciona a sensibilização musical de crianças das escolas públicas. Em suas duas décadas de existência, foram milhares de meninos e meninas que tiveram contato com a música e a poesia através do projeto. Batucando, cantando e lendo parece ser o lema do idealizador do Batuque, o musicista e jornalista Aldo Moraes. Neste Londrix, ele estende o varal na Vila Cultural Cemitério de Automóveis e mostra a poética compartilhada no trabalho. Nas andanças pelo Brasil, a molecada batucou com gente de alto quilate, como Olodum, Naná Vasconcelos, Hermeto Pascoal e Palavra Cantada. Por essas e por outras, o Batuque na Caixa conquistou os prêmios Itaú Unicef e Leitura para Todos. Dias: de 04 a 11 de maio Das 13h30 às 17h30 e horários dos eventos Local: Vila Cultural Cemitério de Automóveis

LEMINSKI

Dividida em diversos espaços cênicos e instalações que pretendem revelar a multiplicidade do artista. Apresenta ainda uma galeria de grafites produzidos nas edições anteriores, além de uma nova obra assinada por artistas locais. Até 30/06/2019 no Museu Histórico Durante o Londrix, até 21 horas De terça à sexta-feira: das 9h às 11h30 e das 14h30 às 17h30 Sábados: das 9h às 11h30 e das 13h30 às 17h Domingos: das 13h30 às 17h

INSTALAÇÃO/EXPOSIÇÃO COLETIVO VERSA

(fotos, biografias e textos) De 07 a 11 de maio, das 14h30 às 21 horas no Museu Histórico

FEIRA DE LIVROS

Atrito Arte, Ciranda, Eduel, Editora Coerência, Livraria da Silvia, Madrepérola, entre outras, estarão presentes todos os dias no Museu Histórico. Livros de qualidade, preços acessíveis.



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