Acesso Geral

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VESTIBULAR UFMA 2009

Inovação e inclusão social

Segredo dos campeões Vestibulandos contam suas experiências durante o período de preparação para o vestibular Pág. 2

Cotas Mudanças que ocorreram desde a implantação e opinião dos estudantes a respeito Págs. 4 e 5

Mercado de trabalho Jovens indecisos travam uma luta incessante entre a paixão e a necessidade Pág. 6


JR103 - Acesso Geral - Vestibular 2009 UFMA

2 CARTA AO LEITOR Universidade para os vestibulandos

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nfrentar o primeiro processo seletivo não é nada fácil. Há muita preocupação, dedicação, madrugadas de estudo intenso e praticamente zero de diversões. Apesar dos conselhos de que não devemos acumular stress pelas horas de estrito estudo, os momentos de lazer pesam na consciência. Então, o que fazer? Como proceder nos momentos que antecipam um dos momentos fundamentais na vida de um jovem, o vestibular? Quantas horas de estudo são necessárias para alcançar nossos objetivos? Essas são perguntas de difícil resposta que circundam diariamente a cabeça de prévestibulando e a resposta eles buscam em si mesmos e em manuais. Entretanto, o nosso jornal tenta oferecer, não uma resposta, mas um caminho para que o próprio estudante satisfaça algumas

das dúvidas que possui. Através de variadas opiniões, depoimentos de experiências no processo seletivo da UFMA, dados sobre a Universidade e estatísticas acerca das mais relevantes questões em debate dentro e fora do Campus, buscamos ampliar o horizonte de conhecimento daqueles que estão às vésperas de fazer parte do corpo discente da Universidade Federal do Maranhão. É importante destacar que este jornal foi elaborado, escrito e confeccionado por alunos do 4º período do curso de Comunicação Social / Jornalismo da UFMA. Portanto, as preocupações e opiniões partem de pessoas que estão em contato diário com a realidade universitária e, há pouco tempo, com o cotidiano de um vestibulando. Por fim, toda a equipe do Acesso Geral deseja a seus leitores sorte (da qual todos precisam)

Aline Queiroga Aluna Editora-Chefe

e sucesso (o qual merecem os dedicados) nas provas, e que a leitura lhes sirva de incentivo.

Vestibular chegando: UFMA e candidatos se preparam para o grande dia As provas da primeira etapa do Vestibular 2009 da UFMA ocorrem dia 04 de janeiro. São cerca de 25 mil candidatos, dos quais 5.767 concorrem por cotas, seja de escola pública, negros, indígenas e deficientes, na capital e no interior do estado. Este ano, a Universidade Federal do Maranhão oferece 3932 vagas em mais de 50 cursos, números recordes no ensino superior do Maranhão. Além da evolução no número e vagas, a Universidade está se preparando para o grande fluxo de pessoas no Campus do Bacanga e em outros locais de prova. A frota de ônibus do Campus, integrados e não-integrados será reforçada, além da presença das polícias Militar e Civil.

Para atender qualquer emergência, estarão disponíveis o Corpo de Bombeiros e a ambulatório do Hospital Universitário no campus. Para quem precisa de mais informações, o site da UFMA disponibiliza as listas de isentos na inscrição, além dos aprovados paras as cotas e os locais de prova. Basta acessar www.ufma.br. Com toda a estrutura necessária, os pré-vestibulandos lotam as salas de cursinho e aumentam as horas de estudo à medida que as provas ficam mais próximas. Ao longo desta edição, confira dicas de como estar preparado e relaxado para as provas, além de todos os temas que interessam aos futuros universitários, como a estrutura da UFMA, o debate acerca do sistema de cotas e outras. Boa sorte e boa leitura!

Mudança de cidade e de vida

É grande o número de estudantes que deixam a cidade natal para fazer uma faculdade em outro lugar

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Francisco Bezerra e Tarciso Barros

a sala, todos os alunos - cerca de 100 - prestam bastante atenção na aula de História. “Olhe para mim só quem vai passar no vestibular”, diz o professor. Todos os alunos se voltam para o quadro. Entre eles está João Wilker, 19 anos. João se mudou em 2006 para São Luís. Até então, passara toda a sua vida na cidade de Presidente Dutra, interior do estado. Ele se mudou para a capital exclusivamente para prestar o vestibular, foi morar na casa de seus tios, perto do cursinho que freqüenta, e tenta desde então o curso de Direito da UFMA. Assim como João Wilker, centenas de estudantes migram todos os anos para São Luís em busca do sonho de um bom curso superior. As universidades mais visadas são as públicas, e os cursos mais procurados são os da área da saúde e Direito. Jadiel Hortegal estima que cerca de 60% dos quase 1200 alunos que freqüentam o cursinho que coordena vieram do interior. “Assim como nossos alunos, a maioria de nossos professores, eu, por exemplo, também vieram do interior para São Luís devido os estudos”, conta. Segundo a psicopedagoga Adriana Coelho, a maioria desses alunos tem dificuldades de adaptação às mudanças de ensino, muitos deles não tiveram um bom ensino médio e sofrem no começo, mas ela sempre se surpreende com seus esforços. “De cada 10 alunos, 5 conseguem acompanhar logo nos primeiros meses o ritmo da turma”, explica. Para o professor de Química Rogério Teles, essa superação se deve muito ao esforço individual de cada um. Ele considera que não existe a possibilidade de dar um tratamento diferenciado a eles na sala de aula, mas aqueles que conseguem superar as dificuldades são os que recorrem aos plantões e o procuram depois das aulas para tirar dúvidas. Além da mudança no ritmo de estudos, alunos vindos do interior sofrem com a distância da família. Parte deles não vive com os pais, moram na casa de parentes ou em repúblicas. “Com a estrutura familiar deficitária, o cursinho ou a escola passa a exercer um papel de retaguarda emocional. Alguns alunos passam o dia inteiro aqui. Quando não estão em sala de aula, estão na biblioteca. O cursinho é uma espécie de coração de amparo desses alunos”, afirma Geraldo Castro, diretor de uma rede de cursos pré-vestibular de São Luís. Segundo Adriana Coelho, alunos que moram longe da família tendem a ser sentir mais inseguros e a cobrar mais de si, já que não têm os pais por perto para lhes dar apoio nesse momento decisivo, apesar do acompanhamento freqüente de algumas pessoas mais distantes. Ela afirma que isso é prejudicial para eles no momento da prova, e o nervosismo é mais um obstáculo a ser superado por esses alunos.

EXPEDIENTE Reitor da UFMA: Natalino Salgado Filho Vice-reitor: Antonio Oliveira Chefe do Departamento de Comunicação: Francisco Gonçalves Coordenador do Curso de Comunicação: Sílvio Rogério Coordenadora do Projeto: Giselle Marques Gonçalves Aluna Editora-chefe: Aline Queiroga Edição de Textos: Aline Queiroga Izabel Almeida Textos e Reportagens: Alessandra Dutra Aline Queiroga Aline Porto Ana Carolina Neves Andréa Barros Augusto Cantanhêde Daniela Ribeiro Francisco Bezerra Izabel Almeida Janaína Martins Jock Dean Lima Lorena Ferreira Luciano Santos Marcos Soares Neilson Viana Ribamar Júnior Tarcísio Barros Editoração Gráfica: Lideney Ribeiro Impressão: Gráfica Universitária Tiragem: Mil exemplares Segunda Edição do Projeto JR 103 Uma produção dos estudantes do 4º período do Curso de Comunicação Social da UFMA - Jornalismo Disciplina: Edição Jornalística Professora Mestre: Giselle Marques Gonçalves Dezembro/2008


concorrência por uma vaga na UFMA exige que os candidatos tenham muita calma e determinação. Ninguém pode dar uma fórmula mágica para passar no vestibular, mas todos sabem que é importante manter-se bem informado, ler muito e elaborar um bom programa de estudos. O período de preparação para a prova exige grande dedicação dos vestibulandos. Mas também é preciso que os candidatos busquem equilíbrio e tenham momentos de desconcentração, assim o clima não fica tão pesado e eles não chegam com tanta tensão na hora da avaliação. Passado o período de prova, o candidato espera ansiosamente pelo resultado. Imagine o nervosismo de quem começa a conferir o “listão dos aprovados” e de quem começa a ouvir a tradicional chamada “Vestibular! Vestibular!” pelas ondas da rádio Universidade FM. É preciso segurar os nervos! Emoção maior é encontrar ou ouvir seu nome na relação dos aprovados. Entre vitórias e frustrações Lennise foi a primeira colocada no vestibular de Turismo da UFMA no início de 2008 (PSG, categoria universal). Para ela, os pontos principais para se sair bem no vestibular são a organização dos estudos e a calma no momento da prova. “O segredo é estudar, mas não é preciso estudar muito a ponto de ficar saturado. É preciso organizar os horários de estudo. Os assuntos são tantos que às vezes você pensa em desistir, por isso é importante definir as matérias que serão estudadas em cada dia”, conta Lennise, que estudava de madrugada, pois considerava esse horário mais calmo e favorecia a sua concentração. Mas existe também o outro lado da moeda. Muitos vestibulandos encaram a frustração de não serem aprovados na primeira tentativa. É o caso da estudante Mayara Pereira, 19 anos, caminhando para o seu terceiro vestibular na UFMA, o segundo para o curso de

SEGREDO DOS CAMPEÕES O Período de Preparação para o Vestibular Aline Porto e Lorena Ferreira

Medicina. “Em relação aos resultados passados fiquei muito decepcionada, principalmente por ter chegado tão perto da aprovação neste último seletivo. Talvez o nervosismo tenha me atrapalhado”, conta a estudante. Aliás, nervosismo é a palavra mais repetida por aqueles que não conseguem passar no vestibular. Este fator também é apontado como crucial por psicólogos e professores especializados em vestibulares. Fernanda é psicóloga voluntária no CVV (Centro de Valorização da Vida), um serviço de aconselhamento via telefone ou e-mail. Ela afirma que nos meses que antecedem as provas das universidades no país, as ligações de jovens vestibulandos aumentam consideravelmente. “Geralmente eles estão estressados e cansados depois de tanto tempo de estudo. A maioria não consegue lidar bem com a pressão familiar e a autocobrança”, afirma a psicóloga, que não revela o sobrenome, pois o serviço mantém a identidade dos voluntários sob sigilo, bem como a identidade daqueles que procuram pela organização. Esse tipo de caso é tão comum, que o CVV está organizando um projeto de bate-papo on-line entre vestibulandos, para que eles dividam suas angústias e experiências. Mais informações a respeito deste serviço podem ser encontradas no portal www.cvv.org.br. Então, o que fazer? Para diminuir a ansiedade tão comum no período pré-vestibular, especialistas consideram que momentos de lazer são essenciais. Durante o período de descanso, o cérebro consegue assimilar e organizar tudo o que está sendo estudado. “Deu pra conciliar os estudos com o lazer. Continuei saindo durante os finais de semana, mas não esqueci de tirar o tempo para o estudo”, frisa Lennise. Mayara também concorda: “O lazer é importante. É preciso conquistar o equilíbrio. Levei um tempo pra entender isso”. Por mais que você estude, sempre ficará a sensação de que não é o suficiente e, nesse momento, a falta de motivação pode atrapalhar a rotina de estudos. Por isso, é tão importante relaxar e manter a mente saudável e estimulada. O vestibular não deve ser encarado como um bicho de sete cabeças. É claro que dedicação e seriedade são elementos fundamentais para alcançar a tão sonhada vaga na Universidade, mas a preocupação excessiva pode comprometer tantas horas de estudo. “Acredito que o maior concorrente de um vestibulando é ele mesmo”, afirma Mayara, que assim como os mais de 30.000 concorrentes ao vestibular 2009 da UFMA, espera que os seus esforços sejam recompensados.

“O segredo é estudar, mas não é preciso estudar muito a ponto de ficar saturado”

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C O TA S

O desafio da universidade brasileira Daniela Ribeiro / Janaína Martins / Marcos Soares / Ana Carolina Neves

A sociedade brasileira passa continuamente por momentos de transformações. Questões como inclusão social e diminuição do preconceito racial são temas que contribuem para tais transformações. Após décadas de lutas por igualdade, a sociedade começa a tomar decisões que cooperam para a diminuição de desigualdades. Dentro dessas decisões está o sistema de cotas, adotado por algumas universidades brasileiras, entre elas, a Universidade Federal do Maranhão

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m 2007 a UFMA implantou o sistema de cotas em seu vestibular. A decisão foi tomada após a adesão de outras 20 instituições públicas de ensino superior. O sistema de cotas foi criado para facilitar o acesso dos alunos socialmente desfavorecidos às universidades públicas e foi dividido em quatro modalidades: universal, cotas para alunos de escolas públicas, cotas para negros e cotas para deficientes físicos e índios. Assim que foi o implantado, o sistema apresentava os seguintes critérios de avaliação específicos para cada categoria. Na modalidade universal concorrem candidatos de qualquer etnia e origem escolar. Já na cota para alunos de escolas públicas exige-se a apresentação de histórico escolar; nas cotas destinadas a negros, é necessário declarar-se negro e que sofreu algum tipo de descriminação, além de apresentar uma foto. Na cota para índios pede-se uma cópia da certidão de nascimento autenticada e emitida pela FUNAI e na cota para deficientes um laudo médico para comprovação da deficiência. Por ter recebido diversas críticas relativas a falhas em seu método, o sistema de cotas sofreu algumas modificações. Na modalidade universal e para os alunos de escolas públicas e índios os critérios continuaram os mesmos. Já na cota para negros, além da declaração, o candidato deve passar por uma entrevista e na cota para deficientes, os candidatos teriam que passar por perícia médica. Este ano outros critérios de seleção foram acrescidos. Candidatos que estejam matriculados em qualquer instituição de ensino superior não poderão concorrer como cotistas e para concorrer na cota para negros, os candidatos necessitam ter cursado os três anos do ensino médio em escola pública ou em escolas cuja mensalidade seja igual ou inferior a 150 reais. ENQUETE Nos dia 15 e 16 de outubro de 2008, a equipe do Acesso Geral realizou pesquisas e entrevistas com estudantes do 3º ano do Ensino Médio, consultando 50 alunos, com idade média de 18 anos.


Estudantes de Escola Pública são os que mais optam pelo sistema de cotas VESTIBULAR 2009 24992 INSCRITOS 19225 UNIVERSAL UNIVERSAL 4783 ESCOLAS PÚBLICAS 919 NEGROS ESCOLAS PÚBLICAS 58 DEFICIENTES NEGROS 7 ÍNDIOS

3,68%

0,23%

0,03%

19,14%

DEFICIENTES ÍNDIOS

76,92%

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Dos entrevistados, 54% vão concorrer na modalidade universal, 40% nas vagas para alunos de escola pública e 6% nas cotas para negros. A maioria dos entrevistados, 60%, se manifestou a favor do sistema de cotas no vestibular; e dos 40% que se pronunciaram contra, 24% vão participar do mesmo, o que é uma questão intrigante, mas os próprios candidatos reconhecem que a concorrência é menor e o nível dos concorrentes é equivalente, ao menos quando se trata da cota de escola pública. Cerca de 72% dos entrevistados consideram o sistema de cotas excludente, alguns afirmando serem a favor somente das cotas para estudantes de escolas públicas, por considerarem que a qualidade da educação pública básica no país dificulta a competição com alunos de escolas particulares, que segundo eles recebem uma preparação mais adequada para participar do vestibular. “Eu acho que é um preconceito contra o próprio negro, pelo fato de ele ter mais melanina na pele não quer dizer que ele seja mais incapaz que os outros”, afirma a aluna Natália Barros, do terceiro ano do Colégio Universitário. “Não sou a favor no que diz respeito às cotas para negros, porque acredito que é uma forma de marginalização, pois independente da raça, da etnia, da cultura, seja do que for as pessoas têm capacidade de ingressar numa universidade, e mesmo que hajam razoe históricas eu acredito que implantar sistema de cotas pra negros e pra índios não vai desmistificar a imagem, o preconceito.” Esta é a visão de Rafael Lima, aluno do terceiro ano do Liceu Maranhense que fará o vestibular nas cotas para alunos de escola pública, a respeito de cotas raciais, visão esta que é partilhada por outros estudantes do Ensino Médio prestes a prestar o vestibular, segundo dados apurados pela equipe do Acesso Geral. Mesmo entre aqueles que serão cotistas, muitos não concordam com o sistema imposto pela universidade; ou concordam em parte. Grace Kelly, também aluna do COLUN, argumentou: “Eu sou negra, concordo com as cotas para negros e vou fazer o vestibular nessas cotas, e concordo porque antes desse sistema era difícil ver universitários negros aqui no Campus e agora já é mais freqüente.”

Na opinião da aluna, Luama Talita Alves, torna-se inviável um estudante não ser considerado negro num país tão miscigenado quanto o Brasil. Outro ponto que ela chama atenção é em relação às cotas para alunos de escola pública que tem uma base epistemológica mais frágil, e pode, em princípio ou mesmo durante todo o curso, ter dificuldades de aprendizagem. “A universidade não tem condições de manter um aluno vindo de escola pública com família de baixa renda que passe para um curso de Direito, por exemplo, onde é de suma importância adquirir os livros, que não são poucos e são caríssimos, onde a biblioteca não oferece quantidade suficiente de exemplares, ou se oferece, são ultrapassados ou estão em péssimas condições de uso”, frisou a estudante. O ex-aluno e agora estagiário do COLUN, Richard Christian, que está cursando Letras fez uma boa sugestão para tentar solucionar ou pelo menos amenizar este problema: dar prioridade nas vagas em programas extracurriculares da universidade, através do NAE, a estudantes de baixa renda. Dados fornecidos pelo NEC (Núcleo de Eventos e Concursos da UFMA) mostram que o número de inscritos no Processo Seletivo tem aumentado a cada ano. Por exemplo, no vestibular 2008, o número de inscritos foi de aproximadamente 21.000 candidatos, para o concurso 2009 são 24.992, sendo que desse total 4.512 foram insentos da taxa de inscrição. Uma novidade no vestibular 2009 sobre as cotas é que só concorreram às vagas para cotistas negros, estudantes negros de escolas públicas. Foram 919 candidatos inscritos, uma redução considerável comparado ao vestibular passado quando o número de inscritos totalizou 1.995. As cotas reservadas a estudantes de escolas públicas também aumentaram em comparação ao Vestibular 2008. No ano passado, foram 4.661 para 4.783 em 2009, já no sistema universal houve um aumento significativo: são 19.225 inscritos, enquanto que em 2008 foram 13.208. Deficientes e índios foram 58 e 07 inscritos, respectivamente. Não houve registro de aumento nesse último. O total de candidatos inscritos válidos pelas cotas soma 5.767. A UFMA tem se engajado na discussão e, sobretudo, na inclusão social através das cotas, melhorias e adaptações dos Centos Acadêmicos no campus do bacanga, em São Luis e nos campi do interior. A Universidade Federal do Maranhão adota o sistema de cotas desde o vestibular 2007.


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6 MERCADO

Mercado de trabalho e os jovens indecisos Uma luta incessante entre a paixão e a necessidade por renda Alessandra Dutra e Neilson Viana

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mercado de trabalho atual exige cada vez mais do profissional nas mais diversas áreas de atuação. Como conseqüência, ele se vê obrigado a desempenhar diferentes funções em seu emprego, pois esta é uma nova exigência do mercado e da sociedade. Vivemos a era onde a agilidade, a praticidade e a qualidade são características aliadas ao sujeito criativo e perspicaz, trata-se de uma justaposição necessária para nossa própria sobrevivência. Por isso, decidimos trazer até você assuntos pertinentes à juventude e a sua inserção no mercado de trabalho aqui no Maranhão e em nível nacional, para que sua escolha não seja guiada apenas pela paixão, mas pela sua realidade local. Diante das necessidades de cada região, existem certas prioridades a ser levadas em conta – em termos mercadológicos, principalmente quando se fala em escolha de profissão. Supomos: se João de Paula, residente no interior do Estado do Maranhão, adora e sonha fazer Web Designer na capital, certamente ele encontrará muitos empecilhos na realização desta escolha. Primeiramente, será que João terá todas as bagagens suficientes para encarar um mercado tão difícil em seu Estado, sendo que este não abre portas suficientes para sua possível entrada como profissional da área? Digamos que João, mesmo com as dificuldades do seu curso, continuar a insistir na sua realização pessoal e profissional e tomar rumo ao sudeste do país, será que a competição não será muito mais acirrada e difícil? A escolha de um curso em uma Universidade Pública é algo muito mais complicado do que se pensa, principalmente tratando-se de Maranhão. Aqui se priorizam mais os campos da área médica e agora a engenharia tanto elétrica, quanto civil estão ganhando notoriedade no cenário do Estado. Isso não quer dizer que as outras profissões não tenham a sua importância na economia da região e conseqüentemente do país. Deve-se, antes de mais nada, pesquisar como anda o curso “x” em determinada Universidade, se realmente você quer optar por determinada escolha e fazer uma analogia com aquilo que o curso irá lhe proporcionar enquanto acadêmico e posteriormente como profissional atuante em determinado espaço físico e/ou geográfico. Para termos uma idéia geral do assunto, consultamos a última pesquisa realizada pelo IBGE, e averiguamos que no período compreendido entre os anos de 2001 a 2004, a participação do segmento juvenil no conjunto geral da População Economicamente Ativa (PEA) brasileira, de 24,7% passou para 23,9%, ou seja, um decréscimo de 0,8%. Levando em consideração as grandes regiões geográficas, percebemos que apenas a região nordeste não

segue a tendência nacional, sendo a única a obter uma taxa positiva (0,1%), permanecendo praticamente estável, enquanto que as demais apresentam percentuais negativos, tendo destaque às regiões Norte e Sul com 1,3%, seguidas do Sudeste com 1,1% e o Centro-Oeste com 1%. Quando nos referimos à taxa de desocupação, percebemos que nesse mesmo período o desemprego da população jovem no país elevou-se 0,2%, passando de 17,9% para 18,1%. Isso quer dizer que o desemprego na faixa etária de 15 a 24 anos é duas vezes maior se comparado com o total da população em geral. Já o Maranhão, além de obter dados abaixo da média nacional, reduziu a taxa de desemprego em 0,6%, possuindo em 2004 13,6% contrastados com os 14,2 % obtidos em 2001. De acordo com os dados já analisados sobre a inserção deste segmento no campo empregatício no nosso estado, vimos o quanto a situação é grave e que, por isso, é necessário repensar

a b i Sa is! ma

A remuneração é o principal item de satisfação dos jovens que trabalham: 17% deles dizem que a remuneração mensal é o fator número um de satisfação.

A distribuição percentual, conforme a remuneração é a seguinte: 27% - entre 1 e 2 salários mínimos 26% - até 1 salário mínimo 24% - entre 2 e 3 salários mínimos 19% - mais de 3 salários mínimos 3% - não responderam 1% - não é remunerado O destino do salário 57% - Parte do que ganham entra no orçamento familiar 30% - Ganham só para si 9% - Tudo o que ganham entram no orçamento familiar 3% - Não responderam A jornada de trabalho 34% - 8 horas 14% - 6 horas 13% - de 1 a 5 horas 13% - 11 horas ou mais 10% - 10 horas 9% - 9 horas 6% - 7 horas 2% - outras respostas/não responderam

alternativas que viabilizem a entrada desses jovens no mercado. Para tanto, deve ocorrer um maior investimento na política educacional, que possibilite a inclusão digital. Seria também viável, a articulação de uma política de educação formal com uma educação profissionalizante. Mas enquanto isso não ocorre, o jeito é tentar marcar as alternativas certas nas provas da vida, pesquisando e pedindo informações para aqueles que entendem do assunto. Todavia, jamais desista de algum ideal só porque a sua realidade local não é capaz de lhe ofertar algo, vá atrás e faça as coisas acontecerem.

O tempo atrás do emprego 34% - até seis meses 25% - de seis meses a 1 ano 22% - mais de 2 anos 14% - de 1 ano até 2 anos 6% - não responderam Jovens brasileiros com formação têm mais sucesso Para os jovens que têm alguma ocupação ou profissão, a realidade é menos dura: embora somente 41% tenham sido absorvidos pelo mercado formal de trabalho, 82% do universo estão de alguma forma trabalhando e conseguindo remuneração mensal fixa ou variável. Segundo a pesquisa, para 79% dos 1.806 jovens entrevistados, apenas ter um emprego já é motivo de satisfação. Vejamos a distribuição dos entrevistados de acordo com o vínculo empregatício: 37% não têm carteira assinada 15% têm carteira assinada 15% trabalham por conta própria em ocupação temporária 5% estão em outras situações 3% trabalham por conta própria em ocupação regular 2% são universitários e trabalham como autônomos 2% são funcionários públicos 2% trabalham para a própria família, sem remuneração fixa 1% é de estagiários


7 JR103 - Acesso Geral - Vestibular 2009 UFMA

Quanto custa sua vaga na Universidade?

Augusto Cantanhêde

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omo é sabido, a UFMA é uma Instituição Federal de Ensino Superior e, portanto, recebe do Governo Federal a verba para seu funcionamento. Essa verba que vem através do MEC, Ministério da Educação, é aplicada nos gastos mais variados da nossa Universidade e quase nunca nos damos conta do quanto custa os nossos anos por entre os corredores. Mas, essa verba vem de Brasília e pronto? Não há fiscalização do dinheiro dos impostos investidos aqui no Maranhão? É claro que sim. O Governo Federal fiscaliza a correta utilização do investimento público através da Controladoria Geral da União. Se alguma conta está incorreta, auditores federais e da própria UFMA estão prontos para investigar tintim por tintim todo o gasto que se fez com a verba encaminhada para a Educação Superior. Todo o dinheiro do MEC é investido na manutenção, na compra de materiais novos e na construção e reforma de prédios. Cada livro que temos nas bibliotecas central e setoriais foram comprados com esse dinheiro – dinheiro este que pagamos através dos impostos. Até o Colun - o Colégio Universitário - é mantido com a verba que vem da conta própria da UFMA. Mas a UFMA tem suas formas de conseguir renda extra, seja através de projetos dos professores ou do pagamento de taxas pelos estudantes e funcionários. Tudo o que você paga na UFMA, seja um livro atrasado na devolução, seja o vestibular ou qualquer outra taxa, serve de renda extra para a Universidade. Mas, então, o que é que eu realmente pagarei quando for universitário?

Bem, ao fazer a inscrição no vestibular da UFMA, você paga R$ 75,00. Quando você esquece de devolver um livro à biblioteca, você paga a taxa de multa por atraso na devolução – atualmente de R$ 0,50 ao dia. Isso sem falar das muitas cópias de livros e livros originais que você terá que comprar para estudar. E ainda mais, os seus próprios equipamentos que serão necessários no decorrer do curso (estetoscópio, pen-drive, calculadora científica, máquina fotográfica digital e por aí vai) para uso individual. Mas não se preocupe, pois a conta maior quem paga é o Governo! Que beleza não é? Saiba que você custará aos cofres públicos, por ano, aproximadamente R$ 7.730,74. A única coisa que a UFMA não paga sozinha é a sua alimentação. Infelizmente, o Governo Federal não manda uma verba específica para a manutenção do Restaurante Universitário. E como é que o RU se mantém? Só com a venda dos tickets comprados no guichê do RU e com auxílio da verba extra conseguida pela UFMA com o pagamento de taxas. Por isso, o RU sofre tanto com a falta de verbas. Por isso, quando você estiver usando os livros da Biblioteca, tente cuida-los com respeito e apreço, pois ele foi comprado com o seu dinheiro e o dinheiro de toda a sociedade. Não deprede as carteiras, as lixeiras, as paredes da nossa universidade, elas são como se fossem as paredes da sua casa: feitas e pintadas com o seu dinheiro. Contribuíram para esta reportagem o Pro - reitor de Gestão e Finanças, José Barroqueiro; Kelcio Pontes, contador da assessoria de orçamento da ASPLAN; e Eldon Pacheco, Analista de Estatística da ASPLAI.

UFMA prevê gastos de cerca de 1 milhão de reais com o Vestibular Andréa Barros e Ana Carolina Neves

De acordo com o NEC (Núcleo de Eventos e Concursos), a média prevista de gastos com o Processo Seletivo Vestibular 2009 é de R$ 1.331.771,60, tendo em vista o objetivo de inscrever cerca de 30 mil candidatos a vagas na Universidade Federal do Maranhão. O orçamento geral prevê uma distribuição do dinheiro arrecadado (apenas com o pagamento da taxa de inscrições) entre cinco coordenações criadas pelo NEC, sendo elas as coordenações de Infra-estrutura, Fiscalização, Informática, Prova e Acadêmica – cada uma com seu responsável. Segundo planilha elaborada pela secretária Maria José, juntamente do atual diretor do NEC, Marcos Catunda, a UFMA deve desembolsar o valor de R$ 340.976,00 com a fiscalização no dia do concurso, R$ 59.776,00 com a segurança (Polícias Militar, Civil e Federal) e R$ 66.240,00 com a infra-estrutura dos locais de prova. Mesmo com a parceria feita entre Universidade e Governo Estadual, o gasto com as escolas públicas - das quais o governo disponibiliza para a realização das provas – é relevante devido a despesas com material de consumo, organização das salas, preservação do ambiente escolar etc. Além disso, a receita inclui também gastos com deslocamento de pessoal (organização, coordenadores, transporte) para o interior do Estado, pagamento de passagens e despesas, e acordos com pessoas físicas e jurídicas. Para a curiosidade de muitos, as provas já começaram a serem elaboradas, pois precisam de um prazo de três meses para se adequarem aos moldes de um processo seletivo convencional. Os candidatos irão se deparar com questões preparadas por professores da própria universidade - escolhidos por seus respectivos departamentos - em um espaço cedido pelo próprio NEC, com salas fechadas e uma biblioteca à disposição para eventuais consultas, além da utilização de livros opcionais levados pelos docentes. Vale lembrar que a Universidade há alguns anos não recebe verbas do Governo Federal para a realização das provas, o que resulta em uma despesa dependente apenas do que é arrecadado com as inscrições do vestibular. A Pró-Reitoria de Gestão e Finanças apresenta-se como principal responsável pelo dinheiro provindo da taxa paga pelos candidatos, cabendo ao NEC a função de apenas formular um orçamento com a lista de todos os quesitos indispensáveis na elaboração de um concurso público. Quanto aos isentos, a despesa é paga pelos candidatos que não estão incluídos no processo de isenção e que efetuam o pagamento da taxa exigida pelo concurso (R$ 75,00) – das 9 mil isenções, 4.800 já foram aprovadas para o Vestibular 2009.


Acesso Geral - Vestibular 2009 UFMA

8 OPINIÃO

O que você acha da UFMA? A

visão dos alunos da UFMA acerca da universidade tem se mostrado bastante favorável, segundo entrevistas realizadas pela equipe do Acesso Geral nos diversos centros. As melhorias na infra-estrutura do campus Bacanga foram as mais elogiadas, apesar de ainda haverem problemas a solucionar. Entre eles estão laboratórios e equipamentos que nem sempre estão disponíveis para o uso, situação que tem se modificado gradativamente. Projetos de pesquisa e extensão foram lembrados como iniciativas importantes para o aprendizado, por oportunizarem a aplicação dos conhecimentos adquiridos em sala de aula num contexto prático. “A estrutura é suficiente, mas não é a ideal; alguns aspectos do curso não podem ser trabalhados por falta de um ou outro equipamento mais avançado. Isso na área do ensino, pois em pesquisa e extensão temos muitos laboratórios, todos bem equipados e que realmente desenvolvem projetos sérios”, afirma Thiago Nunes, aluno de Ciências da Computação. O Restaurante Universitário, que atende não somente discentes e funcionários como também membros da comunidade tem apresentado evoluções no atendimento e no tempo de espera na fila, segundo alguns usuários. Este é um dos serviços de maior custo para a Universidade e também de maior demanda, o que lhe confere suma importância no cotidiano da instituição. A situação da Biblioteca Central também foi citada e a necessidade de adquirir novos livros para o acervo é uma preocupação comum, dado que a maior parte dos discentes recorre a ela para leitura das obras utilizadas pelos professores como referência para aulas. Muitas das mudanças nos campi ainda estão em curso ou em fase de planejamento, o que gera a expectativa dos estudantes em relação a seus cursos e centros e à universidade como um todo, além de atrair cada vez mais candidatos às vagas abertas a cada processo seletivo. Confira alguns dos nossos entrevistados:

Thiago Ramos (Aluno de Física / 4° período) “Há muita coisa a desejar. Os laboratórios, que deveriam ser uma das principais formas de aprendizado, estão defasados. As quadras de esporte precisam de reformas e na biblioteca faltam livros atualizados”

Ila Lícia Silva Química Industrial / 2° período “Há maior quantidade de professores substitutos do que os da casa. O Restaurante Universitário e os banheiros estão em condições precárias. Mas, gosto das praças e os prédios são bons”

Hevlys Sandes (Ciências da Computação / 4° período) “A Universidade tem evoluído, porém, está estagnada. Evoluindo porque combina formação dos universitários com um Weissylanne Mendes excelente desempenho. Turismo / 5° período Estagnada porque não “Aqui é um lugar de difusão de conhecimento. introduz uma nova Por isso, poderia ter uma estrutura melhor, metodologia de ensino” com mais projetos de extensão e pesquisa. Para o incentivo de tais projetos, deveriam ser oferecidas bolsas aos alunos”

UNIVERSIDADE: ENSINO E APREDIZADO PARA VIDA Ribamar Júnior

Você, que está prestes a entrar na Universidade, não pense que vai ter somente aulas, aulas e mais aulas. Pelo contrário, diversos tipos de atividades esperam por você nessa sua nova fase. Pesquisa, extensão, esporte e mobilidade estudantil são apenas algumas das várias coisas que você poderá fazer. A primeira das atividades desenvolvidas na UFMA são os grupos de pesquisas e extensão

que existem em cada curso da universidade. Eles são responsáveis pelo desenvolvimento de estudos sobre temas trabalhados em cada área. “As pesquisas são formas de o estudante aprofundar o conhecimento em sua área de atuação profissional. E a extensão é o meio dele entrar em contato com a sociedade e aplicar os conhecimentos adquiridos na pesquisa feita”, explica o chefe de departamento do curso de Comunicação Social, Francisco Gonçalves. Também a mobilidade estudantil é outra opção que o universitário tem. Gerenciado pela Pró-reitoria de Extensão, por meio do Programa de Cooperação e Intercâmbio Internacional (Procin), a atividade possibilita o estudante conhecer e estudar em outras universidades do país e até do mundo. “A UFMA tem vários convênios com faculdades do Brasil e do mundo, o que permite o estudante ir estudar por algum

Franklin Lima Jornalismo / 3° período “A estrutura não é boa. Os banheiros estão defasados e há um grande espaço que não é aproveitado. Gosto do curso que faço, pois tem bons professores, põem, alguns não cumprem com sua carga horária”

Paulo Gustavo Química / 8/ período “A Universidade passou por certa evolução. Um exemplo disso são os doutorados, principalmente na área médica, que tem tirado a UFMA dos últimos lugares. Sua estrutura é precária e não condiz com uma universidade federal”

tempo nelas ou até cursar uma pós-graduação lá”, esclareceu a coordenadora do programa, Madalena Loayza. O esporte é outra preocupação da Universidade com seus acadêmicos. Por meio da Divisão de Qualidade de Vida (DQV), várias atividades esportivas são oferecidas como: basquete, futebol, natação e vôlei. A diretora da DQV, Clarice Rodrigues, diz que essas práticas possibilitam a promoção da saúde na UFMA. “A atividades, além de serem voltadas para os universitários, também são utilizadas pelos servidores da instituição e pela comunidade de entorno”, ressaltou ela. Então, com tudo o que lhe é oferecido na universidade, além de sair da UFMA capacitado profissionalmente, você também será uma nova pessoa tanto em termos de conhecimento quanto de saúde. Aproveite!


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