Estudo Cenográfico - Rei Lear

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ESTUDO CENOGRÁFICO:

REI LEAR LUIZA FURIA COSTA



ESTUDO CENOGRÁFICO:

REI LEAR WILLIAM SHAKESPEARE

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ARQUITETURA E URBANISMO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARIANA ACADÊMICA: LUIZA FURIA COSTA ORIENTADOR: LUIZ EDUARDO FONTOURA TEIXEIRA FLORIANÓPOLIS - AGOSTO 2016


UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Prof. Luis Carlos Cancellier de Olivo, Dr. Reitor

Prof. Felício Wessling Margotti, Dr. Pró-reitor de Ensino de Graduação

CENTRO TECNOLÓGICO Prof. Dr. Edson Roberto De Pieri Diretor de Centro

DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO César Floriano dos Santos Chefe de Departamento

José Ripper Kós Coordenador do Curso

Luiz Eduardo Fontoura Teixeira Orientador

Luiza Furia Costa Acadêmica

Florianópolis, agosto de 2016.


AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, pelo apoio, incentivo e ingressos de teatro. À minha irmã que mesmo longe sempre esteve ao meu lado. Ao meu avô por despertar em mim a eterna vontade de buscar conhecimento. Ao meu orientador por me apoiar na escolha de tema e me ajudar a desenvolve-lo com sucesso. Aos meus professores e à minha universidade pela oportunidade de aprendizado. Aos meus colegas de TCC que mativeram-se motivadores e empenhados ao longo desse árduo ano. Aos meus colegas de turma 2010.2 que tornam-se uma segunda família durante a graduação. E à todos que diretamente ou indiretamente contribuiram para minha formação.



SUMÁRIO 01. ESTUDO SOBRE CENOGRAFIA 02. A PEÇA 03. ESPAÇO CENOGRÁFICO 04. PROCESSO CRIATIVO 05. ESPECIFICAÇÕES 06. ROTEIRO CENOGRÁFICO 07. CENAS DETALHAMENTOS 08. CONCLUSÃO 09. BIBLIOGRAFIA

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INTRODUÇÃO

Esse trabalho tem como objetivo geral o desenvolvimento de um projeto cenográfico. Inicialmente faremos uma revisão histórica do teatro e das soluções cenográficas encontradas ao longo dos séculos. Estudaremos com mais profundidade três montagens contemporâneas de peças de Shakespeare (Tempestade, Macbeth e Medida por Medida). Em seguida apresentaremos o estudo específico da peça de Rei Lear de Shakespeare, com a sinopse e mapeamento de signos, cenas e personagens. Gerando assim as diretrizes para o desenvolvimento de uma pesquisa criativa, que buscará criar um referencial de imagens que se relaciona com a peça e identifique e caracterize os elementos visuais presentes em cada cena. Estabelecendo-se, assim, uma identidade visual para a peça. Por fim, desenvolveremos um desenho de cenário para a peça, dando enfoque a três cenas escolhidas, por meio de desenhos técnicos (planta baixa e corte), perspectivas e croquis, maquete, diagramas de ação e estudo de iluminação, assim como o desenvolvimento do desenho de figurino dos personagens de destaque. 1


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01. ESTUDO SOBRE CENOGRAFIA



O TEATRO Espaços Cênicos O que define os espaços cênicos é a forma como o palco e platéia se relacionam, levando em conta que o palco é onde a ação cênica acontece e a platéia é o local do qual o público assiste a encenação. Ao longo da história essa relação se deu de diversas formas, sendo que desde o século XIX, começando com Adolphe Appia, há uma busca pela quebra de sua formalidade. Dentre os diversos tipos de espaços cênicos se destacam:

Teatro de Arena: O teatro de arena tem como principal característica o seu palco central, localizado abaixo do nível da platéia. Esta, por sua vez, é construída em forma de arquibancada e seu formato mais comum é o circular, no qual todo o palco é circundado pela platéia, de modo que o público se torna o próprio pano de fundo. Há também outros formatos: desfasado, ovalado, quadrado, triangular, semicircular e ¾ circular. Neste formato de palco observamos que o cenário fica exposto ao público durante toda a performance. Fig. 01: Palco de Arena – Planta-Baixas

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Teatro Elisabetano: O teatro Elisabetano é típico do século XVII, seu maior ícone é o teatro The Globe, muito conhecido por nele terem acontecido representações de peças de Shakespeare. Os edifícios eram construídos em madeira ou pedra com formato circular e um pátio interno que não possuiam cobertura. Nele encontrava-se um palco misto com altura de um metro em relação ao pátio; este avançava em direção ao público, de forma que era circundado pela platéia em 3 lados. Sobre o palco, duas colunas serviam de sustentação para uma cobertura de duas águas. Não havia inclinação da platéia e o público ficava em pé, sendo que os mais nobres podiam usufruir de camarotes, que ficavam em alturas elevadas, dando melhor visão do palco. Uma característica que se destacava é o fato de que não havia cenários, a própria arquitetura se tornava o pano de fundo. A ambientação era criada pelo próprio ator, que se utilizava da imaginação e dos poucos objetos que se encontravam em cena. Por não haver cortina, a entrada ou retirada de qualquer objeto ou “cadáver” era feita na frente do público por contrarregras.

Fig 02 : Palco Elisabetano – Planta-Baixas

Fig 03 : Palco Elisabetano – Volumetria

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Teatro Italiano:

Teatro Circundante:

No teatro italiano temos o surgimento do conceito da “caixa mágica”(ou Caixa Cênica), com um palco retangular com o formato de uma caixa aberta na sua frente, voltada ao público. Essa abertura para a platéia recebe o nome de Boca de Cena, que emoldura o palco, passando para os espectadores a sensação de que eles estão contemplando um “Quadro vivo”, como se a ação que ocorre no palco, fosse uma pintura. Há o ressurgimento da cortina, que antes era usada no teatro Romano na horizontal e passando a ser usada no teatro Italiano em dois panos que se abrem na vertical. O palco tem uma elevação máxima de 1,1m em relação à platéia e recebe um prolongamento, chamado de proscênio, que cobre o fosso da orquestra. Para o piso do palco usa-se madeira, o que ajuda na ressonância e portanto na projeção vocal dos atores.

No teatro circundante o público é envolvido por um palco que ocupa um espaço perimetral, tornando possível ter uma visão de 360°. A platéia fica em um nível abaixo do palco, criando um desenho de “anti-arena”. Assim como a arena, seu formato pode ser tanto circundante completo ou semi-circundante.

Fig 05: Palco Circundante – Planta Baixa

Outros Palcos: Com o Teatro Moderno e Contemporâneo temos o surgimento de alguns espaços cênicos que fogem dos tradicionais. Como o Espaço Múltiplo, que se adapta a diferentes disposições de palco e público; Rua e Passarela, com palco longitudinal entre duas platéias distintas e o Site Specific, onde obras são criadas pra ambientes específicos.

Fig 04: Palco Italiano - Planta Baixas

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História do Teatro: Pretende-se aqui discutir brevemente os movimentos teatrais ao longo da história incluindo, em alguns momentos, seus aspectos arquitetônicos.

Teatro da Antiguidade O teatro grego, diferentemente do teatro contemporâneo, não era uma obra concebida com fins de entretenimento. Era o resultado de manifestações religiosas, que nasceram dos festivais dramáticos em Atenas em homenagem à Dionísio. Havia uma grande preocupação com a luz, as peças eram encenadas durante o dia e tinham como objetivo acabarem junto com o pôr-do-sol. Logo nos primórdios do teatro temos o surgimento das primeiras tentativas de cenografias. Como forma de esconder os atores enquanto eles se trocavam, foram criados painéis pintados, que ilustravam cenas e paisagens. Eram utilizados também os chamados Periacles, prismas triangulares que giravam formando diferentes cenários, cada lado contendo um assunto. Os principais elementos que constituíam este teatro eram: - Theatron: Lugar do qual tudo se vê (Platéia). - Orchestra: Espaço circular à frente da arquibancada, onde ficava o coro. Ele era feito de areia, posteriormente gerando o termo arena. 8

- Skene: Termo do qual se derivou a palavra cena, era a tenda atrás do coro. - Prokesnion: Patamar de madeira que ligava a Orchestra ao Skene. - Episkenion: Pavimento superior da Skene - Theologeion: Parlatório elevado, onde aconteciam as cenas de deuses. - Degraus de Cronte: escada subterrânea que levava ao centro da Orchestra.

Fig. 06: Teatro Helénico de Epidáuro


Teatro Romano:

Teatro da Idade Média:

Eram teatros de madeira com estruturas temporárias com 3 portas que davam acesso ao palco. Tinha-se o Scaene Frons que era uma estrutura de madeira coberta e com paredes laterais. Foi a primeira vez que se fez o uso de uma cortina na boca de cena; ela se movimentava horizontalmente e caia em uma vala à frente do proscênio. Havia também o Siparium que funcionava como uma cortina de fundo.

O teatro medieval pode ser dividido em duas épocas: a baixa e alta Idade Média. No primeiro período o teatro acontecia ao ar livre com palcos plataformas, onde cada palco individualmente representava um local, como o céu e o inferno. Havia a presença de um narrador que contava as histórias de santos, normalmente encomendadas pela Igreja Católica, que usava o teatro para fins didáticos e comemorativos.

Fig 07: Teatro Romano

Fig. 08: Maquete Teatro na Idade Média Baixa

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No segundo período o palco tomou forma de carroça, que além desta finalidade, também tinha a função de abrigo, camarim e transporte. Os atores eram ambulantes e foi a primeira vez que houve relatos de mulheres subindo ao palco. Surgiu o tipo de teatro denominado Comédia Dell’Arte, que era representado por grupos itinerantes de atores, que muitas vezes utilizavam o improviso para entreter o povo. O Arlequim era o personagem que mais aparecia nessas comédias populares, enigmático e multicolorido.

Fig. 09: Maquete Teatro na Idade Média Alta

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Teatro Elisabetano O teatro Elisabetano aconteceu durante o reinado de Elisabeth I, no século XVII em Londres, que na época, com pouco mais de 300 mil habitantes, era a única cidade a ter edifícios construídos com objetivo de serem casas de espetáculos dramáticos. Ele se destacou por seu espaço cênico estar contido em si mesmo, toda sua estrutura era neutra; por meio de informações contidas no diálogo, transformava-se em diversos cenários: de uma cena para outra era possível transitar de um campo de batalha para a sala de um castelo. Esta forma de teatro era totalmente antirrealista e usava convenções para transmitir o contexto da cena para o público. Por exemplo, se a cena se passava à noite, esta informação estaria incluída em algum momento do diálogo ou talvez um dos personagens poderia entrar carregando uma tocha acesa. Objetos tinham um significado subjetivo: uma cadeira colocada em posição de hierarquia simbolizava um trono, e consequentemente a própria sala do trono de um castelo. Esta forma de palco e de dramaturgia permitia que os autores ousassem mais em seus textos. O autor de maior destaque desta época foi sem sombra de dúvidas William Shakespeare, que era um dos sócios da famosa casa de espetáculo “The Globe”, inaugurada em 1599.


Teatro Renascentista (de Ópera): Surgiu na Itália durante o período de 1300 à 1600, juntamente com o movimento artístico de mesmo nome. Havia uma valorização do homem em oposição ao divino e ao sobrenatural. Começou-se a estudar a perspectiva e o uso de luz e sombra como forma de criar volumes. Estes estudos foram aplicados em painéis, dando profundidade para os palcos. Os edifícios eram caracterizados pelo uso de muito ouro e veludo, onde os mais ricos se sentavam em lugares privilegiados nos camarotes e a multidão, atraída pelos ingressos baratos, sentava-se em cadeiras na platéia. Fig 10: Globe Theatre – 1600

Fig 11: Schwan Theatre - 1596

Fig. 12: Maquete Teatro de Ópera

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Teatro da Corte

Teatro de Bonecos

Este tipo de teatro aconteceu durante o período barroco e usava uma Sala de Espetáculo. Foi nesta época que o ballet começou a ganhar destaque e a ser financiado por príncipes, imperadores e papas. Na França a realeza participava dos espetáculos, sendo que Luís XIV tinha o papel de “Rei Solei”, com um figurino extremamente ornamentado e dourado. As rainhas costumavam representar ninfas e os príncipes e princesas, querubins.

O teatro de bonecos é presente tanto na história do ocidente quanto do oriente. Na China de 1000 a. C., há relatos de fantoches que eram usados para representar espíritos e divindades, entretendo Imperadores. Na Índia primitiva, ao som de músicos, narrativas eram contadas por meio de marionetes. No Japão durante a dinastia Han, trupes ambulantes viajavam o país contando histórias com seus bonecos de madeira e trapo. Bonecos estes, que aperfeiçoados, tiveram seu ápice no Teatro Bunraku de Osaka. Na Roma antiga se desenvolveu o uso de bonecos em encenações bíblicas, que posteriormente expandiram-se por toda a Europa. Já no Brasil os bonecos foram usados para contar histórias em diversas regiões. Ainda hoje encontramos mamulengo, destacando o grupo Mamulengos de Olinda, que todo ano, no carnaval, encantam milhares com seus bonecos gigantes.

Fig. 13: Maquete Teatro da Corte

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Fig. 14: Maquete Teatro de Bonecos


Teatro do Oriente

Teatro Moderno

No Japão temos duas linhas de teatro que chamam a atenção. O Nô é um teatro com atmosfera extremamente misteriosa e tensa, no qual os atores usam máscaras esculpidas em madeira que cobrem seus rostos. Dança e canto servem como forma de expressar as emoções e há a presença de uma orquestra de flautas e trombones. Não há grandes cenários, apenas um pano de fundo representando uma paisagem natural. Influenciado pelo teatro Nô, o teatro Kabuki é composto somente por atores homens que representam cenas domésticas ou críticas à sociedade. Há também a presença de canto e dança no palco, mas ao invés de máscaras os atores tem seus rostos exageradamente maquiados. O cenário, assim como os figurinos, são muito coloridos e exuberantes. No palco há alçapões e piso giratório, auxiliando na movimentação da peça.

No fim da década de 1950, o mundo do pós guerra é tomado por um desintegração social e a vanguarda cultural tentou buscar um teatro mais intelectual e subjetivo. A busca pela quebra de barreira entre público e palco, que já existia desde do séc. XIX, tornou-se mais forte. Foram criados novos espaços cênicos que tinham como intuído criar uma participação interativa do público com o espetáculo. Pelo mundo importantes nomes surgiram como Bertold Brecht e Samuel Beckett. Brecht destacou-se pelo o Teatro Épico, que buscava explorar as contradições do capitalismo, de forma a que levasse o público a refletir e por fim transformar a sociedade. Ele acreditava que cabia ao ator a total identificação com seu personagem, e ao teatro a tarefa de interpretar a história por meio de “distanciamentos” condizentes. Buscando mudanças sociais, com o fim de encerrar a exploração e as diferenças; para atingir tal objetivo convidava a platéia a assumir uma posição de “distanciamento” ou de “estranhamento” daquilo era imposto pelos hábitos criado pela sociedade capitalista. (Rodrigues, 1970; Ratto, 2001)

Fig. 15: Maquete Teatro do Oriente

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Fig 16. Brecht durante ensaio de Mãe coragem e seus filhos

Beckett é considerado o pai do Teatro do Absurdo, que tinha em sua essência ser um teatro puro, sem convenções, poético, imaginativo e arbitrário. Assim como no teatro de Brecht, a busca pela crítica ao homem e sua relação com a sociedade é um tema muito usado. (Ratto, 2001) No Brasil a mudança nos espaços teatrais começou a partir da década de 1960, quando surgiu o grupo Teatro de Arena que marcou a renovação da cena teatral nacional, sendo este o primeiro grupo teatral que utilizou o palco de arena. Eles buscavam a possibilidade de montar qualquer texto teatral sem a necessidade de recursos cenográficos, mas ao mesmo tempo sem perder a essência dos mesmos. 14

Fig. 17 : Teatro de Arena - Eles não usam black-tie (1958)

O Teatro Oficina surgiu na década de 60 como um importante centro de vanguarda e de resistência à ditadura militar. Usou o teatro como forma de manifesto contra o poder autoritário da época. Nos anos 1970 ele recebeu uma reforma com projetos da arquiteta Lina Bo Bardi que o transformou em uma “rua cultural”, um espaço com palco passarela que “atravessa” a cidade.


Teatro Contemporâneo O teatro contemporâneo se destaca pela grande ligação com as novas tecnologias. A era digital trouxe para o palco projeções e jogos de luzes. No Brasil, nos anos de 1980 e 1990 foram produzidos grandes espetáculos visuais. É nesta época que houve um grande desenvolvimento da iluminação cênica e o conceito de “designer de luz foi criado, referindo-se ao profissional responsável pela criação de luz. Um exemplo, foi a peça Flash and the crash days, de Gerald Thomas e com cenografia de Daniela Thomas.

Fig.18: Teatro Oficina

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Fig.19: Flash and crash days, autoria e direção de Gerald Thomas, 1992

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Fig.20: NĂŁo sobre o amor, cenografia Daniela Thomas

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A CENOGRAFIA Ao pensar cenografia, deve-se entendê-la como o espaço eleito para acontecer o drama; ela é tanto o que está contido dentro de um espaço, como o espaço em si próprio. A cenografia nada mais é do que a dramatização do espaço. Ela projeta no espaço tridimensionalmente aquilo que o autor só conseguiu transmitir em texto. É inegável o fato que a cenografia somente existe enquanto existir o ator. Sem o ator, ela é apenas uma instalação, uma manifestação artística. O movimento do ator no palco é o que determina o espaço cênico e isto deve ser estudado com muita atenção. Por isso é importante que o cenógrafo participe dos ensaios, para poder adaptar seu projeto aos movimentos em cena. Nos dias de hoje, o cenógrafo não é apenas um pintor de telões. Ele deixou de ser somente um técnico e passou a fazer parte da concepção do espetáculo. A cenografia seria incompleta se não houvesse um trabalho conjunto entre diretor e cenógrafo. O trabalho em equipe é muito importante. Os objetos e mobiliários ao serem colocados em cena ganham um novo significado, eles deixam de ter sua conotação cotidiana e passam a ser alvo de interpretações poéticas e subjetivas. Nenhum objeto cenográfico deve ser colocado no palco gratuitamente, ele deve ter uma razão e ser útil para o ator e para a história. O piso é um elemento que deve ser pensado na concepção do projeto cenográfico. No teatro, especialmente no palco italiano, a inclinação da pla18

téia permite a total visualização do chão do palco. Portanto ele não deve ser esquecido. O elemento da cor tem uma grande influência no projeto, evocando força emocional e podendo mudar toda uma atmosfera da produção. Deve ser levado em consideração como a cor pode mudar conforme o olhar e a iluminação.

Fig. 21: Definição de cenografia por J.C. Serroni, na parede de azulejos existente no Espaço Cenográfico

Processo de Criação Ao iniciar um projeto cenográfico o primeiro passo deve ser conhecer o espaço cênico onde será feito o espetáculo. Estudar as planta-baixas, coletar fotografias de diversos ângulos e alguns croquis feito no local. A maquete física é essencial, ela permite,


tanto ao cenógrafo como aos outros profissionais envolvidos no projeto, uma compreensão a mais próxima da realidade a ser construída. Para o total entendimento do texto, diversas leituras devem ser feitas. Cada uma com um objetivo diferente. Uma leitura preliminar para se familiarizar com a trama e posteriormente outras leituras com objetivo de mapear os locais, personagens e objetos. Como forma de processo criativo, Howard sugere a criação de um roteiro cenográfico, no qual deve-se desenhar imagens que se relacionem com momentos específicos do texto. E depois recriar a imagem visual, cena por cena, identificando cada elemento presente e suas características. Em termos de pesquisa, há diversas formas de realizá-la. Cada projeto vai determinar o que deve ser estudado. De forma geral, para um projeto de cenografia é interessante desenvolver uma pesquisa historiográfica, explorando a época em que texto foi escrito e seu contexto; uma pesquisa criativa, que permita criar ‘uma biblioteca’ de referências visuais, coletando pinturas, esculturas, ilustrações e outros e uma pesquisa de campo, que permita a vivênci de diferentes locais e leituras.

Iluminação A luz na cenografia tem a função de revelar aquilo que deve ser visto, tendo um importante papel dramático. O cenógrafo deve saber interpretá-la, valorizando cada situação proposta no texto. A cenografia e a luz dependem uma da outra.

Figurino Muitos dos cenógrafos também fazem os projetos de figurinos das peças em que trabalham. Diferentemente das roupas, os figurinos são peças únicas, que não devem ser pensadas como algo para ser utilizado no mundo exterior. Eles só existem no palco, dentro de um contexto específico. E assim como na cenografia, deve-se fazer um bom trabalho de pesquisa. Cor e textura tem que ser levados em consideração, especialmente alinhado ao projeto de iluminação.

Sonoplastia Dentro da cenografia o som deve ser pensado como uma informação contextual aos espectadores que não precisa ser repetida visualmente. Um bom projeto sonoro é aquele em que o espectador não percebe que existe o som, que se incorpora ao cenário, complementando-o. 19


GRANDES CENÓGRAFOS Adophe Appia (1862 – 1928) “A arte da encenação é a arte de projetar no espaço aquilo que o dramaturgo só consegue no tempo.” (Appia)

Foi um dos primeiros grandes cenógrafos, suíço de origem italiana. Seus projetos eram simplistas com planos sólidos, verticais e lisos. Ele pensava o palco como um local tridimensional colocando o movimento do ator como foco e tentando fazer com que o cenário fosse uma extensão do ator em cena. Por ser músico, Appia fazia uso do ritmo ao compor um cenário. Ele propôs a hierarquia entre ator, luz e pintura. Sua grande inovação foi em relação à luz, que ele considerava como um dos grandes significantes da composição do cenário, descrevendo-a como a “alma” da produção. Pensando na luz, foi feita a seguinte divisão: Luz Geral, que era a luz difusa que iluminava como um todo e a Luz Formativa, a luz concentrada em um foco. Em seu primeiro período, conhecido como período Wagneriano, Appia estudou as óperas de Wagner e começou a manipular as leis da perspectiva, buscando criar no palco uma imagem realista para o espectador. Uma de suas técnicas era usar a hierarquia das linhas como forma de criar profundidade e outra foi trocar superfícies planas por níveis. Em seu segundo período, Eurythmics, ele pensou em como a música e o corpo poderiam ser combinados como forma de atingir o movimento. E passou a buscar uma arquitetura teatral que pudesse 20

quebrar o conceito rígido do palco italiano e platéia. Em seu terceiro período, Living Art, ainda trabalhando em sua busca de um novo espaço cênico, ele procurou mudar a ideia de que as pessoas deveriam ver o teatro, e outras artes, de forma passiva. Ele defendia maior interação entre público e palco.

Fig. 22:. Adolph Appia, espaço rítmo para uma obra de Schiller, 1910


Fig. 23. Appia, esboรงo para As Valquirias de R. Wagner, 1892

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Gordon Craig (1872-1966) “Uma obra de arte não pode ser criada se não for dirigida por um pensamento único.” (Craig)

Assim como Appia, Craig foi responsável por influenciar a vanguarda teatral europeia e a cenografia contemporânea. Ele foi um grande ator, cenógrafo e teórico inglês, que a partir do século XX dedicou-se aos estudos de direção, sendo que em seus projetos ele mesmo concebia e desenhava os cenários, que eram marcados pelas suas formas volumétricas e depuradas, nas quais a luz era um elemento fundamental.

Fig 24. Craig, In Italy - desenho para uma cena, 1907

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Fig. 25. Craig, Electra 1905


Fig. 26. Craig, estudo para Rei Lear ,1908

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Joseph Svoboda (1920-2002) “Cenografia é o entreato do espaço, do tempo, do movimento e da luz no palco.” (Svoboda)

Cenógrafo Tcheco, criava um teatro cuja ambientação foi além da própria cenografia. Ele acreditava que sua contribuição estava integrada com a direção do espetáculo, de modo que ele se tornava codiretor. Possuía um grande conhecimento das tecnologias contemporâneas e seus projetos se destacavam pelo uso da luz e projeções. O espetáculo Lanterna Mágica atingiu o ápice de sua competência, unindo atores, bailarinos e uma iluminação extraordinária. Ele fez uso de alta tecnologia, a qual foi empregada com grande conhecimento.

Fig 27: Svoboda, cenário Hamlet, 1965

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Fig 28: Svobada, Lanterna Mágica

Fig 29: Svobada, Lanterna Mágica


Fig 30: Svobada, Lanterna Mรกgica

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Peter Brook (1925) “Eu me pergunto se os cenários deveriam ser abolidos, e minha resposta é negativa. Eles deveriam criar uma ligação entre a cenografia e o espaço teatral.” (Brook)

Inglês que tem grande importância no teatro moderno. Inicialmente teve destaque pela suas interpretações de Shakespeare, criando um teatro no qual o ator é o elemento central, denominado “espaço vazio”. Ele buscava uma linguagem cênica fundamentada na improvisação, no treino vocal e corporal do ator. Durante a década de 1970 realizou inúmeras turnês, especialmente na África, onde trabalhou com espaços cenográficos que se adaptavam a diversos palcos, como o italiano até o elisabetano. Destaque para o espetáculo Les Mababbarata, um de seus mais ambiciosos projeto, que assumiu uma postura polimórfica, surpreendendo a cada momento.

Fig. 31: Brook, Mababbarata 1985

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Fig. 32: Brook, Les Mababbarata, 1985

Fig. 33: Brook, Les Mababbarata, 1985


Fig. 34 Brook, Les Mababbarata, 1985

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Santa Rosa (1909-1956) “A arte é absoluta quando esta no domínio do sentimento, mas que é precisamente a técnica no instante de sua exteriorização.” (Rosa)

Em 1938 foi um dos fundadores do grupo de teatro Os Comediantes que teve grande influência na vida cultural do Rio de Janeiro. O marco de sua carreira foi o projeto de cenografia da peça Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, em 1943, com direção de Ziembinski, que o tornou referência para o Modernismo no teatro brasileiro. O palco foi divido em três planos, cada um representando um aspecto do texto: a realidade do presente, a memória e o delírio da personagem. Antes a cenografia funcionava apenas como um pano de fundo. Com esta peça, Rosa trouxe uma nova dimensão para a arquitetura cênica que passou a ter papel importante na concepção e montagem do espetáculo.

Fig. 35: Ilustração para cenografia de Vestido de Noiva, 1943

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Fig. 36: Ilustração para cenografia de A traviata, 1955

Fig. 37: Ilustração para cenografia de Escola de maridos, 1943


Fig. 38: Ilustração para cenografia de Vestido de noiva, 1943

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Flávio Império (1935 - 1985) “Para falar a verdade, eu servi o meu tempo com mais empenho entusiasmo. Fiz tudo o que já existia com a inocência de quem inventa de novo.” (Império)

Flávio Império foi responsável por impulsionar toda uma geração de cenógrafos, assim como a própria cenografia brasileira. Ele era um multiprofissional: arquiteto, desenhista, gráfico, pintor, professor e cenógrafo. A sua transição por essas diversas áreas artísticas permitiu uma desenvoltura de especialista com excepcional originalidade. Seus trabalhos eram muito criativos e continham uma mistura de brasilidade e contemporaneidade. Ele era capaz de passar do minimalismo para o barroco com extrema facilidade. Sua formação como arquiteto deu-lhe ferramentas para pensar além da caixa cênica, discutindo as relações espaciais entre os elementos cênicos e os conceitos subjacentes, sempre associando a forma à função.

Fig. 39: Desenho de figurino para o espetáculo Andorra, 1964

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Fig. 40: Espetáculo Depois da queda, 1964

Fig. 41: Desenho para cenografia Depois da queda


Fig. 42: Cenografia para Reivellon

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Gianni Ratto (1916 - 2005) “O espaço cênico não tem limites: ele multiplica-se pela dimensão do texto e de suas personagens. Ele não pode ser medido por metros quadrados ou cúbicos; ele existe – infinito – onde uma palavra de poesia ressoa.” (Ratto, 2001)

Arquiteto italiano, veio para o Brasil na década de 1950, onde se consagrou nas áreas de cenografia e iluminação. Serroni afirma, que assim como Santa Rosa, com o cenário da peça Vestido de Noiva, Ratto também instituiu o modernismo com a cenografia da peça A Moratória, de Jorge de Andrade, em 1955. Ele buscou criar com o teatro um espetáculo de caráter modificador, que resultasse na mudança interna tanto do espectador quanto do ator. E considerava indispensável o estudo do texto, do gesto, da voz e do espaço, como forma de aprimorar o teatro. Seu repertorio foi extremamente extenso, tendo dirigido mais de 80 peças, 90 projetos de iluminação voltados para espetáculos, 40 figurinos, além de assinar mais de 140 cenários. Tudo isso entre textos dramáticos, líricos e balés.

Fig. 43: Cenografia para O Canto da cotovia

Fig. 44: Cenografia para O Canto da cotovia

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Fig. 45: Desenho para cenografia de O Mambembe

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Cyro del Nero (1931-2010) “O cenógrafo é um especialista em generalidades.” (Nero)

Estreou em cenografia no final dos anos 1940 e logo em seguida embarcou em uma jornada que começou na Grécia e passou por vários países da Europa. Suas experiência no exterior proporcionaram-lhe grande crescimento como profissional. Voltou ao Brasil em 1960 atuando como cenógrafo em diversas áreas, desde teatro até cinema, televisão e moda. Ele acreditava que um bom cenógrafo deveria ser capaz de trabalhar e de conhecer diversas áreas.

Fig. 46: Espetáculo O pagador de promessa, 1960

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Fig. 47: Espetáculo Kama Sutra, 1980

Fig. 48: Espetáculo Kama Sutra, 1980


Fig. 49: Detalhe de maquete da cenografia para Missa crioula

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Daniela Thomas (1959) Com cenografias minimalistas e pós-modernas, Daniela Thomas é aclamada pela crítica como umas das maiores cenógrafas dos anos 1980. Teve sua formação no exterior e em 1985 quando voltou ao Brasil, impressionou o público com as peças Quatro vezes Beckett, Quartett e Carmem com filtro, nas quais usou poucos elementos para construir cenários simbólicos, frios e desolados. Seus projetos são marcado pelo uso de signos visuais, que se organizam no espaço-luz em busca de uma sintaxe cenográfica. Fig. 51: Cenografia da Ópera O navio fantasma,1987

Fig. 50: Espetáculo Avenida Dropsie, 2005

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Fig. 52: Espetáculo O castelo do Barba-Azul, 2006


Fig. 53: Cenografia do espetรกculo Pterodรกtilo

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J.C. Serroni (1950) “Cenografia não é apenas um desenho de cena, não é só projetar e executar cenários. “(Serroni)

Considerado uns do maiores cenógrafos brasileiros, Serroni destaca-se não apenas no seu trabalho em cenografia, mas também na promoção das atividades voltadas para o conhecimento e reflexão sobre o tema. Ele define cenografia, primeiramente, como a “grafia da cena”, na qual a cena é representada tridimensionalmente traduzindo uma ação. Um conceito presente em suas obras é a valorização do ator, e o desenvolvimento da cenografia como forma de permitir a esse total liberdade durante a peça. Pensando o palco italiano e trabalhando sua estática e frontalidade, Serroni, junto com Antunes Filho, desenvolveu uma cenografia de “palco livre”. Com Vladimir Capella incorporou a essa ideia o uso de tecidos, telões pintados e cores mais fortes, criando o conceito de “palco penetrável”, substituindo as pernas (elementos que delimitam as laterais da caixa cênica) por fios de tecido, assim criando um espaço que era limitado, mas não aprisionante.

Fig. 54: Cenografia de Carmen, 2001

Fig. 55: Maquete para peça Paraiso Zona Norte

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Fig. 56: Maquete para peça Raposa do café

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ESTUDO DE CASO Aqui apresentaremos a análise do projeto cenográfico de cinco montagens recentes, no Brasil, levando em consideração aspectos da direção de arte, indumentária e espaço cênico. Estes estudos de casos colaboram com o entendimento da contextualização de temas atemporais nos dias de hoje.

Simplesmente Eu, Clarisse Lispector Assistimos a peça no dia 10 de outubro de 2015 no Teatro Kirin em Campinas, São Paulo. A peça é um monólogo que conta a história da escritora Clarisse Lispector, representada pela atriz Beth Goulard, que também foi responsável pela adaptação do roteiro e direção. O figurino foi desenvolvido por Beth Filipeckie, o cenário por Ronald Teixeira e Léo Beuno Gama e a iluminação por Maneco Quinderé. Em palco a atriz conversa com o público enquanto interpreta a autora e quatro de suas personagens: Joana, do livro “Perto do Coração Selvagem”; Ana, do conto “Amor”; Lori , do livro “Uma aprendizagem ou Livro dos Prazeres” e uma quarta mulher sem nome do conto “Perdoando Deus”. O palco era italiano e suas cortinas estavam abertas, revelando ao público o cenário único que seria usado durante a peça. A primeira coisa que notamos ao olhar o palco foi a cor escolhida para o cenário, todo na cor branca. Ao fundo, contornando o palco e formando uma meia-lua, havia uma cortina de serpentina. O palco era dividido em 3 ambientes, 40

Fig. 57: Palco no início da peça

cada um representado por uma disposição de mobiliários diferentes, porém todos brancos. Como forma de evidenciar em qual ambiente a ação estava acontecendo, refletores eram usados criando um ponto de foco de luz. Os três ambientes formavam um triângulo. Na baixa esquerda tínhamos uma poltrona estofada em tecido branco com pés em madeira, ao seu lado uma cinzeiro alto. No centro alto havia uma poltrona menor, estofada em tecido branco e com base de metal. Na direita baixa tínhamos um divã estofado em branco, com pés em madeira. A seu lado uma mesa e um banco em madeira escura. Em cima da mesa, uma maquina de escrever na cor branca, com uma folha papel presa a ela. Todo o mobiliário tem um caráter cinquentista, com formas arredondas e sinuantes e pés de palito.


O figurino da personagem no inicio da peça era na cor branca, camuflando-se com o pano de fundo. Como o desenvolver da peça e as mudanças de personagens, seu vestuário mudava de cor, de forma a conversarem como a “emoção” da cena. A troca de figurino acontecia no próprio palco. Através da cortina de serpentinas, contra regras “invisíveis” entregavam o novo figurino para atriz. Os vestido eram em envelope e velcro, o que permitia a sua fácil troca. Fig. 59: Beth Goulard

Fig. 58: Croqui do Palco

Foi feito o uso de projeção nas cenas em que a ação se dava em uma locação externa, como por exemplo em uma cena em que a personagem foi ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro e então eram projetadas diversas árvores ao fundo da cena. Além disso foram usados recursos sonoros, como sons de animais e vento, aperfeiçoando a ambientação. Em cenas em que a escritora escrevia em sua própria máquina-de-escrever, o som da teclas sendo pressionadas eram reproduzidos, assim como a voz gravada da autora, como em um pensamento.

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A gota que faltava A peça assistida em 22 de Novembro de 2015 em Florianópolis, Santa Catarina, foi criada para uma disciplina do curso de teatro da UDESC (Universidade Estadual de Santa Catarina), com a atuação do jovem grupo teatral Aqueles Que Dizem Não e direção da graduanda Camila Harger. Baseada na obra de Chico Buarque de Holanda “Gota D’Água”, que por sua vez foi inspirada no clássico do teatro grego Medeia, teve como intenção evocar o que há de mais pobre, mais submundo e mais sofrido na verdade anti-humana do cotidiano. O espaço cênico escolhido para o espetáculo fugiu da convencional caixa cênica do teatro italiano e se adaptou a um Site Specific. O local escolhido foi a o Centro de Artes da Udesc. No primeiro momento da peça a ação aconteceu em um deck, onde os espetadores foram recebidos pelos atores, já incorporados em seus personagens, e sentaram-se no chão ao redor da cena. Logo que a peça se iniciou, os atores se moveram, convidando a platéia a segui-los para um novo ambiente. Nesse momento o público se acomodou em outro local, onde ficaram pelo resto da peça, apenas tendo que se movimentar para mudar seu campo de visão, uma vez que as cenas aconteciam em diferentes locais. Para criar o cenário de casas vizinhas, onde as moradoras se comunicavam pela varanda, foi utilizada a passarela que ligava o segundo andar de dois 42

Fig. 60: Cenário casa dos moradores

Fig. 61: Cenário casa do “Rico comerciante”


prédios, com diversas aberturas em arco, permitindo a criação de “janelas” para cada casa. Não havia nenhum mobiliário, apenas alguns objetos como roupas penduradas em um varal. A casa do “rico comerciante” do bairro ficava em uma outra passarela, porém com uma abertura maior, deixando clara a diferença de hierarquia entre sua casa e a dos demais moradores. Neste cenário já notávamos a presença de alguns mobiliários, como um sofá velho e uma poltrona de segunda mão posta em uma altura mais elevada, outra demonstração da superioridade do personagem. Havia também na parede quadros com paisagens da ilha de Florianópolis. Ao centro deste espaço cénico, havia um pátio redondo em concreto, que conforme a ação que acontecia, representava um cenário diferente. Era a própria ação que determinava onde se dava a cena.

Fig. 62: Palco central

Fig. 63: Croqui do Site Specific

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Montagens Shakespearianas: A Tempestade Assistimos a peça no dia 11 de outubro de 2015, no teatro Tucarena em São Paulo. Escrita por Shakespeare, teve a tradução realizada por Marcos Daud e direção e cenografia assinadas por Gabriel Villela. O palco de arena, que não tinha cortina, permitiu que o público, enquanto se acomodava, já tivesse um primeiro contato com o cenário e objetos da peça. Observamos um mobiliário extremamente artesanal e detalhado. Notamos um caráter rústico e lúdico, com uso de peças de madeira e cerâmica. Em cena tínhamos: uma cama com dorsal em madeira e uma colcha bordada; bolas de vitral, pen-

Fig. 64: Cenário antes de iniciar a peça

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duradas no dorsal; quatro luminárias feitas a mão, posicionadas logo a cima da cama, iluminando-a; três cadeiras de madeira, dispostas à beira da cama sobre um tapete; alguns vasos de barros embaixo da cama; um balde de alumínio e um armário de boticário, com alguns livros e vidros de poção. Também tínhamos uma escrivaninha, com alguns livros velhos, que se transformava em um banco. Seguindo o contorno do palco alguns bancos de diversos formatos e tamanhos, servindo de apoio para um teclado eletrônico e vasos de barro. No raio oposto à cama, em uma mesa de madeira, uma réplica de caravela. Ao lado, um barril envelhecido.

Fig. 65: Cama do Rei Próspero


No centro do palco, um tapete bordado com lantejoulas e brilhos, com diversas almofadas, vasos e cuias. Sobre um carrinho de mĂŁo com tampo de madeira, que estava em cima de um tecido azul, vĂ­amos uma miniatura da ilha, com um boneco, em tamanho desproporcional, sobre ela.

Fig. 66 e 67: MobiliĂĄrio em cena

Fig. 68: Centro do palco

Fig. 69: Carrinho de mĂŁo com ilha em miniatura

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Fora do palco havia painéis, em um lado com motivos gregos (corpos dançando) e no outro com motivos de natureza (palmeiras e praia). No canto um busto de manequim feito de madeira no qual estavam encaixadas asas de tecido preto. O grande desafio do palco de arena é a limitação da troca de cenários. Por tanto, foi necessário o uso de diferentes soluções para ambientar cada cena. Logo na primeira cena observamos uma solução muito interessante: o navio do Rei de Nápoles estava naufragando e como solução foi usada a réplica de um navio movimentada por um dos atores em cena, enquanto os outros ao fundo, cantavam e diziam suas falas de desespero durante a catástrofe. Além disto outros dois atores manipulavam um peda-

Fig. 70: Painel na lateral da platéia

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ço de tecido azul translúcido representando o movimento do mar que envolvia a nau. A réplica do navio era feita de um material leve, talvez madeira balsa, permitindo um fácil manuseio, de modo que o ator pudesse movimentá-la facilmente. Durante toda a peça era os próprios atores que manipulam os objetos do cenário, de forma que a mudança da cena se dava com um novo rearranjo das mobílias e objetos. Notamos que o arranjo de móveis e objetos era o mesmo toda vez que um ambiente da história se repetia, proporcionando ao público diferentes cenário para cada locação. Toda vez que a cena se passava em uma parte da ilha onde o Rei de Nápoles e seus companheiros estavam perdidos, as mesas eras postas umas sobre

Fig. 71: Manequim com asas

Fig. 72: Imagem de Iemanjá


as outras, criando uma pirâmide. Algo importante de ressaltar na cena é o fato do rei de Nápoles sempre estava na mesa mais alta, mostrando a hierarquia dos personagens. Os figurinos, assim como os objetos, eram artesanais, bordados com espelhos e lantejoulas, remetendo aos vestuários das festas de Folia de Reis, com cores mais sombrias e tons terrosos. Durante o espetáculo tivemos apenas duas mudanças de figurino: de Miranda, filha do rei de Milão, e do Espírito Ariel. A troca do figurino da filha ocorreu no momento de seu casamento, quando deixa de usar apenas branco, uma alusão a sua pureza, e passou a usar um vestido dourado. O Espírito de Ariel, em alguns momentos da peça, vestiu as asas que estavam encaixadas no busto do manequim. Em um momento especifico, em que o rei lhe deu ordens, ele trocou todo seu figurino.

Um acessório interessante que foi usado na peça foi a coroa do rei de Nápoles, que na verdade era um pinico de ágata branco decorado com folhas de louro douradas. No decorrer da peça os atores usaram as cuias e os vasos como tambores e como forma de propagar suas vozes, dando um efeito muito interessante de musicalidade para diversas cenas. Dois objetos isolados chamaram a atenção por serem destoantes do restante da peça. Para comandar seus feitiços e tramas, Próspero, o rei, usou uma antena retráctil de televisão. E em outra cena, na qual Ariel levou comida aos náufragos, foram usadas frutas falsas de plástico, do tipo comuns em lojas de R$1,99. Reforçando a mistura da atmosfera shakespeariana com o folclore brasileiro foi usada a imagem de Iemanjá, figura muito importante na cultura popular brasileira. De forma geral, pudemos observar uma tentativa bem sucedida do diretor de aproximar o universo shakespeariano a uma ambientação brasileira. Os tons terrosos usados nos objetos e nas vestimentas remetiam aos sertões de Minas Gerais. O fato de serem usados elementos da cultura brasileira deu à peça uma simbologia forte e única, enriquecendo o texto original.

Fig. 73: Miranda com seu vestido dourado

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Macbeth + Medida Por Medida Macbeth e Medida por Medida de Shakespeare foram assistidas em 12 de Dezembro de 2015 e 08 de janeiro de 2016, respectivamente. Ambas peças, dirigidas por Ron Daniels, fazem parte do projeto “Repertorio Shakespeare”, desenvolvido em conjunto com o SESC-SP. O espetáculo aconteceu no Teatro SESC -Vila Mariana, o qual é no estilo italiano. O cenário, projetado por André Cortez, era único e usado paras as duas peças, porém com projetos de iluminação, objetos em cena e figurinos diferentes. Ao entrar no teatro notava-se que a cortina estava aberta, revelando para o público o cenário. Ao fundo um painel grafitado por Alexandre Orion ilustrava diversos rostos encarando a platéia, inspirado no quadro Operários (1933) de Tarsila do Amaral, que durante a peça transmutava-se através da iluminação em um mural de caveiras. Contornando o palco, formando um desenho de meia-lua havia uma estrutura de canos metálicos recobertos por uma cortina de lona transparente, semelhante às cortinas que se encontram em açougues. A maior parte da entrada e saída de atores dava-se por meio destas cortinas. O piso texturizado na cor cinza seguia uma padronagem que não se estendia ao proscênio. Em Macbeth, uma tragédia que explora a questão da origem do mal, há uma atmosfera pesada que remete à guerra. Foram usados sons de metralhadoras e rajadas de vento. O único mobiliário que aparecia durante a peça era uma cadeira de 48

Fig. 74: Capa e sobrecapa da brochura da peça

vime usada pelo personagem Macbeth, destoando da atmosfera e linguagem escolhida pela direção de arte. As Bruxas que vinham para revelar o futuro para Macbeth conduziam um carrinho de supermercado ornamentado com objetos que remetiam à feitiçaria. O figurinos dos personagens masculinos são atuais, e lembravam o uniforme das policias militares. Lady Macbeth usava vestidos de gala sóbrios e contemporâneos. Um momento muito simbólico da peça foi quando Macbeth e sua mulher sujaram suas mãos de sangue vermelho e brilhante, que se destacou em meio a um ambiente de tons escuros.


Fig. 75: Macbeth, mãos ensanguentadas

Em Medida por Medida, uma comédia que questiona o puritanismo versus à libertinagem, há uma atmosfera mais leve em relação a tragédia de Macbeth. Durante o espetáculo as passagens festivas eram representadas por figuras carnavalescas. E os ritmos vinham do berimbau e da rabeca. Havia apenas um mobiliário, uma mesa antiga de madeira envernizada que aparecia nas cenas do escritório do Juíz. As vestimentas eram variadas e não seguiam uma época como referência. O núcleo que representava os moradores da periferia, suas prostitutas e cafetões, usavam roupas atuais, misturando trajes vulgares com tecidos brilhosos e coloridos. Os encarcerados usavam macacões laranjas, semelhantes aos padrões das prisões americanas. A noviça, assim como o duque quando se disfarça de monge, usava os trajes tradicionais da igreja. Os personagens com cargos políticos usavam ternos e capas, remetendo às vestimentas do juízes do Supremo Tribunal Federal.

Fig. 76: Imagens da brochura da peça

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Fig. 77: Cenário ao início das peças

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02. A PEÇA



REI LEAR- SHAKESPEARE A peça escolhida como objeto de estudo foi Rei Lear de William Shakespeare, com tradução feita em 2011 por Bárbara Heliodora.

Escolha da peça Ao definir a peça a ser estudada, buscava-se encontrar trabalhos que permitissem diversas interpretações de cenários. Era importante ter a possibilidade de adaptar a história para diferentes contextos e palcos e que ela fosse cenograficamente interessante, permitindo múltiplas possibilidades de representação de um mesmo cenário. Pensando em trabalhar com um tema que transmitisse realidades atuais e globais, surgiu a ideia de usar uma das peças de Shakespeare, autor que se destaca por ter escrito textos dramáticos atemporais, que ainda carregam em seu enredo discussões de temas existentes em nossa atual sociedade. Além disso no ano de execução desse trabalho, 2016, será comemorado o aniversário de 400 anos de sua morte. Dentre as inúmeras peças de Shakespeare, inicialmente selecionamos suas quatro grandes tragédias: Hamlet (1600-1601), Othello (1604-1605), Rei Lear (1605-1606) e Macbeth (1605-1606). Todas as peças tratam de temas envolvendo a busca pelo poder e suas consequências, abordando as interelações entre individuo, Estado e Natureza, com a presença do mal quando algum equilíbrio é rompido. Entre estas, foi escolhido como objeto de estudo a peça Rei Lear, que por muitos é considerada a sua obra-prima (He-

liodora, 2011). Assim como muitas de suas obras, Rei Lear não possui um enredo original. No século XII, Geoffrey of Monmouth, ao contar a história da Inglaterra, retrata o personagem Lear, que posteriormente foi usado em textos de Holinshed, Spenser e Jonh Higgings. Estes quatros textos foram usados como base para o texto de Shakespeare. Porém diferentemente dos anteriores que tinham um final feliz, ele viu a potencialidade para uma tragédia, criando assim um texto perfeitamente original. Rei Lear aborda temas como a violência e o desrespeito à lei da natureza. Em sua essência a peça é um conto sobre pessoas no poder destruindo umas às outras (Thorpe, 2015). Dois pontos diferenciam esta peça, primeiramente, ela é a única tragédia do autor que tem duas tramas que acontecem em paralelo e trabalham o mesmo tema: a incompreensão dos pais a respeito do caráter de seus filhos. E segundamente, o uso de imagens de animais para retratar os comportamentos e atitudes sub-humanos dos personagens. A trama conta a história de um rei que decide abdicar do poder, porém sem abrir mão de suas regalias. Ele decide dividir seu reino entre suas três filhas e para isso ser executado, exige que elas coloquem em palavras a grandeza de seus afetos. Enquanto duas delas o bajulam, a mais nova e honesta diz amá-lo apenas como pai. Não contente com a resposta, o Rei a deserda. Ao decorrer da trama, após passar por momentos de traição e perda de lucidez, o Rei percebe que a caçula era a única digna do trono. Duran53


te a peça a consciência do Rei é representada pelo personagem do bobo, que assim que o Rei percebe seu erro de julgamento, simplesmente desaparece.

O Autor William Shakespeare foi um poeta e dramaturgo que nasceu em 1564 e morreu em 1616 na Inglaterra. Suas obras teatrais pertencem ao período teatral denominado Elisabetano. Ele é considerado um gênio teatral e dramático e foi essencialmente um autor popular. Apesar de ser um homem de seu tempo e conseguir traduzir muito bem os conflitos de sua época, Shakespeare criou obras que permanecem atuais até os dias de hoje. (Heliodora, 2014) Nos restaram hoje 38 peças, 154 poemas, 2 longos poemas narrativos, que foram traduzidas para os principais idiomas e são encenadas mais do que qualquer outro dramaturgo. Entre suas principais obras destacam-se Romeu e Julieta, que se tornou um dos maiores exemplos de história de amor, e Hamlet que tem uma das frases mais famosas da língua inglesa: to be or not to be: that’s the question (Ser ou não ser, eis a questão). (Heliodora, 2011)

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Fig. 78: Gravura William Shakespeare


PERSONAGENS

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SINOPSE A trama começa quando Rei Lear, já em idade avançada, decide dividir seu património entre suas três filhas: Goneril, Regan e Cordélia. Lear: No entanto falaremos de intenções Secretas. Dai-me o mapa. Dividimos Em três o nosso reino. É nosso intento Livrar nossa velhice de cuidados, Deixando-os para jovens de mais forças Enquanto nós, sem cargas, rastejamos A caminho da morte [...] (Ato I, Cena I)

Como forma de provarem o merecimento de um terço do reina, o Rei pede que cada filha lhe prove seu amor e devoção. Lear: [...] Digam, filhas, Já que agora queremos nos despir De poder, territórios e cuidados, Qual das três vai dizer que mais nos ama,[...] (Ato I, Cena I)

As duas primogênitas seguem com bajulações ao pai, enquanto a mais nova, Cordélia recusa-se a expressar qualquer sentimento além do necessário ao seu pai. Lear: [...] E agora, Nossa alegria, embora seja a última, Por cujo amor vinhas de França e leite De Borgonha se empenham em captar, Que diz para ter um terço mais polpudo Que o das irmãs?

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Cordélia: Nada, senhor. Lear: Nada? Cordélia: Nada. Lear: Não vem nada de nada. Agora, fale. (Ato I, Cena I)

Diante da rebeldia da filha, Lear se vê insultado e a expulsa de seu reino, dividindo o seu terço das terras, entre as duas irmãs. Lear: Tão jovem e tão dura? Cordélia: Tão Jovem, meu senhor, e verdadeira. Lear: Que seja! E co’a verdade pra seu dote! [...] Aqui renego o cuidado paterno, Todo o poder da consanguinidade, E como estranha a mim e ao meu amor A tenho para sempre [...] (Ato I, Cena I)

O rei da França que era um dos pretendentes da caçula enxerga nela sua bondade e eles se casam. Kent que sempre foi fiel ao rei, o questiona quanto sua a decisão sobre Cordélia e acaba também por ser banido do reino. Porém ele não perde sua lealdade e se disfarça como forma de continuar servindo o Rei. Em paralelo, Edmundo, filho bastardo de Gloucester, começa a tramar contra seu irmão, para que assim herde sozinho as riquezas de seu pai. Ele convence seu irmão a fugir, este se esconde na floresta e se disfarça de Tom, o maluco. Conforme acordado entre filhas e pai, cada uma delas deveriam hospedá-lo por um período, per-


mitindo que ele continuasse a ter todo o conforto que até então estava habituado. Gonoril é a primeira filha a recebê-lo. Porém ela instrui seus serviçais a não atenderem os pedidos de seu pai, e acaba por expulsá-lo de seu castelo. Kent ressurge disfarçado e passa a ajudar o rei, que o ordena a buscar sua outra filha, Regan, para lhe explicar a situação. Lear parte em direção ao castelo de Gloucester, onde encontra sua filha Regan e o marido. Regan que já havia recebido uma carta de sua irmã, recusa-se a ouvir o Rei. Eles entram em desacordo, e o Rei parte em busca de abrigo junto do Bobo e Kent. Lear em meio a uma tempestade, começa a dar primeiros indícios de estar perdendo sua lucidez. Em um descampado ele grita para os céus: Lear: Soprai ventos; rasgai a face em fúria! Vós, cataratas e tufões, jorrai E afogai campanário e cata-vento! Fogos de enxofre, que sois tão velozes Quanto as ideias, e que sois arautos Dos raios que bifurcam os carvalhos, Queimai minha cabeça branca. E vós, Trovão que tudo treme, golpeai A espessura rotunda deste mundo! Quebrai a forma e ora espalhai os germes Da natureza que faz o homem ingrato! (Ato III, cena II)

Gloucester, que não aceita a forma como as filhas trataram seu antigo amigo, o guia para um abrigo. Nesse momento Lear encena um julgamento condenando o comportamento de suas filhas mais velhas e começa a tomar consciência de seu erro ao banir Cordélia. Lear: Vai ser assim: eu as acuso agora.[...] Acusem esta primeiro; é Goneril. Faço

Agora meu solene juramento diante desta Honrada assembleia, ela deu um pontapé no Pobre rei, seu pai.” (Ato III. Cena VI)

Edmundo revela a traição do pai à Cornwall, que como vingança arranca os olhos de Gloucester. Um de seus serviçais que julga o ato extremo, interfere, matando Cornwall. Edgar encontra o pai, e ainda disfarçado, o ajuda. Eles vagam até encontrar Lear que está no ápice de sua loucura. Nesse momento Kent parte em busca de Cordélia, levando-a ao encontro do pai. Cordélia: Meu bom pai! Que a saúde me coloque Nos lábios vossa cura, e que este beijo Pague o mal que a Vossa Reverência Minhas irmãs fizeram. Kent: Como é boa![...] Lear: É cruel me tirar da sepultura. Tua alma vive em graça; porém eu A uma roda de fogo estou atado, E meu pranto é qual chumbo derretido.” (Ato IV, Cena VII)

Tramando junto a Goneril e Regan, Edmundo assume o comando do exercito inglês, que encontra-se em guerra com a França. A Inglaterra ganha a guerra e Edmundo captura Lear e sua filha Cordélia e os condena à morte. Goneril e Regan, ambas apaixonadas por Edmundo entram em conflito. Por fim, Gonoril envenena a irmã e em seguida suicida-se. Edgar desmascara a traição do irmão, eles se enfrentam e Edmundo morre, antes revelando sua trama e a sentença dada contra o Lear e sua filha. 57


CENÁRIOS Gloucester também morre. Lear retorna com sua filha a beira da morte em seus braços. Ele lamenta seu destino. Lear: Uivai, uivai, homens feitos de pedra! Com vossa língua e olhos eu faria Ruir os céus. Ela se foi para sempre. Eu sei se alguém ‘stá morto ou se ainda vive; ‘Stá morta como a terra; dai-me um espelho! Se o seu hálito embaça ou marca a pedra, Então ‘stá viva. [...] Maldito vós, traidores e assassinos! Eu a teria salvo; agora foi-se! Cordélia, ah, Cordélia, fica um pouco!” (Ato V, Cena III)

Desolado com a morte da filha, Lear morre logo em seguida. Lear: Enforcado o meu bem! Não, não há vida! Por que vive o cavalo, o rato, o cão, E tu sem vida? Tu não voltas mais; Nunca, nunca, nunca, nunca, nunca. Abri-me, por favor, este botão. Obrigada, senhor. ‘Stão vendo isso? Olhai pra ela, olhai para os seus lábios! Olhai, ali, olhai. (morre.)” (Ato V, Cena III)

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01.Salão nobre do palácio do Rei Lear: Ato I, Cena I 02.Sala do castelo do Conde Gloucester: Ato I, cena II; Ato III, cena III, V, VII; Ato IV, cena V 03.Aposento no palácio do Duque de Albânia: Ato I, cena III 04.Ante-Sala Palácio do Duque de Albânia: Ato I, cena IV 05.Pátio diante do Palácio do Duque de Albânia: Ato I, cena V; Ato IV, cena II 06.Pátio do Castelo de Gloucester: Ato II, cena I 07.Diante do Castelo de Gloucester: Ato II, cena II 08.Na mata: Ato II, cena III 09.Em frente ao castelo de Gloucester: Ato II, cena IV 10.Chanerca: Ato III, cena I, II; Ato IV, cena I 11.Chanerca com Choupana: Ato III, cena IV 12.Aposento em uma granja próx. ao Castelo de Gloucester : Ato III, cena VI 13.Acampamento Francês, perto de Dover: Ato IV, cena III, VII 14.Tenda acampamento francês: Ato IV, cena IV 15.Campo perto de Dover: Ato IV, cena VI 16.Descampado próximo ao acampamento britânico, em Dover: Ato V, cena I 17.Planície entre acampamentos: Ato V, cena II 18.Campo Britânico, perto de Dover: Ato V, cena III


ATOS E CENAS A história de Rei Lear se passa Grã-Bretanha, é dividida em 5 Atos e 26 cenas, descritos abaixo:

Ato e Cenas

CENA VI: Gloucester leva o rei e os outros para um abrigo. CENA VII: Gloucester é torturado e Cornwall fica ferido.

ATO I:

ATO IV:

CENA I: Partilha do reino; Rompimento com Cordélia; Expulsão de Kent. CENA II: Trama de Edmundo para trair o irmão. CENA III: Gonoril hospeda Lear. CENA IV: Kent ressurge disfarçado; Gonoril expulsa o pai de seu castelo. CENA V: Lear segue para o castelo de Regan.

ATO II:

CENA I: Edmundo trama contra o irmão; Edgar foge para floresta; Regan chega ao castelo de Gloucester. CENA II: Conflito entre Kent e Oswaldo; Kent é amarrado. CENA III: Edgar se torna Tom. CENA IV: Lear chega ao castelo de Gloucester; Briga de Lear com Regan; Rei parte.

ATO III:

CENA I: Tom encontra Gloucester. CENA II: Gonoril volta para seu castelo; Cornwall morre. CENA III: Kent avisa Fidalgo do paradeiro do Rei. CENA IV: Cordélia planeja resgatar o seu pai. CENA V: Regan quer conquistar Edmundo. CENA VI: Gloucester tenta se matar; Edgar e Gloucester encontram Lear; As tropas de Cordélia acham o rei. CENA VII: Cordélia reencontra Lear; Kent se revela.

ATO V:

CENA I: Traição de Edmundo é revelada. CENA II: Lear e Cordélia perdem a guerra; Edgar tenta salvar o pai. CENA III: Lear e Cordélia são prisioneiros; Edmundo é morto por Edgar; Gonoril e Regan morrem; Lear e Cordélia morrem.

CENA I: Kent na estrada. CENA II: Lear começa a perder a lucidez. CENA III: Edmundo trama contra o pai. CENA IV: Lear, Kent e o Bobo encontram-se com Tom; Gloucester os leva para uma cabana. CENA V: Edmundo trai o pai. 59


MAPA MENTAL DE SIGNOS DA PEÇA Atemporal Temas atuais Global Reflexão sobre a sociedade

DINÂMICA DO PODER

Shakespeare Tragédia Vingança Poder Paixão Traição Mortes

Bretanha Monarquia Guerra Disputa de terra Combate Castelo Campo de Batalha

SOMBRIO / TEMPESTADES SANGUE/ ESCURIDÃO/ PENUMBRA NEVOEIRO/ EXPLOSÃO 60

REI LEAR IDADE AVANÇADA DEMÊNCIA PERDA DA LUCIDEZ

DIVISÃO DO REINO

3 FILHAS

“nothing will come of nothing” Busca de aprovação

ditadura Governo Opressor briga pelo poder interesse Tirania Violência Ego

manipulação ganância hipocriasia jogo de poder GONERIL interesse REGAN adulação CORDÉLIA amor puro recusa à tirania honestidade


03. ESPAÇO CÊNICO



PALCO ITALIANO A escolha de usar o palco italiano tradicional como base para a criação de um estudo cenográfico deve-se ao fato desse espaço cênico ter algumas vantagens. Por ser um dos palcos mais comumente encontrado nos teatros das grandes cidade, ele permite que um cenário possa ter diversas montagens sem grandes alterações de projeto. Suas grandes dimensões permite a elaboração de um cenário em vários níveis e de grandes proporções. Sua caixa fechada evita que haja interferencia de iluminação extena, de modo que a iluminação da peça possa ser trabalhada mais facilmente.

Teatro Ademir Rosa O teatro escolhido para criar o estudo de cenografia da peça Rei Lear foi o Teatro Ademir Rosa, no Centro Integrado de Cultura (CIC), localizado em Florianópolis, Santa Catarina. O teatro tem um palco italiano com uma boca de cena de 14 metros de largura. O palco tem 27 metros de largura por 21 metros de profundidade. O proscênio é móvel e tem 14 metros de largura por 4,5 metros de profundidade. Há 4 camarins e a platéia pode acomodar até 965 pessoas.

Fig. 79: Planta Baixa CIC

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ELEMENTOS DO PALCO ITALIANO - Bambolina: Faixa de pano geralmente na cor preta usada para fazer o acabamento na parte superior do palco, escondendo as varas e demais equipamentos. Essas faixas são penduradas por dentro da caixa cênica, na vertical e paralelas entre elas, criando uma ilusão de “teto do palco” - Boca de Cena (Ante-cena): Abertura da “Quarta Parede”, delimitando verticalmente e horizontalmente o espaço visual da cena; Cria uma moldura para o palco. - Ciclorama (Infinito): Tela situada no fundo do palco, normalmente na cor branca ou em tom claro, ela é levemente curvada ou semicircular, tendo como objetivo criar a ilusão de infinito. Nela podem ser projetadas imagens ou tonalidades luminosas com intuito de criar um fundo de céu ou paisagem. - Cortina de boca: Cortina de abrir e fechar situada na armação da boca de cena. Movimenta-se no sentido vertical durante as mudanças de atos, encerramentos ou aberturas de sessões.

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- Coxias(Bastidores Laterais): Espaço atrás dos bastidores por onde se dá a entrada e saída dos atores. - Fosso do Palco: Espaço sob o palco, com acesso por meio de aberturas das quarteladas e alçapões, onde são instalados elevadores, escadas e demais equipamentos usados durante a encenação para efeito de fugas ou de aparições. - Fosso da Orquestra: Espaço destinado ao posicionamento da orquestra, localizado à frente do palco em nível mais baixo que o mesmo. Pode ser coberto pelo proscênio. - Gambiarra: Situado acima do arco do proscênio, na face interior da boca de cena ou no teto da platéia, são varas de refletores e/ou luzes brancas que servem para iluminar a cena.

- Cortina de corte: Pano preto usado no primeiro terço do palco em situações de trocas de cenários.

- Perna: Elemento vertical feito de pano solto, normalmente na cor preta, pendurado na lateral do palco acima da boca de cena até o chão, com o intuído de evitar vazamento de cena e “esconder” os bastidores da visão da platéia. Seu posicionamento paralelo cria a sensação de parede e ajuda a delimitar o espaço cênico.

- Cortina de Manobra: Pano leve situado logo em seguida da cortina de boca, usado em trocas rápidas de cenários feitas sem interrupção do espetáculo.

- Proscênio: Prolongamento do palco normalmente em curva que se projeta em direção à platéia. Pode ser móvel, revelando o fosso quando retirado.


- Ribalta: Anterior ao proscênio, delimita o palco e a platéia. - Rotunda: Pano de fundo na cor preta, feito normalmente de um tecido poroso como flanela, feltro ou veludo. É pendurado na vertical ao fundo do palco, delimitando a profundidade do espaço cênico. Localizado logo a frente do Ciclorama. - Tapadeira de corte: Armações móveis de madeiras que são revestidas em pano na cor preta, usadas como forma de diminuir a altura ou largura da boca de cena. - Urdimento: estrutura em madeira ou ferro que é construída ao longo do teto do palco para permitir a movimentação de varas e elementos cenográficos. Atinge uma altura de 2,5 vezes a altura da boca de cena. - Vara cenográficas e de iluminação: estrutura longitudinal presa ao urdimento, onde são pendurados equipamentos de luz e elementos cenográficos. Sua movimentação pode ser elétrica ou manual, utilizando-se de contrapesos.

Fig. 80: Palco Italiano

- Varandas e Pontes: Passarelas suspensas lateralmente e ao fundo da caixa cênica por onde circulam os cenotécnicos. 65


LINHAS DE FORÇA DO PALCO A Convenção Portuguesa do começo do século XX, usava termos do tabuleiro de xadrez para identificar a movimentação dos atores no palco. Ainda hoje usamos esta referência e as localizações no palco se dão segundo o ponto de vista do público. Ou seja, olhando para a boca de cena, sentados na platéia temos duas laterais – esquerda e direita – e o centro. Usamos os termos baixa e alta para nos referirmos à frente e ao fundo do palco, respectivamente. Combinando esses termos é possível identificar geometricamente qualquer posição no palco. (Ratto, 2001) Levando em consideração o condicionamento do olho humano para entender o mundo ocidental da esquerda para direita e de cima para baixo (da mesma forma como lemos um texto), a linha de força mais forte que podemos ter em um palco acontece da alta esquerda para a baixa direita. Podemos dizer que o local ideal para uma entrada de cena acontece na esquerda alta e para uma cena de grande força focal a baixa direita é o mais indicado. O centro do palco funciona como um imã de forças, atraindo uma grande energia para o seu foco, e é neste espaço que acontece a maior parte da ação cênica. A trajetória de uma ação encenada no palco pode ter diferentes conotações. Ao criar linhas de forças na diagonal temos como resultado um dinamismo. Por outro lado o uso de linhas horizontais passa uma sensação de passividade e receptividade. E as linhas verticais transmitem ascensão e movimentos ativos. Em peças dramáticas é comum notar o uso 66

de linhas retas, que remetem à atividade ativa e em peças cômicas é nítido como as ações se dão de forma sinuosa, remetendo ao movimento orgânico da natureza. ESQUERDA

MEIO

DIREITA

ALTA

CENTRAL

BAIXA

PONTO DE VISTA DA PLATÉIA

Linha de ação de maior força Grande área de ação cênica

Ideal para entrada de cena Local de grande força focal

Fig. 81: Linha de forças no palco italiano


04. PROCESSO CRIATIVO



Fig. 82: Colagem

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CRUS BRUTOS

SENTIMENTOS

MATERIAS ferro aço CORTEN madeira ENVELHECIDA pedra

REI LEAR SANGUE

CINZA

VERMELHO

PRETO

MARROM

TEMPESTADE

nublado

INVERNO INGLÊS

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vento raios trovões Chuva Tufões Rodamoinhos Relâmpagos

Sujeira terra folhas secas verde escuro FOLHAS MUSGO

INVEJA TRAIÇÃO VINGANÇA ÓDIO GANÂNCIA


TEXTURAS Durante o processo de criação do cenário foram usados materiais, imagens e conceitos para criar a identidade visual da peça. Tendo como base algumas imagens foi feito uma colagem que remetesse a ambiência imaginada para a história se passar. Desenvolveu-se uma idea de uma atmosféra sóbria, como cores frias variando entre tons de azul e marrom, até chegar ao cinza e preto, remetendo ao inverno inglês, e apenas um toque de cor com o vermelho, que resembla tanto ao poder da realeza quanto as tragédias e mortes da trama. Dentro as texturas escolhidas como base para criação temos o metal como peça chave. Podendo ele aparecer tanto como materia nobre, o ouro polido, ou trazendo a ideia de sombrio e velho, no aço enferrujado. Tem-se também a madeira envelhecida, que aquece o ambiente frio devido ao uso de metal, o veludo, que remete a nobreza, e a pele de animal, reforçando a imagem de inverno.

Fig. 83: Texturas Fig. 84: Paleta de cores

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NATUREZA

flor-de-lis

pureza cristão

IGREJA

janelas góticas vitrais coloridos pedra

ARQUITETURA

GÓTICA ROMANTICA

CASTELO

MEDIEVAL

defesa fortalezas muralhas torres acesso por pontes

CORES alegoria para comportamento humano

ANIMAL linguagem heráldica

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BRASÕES

armas escudos bandeiras flamulas estandartes

Branco: pureza Vermelho: Sangue Preto: luto; penitência

GUERRA

Armadura cavalos Cavaleiros Soldados Armas


CONCEPÇÃO Tendo em mente a atemporalidade das peças de Shakespeare tentou-se criar uma concepção para a peça que desenvolve esta ideia. Para tal, foi escolhido trabalhar com o contraste entre duas épocas, assim são usados elementos que representam o imaginário medieval e elementos contemporâneos. Escolhe-se não fazer mudanças ao texto original, escrito em 1605. Mantendo a narrativa, na qual identifica-se expressões e vocabulário da época e diversos elementos do cotidiano de uma corte medieval, tal como o bobo da corte, o arauto, cavaleiros,

reis e princesas. Além das guerras e disputas de reinos que ocorrem como pano de fundo da história. O principal contraste acontece entre a estrutura cenográfica e o figurino, ambos trabalhados dentro da proposta de minimalismo e síntese. Porém, enquanto no cenário se busca trabalhar com materiais brutos e soluções tecnológicas, no figurino utiliza-se do imaginário medieval a partir do uso de vestimentas, acessórios e matérias que remetem aos daquelas época.

Fig. 85: Cenário de Daniela Thomas para peça O Avarento em 2006. Pode-se observar o contrate da estrutura cenográfica contemporânea com um figurino barroco.

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CENÁRIO: A estrutura cenográfica é desenvolvida em 3 principais elementos: uma estrutura central com patamares em níveis diferentes, um painel ao fundo com portas que dão acesso à estrutura central e telas para projeção que descem e sobem durante a peça. Para a estrutura central tentou-se trabalhar principalmente com a ideia dos patamares, de modo que permitisse durante a peça uma movimentação dos personagens. De tal forma que a movimentação entre os diferentes níveis remeta as diferentes posições e dinâmicas hierárquicas daquela sociedade. Escolheu-se então como solução construtiva trabalhar com estruturas tubulares de andaime, o que permitiu a criação de níveis ao mesmo tempo em que traz ao cenário um caráter contemporâneo, uma vez que trata-se de um elemento do mundo da construção civil moderna. A estrutura central foi desenvolvida em quatro partes. Primeiramente, ao fundo um andaime fachadeiro de dois andares com duas escadas interligando-os e três escadas de marinheiro. Em seguida há uma passarela central com uma escada ao final que leva ao nível do palco e por último dois patamares laterais, a esquerda e a direita. A ideia principal é que o segundo andar do andaime fachadeiro represente a posição mais alta da sociedade, e as escadas que levam a ele façam alusão à cobiça e tentativa de ascensão às posições mais altas. Já as telas de projeção são utilizadas como solução para criar diferentes tipos de ambientações 74

durante a trama. Temos cinco telas que descem pela frente do andaime fachadeiro, sendo que a tela central é independente das demais, podendo, portanto, deixar o acesso para o andaime fachadeiro liberado. Elas são de material opaco que aceita tanto projeção frontal, como por exemplo, retroprojeções, como luz indireta, o que as tornam transparente. Opta-se em algumas cenas pelo uso da projeção de imagens ou de vídeo colagens. Brasões serão projetos em cenas que se passam no castelo ou em acampamento de guerra. Já em cenas com tempestade e tormentas faz-se o uso da vídeo colagem, para representá-las. Em cenas curtas utiliza-se da transparência, para que assim aconteçam momentos off-scene, como se aquela cena estivesse acontecendo em um local distante. E, por fim tem-se o painel ao fundo, que é modulado, imitando placas de aço corten e suas portas dão acesso ao dois andares do andaime fachadeiro. Apesar do cenário remeter majoritariamente a atualidade, neste identifica-se aspectos do período medieval, como por exemplo, as portas no painel ao fundo, que têm formato gótico e o andaime fachadeiro que remete ao formato de torre.


Fig. 86: Cenรกrio proposto

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FIGURINO Tentando trabalhar o resgate da época medieval buscou-se alguns elementos chave que pudessem ser incorporados as vestimentas de cada personagem. Para as personagens femininas opta-se por vestidos compridos e com mangas longas, porém minimalistas e com poucos detalhes. Usa-se, também, tecidos nobres como seda, veludo, shantung e brocado. Já, para os personagens masculinos opta por túnicas na altura do joelho e cintadas, com calças por baixo. Nas cenas de guerras utiliza-se malha de aço por cima das vestimentas. Escolheu-se utilizar tecidos como seda e veludo em cores escuras e corino texturizado imitando a pele animal. Os personagens vestem capas sobrepostas com pele de animal nas cenas externas. Além das vestimentas, acessórios ajudam a compor o imaginário medieval, como por exemplo: a coroa do rei e as espadas do cavaleiros.

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Fig. 87: Colagem vestimenta masculina

Fig. 88: Colagem vestimenta feminina

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COROA MANTO CETRO TRONO

monarquia riqueza poder superioridade imponente

REI LEAR

marromAZUL VERMELHO metal douradoBRONZE PRATAveludo

AUTORITÁRIO RUGAS IDOSO BARBUDO APOSENTADO OPRESSOR IRRACIONAL GRISALHO

Fig. 89: Texturas Rei Lear

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LOUCO GORDO


Fig. 90: figurino Lear Ato I Cena I

Fig. 91: figurino Lear Ato III

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JOKER PALHAÇO

BOBO

colorido brilhante volumoso carnavalesco

INVISÍVELJOGADO

CONCIÊNCIA GRILO FALANTE

SUBVERSIVO

Fig. 92: Texturas Bobo

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ALEGORIAALTER-EGO HONESTO DEBOCHADO


Fig. 93: Croqui figurino Bobo

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BRANCO CINZA ROSA PASTEL

CORDÉLIA

pluma prata seda bordado

INOCÊNCIA

PURAJOVEM

VIRGEM HONESTIDADE RACIONAL

Fig. 94: Texturas Cordélia

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FIELCARIDOSA


Fig. 95: Croqui figurino CordĂŠlia Ato I cena I

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VERMELHO MARINHO VERDE CHUMBO

GONERIL REGAN

metal textura brilho estrutura

FORÇA RIGIDEZ

AMBIÇÃOIMPONÊNCIA

Fig. 96: texturas Goneril e Regan

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SEDUÇÃO

EGOISMO

DISPUTAGANÂNCIA


Fig. 97: Croqui figurino Goneril Ato I cena I

Fig. 98: Croqui figurino Regan Ato I cena I

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ILUMINAÇÃO

SONOPLASTIA

A iluminação tem grande papel na dramatizaçao de uma cena, por isso foram pensado alguns recursos que irão se repetir ao longo da encenação. Um deles é quando o foco de luz é empregado nos momentos de destaque de um personage e o segue na movimentaçao pelo palco. Outro uso é nas cenas em que há momento de introspecção. Nessas cenas, utiliza-se o recurso de diminuir a luz geral mantendo o foco somente em um personagem. Nos momentos de off-scene as luzes do palco diminuem e as luzes da estrutura de andaime se acendem, permindo a transparência da tela de projeção. Blackouts e clarões sao usados nas cenas de tempestade, como representação dos relâmpagos. E por fim, a luz vermelha é utilizada como forma de evidenciar a morte.

Junto aos videos projetados também serão utilizados efeitos sonoros, ajudando a criar a ambiência do momento. Nos momentos de tempestade, além dos blackouts e clarões, serão empregados sons da natureza como chuva, uivo de vento e trovoadas. Durante toda trama o som de clarin é usado como forma de sinalização de entradas e saídas de personagens, e momentos de alarme e toque de recolher durante a guerra.

Fig. 98: Imagens ilustrativas do cenário

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05. CENÁRIO- ESPECIFICAÇÕES



ESTRUTURA TUBULAR Foi usado um sistema de encaixe multidirecional que possibilitou a criação de diversas concepções estruturais. Seu sistema de encaixes facilita a montagem e garante aos vínculos da estrutura um engastamento elástico rígido, proporcionando à esta segurança. Nesse projeto foi usado como base para dimensionamento das modulações das estruturas tubulares de encaixe o sistema Mills Lock, da empresa Mills. O metal polido da estrutura receberá uma pintura opaca, que imita uma textura envelhecida em tons de cinza. No palco são 4 estruturas independentes e autoportantes: passarela principal, patamares laterais e andaime fachadeiro de dois andares com escadas. (Detalhamento em anexo). Além destas, nos bastidores tem-se uma escada de acesso com 4,00m de altura.

Estrutura 01: Passarela A passarela está localiza na parte central do palco e tem 10,50m de comprimento, 2,50m de largura e 0,80m de altura.

Fig. 100: Imagens ilustrativa estrutura passarela

Estrutura 02: Patamar à direita

Fig. 99: Imagens ilustrativa estrutura tubular

O patamar está localizado à direita da passarela e tem dois níveis diferentes, o primeiro com 0,60m e o segundo com 0,80m. Ele tem 2,50m de comprimento por 1,85m de largura. 89


Estrutura 04: Andaime fachadeiro O andaime fachadeiro tem dois andares, o primeiro com 1,00m de altura e o segundo com 4,00 de altura. No total a estrutura tem 9,30m de altura, 13,00m de comprimento e 2,50m de largura. Na estrutura serão instaladas luminárias para ajudar na iluminação da peça e ventiladores na sua parte mais alta com o intuido de movimentar as telas de projeção. Fig. 101: Imagens ilustrativa estrutura patamar

Estrutura 03: Patamar à esquerda O patamar está localizado à esquerda da passarela e tem 4,00m de comprimento, 1,85m de largura e 1,00m de de altura.

Fig. 102: Imagens ilustrativa estrutura patamar

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Fig. 103: Imagens ilustrativa estrutura andaime fachadeiro


PAINEL DE FUNDO

PISO

Painel ao fundo do palco com tapadeiras estruturadas com treliças metálicas e recobertas por chapas de Madeirit pintadas com textura de aço corten. Este possui três portas que dão acesso a estrutura de andaime fachadeiro. (Detalhamento em anexo)

O piso do palco será de Decorflex plotado com textura de cimento queimado. Já o piso de alumínio dos patamares da estrutura tubular serão revestidos com piso emborrachado plotado com textura de madeira envelhecida.

Fig. 105: Piso cimento queimado

Fig. 104: Placas de aço corten

Fig. 106: Piso madeira envelhecida

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TELA PARA PROJEÇÃO Serão utilizados sete painéis em tecido tulle Gobelin que permite um efeito cenográfico de projeção, retroprojeção e transparência. Os quais estão divididos em duas varas cenográficas, de modo que possam se movimentar independentemente. (Detalhamento em anexo). A retroprojeção é feita do fundo do palco para frente da plateia, de maneira que os atores em cena não farão sombras no tecido.

Fig. 107: Brasão Inglaterra

Fig. 108: Brasão França

Imagens projetadas:

Brasão Inglaterra Brasão Duque de Albany Brasão Duque de Gloucester Brasão França Silhueta galho de árvores

Videos projetados: Tempestade Descampado

Fig. 109: Brasão Gloucester

Fig. 111: Tempestade

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Fig. 110: Brasão Albany

Fig. 112: Silhueta galhos de árvore


06. ROTEIRO CENOGRÁFICO



CENA A CENA Nesta etapa foi desenvolvido um estudo de cada cena, elaborando um esboço de como se daria as entradas, saídas e movimentações no cenário proposto. Foram feitas algumas observações de iluminação e notas de figurino e objetos. Considerando a possivel modificação do layout do cenário, ocasionado pela a movimentação das telas de projeção, foram estipulados três padrões de cenário: - Padrão 01: Telas de projeção recolhidas - Padrão 02: Sete telas de projeção alinhadas - Padrão 03: Seis telas de projeção alinhadas e tela central elevada em 3,00 metros

PADRÃO 01

PADRÃO 02

PADRÃO 03 95


ATO I - CENA I Trama:

O rei divide o reino entre as filhas; Cordélia é deserdada e Kent é banido

Cenário:

Salão nobre Palácio Rei Lear Padrão 01

Movimentação:

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO em cena

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01. Gloucester e Kent: esquerda baixa 02. Edmund: esquerda baixa 03. Séquito: portas laterais 04. Regan, Cornwall, Goneril, Albany e Cordélia: porta à esquerda 05. Rei: porta central 06. Edmund e Gloucester: direita baixa 07. Kent: esquerda baixa 08. Gloucester, França e Borgonha: esquerda baixa 09. Séquito: portas laterais Gloucester e Borgonha: direita baixa Albany e Cornwall: porta à direita 10. Rei: porta central 11. Cordélia e França: direita baixa 12. Regan: porta à direita Goneril: porta à esquerda

Objetos: Coroa Mapa


ATO I - CENA II Trama:

Edmund trama contra seu irmão, Edgar.

Cenário:

Sala do castelo do duque de Gloucester. Padrão 1 sem projeções.

Movimentação:

01. Edmund: esquerda baixa 02. Gloucester: direita baixa 03. Gloucester: direita baixa 04. Edgar: esquerda baixa 05. Edgar: esquerda baixa 06. Edmund: esquerda baixa

Objetos:

Carta e chave

Comentários:

Nos momentos em que está a sós, Edmund começa a subir a escada da passarela, mas desce quando entra alguém. ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO em cena

Nota Figurino: Edmund tem bolso em sua vestimenta.

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ATO I - CENA III Trama:

Goneril infeliz com a presença do pai em sua casa e ordena que Oswald o trate com indiferença.

Cenário:

Aposento no castelo do Duque de Albany. Padrão 03 com projeção do brasão de Albany.

Movimentação:

01. Gonoril: porta à esquerda 02. Oswald: esquerda baixa 03. Gonoril: porta à direita 04. Oswald: porta à direita

ENTRADA SAÍDA

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ATO I - CENA IV Trama:

Kent disfarça-se de “Claus”. Lear e Gonoril entram em conflito e Lear parte para o castelo de Regan.

Cenário:

Aposento castelo do Conde de Albany Padrão 03 com projeção brasão Albany

Movimentação:

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO em cena

01. Kent: esquerda baixa 02. Lear: Porta à esquerda, posiciona na passarela Cavaleiro 01, 02 e 03: Porta à esquerda; posicionam-se no patamar à esquerda Cavaleiros 04, 05 e 06: Porta à direita; posicionam-se no patamar à direita 03. Cavaleiro 03: Porta à esquerda 04. Cavaleiro 04: Porta à direita 05. Oswald: direita baixa 06. Oswald: direita baixa 07. Cavaleiro 05: direita baixa 08. Cavaleiro 05: direita baixa 09. Cavaleiro 05: direita baixa 10. Oswald: direita baixa 11. Bobo: esquerda baixa; senta na borda do palco 12. Oswald: direita baixa 13. Goneril: porta à esquerda 14. Albany: porta à esquerda 15. Kent e Cavaleiros 01, 02, 03 e 06: direita baixa 16. Lear: direita baixa 17. Lear: direita baixa 99


ATO I - CENA V Trama:

Lear parte para castelo de Regan.

Cenário:

Pátio diante do palácio do Duque de Albany. Padrão 2 com projeção do brasão do Duque de Albany.

Movimentação:

01. Lear, Kent, Cavaleiro e Bobo: esquerda baixa 02. Kent: direita baixa 03. Lear e Cavaleiro: direita baixa 04. Bobo: permanece no palco

Objetos: Carta

Comentários:

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO em cena

100

Bobo entra em cena e sobe na passarela central. Durante a cena movimenta-se entre os patamares laterais. Ao fim da cena, quando está sozinho, luz do palco diminue e fica apenas foco nele. Por último ele permanece no palco e tem-se blackout total do palco.


ATO II- CENA I Trama:

Edmund trama contra Edgar; Edgar foge para floresta acusado de traição; Regan e Albany chegam ao castelo do Conde de Gloucester.

Cenário:

Diante do castedo do Duque de Gloucester. Padrão 02 sem projeção

Movimentação:

01. Edmund: Porta à esquerda 02. Curan: direita baixa 03. Curan: direita baixa 04. Edgar: porta à direita 05. Edgar: direita baixa 06. Gloucester e Soldados 01, 02, 03 e 04: esquerda baixa 07. Soldados 01 e 02: direita baixa 08. Regan e Cornwall: porta à esquerda 09. Gloucester e Soldados 03 e 04: esquerda baixa Regan, Cornwall e Edmundo: porta à direita

Objetos: Tochas ENTRADA SAÍDA

Comentários:

Luta entre Edmund e Edgar acontace na parte da frente da passarela

101


ATO II - CENA II Trama:

Conflito entre Kent e Oswald. Cornwall e Regan ordenam que Kent seja amarrado como punição.

Cenário:

Diante do castedo do Duque de Gloucester Padrão 02 sem projeção

Movimentação:

01. Kent: esquerda baixa 02. Oswald: direita baixa 03. Edmund, Cornwall e Regan: esquerda baixa Gloucester, Cavaleiros 01 e 02: direita baixa 04. Edmund, Cornwall e Regan: esquerda baixa Cavaleiros 01 e 02: direita baixa 05. Gloucester: direita baixa 06. Kent: permanece no palco

Objetos: Cordas

Comentários: ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO em cena

102

Kent é amarrado no patamar à esquerda e permanece no palco após blackout.


ATO II- CENA III Trama:

Edgar após escapar assume a identidade de “Tom”.

Cenário:

Mata. Padrão 02 com projeçao de siluetas de galhos.

Movimentação:

01. Edgar: porta à esquerda 02. Edgar: porta à esquerda

Comentários:

Cena acontece off-scene, somente a luz na extrema esquerda do andaime fachadeiro acende-se, o resto do palco permanece apagado.

ENTRADA SAÍDA

103


ATO II - CENA IV Trama:

Lear chega ao castelo do Duque de Gloucester; Lear, Regan e Goneril se desentendem e o rei parte.

Cenário:

Diante do castedo do Duque de Gloucester Padrão 02 sem projeção

Movimentação:

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO em cena

104

01. Kent: já está no palco 02. Lear: esquerda baixa 03. Lear: esquerda baixa 04. Lear e Gloucester: esquerda baixa 05. Gloucester: esquerda baixa 06. Cornwall e Regan: direita baixa, posicionam-se no patamar à esquerda 07. Gloucester: esquerda baixa Soldado 01 e 02: direita baixa 08. Lear: movimenta-se em direção à passarela 09. Oswald: direita baixa 10. Gonoril: direita baixa, posiciona-se no patamar à direita 11. Lear, Gloucester e Kent: esquerda baixa Bobo: direita alta 12. Gloucerster: esquerda baixa 13. Regan, Cornwall e Goneril: direita baixa 14. Gloucester: esquerda média 15. Oswald, soldado 01 e 02: direita baixavv


ATO III- CENA I Trama:

Kent encontra Cavaleiro

Cenário:

Chanerca. Padrão 02 com projeção de tempestade.

Movimentação:

01. Kent: esquerda baixa 02. Cavaleiro: direita baixa 03. Kent: direita baixa Cavaleiro: esquerda baixav

ENTRADA SAÍDA

105


ATO III - CENA II Trama:

Lear começa a perder a lucidez. Kent o leva para um abrigo.

Cenário:

Descampado Padrão 02 com projeção de video-colagem

Movimentação:

01. Lear: Já em cena 02. Bobo: esquerda baixa 03. Kent: esquerda baixa 04. Kent e Lear: direita baixa 05. Bobo: permance em cena

ENTRADA SAÍDA

106


ATO III- CENA III Trama:

Edmundo contra contra o pai.

Cenário:

Sala do castelo do Conde Gloucester. Padrão 02 sem projeção

Movimentação:

01. Gloucester e Edmund: porta à esquerda 02. Gloucerster: porta à direita 03. Edmund: porta à direita

Objetos: Tochas

Comentários:

Cena acontece off-scene, somente a luz do primeiro andar do andaime fachadeiro acende-se, o resto do palco permanece apagado.

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO em cena

107


ATO III - CENA IV Trama:

Lear, Kent e Bobo encontram “Tom”; Gloucester os levam para uma Choupana

Cenário:

Chanerca, em frente a uma Choupana Padrão 03 com projeção de tempestade.

Movimentação:

01. Lear, Kent e Bobo: esquerda baixa 02. Bobo: Sobe na passarela e sai pela direita do andaime fachadeiro 03. Edgar: porta à direita (off-scene) 04. Bobo: Retorna a passarela 05. Edgar: entra pela passarela 06. Gloucerster: direita baixa 07. Todos: saem pela passarela em direção a porta à direita

Objetos: Tocha

Comentários: ENTRADA SAÍDA

Iluminação no andaime fachadeiro apagada, no momento em que Edgar fala a luz na extrema direita acende-se.

Nota de Figurino:

Roupas de Lear são arrancadas e ele fica com a roupa de baixo 108


ATO III- CENA V Trama:

Edmundo trama contra o pai.

Cenário:

Aposento do castelo do Conde Gloucester.

Movimentação:

01. Gloucester e Edmund: porta à esquerda 02. Gloucester e Edmund: porta à direta

Objetos: Carta

Comentários:

Cena acontece off-scene, somente a luz do primeiro andar do andaime fachadeiro acende-se, o resto do palco permanece apagado.

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO em cena

109


ATO III - CENA VI Trama:

Lear faz “julgamento”de suas filhas;

Cenário:

Choupana Padrão 03 sem projeções

Movimentação:

01. Kent e Gloucester: porta à esquerda 02. Gloucester: porta à esquerda 03. Lear, Edgar(“Tom”) e Bobo: já estão em cena Lear: passarela; Bobo: patamar à direita; Edgar: patamar à esquerda 04. Kent: anda pela passarela e posiciona-se nos degraus 05. Gloucester: Porta à esquerda 06. Kent, Gloucester, Lear (carregado) e Bobo: Porta á esquerda 07. Edgar: permanece no palco (Blackout)

Comentários:

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO em cena

110

Primeiro momento: Luz do palco apagada, acende somente luz da extrema esquerda do andaima fachadeiro. Segundo momento: Luz do palco acende e os personagens já estão posicionados “Julgamento”: projeção e falas da filhas.


ATO III - CENA VII Trama:

Gloucester é acusado de traição e é punido por Cornwal, que lhe arranca os olhos. Cornwall é ferido por um soldado.

Cenário:

Sala do castelo do Conde de Gloucester. Padrão 01 sem projeção

Movimentação:

01. Cornwall e Regan: porta à esquerda 02. Goneril e Edmund: porta à esquerda 03. Soldado 01 e 02: direita baixa 04. Soldado 01 e 02: direira baixa 05. Oswald: esquerda baixa 06. Goneril e Edmund: porta à direita 07. Criados 01, 02 , 03 e Gloucester (preso): direita baixa 08. Cornwall e Regan: centro baixo 09. Criado 02 e Gloucester (apoaiado): direita alta 10. Cornwall (apoiado) e Regan: esquerda baixa 11. Soldado 01: direita baixa Soldado 02: Esquerda baixa ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO em cena

Objetos:

Corda e carta

Comentários: Gloucester é amarrado no patamar à esquerda. 111


18. Lear direita baixa 19. Bobo: esquerda baixa 20. Oswald: direita baixa 21. Oswald: direita baixa 22. Albany e Goneril: porta à direita

Objetos:

Bolsa de moeda

Comentários:

Quando Goneril entra, Lear desce degraus da passarela e posiciona-se na direita baxa.

Nota de Figurino: Chapéu do Bobo sai da cabeça

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ATO IV - CENA I Trama:

Edgar (“Tom”) encontra Gloucester cego.

Cenário:

Chanerca Padrão 02 projeção de chanerca

Movimentação:

01. Edgar: Já em cena 02. Velho e Gloucester: esquerda baixa 03. Velho: esquerda baixa 04. Edgar e Gloucester: direita baixa

Objetos:

Bolsa de dinheiro

Comentários:

Luz do palco acende e Edgar já está posicionado no palco. Quando Gloucester entra em cena, Edgar desce ao seu encontro.

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO em cena

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ATO IV- CENA II Trama:

Goneril volta para o sua casa.

Cenário:

Pátio em frente ao castelo do Duque de Albany Padrão 03 com projeção do brasão de Albany

Movimentação:

01. Edmund e Gonoril: esquerda baixa 02. Oswald: direita baixa 03. Edmund: esquerda baixa 04. Albany: porta à esquerda 05. Soldado 01 06. Gonoril: direita baixa 07. Oswald e Soldado 01: direita baixa Albany: porta à esquerda

Objetos:

Presente e carta

Comentários:

Em momento em que Gonoril fala à parte, a luz do palco diminue e intensifica-se o foco de luz nela. ENTRADA SAÍDA

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ATO IV - CENA III Trama:

Kent avisa Cavaleiro do paradeiro do Rei.

Cenário:

Chanerca Padrão 02 sem projeção

Movimentação:

01. Kent: esquerda baixa Cavaleiro: direita baixa 02. Kent: esquerda baixa Cavaleiro: direita baixa

ENTRADA SAÍDA

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ATO IV- CENA IV Trama:

Cordélia planeja resgate de seu pai.

Cenário:

Tenda acampamento francês. Padrão 02 com projeção do brasão da França

Movimentação:

01. Soldados 01 e 02: esquerda baixa 02. Cordélia: direita baixa, sobe na passarela 03. Médico: direita baixa 04. Soldado 03: direita baixa 05. Soldados 01, 02 e 03: direita baixa 06. Médico: direita baixa 07. Cordélia: permanece no palco (Blackout)

Objetos:

Tambores e bandeira

ENTRADA SAÍDA

116


ATO IV - CENA V Trama:

Regan trama junto com Edmund

Cenário:

Aposento no castelo do Conde Gloucester. Padrão 02 sem projeção

Movimentação:

01. Regan: porta à esquerda 02. Oswald: porta à esquerda 03. Regan: porta à direita 04. Oswald: porta à direita

Objetos: Carta

Comentários:

Cena acontece off-scene, somente a luz do primeiro andar do andaime fachadeiro acende-se, o resto do palco permanece apagado.

ENTRADA SAÍDA

117


ATO IV- CENA VI Trama:

Gloucester tenta se matar; Lear aparece enloquecido; a tropa de Cordélia encontra Lear. Edgar mata Oswald.

Cenário:

Chanerca Padrão 03 com projeçao de Chanerca

Movimentação:

01. Gloucester e Edgar: direita baixa 02. Lear: porta à esquerda 03. Cavaleiros 01, 02 e 03: esquerda baixa 04. Lear (correndo): esquerda baixa 05. Cavaleiros 01, 02 e 03: esquerda baixa 06. Oswald: esquerda baixa 07. Edgar e Gloucester: esquerda média

Objetos:

Bolsa de dinheiro, joia e carta

Comentários: ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO em cena

Lear senta nos degraus da passarela, Gloucester junta-se à ele. Nos momentos em que Edgar fala à parte a luz geral do palco diminui e intensifica-se o foco nele. Ao fim da cena o corpo de Oswald permanece no palco.

Nota de Figurino: 118

Lear usa roupa enfeitada com flores selvagem e Edgar está vestido de camponês.


ATO IV - CENA VII Trama:

Cordélia reencontra Lear; Kent revela seu disfarce.

Cenário:

Acampamento Francês Padrão 03 com projeção do brasão da França.

Movimentação:

01. Cordélia, médico e Kent: porta à esquerda. 02. Cavaleiro 01: direita baixa 03. Lear (na maca) e Cavaleiro 02 e 03: direira baixa 04. Lear (apoiado) Cavaleiro 02 e 03, Cordélia e médico: direita baixa 05. Cavaleiro 01: direita baixa 06. Kent: porta à direita

Objetos: Maca

Comentários:

Cordélia desce ao encontro do pai.

Som: ENTRADA SAÍDA

Música tocando à distância

119


ATO V- CENA I Trama:

Traição de Edmund é revelada

Cenário:

Acampamento britânico. Padrão 02 com projeção do brasão britânico

Movimentação:

01. Edmund, Regan e Cavaleiros 01, 02 e 03: direita baixa 02. Cavaleiro 01: direita média 03. Albany, Gonoril e Cavaleiros 04 e 05: direita baixa 04. Edgar: esquerda média 05. Edmund, Regan, Gonoril e Cavaleiros 02, 03, 04 e 05: direita baixa 06. Edgar: direita média 07. Edmundo: direita baixa 08. Albany: direita baixa 09. Edmund: sobe para passarela, fica no palco

Objetos:

Tambores, bandeiras e carta

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO em cena

120

Comentários:

No momento em que Edmund e Regan juram seu amor, eles vão à direita baixa do palco, a luz geral do palco diminue e foca-se neles. No momento final, em que Edmund está sozinho no palco, ele sobe para passarela. Ao fim da cena ele permanece no palco.


ATO IV - CENA II Trama:

França perde aguerra; Edgar tenta salvar pai.

Cenário:

Chanerca Padrão 02 projeçao de chanerca

Movimentação:

01. Lear, Cordélia e Soldados 01, 02, 03 e 04: entra pela esquerda baixa, saem pela direita baixa 02. Edgar e Gloucester: esquerda baixa 03. Edgar: esquerda baixa 04. Edgar: esquerda baixa 05. Edgar e Gloucester: direita média

Objetos:

Tambor e bandeiras.

ENTRADA SAÍDA

121


ATO V- CENA III Trama:

Defecho final, França perde guerra para inglaterra; Regan, Goneril, Edmund, Cordélia e Lear morrem.

Cenário:

Acampamento Inglês Padrão 01

Movimentação:

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO em cena

122

01. Soldados 01, 02, 03: esquerda baixa Soldados 04, 05, 06: direita baixa 02. Edmund, Lear, Cordélia e Soldado 01 e 02: porta à esquerda 03. Lear, Cordélia e Soldado 01 e 02: direita baixa 04. Soldado 04: esquerda baixa 05. Regan, Albany e Goneril: porta à esquerda 06. Regan e soldado 05: porta à esquerda 07. Arauto: direita baixa 08. Edgar: esquerda baixa 09. Arauto: direita baixa 10. Goneril e soldado 06: porta à direita 11. Soldado 06: porta à direita 12. Kent 13. Soldado 06: porta à direita 14. Corpo Regan: porta à esquerda Corpo Goneril: porta à direita 15. Edmund e Soldado 01 e 02: esquerda baixa 16. Lear e Cordélia: esquerda baixa 17. Cavaleiro 01: esquerda baixa


07. CENAS DETALHADAS



ESCOLHA DAS CENAS Dentre as cenas presentes da peça foram escolhidas três cenas para serem objetos de um estudo aprofundado de movimentação e iluminação. Para escolha de cada cena levou-se em consideração os signos retratados e sua importância no enredo da trama. Escolheu-se pelo menos uma cena externa e uma interna. As cenas escolhidas foram: - Ato I, Cena I - Salão nobre do palácio do Rei Lear - Ato III, Cena II - Descampado - Ato V, Cena III - Campo Britânico, perto de Dover

125


MAPA DE ILUMINAÇÃO

Planta palco

Planta segundo andar Andaime fachadeiro

15

08 09 10 11 12 13 14 02

02

02

07 05

01

01

01

06

04 02

01

LUZ GERAL Em relação ao estudo de iluminação foram criados critérios para representação do posicionamento de luz. Foram consideradas duas linhas de luzes gerais (01 e 02) que irão iluminar o palco todo com luz difusa e 14 pontos de luz de foco, que podem mover-se conforme a ação dos atores. Setas foram desenhadas para marcar as entradas, saídas e movimentações durante cada momento da peça. 126

03

LUZ DE FOCO

LEGENDAS: FOCO DE LUZ PROJEÇÃO

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


ATO I- CENA I Nesta primeira cena temos o momento em que o rei divide o seu reino entre suas três filhas. Para isso, ele exige que cada uma declare o seu amor por ele. A ideia foi destacar a hieraquia dos personagens. O rei é o último a entrar e posiciona-se no patamar mais alto no andaime fachadeiro. O seu séquito entra pelas portas laterias no andar de baixo e irá posicionar-se nas duas escada que ligam os dois andares desta estrutura; uma alusão à busca de ascensão presente na corte. Suas filhas e seus maridos posicionam-se no andar à baixo. Os demais personagens permanecem no nível do palco fora dos patamares. Nos momentos de fala de cada filha defendendo o seu merecimento a um terço do reino, cada uma delas anda pela passarela central e, posteriormente, Gonoril e Regan posicionam-se nos patamares laterais, elevando suas posições em relação à anterior, já que agora possuem parte do poder. Já Cordélia, que é deserdada ao negar-se adular ao pai, desce da passarela e sai de cena pelo nível mais baixo. No momento final, no qual somente Gonoril e Regan estão no palco, elas caminham pela passarela e viram de costa uma para outra, saindo cada uma por uma porta, evidenciando a separação do poder. Procuramos trabalhar com a iluminaçao de forma a deixar mais evidente as posições de poder. No primeiro momento, no qual Gloucester, Kent e Edmund estão em cena, somente a frente do palco está acesa. Com o toque do clarin anunciando a entrada do rei e sua corte, as luzes acendem gradualmente,

revelando a estrutura ao fundo. Primeiro acende-se as luzes da extremidade do primeiro andar da passarela. Depois, acende-se o resto do andar e, por ultimo, acende-se a luz que marca a posição do rei. A mesma ideia é repetida no fim da cena: as luzes apagam-se na mesma ordem em que foram acessas. Apenas a luz aonde o Rei estava posicionado permanece acesa, porém agora há apenas a sua coroa partida ao meio Nos momentos em que Cordélia fala consigo mesma apagam-se as luzes gerais e os focos dos demais personagens, deixando o palco em penumbra e somente Cordélia com foco de luz.

Cenário:

Salão nobre do palácio do Rei Lear. Padrão 01.

Objetos: Mapa

Nota de figurino:

Coroa de lear é partida ao meio.

127


01. Deixa:

Entrada de Kent e Gloucester

Entrada:

- Kent e Gloucester: esquerda baixa em direção à direita baixa

Iluminação:

- Luz geral apagada - Foco de luz 03 segue a entrada de Kent e Gloucester

128

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


02. Deixa:

Gloucester: “[...] dos dois tem como preferir uma parcela do outro.”

02

Entrada:

- Edmund: esquerda baixa em direção à esquerda baixa

Iluminação:

- Foco de luz 01 segue a entrada de Edmund

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

129


03. Deixa:

Gloucester: “[...] nobre cavalheiro, Edmund?”

Movimentação:

- Edmund: direção centro baixo baixa

Iluminação:

- Apaga foco de luz 01 e 02 - Foco de luz 02

130

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


04. Deixa:

Gloucester: “[...] Ai vem o rei.”

Som:

Clarinada anunciando a entrada do rei

Iluminação:

- Luz geral 01 acende

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

131


05. Deixa:

Luz geral 01 acender

Iluminação:

- Luz geral 02 acende

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

132

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


06. Deixa:

Luz geral 02 acende

Entrada:

- Séquito: portas laterais em direção as escadas

Iluminação:

- Foco de luz 08 e 13 acende 14

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

133


07. Deixa:

Entrada séquito

Movimentação:

- Séquito: posicona-se nas escadas

Iluminação:

- Foco de luz 08, 09, 10, 11 e 12 acendem

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

134

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


08. Deixa:

Posicionamento séquito

Entrada:

- Cornwall e Regan: Porta à esquerda em direção extrema direita do andaime fachadeiro

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

135


09. Deixa:

Entrada Cornwall e Regan

Entrada:

- Albany e Gonoril: Porta à esquerda em direção ao centro do andaime fachadeiro

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

136

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


10. Deixa:

Entrada Albany e Goneril

Entrada:

- Cordélia: Porta à esquerda

Movimentação:

- Albany e Goneril: posicionam-se no centro do andaime fachadeiro - Kent, Gloucester e Edmundo: posicionam-se na direita baixa

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

Iluminação:

- Luz de foco 02 apaga 137


11. Deixa:

Entrada Cordélia

Entrada:

- Rei: Porta central

Movimentação:

- Cordélia posiciona-se na extrema esquerda do andaime fachadeiro

Iluminação:

- Luz de foco 15 acende

138

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


12. Deixa:

Gloucester: “sim, meu senhor.”

12

Saída:

- Gloucester e Edmund: direita baixa

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

139


13. Deixa:

Lear: “[...] Fale Goneril primeiro, a mais velha.”

Movimentação:

- Goneril: Avança até a frente da passarela

Iluminação:

- Luz de foco 05 acende e acompanha movimentação de Goneril

140

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


14. Deixa:

Goneril: “[...] pois tanto quanto tudo eu amo a vós.”

Iluminação:

- Luz geral 01 e 02 apagam - Luz de foco: 05, 09,10, 11, 12, 13, 14 e 15 apagam-se - Luz de foco 08 intensifica-se

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

141


15. Deixa:

Cordélia: “[...] Ama em silêncio.”

Iluminação:

- Luz geral 01 e 02 acendem - Luz de foco: 05, 09,10, 11, 12, 13, 14 e 15 acendem-se - Luz de foco 08 volta a intensidade normal

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

142

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


16. Deixa:

Lear: [...] segunda filha, a esposa de Cornwall?”

Movimentação:

- Goneril: posiciona-se no patamar à esquerda - Regan: Avança até a frente da passarela

Iluminação:

- Luz de foco 05 acompanha movimentação de Regan - Luz de foco 04 acende

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

143


17. Deixa:

Regan: “[...] reside em vosso amor.”

Iluminação:

- Luz geral 01 e 02 apagam - Luz de foco: 04, 05, 09,10, 11, 12, 13, 14 e 15 apagam-se - Luz de foco 08 intensifica-se

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

144

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


18. Deixa:

Cordélia: “[...] que a minha língua.”

Iluminação:

- Luz geral 01 e 02 acendem - Luz de foco: 04, 05, 09,10, 11, 12, 13, 14 e 15 acendem-se - Luz de foco 08 volta a intensidade normal

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

145


19. Deixa:

Lear: “[...] que o das irmãs”

Movimentação:

- Regan: posiciona-se no patamar à direita - Cordélia: Avança até a frente da passarela

Iluminação:

- Luz de foco 05 acompanha movimentação de Cordélia - Luz de foco 06 acende

146

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


20. Deixa:

Lear: “[...] quanto essa outra filha”

Movimentação:

- Kent: avança para o centro baixo

Iluminação:

- Luz de foco 02 acende

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

147


21. Deixa:

Kent: “[...] nova velha vida.”

Saída:

- Kent: esquerda baixa

Iluminação:

- Luz de foco 02 apaga

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

148

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


22. Deixa:

Saída de Kent

Entrada:

- Gloucester, França e Borgonha: direita baixa

Iluminação:

- Luz de foco 01 acende

Som:

Clarinada anunciando a entrada de França e Borgonha

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

149


23. Deixa:

Lear: “[...] não desistir?”

Movimentação:

- Borgonha: direita baixa

Iluminação:

- Luz de foco 03 acende

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

150

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


24. Deixa:

Lear: “[...] sua riqueza é essa.”

Movimentação:

- França: centro baixo

Iluminação:

- Luz de foco 02 acende

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

151


25. Deixa:

Lear: “[...] Venha, nobre Borgonha.”

Saída:

-Lear: Porta central

Som:

Clarinada anunciando a saída do rei

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

152

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


26. Deixa:

Saída Lear

Saída:

- Gloucester e Borgonha: direita baixa - Cornwall e Albany: porta à direita

Iluminação:

- Foco de luz 01 e 03 apagam

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

153


27. Deixa:

Saída Lear

Saída:

- Séquito: portas laterais

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

154

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


28. Deixa:

Saída séquito

Movimentação:

- Cordélia: desce para os degraus da passarela

Iluminação:

- Foco de luz 05 acompanha movimento de Cordélia

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

155


29. Deixa:

Regan: “[...] dite deveres.”

Movimentação:

- Cordélia: desce ao encontro de França no centro baixo

Iluminação:

- Foco de luz 05 apaga

156

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


30. Deixa:

França: “Vem, minha Cordélia.”

Saída:

- Cordélia e França: direita baixa

Iluminação:

- Foco de luz 02 apaga

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

157


31. Deixa:

Saída de Cordélia e França

Movimentação:

- Goneril e Regam posicionam-se na frente da passarela

Iluminação:

- Foco de luz 04 e 06 acompanham os movimentos de Goneril e Regan

158

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


32. Deixa:

Goneril: “[...] e depressa”

Movimentação:

- Goneril e Regam posicionam-se no centro do andaime fachadeiro (uma de costa para a outra)

Iluminação:

- Foco de luz 04 e 06 apagam

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

159


33. Deixa:

Goneril: “[...] fará mal.”

Saída:

- Goneril: porta à esquerda - Regan: porta à direita

Iluminação:

- Luz geral 01 apaga

160

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


34. Deixa:

Saída Goneril e Regan

Iluminação:

- Luz geral 02 apaga - Em seguida: foco de luz 08, 09, 10, 11, 12, 13, 14 apagam - Por ultimo: Blackout

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

161


ATO III - CENA II Esta cena que se passa em uma chanerca, e marca o momento em que o Rei Lear começa a perda de sua lucidez. Ela inicia com o rei sozinho em uma tempestade envocando as forças da natureza. A proposta para esta cena é criar uma ambiencia de loucura, misturando o momento de tempestade com as alucinações do rei. Busca-se resgatar as falas das filhas que estariam atormentando-o. Como por exemplo os momentos em que elas o negam, na primeira cena da peça quando Cordélia o diz: “Nada, senhor.”; “Tão jovem, meu senhor, e verdadeira.”. Ou na quarta cena do segundo ato em que Regan lhe diz: “O senhor está velho;[...]”; “[...] volte pra minha irmã.”; Fazendo uso das projeções e da sonoplastia, trazemos para o palco uma video colagem na qual se tem imagens de tempestade e relâmpagos misturadas com imagens das filhas repetindo as frases ditas anteriormente na peça. Outros recursos usados para reforçar a idea da tempestade são ventiladores fixados na estrutura, que irão movimentar os tecidos nos quais as imagens são projetadas, e momentos muito rápidos de clarões, seguidos de blackouts simulando relâmpagos.

Cenário:

Chanerca Padrão 02 com projeções

162


LEAR

01. Entrada: - Lear: posicionado na frente da passarela

Iluminação:

- Luz geral 01 e 02 acendem - Foco de luz 05 acende

Efeito:

LEGENDAS:

- Projeção video-colagem - Ventiladores ligados

FOCO DE LUZ

Som:

PROJEÇÃO

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

- Áudio video-colagem - Trovoadas 163


BOBO

LEAR

02. Deixa:

Lear: “[...] minha cabeça branca [...]”

Entrada:

- Bobo: esquerda baixa em direção ao patamar à esquerda

Iluminação:

- Foco de luz 04 acende

LEGENDAS: FOCO DE LUZ PROJEÇÃO

164

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


LEAR BOBO

KENT

03. Deixa:

Bobo: “[...] bocas no espelho.”

Entrada:

- Kent: esquerda baixa

Iluminação:

- Foco de luz 01 acende

LEGENDAS: FOCO DE LUZ PROJEÇÃO

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

165


BOBO

LEAR KENT

04.

Deixa:

Kent: “[...] sua cortesia.”

Movimentação:

- Kent: centro baixo -Lear: desce os degraus da passarela ao encontro de Kent

Iluminação:

- Foco de luz 02 apaga, transição para foco de luz 03

LEGENDAS: FOCO DE LUZ PROJEÇÃO

166

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


BOBO

05. Deixa:

Lear: “[...]Pra Choupana.”

Saída:

- Kent e Lear: direita baixa

Iluminação:

- Foco de luz 03 apaga - Em seguida, luz geral 01 e 02 apagam - Por último: Blackout

LEGENDAS: FOCO DE LUZ PROJEÇÃO

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

167


ATO IV - CENA III Nesta cena temos o desfecho da trama, onde inúmeras situações acontem. Primeiramente a Inglaterra ganha a guerra contra a França, e Edmund, no comando das tropas, manda executar Lear e Cordélia. Em seguida, Albany acusa Edmund de traição e Edgar entra em cena para provar o plano do irmão. Então, os dois duelam e Edmundo morre. Goneril e Regan, ambas apaixonadas por Edmund, entram em conflito e a mais velha acaba por envenenar a outra. Em seguida, tira a propria vida por arrependimento. Antes de morrer, Edmund revela que ordenou a morte do rei e sua filha, e cavaleiros vão ao resgate deles. Porém Cordélia já está morta e Lear, que já voltou a lucidez, morre de tristeza ao perder a filha amada. Ao fim, resta apenas Albany, que fica no poder. Assim como na primeira cena, aqui buscou-se trabalhar os níveis de poder com patamares. Edmund, que havia conquistado certo poder, começa a cena em uma posição alta, mas morre no nível mais baixo. O mesmo acontece com Lear, que no começo da peça estava no nível mais alto, morre no mais baixo. No momento de encerramento temos Albany na posição mais alta, mesmo local que estava o rei na primeira cena, e Edgar e Kent nos níveis abaixo. Nesta cena trabalhamos com a iluminação de forma a reforçar a dramatização das mortes, e para tal utilizamos a luz vermelha. Primeiramente nos corpos de Goneril e Regan, e em seguida nos corpos de Lear e Cordélia. No momento final, resgatamos a iluminação usada ao fim da primeira cena da peça, na qual somente a posição do rei recebe foco de luz e o 168

restante do palco é apagado.

Cenário:

Tenda acampamento Inglês Padrão 01

Objetos:

Tambores, bandeiras, carta, faca (ensanguentada)

Nota de Figurino:

Edmund e Albany vestem luvas.


01.

Entrada:

- Soldados 01, 02, 03: esquerda baixa, possicionam-se em diagonal na lateral do palco - Soldados 04, 05, 06: direita baixa, possicionam-se em diagonal na lateral do palco

Iluminação:

- Luz geral 01 e 02 acendem

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

169


02. Deixa:

Posicionamento soldados

Entrada:

- Edmund: porta à esquerda

Iluminação:

- Foco de luz 08 acende

170

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


03. Deixa:

Entrada de Edmund

Entrada:

- Lear e Cordélia feitos feitos prisioneiros, seguidos por soldado 07 e 08: porta à esquerda

Movimetação:

- Edmundo: posiciona-se no patamar à esquerda

Iluminação:

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

- Foco de luz 09, 10, 11 e 04 acendem 171


04. Deixa:

Entrada Cordélia e Lear

Movimetação:

- Lear e Cordélia feitos feitos prisioneiros, seguidos por soldado 07 e 08 posicionam-se na frente da passarela

Iluminação:

- Foco de luz 05 acende

172

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


05. Deixa:

Edmund: “[...] que os julguam.”

Movimetação:

- Lear e Cordélia feitos feitos prisioneiros, seguidos por soldado 07 e 08 descem degraus da passarela

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

173


06. Deixa:

Lear: “[...] Vamos.”

Saída:

- Lear e Cordélia feitos feitos prisioneiros, seguidos por soldado 07 e 08: direita baixa

Movimetação:

- Soldado 04 avança até centro baixo

Iluminação:

- Foco de luz 02 acende

174

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


07. Deixa:

Edmund: “[...] outros caminhos.”

Movimentação:

- Soldado 04: sobe degraus da passarela

Iluminação:

- Foco de luz 02 apaga, transição pra foco de luz 05

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

175


08. Deixa:

Edmund: “[...] como eu anotei.”

Movimentação:

- Soldado 04: desce degraus da passarela

Iluminação:

- Foco de luz 05 apaga, transição pra foco de luz 02

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

176

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


09. Deixa:

Soldado 04: “[...] eu faço.”

Movimentação:

- Soldado 04: desce degraus da passarela

Iluminação:

- Foco de luz 02 apaga

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

177


10. Deixa:

Saída soldado 04

Entrada:

- Albany: porta à esquerda

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

178

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


11. Deixa:

Entrada Albany

Entrada:

- Goneril: porta à esquerda

Movimentação:

- Albany posiciona-se na frente da passarela

Iluminação: - Foco de luz 05 acende

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

179


12. Deixa:

Entrada Goneril

Entrada:

- Regan: porta à esquerda

Movimentação:

- Goneril posiciona-se na extrema direita do andaime fachadeiro

Iluminação: - Foco de luz 12, 13, 14 acendem

180

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


13. Deixa:

Edmund: “[...] Exigem melhor fora.”

Movimentação:

- Albany posiciona-se no patamar à direita

Iluminação:

- Foco de luz 05 apaga, transição para foco de luz 06

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

181


14. Deixa:

Albany: “[...] Não como irmão.”

Movimentação:

- Regan avança para o meio da passarela

Iluminação:

- Foco de luz 07 acende

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

182

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


15. Deixa:

Regan: “[...] de chama-lo de irmão”

Movimentação:

- Goneril avança para o centro do andaime fachadeiro

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

183


16. Deixa:

Albany: “[...] Edmund está preso.”

Movimentação:

- Soldado 01, 02 e 03: cercam o patamar à esquerda

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

184

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


17. Deixa:

Regan: “‘Stou piorando.”

Movimentação:

- Soldado 05 sobe degraus da passarela

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

185


18. Deixa:

Albany: “vá pra minha tenda [...]”

Saída:

- Regan acudida por soldado 05: porta à esquerda

Iluminação:

- Foco de luz 07 apaga

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

186

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


19. Deixa:

Saída de Regan

Entrada:

- Arauto: direita baixa

Iluminação:

- Foco de luz 03 acende

Som:

- Toque de trompa 1º. Deixa- Arauto: “[...] Toque.” 2º. 30 segundos após 1º trompa 3º 30 segundos após 2º trompa - Toque de trompa ao longe 4º 30 segundo após 3º trompa

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

187


20. Deixa:

Toque da terceira trompa

Entrada:

- Edgar: esquerda baixa

Iluminação:

- Foco de luz 01 acende

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

188

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


21. Deixa:

Albany: “[...] o adversário?”

Saída:

- Arauto: direita baixa

Iluminação:

- Foco de luz 02 apaga

189


22. Deixa:

Edmund: “Eu. O que lhe dizes?”

Movimentação:

- Edgar: posiciona-se na direita baixa

Iluminação:

- Foco de luz 01 apaga, transição para foco de luz 03

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

190

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


23. Deixa:

Edmund: “[...] este braço e espada[...]”

Movimentação:

- Edmund: desce pelos degraus da passarela e posiciona-se na esquerda baixa - Soldados01, 02 e 03: posicionam na lateral esquerda do palco, em diagonal

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

Iluminação:

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

- Foco de luz 04 apaga, transição para foco de luz 01

191


24. Deixa:

Edmund: “[...] Toquem as trompas”

Movimentação:

- Edmund e Edgar lutam no entro baixo

Iluminação:

- Luz geral 01 e 02 diminuem intesidade - Foco de luz 06, 08, 09,10,11,12,13 e 14 diminuem intesidade - Foco de luz 01 e 03 aumentam intensidade

Som:

- Toque de trompa 192

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


25. Deixa:

Albany: “Alguém o salve.”

Movimentação:

- Goneril avança para o meio da passarela

Iluminação:

- Luz geral 01 e 02 voltam para intensidade normal - Foco de luz 06, 08, 09,10,11,12,13 e 14 voltam para intensidade normal - Foco de luz 01 e 03 voltam para intensidade normal - Foco de luz 07 acende

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

193


26. Deixa:

Goneril: “Não me perguntes.”

Movimentação:

- Goneril move-se em direção à porta à direita -Soldado 06 sobe degraus da passarela até onde estava Goneril

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

194

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


27. Deixa:

Albany: “[...] seu desespero.”

Saída:

- Goneril seguida por soldado 06: porta à direita

Iluminação:

- Foco de luz 07, 08, 09, 10, 11, 12, 13, 14 apagam

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

195


28. Deixa:

Albany: “[...] andar falava[...].”

Movimentação:

- Edgar sobe para frente da passarela - Albany posiciona-se na frente da passarela

Iluminação:

- Foco de luz 03 e 06 apagam, transição para foco de luz 05

196

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


29. Deixa:

Edgar: “[...] um escravo.”

Entrada:

- Soldado 06: porta à direita

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

197


30. Deixa:

Entrada soldado 06

Entrada:

- Kent: direita baixa

Movimentação:

- Soldado 06 posiciona-se no centro da passarela

Iluminação:

- Foco de luz 07 e 03 acendem

198

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


31. Deixa:

Albany: “[...] ou mortos.”

Saída:

- Soldado 06: porta à direira

Iluminação:

- Foco de luz 07 apaga

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

199


32. Deixa:

Albany: “[...] cena, Kent?.”

Entrada:

- Corpo Regan: extrema esquerda do andaime fachadeiro (posicionado por assistentes de palco) - Corpo Goneril: extrema direita do andaime fachadeiro (posicionado por assistentes de palco)

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

Iluminação:

- Foco de luz 08 e 14 acendem com luz na cor vermelha 200

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


33. Deixa:

Edmund: “[...] levem ao Capitão.”

Movimetação:

- Soldado 01 avança até esquerda baixa onde está Edmund

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

201


34. Deixa:

Edgar: “[...] sua vida.”

Saída:

- Soldado 01: esquerda baixa

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

202

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


35. Deixa:

Albany: “[...] daqui um pouco.”

Movimentação:

- Soldado 02 e 03 avançam para a esquerda baixa onde está Edmund

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

203


36. Deixa:

Posicionamento soldado 02 e 03

Saída:

- Soldado 02 e 03 carregando o corpo de Edmund: esquerda baixa

Iluminação:

- Foco de luz 01 apaga

204

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


37. Deixa:

Saída soldado 02 e 03 carregando Edmund

Entrada:

- Lear com corpo de Cordélia nos braços: esquerda baixa - Cavaleiro 01: esquerda baixa

Iluminação:

- Foco de luz 01 acende

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

205


38. Deixa:

Kent: “[...] fim sonhado?”

Movimentação:

- Edgar posiciona-se no patamar à esquerda

Iluminação:

- Foco de luz 04 acende

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

206

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


39. Deixa:

Lear: “[...] jamais sofri.”

Movimentação:

- Kent aproxima-se de Lear

Iluminação:

- Foco de luz 03 apaga, transição para foco de luz 02

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

207


40. Deixa:

Edgar: “Mais que inútil”

Entrada:

- Cavaleiro 02: esquerda baixa

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

208

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


41. Deixa:

Lear: “[...] Olhai, ali, olhai”

Iluminação:

- Foco de luz 01 muda para cor vermelha

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

209


42. Deixa:

Morte de Lear

Movimentação:

- Kent: avança em direção aos degraus da passarela - Albany: avança para meio do andaime fachadeiro

Iluminação:

- Foco de luz 02 apaga, transição para foco de luz 05 -Foco de luz 05 apaga -Foco de luz 11 acende

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LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


43. Deixa:

Albany: “[...] dor geral.”

Movimentação:

- Albany: sobe para segundo andar do andaime fachadeiro

Iluminação:

- Foco de luz 11 apaga - Foco de luz 15 acende

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO

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44. Deixa:

Albany: “[...] veremos tanto.”

Iluminação:

- Luz geral 01 e 02 apagam - Foco de luz 01, 04, 05, 08 e 14 apagam - Blackout

LEGENDAS: FOCO DE LUZ

212

ENTRADA SAÍDA MOVIMENTAÇÃO


08. CONCLUSÃO



CONCLUSÃO Ao logo da história do teatro houve uma evolução da cenografia e a valorização do profissional que a executa, buscando um cenógrafo multidisciplinar, que domine diversas áreas. A quebra da “Quarta Parede”, a busca por um novo tipo de espaço cénico e as tentativas de criar uma nova relação entre palco e plateia são temas presentes no teatro atual. Ao estudar Shakespeare, observa-se a atualidade da discussão de temas como o poder, relações familiares e as relações de gênero. As montagens contemporâneas de Shakespeare no Brasil trazem para o palco esses mesmos temas, incluindo elementos típicos brasileiros na cenografia e figurino. Favorecem uma ambientação familiar para a plateia, aproximando-a ainda mais do espetáculo. O Rei Lear expressa com clareza o abalo que se dá nos níveis de relação entre o individuo, natureza e o Estado, quando o mal atua sobre todo o conjunto, tema recorrente em muitas obras de Shakespeare. Aprofunda-se em temas como as relações familiares conflituosas, o envelhecimento e perda da lucidez, a retirada do poder (aposentadoria) e o paradoxo entre abrir mão das responsabilidades do poder sem a perda de seus privilégios. Pensando nas questões de gênero é nítido o lugar cultural pré-estabelecido para a mulher como cuidadora dos idosos. Levando em consideração a revisão histórica do teatro e da cenografia, a reflexão dos temas abordados por Shakespeare, a escolha por em Rei Lear e o estudo da estrutura da peça, seus signos, persona-

gens e cenários, foi possível desenvolver um projeto cenográfico que complementasse a trama e seus temas. Conseguiu-se criar uma nova identidade visual para a peça que trouxe para o palco a combinação de elementos contemporâneos e medievais, criando-se assim um contraste de épocas. Durante o processo criativo percebeu-se a importância de pensar o espaço cenográfico como uma complementação para a montagem de um espetáculo. E assim permitir que a encenação seja mais rica e completa possível. Por meio de uma visão arquitetônica valoriza-se a criação de um espaço que evidencie os signos trabalhados. Ao desenvolver o projeto, levou-se em consideração que todos os elementos projetados devem sempre ter sua função e servir de apoio para a encenação e movimentação dos atores.

215


216


09. BIBLIOGRAFIA



BIBLIOGRAFIA RATTO, Gianni. Antitratado de cenografia: variações sobre o mesmo tema. 2. ed. São Paulo: Editora Senac, 2001. SERRONI, José Carlos. Cenografia brasileira: notas de um cenógrafo. São Paulo: Edições Sesc Sp, 2013. HOWARD, Pamela. O que é cenografia? São Paulo: Edições Sesc Sp, 2015. NERO, Cyro del. Máquina para os deuses: anotações de um cenógrafo e o discurso da cenografia. São Paulo : Editora Senac São Paulo : Edições SESC SP, 2009. HELIODORA, Barbara. Shakespeare: o que as peças contam: tudo que você precisa saber para descobrir e amar a obra do maior dramaturgo do todos os tempos. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2014. NERO, Cyro Del. Cenografia, uma breve visita. São Paulo: Claridade, (2010). HELIODORA, Barbara. Por que ler Shakespeare. Globo Livros, 2014. LEÃO, Liana; DOS SANTOS, Marlene Soares (Ed.). Shakespeare, sua época e sua obra. 2008. PORTO, Joyce Teixeira; NUNES, Marisa. Teatro de Arena. São Paulo: Centro Cultural São Paulo, 2007. Disponível em: <http://www.centrocultural.sp.gov.br/cadernos/lightbox/lightbox/pdfs/Teatro de Arena.pdf>. Acesso em: 25 jan. 2016. TEATRO Oficina. Disponível em: <http://www.saopaulo.sp.gov.br/conhecasp/cultura_teatro-teatro-oficina>. Acesso em: 13 jan. 2016. TEATRO Oficina. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/grupo112413/teatro-oficina>. Acesso em: 20 jan. 2016. GOTA d’água. Disponível em: <https://www.facebook.com/gotadagua.espetaculo>. Acesso em: 20 fev. 2016.

219


RODRIGUES, Wilma. 1970. Técnicas Do Distanciamento No Teatro Épico De Bertolt Brecht. Revista De Letras 13. UNESP Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho: 193–209. Disponível em: <http://www.jstor.org/stable/27666124>. Acesso em: 14 jan. 2016. THORPE, Vanessa. After a century of black British theatre, actors still struggle to take centre stage. 2015. Disponível em: <http://www.theguardian.com/culture/2015/oct/25/black-actors-lenny-henry-theatre>. Acesso em: 23 out. 2015. SARMENTO, Gabriel. Projeto de cenário, design gráfico e identidade visual para um espetáculo de dança. 2009. 137 f. TCC (Graduação) - Curso de Design, Unisul, Florianópolis, 2009. Disponível em: <https://issuu.com/clarissawestphalnogueira/docs/tcc_design_2009.2__gabriel_ritzmann>. Acesso em: 14 out. 2015. FIGUEIREDO, Laura Maria de. Luz: A matéria Cênica Pulsante: Apontamentos didáticos e estudos de caso. 2007. 160 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Artes, Escola de Comunicações e Artes, Usp, São Paulo, 2007. Disponível em: <http://www.auditoriona.com.br/wp-content/uploads/2015/07/tcc-2.pdf>. Acesso em: 15 out. 2015.

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LISTA DE FIGURAS 01. Palco de Arena – Planta- Baixas: Disponível em <http://3ksetorleste.blogspot.com.br/p/teatro.html> acessado em 02/02/2016 02. Palco Elisabetano – Planta-Baixas: Disponível em <http://papodebastidor.blogspot.com.br/2011/10/tipos-de-palco.html> acessado em 02/02/2016 03. Palco Elisabetano – Volumetria: Disponível em <http://papodebastidor.blogspot.com.br/2011/10/tipos-de-palco.html> acessado em 02/02/2016 04. Palco Italiano - Planta Baixas: Disponível em <http://papodebastidor.blogspot.com.br/2011/10/tipos-de-palco. html> acessado em 02/02/2016 05. Palco Circundante – Planta Baixa e Corte: Disponível em <http://revistas.unipar.br/akropolis/article/download/472/430> acessado em 02/02/2016 06. Teatro Helénico de Epidáuro: Antitratado de cenografia: variações sobre o mesmo tema / Gianni Ratto 07. Teatro Romano: Disponível em <http://oficinadelatim.blogspot.com.br/2009/01/ol1-fascculo-02-in-theatro.html> acessado em 02/02/2016 08. Maquete Teatro na Idade Média Baixa: Acervo Pessoal – Exposição Espaço Cenográfico, SP 09. Maquete Teatro na Idade Média Alta: Acervo Pessoal - Exposição Espaço Cenográfico, SP 10. Globe Theatre – 1600: Antitratado de cenografia: variações sobre o mesmo tema / Gianni Ratto 11. Schwan Theatre - 1596: Antitratado de cenografia: variações sobre o mesmo tema / Gianni Ratto 12. Maquete Teatro de Ópera: Acervo Pessoal – Exposição Espaço Cenográfico, SP 13. Maquete Teatro da Corte: Acervo Pessoal – Exposição Espaço Cenográfico, SP 14. Maquete Teatro de Bonecos: Acervo Pessoal – Exposição Espaço Cenográfico, SP 15. Maquete Teatro do Oriente: Acervo Pessoal – Exposição Espaço Cenográfico, SP 16. Brecht durante ensaio de Mãe coragem e seus filhos: Disponível em < http://www.nexoteatro.com/Bertolt%20 Brecht.htm> acessado em 10/02/2015 17. Teatro de Arena - Eles não usam Black-Tie – 1958: Teatro de Arena <disponível no site: http://www.centrocultural.sp.gov.br/cadernos/lightbox/lightbox/pdfs/Teatro%20de%20Arena.pdf> acessado 15/02/2016 18. Teatro Oficina: Serroni, José Carlos. Cenografia brasileira: notas de um cenógrafo 19. The Flash and Crash Days, autoria e diraçao de Gerald Thmas, 1992: Serroni, José Carlos. Cenografia brasileira: notas de um cenógrafo 20. Não sobre o amor, cenografia Daniela Thomas: Disponível em <http://www.questaodecritica.com.br/tag/daniela-thomas> acesso 23/02/2016 21. Definição de cenografia por J.C. Serroni, na parede de azulejos existente no Espaço Cenográfico: Serroni, José 221


Carlos. Cenografia brasileira: notas de um cenógrafo 22. Adolph Appia, espaço rítmo para uma obra de Schiller, 1910: Antitratado de cenografia: variações sobre o mesmo tema / Gianni Ratto 23. Appia, esboço para As valquirias de R. Wagner, 1892: Antitratado de cenografia: variações sobre o mesmo tema / Gianni Ratto 24. Craig, In Italy/ desenho para uma cena, 1907: Antitratado de cenografia: variações sobre o mesmo tema / Gianni Ratto 25. Craig, Electra 1905: Antitratado de cenografia: variações sobre o mesmo tema / Gianni Ratto 26. Craig, estudo para Rei Lear 1908: Antitratado de cenografia: variações sobre o mesmo tema / Gianni Ratto. 27. Svoboda, cenário Hamlet 1965: Antitratado de cenografia: variações sobre o mesmo tema / Gianni Ratto 28. Svobada, Lanterna Mágica: Disponível em <http://theredlist.com/wiki-2-20-881-1400-view-topics-2-profile-screen. html> acessado em 15/02/2016 29. Svobada, Lanterna Mágica: Disponivel em <http://www.avantgarde-prague.com.br/sair-em-praga/concertos-e-espetaculos-em-praga/lanterna-magica/> acessado em 15/02/2016 30. Svobada, Lanterna Mágica: Disponivel em <http://www.avantgarde-prague.com.br/sair-em-praga/concertos-e-espetaculos-em-praga/lanterna-magica/> acessado em 15/02/2016 31. Brook, Mababbarata 1985: Disponível em <http://eastiseverywhere.tumblr.com/post/79256897468/peter-brook-jean-claude-carrière-and-marie-hélène> acessado em 17/02/2016 32. Brook, Mababbarata 1985: Disponivel em <http://eastiseverywhere.tumblr.com/post/79256897468/peter-brook-jean-claude-carrière-and-marie-hélène> acessado em 17/02/2016 33. Brook, Mababbarata 1985: Disponível em <http://eastiseverywhere.tumblr.com/post/79256897468/peter-brook-jean-claude-carrière-and-marie-hélène> acessado em 17/02/2016 34. Brook, Mababbarata 1985: Disponivel em <http://eastiseverywhere.tumblr.com/post/79256897468/peter-brook-jean-claude-carrière-and-marie-hélène> acessado em 17/02/2016 35. Ilustração para cenografia de Vestido de Noiva, 1943: Serroni, José Carlos. Cenografia brasileira: notas de um cenógrafo 36. Ilustração para cenografia de A traviata, 1955: Serroni, José Carlos. Cenografia brasileira: notas de um cenógrafo 37. Ilustração para cenografia de Escola de Maridos, 1943: Serroni, José Carlos. Cenografia brasileira: notas de um cenógrafo 38. Ilustração para cenografia de Vestido de Noiva, 1943: Serroni, José Carlos. Cenografia brasileira: notas de um cenógrafo 39. Desenho de figurino para o espetáculo Andorra, 1964: Serroni, José Carlos. Cenografia brasileira: notas de um cenógrafo 40. Espetáculo Depois da queda, 1964: Serroni, José Carlos. Cenografia brasileira: notas de um cenógrafo 222


41. Desenho para cenografia Depois da queda: Serroni, José Carlos. Cenografia brasileira: notas de um cenógrafo 42. Cenografia para Réveillon: Serroni, José Carlos. Cenografia brasileira: notas de um cenógrafo 43. Cenografia para O Canto da cotovia: Serroni, José Carlos. Cenografia brasileira: notas de um cenógrafo 44. Cenografia para O Canto da cotovia: Serroni, José Carlos. Cenografia brasileira: notas de um cenógrafo 45. Desenho para cenografia de O Mambembe: Serroni, José Carlos. Cenografia brasileira: notas de um cenógrafo 46. Espetáculo O pagador de promessa, 1960: Serroni, José Carlos. Cenografia brasileira: notas de um cenógrafo 47. Espetáculo Kama Sutra, 1980: Serroni, José Carlos. Cenografia brasileira: notas de um cenógrafo 48. Espetáculo Kama Sutra, 1980: Serroni, José Carlos. Cenografia brasileira: notas de um cenógrafo 49. Detalhe de maquete da cenografia para Missa crioula: Serroni, José Carlos. Cenografia brasileira: notas de um cenógrafo 50. Espetáculo Avenida Dropsie, 2005: Serroni, José Carlos. Cenografia brasileira: notas de um cenógrafo 51. Cenografia da Ópera O navio fantasma,1987: Serroni, José Carlos. Cenografia brasileira: notas de um cenógrafo 52. Espetáculo O castelo do Barba-Azul, 2006: Serroni, José Carlos. Cenografia brasileira: notas de um cenógrafo 53. Cenografia do espetáculo Pterodátilos: Serroni, José Carlos. Cenografia brasileira: notas de um cenógrafo 54. Cenografia de Carmen, 2001: Serroni, José Carlos. Cenografia brasileira: notas de um cenógrafo 55. Maquete para peça Paraiso Zona Norte: Serroni, José Carlos. Cenografia brasileira: notas de um cenógrafo 56. Maquete para peça Raposa do café: Serroni, José Carlos. Cenografia brasileira: notas de um cenógrafo 57. Palco no início da peça: Acervo pessoal 58. Croqui do Palco: Acervo pessoal 59. Beth Goulard: Disponível em <http://www.jb.com.br/cultura/noticias/2015/12/18/beth-goulart-em-simplesmente-eu-clarice-lispector-volta-ao-circuito/> Acessado em 18/02/2016 60. Cenário casa dos moradores: Acervo pessoal 61. Cenário casa do “Rico comerciante”: Acervo pessoal 62. Palco central: Acervo pessoal 63. Croqui do Site Specific: Acervo pessoal 64. Cenário antes de iniciar a peça: Acervo pessoal 65. Cama do Rei Próspero: Acervo pessoal 66. Mobiliário em cena: Acervo pessoal 67. Mobiliário em cena: Acervo pessoal 68. Centro do palco: Acervo pessoal 69. Carrinho de mão com ilha em miniatura: Acervo pessoal 70. Painel na lateral da platéia: Acervo pessoal 71. Manequim com asas: Acervo pessoal 72. Imagem de Iemanjá: Brochura da peça 223


73. Miranda com seu vestido dourado: Acervo pessoal 74. Capa e sobrecapa da Brochura da peça: Brochura da peça 75. Macbeth, mãos ensanguentadas: Brochura da peça 76. Imagens da Brochuta da peça: Brochura da peça 77. Cenário ao início das peças: Acervo pessoal 78. Gravura William Shakespeare: Disponível em <http://redes.moderna.com.br/2012/04/23/as-facetas-de-william-shakespeare/> acessado em 25/02/2016 79. Planta Baixa CIC: Fundação Catarinense de Cultura 80. Palco Italiano: Disponível em <https://issuu.com/clarissawestphalnogueira/docs/tcc_design_2009.2__gabriel_ ritzmann> acessado em 25/02/2016 81. Linha de forças no palco italiano: Autoria própria Fig. 82: Colagem: Imagens retiradas de revistas Fig. 83: Texturas: Disponível em <http://www.dwiseman.com/facet-vase-detail/#itemId=53461820e4b06e8ab575679e> <https://uk.pinterest.com/corealine/true-textures/> <http://www.designals.com.ar/2011/06/50-texturas-de-metales/> <http://thegiftsoflife.tumblr.com> <http://coffeelovinmom.tumblr.com/post/28964338095> <http://takeovertime.co/post/28322502384> <http://www.randomghost.com/post/86272286137/shrbr-fracture-series-by-flight404-on-flickr> <http://www.bykoket.com/pre-fall-campaign-2015.php> acessados em 24/04/2016 Fig. 84: Paleta de cores: Autoria própria Fig. 85: Cenário de Daniela Thomas: Disponível em <http://arteilusao.zip.net/arch2006-08-01_2006-08-31.html> acessado em 14/03/2016 Fig. 86: Cenário proposto: autoria própria Fig. 87: Colagem vestimenta masculina: Disponível em <http://myelvenkingdom.tumblr.com/post/97855150593/vikings-shieldmaiden-king-horik-costume> <http://www.gameofthronesdaily.com> <http://www.gameofthronesdaily.com> <http://images.spoilertv.com/game-of-thrones/Misc/The%20costumes/68981466.jpg.php <http://stormbornvalkyrie.tumblr.com/tagged/gots6/page/2> <http://everythingasoiaf.tumblr.com/?og=1> <http://images.spoilertv.com/game-of-thrones/Season%203/Cast%20Promotional%20Photos/HQ%20Photoshoot/ Game+of+Thrones+-+Season+3+-+HQ+Photoshoot+(6).jpg.php> <http://images.spoilertv.com/game-of-thrones/Season%203/Cast%20Promotional%20Photos/HQ%20Photoshoot/ 224


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<http://www.hatchcollection.com> <http://modernhepburn.tumblr.com/image/65393949849> <https://www.etsy.com/listing/110615933/delight-whitest-dandelion-photography?ref=shop_home_feat_1> <https://www.etsy.com/listing/159946104/ivory-lace-fabric-embroidered-tulle-lace> <http://style-substance.com> <http://www.vogue.co.uk/news/2016/01/22/ralph-and-russo-couture-show-preview-pictures/#gallery/1549119> <https://www.flickr.com/photos/vilte-felt/5240247963/in/photostream/> <http://mariamoiseeva.co.uk> <http://mariamoiseeva.co.uk> <http://iloveparisduringsummertime.tumblr.com/post/42366110426> <https://hitku.tumblr.com/tagged/textile> <https://www.instagram.com/quinnnyc/> <http://www.marianneboeskygallery.com/artists/mindy-shapero/works> <http://bgfons.com/download/1438> <https://www.etsy.com/listing/181160563/ivory-lace-fabric-embroidered-tulle-lace?ref=sr_gallery_17&ga_search_query=retro+lace&ga_order=most_relevant&ga_ship_to=ZZ&ga_page=6&ga_search_type=supplies&ga_view_ type=gallery> acessados em 21/04/2016 Fig. 95: Croqui figurino Cordélia Ato I cena I: Autoria própria Fig. 96: texturas Goneril e Regan: Disponível em <https://tinylanscapes.wordpress.com/2013/01/31/alligator-farm/> <https://uk.pinterest.com/corealine/true-textures/> <https://www.flickr.com/photos/mic_stephens/4329049662/in/faves-jrosenk/> <https://zephotographist.wordpress.com/2012/03/24/a-material-utopia-the-metropolitan-museum-of-art-collections/> <http://beautifuldecay.com/2011/10/25/lorenzo-nanni-silk-botany/> <https://dcwdesign.wordpress.com/2013/09/23/all-black-everything/> <http://naldzgraphics.net/textures/free-feather-textures/ <http://baenk.com/black/> acessados em 22/04/2016 Fig. 97: Croqui figurino Goneril Ato I cena I: Autoria própria Fig. 98: Croqui figurino Regan Ato I cena I: Autoria própria Fig. 98: Imagens ilustrativas do cenário: Autoria própria Fig. 99: Imagens ilustrativa estrutura tubular: Autoria própria Fig. 100: Imagens ilustrativa estrutura passarela: Autoria própria Fig. 101: Imagens ilustrativa estrutura patamar: Autoria própria Fig. 102: Imagens ilustrativa estrutura patamar: Autoria própria Fig. 103: Imagens ilustrativa estrutura andaime fachadeiro: Autoria própria 226


Fig. 104: Placas de aço corten: Disponível em <http://www.archdaily.com/624195/city-library-bruges-studio-farris-architects/553dc519e58ece0b6d0000d6_city-library-bruges-studio-farris-architects_studio_farris_architects_-_city_library_bruges_-_12_-tim_van_de_velde-jpg/> acessados em 21/04/2016 Fig. 105: Piso cimento queimado: Disponível em <http://www.idealwork.com/photo-gallery/microtopping-projects. html> acessados em 21/04/2016 Fig. 106: Piso madeira envelhecida: Disponível em <http://www.mannington.com/Residential/Resilient/Better%20 Jumpstart/Havana/71262.aspx> acessados em 21/04/2016 Fig. 107: Brasão Inglaterra: Disponível em <https://pt.wikipedia.org/wiki/Armas_Reais_da_Inglaterra#/media/File:Royal_Arms_of_England_(1198-1340).svg> acessados em 21/04/2016 Fig. 108: Brasão França: Disponível em <https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasão_de_armas_da_França#/media/File:Arms_of_the_Kingdom_of_France_(Moderne).svg> acessados em 21/04/2016 Fig. 109: Brasão Gloucester: Disponível em <https://en.wikipedia.org/wiki/Duke_of_Gloucester#/media/File:Coat_ of_Arms_of_Richard,_Duke_of_Gloucester.svg> acessados em 21/04/2016 Fig. 110: Brasão Albany: Disponível em< https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Leopoldo%2c_Duque_de_Albany#/media/ Ficheiro%3ACoat_of_Arms_of_Leopold%2C_Duke_of_Albany.svg)> acessados em 21/04/2016 Fig. 111: Tempestade: Disponível em <https://caronessauthor.wordpress.com/2014/06/19/lightning/> Fig. 112: Silhueta galhos de árvore: Disponível em <https://pt.dreamstime.com/fotografia-de-stock-royalty-free-vetor-da-silhueta-dos-galhos-da-rvore-image32779827> acessados em 21/04/2016

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