Quero Ser!

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Queridos Alunas e Alunos Estimadas Famílias Caros Docentes

É com grande alegria que vos entregamos os manuais de Educação Moral e Religiosa Católica, que foram preparados para lecionar o novo Programa da disciplina, na sua edição de 2014. O que aqui encontrareis procura ajudar, cada um dos alunos e das alunas que frequentam a disciplina, a «posicionar-se, pessoalmente, frente ao fenómeno religioso e agir com responsabilidade e coerência», tal como a Conferência Episcopal Portuguesa definiu como grande finalidade da disciplina*. Para tal, realizou-se um extenso trabalho que pretende, de forma pedagogicamente adequada e cientifica1ncnte significativa, contribuir com seriedade para a educação integral das crianças e dos jovens do nosso País.

Esta tarefa, realizada sob a superior orientação da Conferência Episcopal Portuguesa, a responsabilidade da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé e a dedicação permanente do Secretariado Nacional da Educação Cristã, envolveu uma extensa e motivada equipa de trabalho. Queremos, pois, agradecer aos autores dos textos e aos artistas que elaboraram a montagem dos mesmos, pelo seu entusiasmo permanente e pela qualidade do resultado final. Também referimos, com apreço e gratidão, os docentes que experimentaram e comentaram os manuais, ainda durante a sua execução, e o contributo insubstituível dos Secretariados Diocesanos responsáveis pela disciplina na Igreja local. E a todos os docentes de Educação Moral e Religiosa Católica, não só entregamos estes indispensáveis instrumentos pedagógicos como aproveitamos esta feliz ocasião para sublinhar a relevância do seu fundamental papel, nas escolas e na formação das suas alunas e dos seus alunos, e testemunhamos o nosso reconhecimento pelo seu extenso compromisso pastoral na sociedade portuguesa.

Do mesmo modo, estamos agradecidos às Famílias, porque desejam o melhor para os seus filhos e filhas e, nesse contexto, escolhem a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica como um importante contributo para a formação e o desenvolvimento pleno e feliz dos seus jovens. Os jovens conformam o nosso futuro comum e o empenho sério na sua educação é sempre uma garantia de uma sociedade mais bondosa, mais bela e mais justa.

Finalmente, queridas crianças e queridos jovens, a Igreja quer ir ao vosso encontro, estar convosco, ajudar-vos a viver bem e, nesse sentido, colaborar com o esforço de construção de um mundo melhor a que sois chamados, enraizados e firmes (cf. Col 2, 7) na proposta de vida que Jesus Cristo tem para cada um de vós. É esse o horizonte de vida, de missão e de futuro, a construir convosco, que nos propomos realizar com a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica.

Em nome da Conferência Episcopal Portuguesa e no nosso próprio, saudamos todas as alunas e todos os alunos de Educação Moral e Religiosa Católica de Portugal com alegria e esperança,

Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé

Lisboa, 19 de março de 2015, Solenidade de S. José, Esposo da Virgem Maria e Padroeiro da Igreja Universal

"'Conferência Episçopal Portuguesa. (200ú), /:,'drrcaç(io .\foral e Religiosa Cató/irn Um mlio.1·11 nmtrilmlo para a da personalidade. n. ú.

Manual do Aluno Educação Moral e Religiosa Católica 9 .2 ano do Ensi no Básico

Coordenação Geral Cristina Sá Carvalho

Coordenação de Ciclo Fernando Moita

Equipa de Autores António Cordeiro Fernando Moita José Luís Dias Margarida Portugal

Revisão Ortográfica Gráfica Almondina

Desig n gráfico e Capa Cata rina Roque

Imagens Dreamstime Wikipédia Direção-Geral do Património Cultural/ Divisão de Documentação, Comunicação e Informática

Tiragem : 2S 000

P edição: abril 2015 ISBN: 978-972-8690-90-8

Depósito Legal: 390957 /15

Ed i ção e Propri edade Fundação Secretariado Nacional da Educação Cristã Lisboa, 2015

Impressão Gráfica Almondina Torres Novas

Aprovação Conferência Episcopal Portuguesa

º Todos os direitos reservados para a FSNEC

Chegaste à. meto. f1naJ do 3.0 ciclo. o tempo passa. depressal...

A aratedo.de dá. rupra. lugar à. coragem de vencer para. seguir para. o mino secvndá.rio. Sabes o qvão imporhlnte t saber optar pelo camirho c:-erio. No horizonte mais próxiroo pensas na. área. de -estudos a. seguir; no mais disto.nte. projeto.s vma. vida. de reaJiza.ção pessoal . O -esforço -e a. determina.ção são duas a.titvdes qve te ajudarão a. olhar -estes horizontes com -esperança. . R-ecortiec:-e a. dig-lido.de humana. -e será.s capa.z de vaJorizar a. vida; Pergunto. por Deus -e descobrirá.s o seu o.roor; Procura. ra.zões de viver

-e ovsa. arriscar por um ideaJ de vida. fetiz. vai . com certeza. ajudar- te a. opto.r mehor -e a. seguir -em frente com coragem .

Tu ts mviro mais do qve a.qvilo qve vês -em ti!

Foste feito(a.) pa.ra. voar aJtu!

Vem daí...

E projeto. viver o teu fvtvro. com os teus colaborando na. construção de um rTMldo mehor com as refkxões qve a. disciplina. de E.M.R.C. +e propõe pa.ra. o 'l.º a.no.

Abra.ço arnitp Os a.vtores

-

Olá.!

Com certeza. já. owiste falar de mim .Sabes qve temo vrn carinho -especial pelo tev pais, qve visitei cinco vezes

Chamo-me Karol Jõzet Wojtyta. -e. qva.ndo fvi -eleito papa. -em 1'17'!, -escolhi o nome Te& PoW II.

Nasci -em VVadowic:-e VTTia. peq.>ena. cidade perto de Cra.céNia. (Pctria.), -em 1'120. Era. o rmis rovo de irês ff'a. /t. nrna. nüe foJecev qvar00 -ev fü1a. rove ara; a; mevs irrnãa TtJ.nt>em rro-reram mJito pvens.

Fvi ba.tiza.do locp -em criança. -e aos nov-e a.nos fiz a. primeira. comvnhâ'.o. /t.os dezoito, recebi a. confirma.ção -e ma.tricoo-me na. vniv-ersida.de de Cra.cóvia. -e nvrna. -escola. de tea.tro vrna. da.s minha.s grandes paixões.

Qva.ndo o na.zi ocvpov a. Polénia. -e fechov a. vniv-ersida.de, -em 1'13'1. tiv-e de ir tra.bo.ha.r nvroo. fábrica. de prodvtos qvrncos. de rmdo a. -evitor a. deportnção para. a. /t.lemarha.

Por volto. da; vnte -e dcis ara senti vocação para. ser padre -e rq'eSSei no..semnário de Cra.cõViã.---.rtrordeno.dOpreõtffi'o no ãKfTde noverrbro de já. a. gxrra. ha.via. temino.do Nos ara qve se seg.Kam continvei a. civdar -e to.m>em f\Ji professoc Em 1'158 f\Ji ordeno.do bispo -e participei na; trabahos do Concio Va.tica.no II (1%2-1%5) .

Escoheram-me para. o.presentor -esto. vnida.de letiva. sobre a. digiida.de da. vida. hvmano. por ter sido a. temática. qve mo.is me preocvpov -e qve mo.is me fez refletir. -escrev-er. falar -e viajar.

Sempre qve tinha. oporivnida.de al-erta.va. a.s pessoas com qvem me -encontra.va. para. o inestimá.v-el valor da. vida. hvrnana, a. riqveza. qve ca.da. ser hvmano Onico -e irrepetível sigiifica. para. o ovtro -e para. o mJndo

Desejo sinc-eramente qve a. reflexão qve vrus ta.zer a.o lonçp desto. vnida.de letiva. te ajvde a. recorhecer o bem -e a. beleza. de cada. pessoa. .

Saber

Jo ã o Paulo li percorreu o mundo revelando o seu amor por toda a humanidade Fez viagens apostólicas a cento e vinte e nove países

O seu amor aos jovens impulsionou-o a inicia r as Jornadas Mundiais da Juventude E a sua atenção para com a família deu origem aos Encontros Mundiais das Famílias. Faleceu no dia 2 de abril de 2005 Desde essa noite até ao dia 8 de abril, momento em que se celebraram as exéquias, deslocaram-se mais de três milhões de peregrinos à basílica de São Pedro para lhe prestar homenagem. Foi canonizado em 27 de abri l de 2014.

Dignidade (do latim dignitas virtude , honra, consideração) é uma característica inerente ao ser humano A pessoa desenvolve se num contínuo processo de autorreal ização pessoal e social , mas esse facto não altera nem diminui a sua constante dignidade . Pelo simples facto de ser humana, a pessoa goza de valor inestimável e merece todo o respeito.

A dignidade da pessoa humana núcleo essencial dos direitos fundamentais

é o supremo valor ético da civil ização moderna .

No início de uma conferência, um famoso orador mostrou uma nota de cinquenta euros, e perguntou:

Quem quer esta nota?

Todos os que estavam na assembleia levantaram a mão.

O conferencista amarrotou-a e voltou a perguntar, enquanto a exibia:

- Quem está ainda interessado nesta nota?

E as mãos voltaram a erguer se.

Então, deixou a cair no chão e pisou-a violentamente. Depois pegou na nota suja e amarrotada e perguntou de novo:

E agora? Ainda há alguém que a queira?

E mais uma vez as mãos se levantaram.

Meus amigos continuou o conferencista , seja o que for que eu faça com esta nota, a maior parte das pessoas permanecerá interessada nela, porque, apesar do seu aspeto, não perde valor. Limpa ou suja, amarrotada ou não, valerá sempre cinquenta euros.

Mas, como podem calcular, não vim aqui para vos falar de questões financeiras. Muitas vezes, na vida pessoal, somos amarrotados, humilhados e conspurcados por decisões que tomamos ou por circunstâncias que não dependem da nossa vontade. Quando tal sucede sentimo-nos profundamente desvalorizados ou mesmo insignificantes. Mas, aconteça o que acontecer, seja qual for a forma como nos sentimos, nunca perderemos o nosso valor nem a nossa dignidade. Quer estejamos sujos ou limpos, diminuídos ou inteiros, perdidos ou norteados, nada nos pode roubar o que verdadeiramente somos. É que o valor das nossas vidas não reside fundamentalmente no que fazemos ou sabemos, reside sobretudo no que somos. E todos somos especiais, porque únicos e irrepetíveis.

No meio das adversidades da. vida. não nos -esqveçaroos disto!

Autor desconheci do

1. Em que consiste a dignidade da vida humana?

2. Qual o motivo pelo qual se pode afirmar que a vida humana é o valor primordial?

A vida - dádiva de Deus e orimordial direito humann

Na perspetiva re l igiosa Deus é a origem da vida . É nele que se encontra a plenitude da existência, em toda a sua perfeição, a qual não conhece início nem terá ocaso O ser humano é um ser vivente porque recebeu de Deus a vida como um dom inestimável.

A vida é, pois, o primeiro dom de Deus. Todo o crente sente que tem para com ele uma enorme dívida de gratidão. Nada fez para merecer existir e, contudo, Deu s quis que existisse. Por isso agradece a Deu s esta dádiva fundamental. Ma s a melhor maneira de a agradecer é cultivá-la e respeitá-la, como quem cuida da maior prenda que alguma vez lhe tenha si do oferecida. É por isso que o respeito pela vida faz parte do Decálogo: « Não matarás».

A vida humana é o valor primordial e condição de possibilidade d e todos os outros valores. Como poderíamos, por exemplo, exigir que se fizesse justiça a alguém se lhe negássemos o direito de existir? Se a vida humana não estiver assegurada é simplesmente impossível a realização dos outros valores.

Declaracões de direitos

A dignidade da v ida humana é um valor partilhado pelas v árias civilizações, que, de uma ou de outra forma, a entendem como um dom a respeitar e a preservar. Uma vez que o ser humano é - em variadas situações agredido, negado e violentado, ficando a vida humana seria mente comprometida, a humanidade e laboro u códigos que têm como o bjetiv o defender expre ssame nte a vida humana e a su a dignidade.

A criação de Adão, Miguel Ângelo (1475 1564) [Capela Si stina)

Juro por Apolo médico, por Esculápio, por Higia, por Panaceia e por todo s os deuses e deusas que acato este juramento e que o procu r arei cumprir com todas as minhas forças físicas e intelectuais Mesmo instado, não darei droga mortífera nem a aconselharei; também não darei pessário abortivo às mulhere s. Guardarei castidade e santidade na minha v id a e na minha profissão.

https ://www.o rde mdosmedico s. pt/

Saber

H i pócrates nasceu no século V a.e., na Grécia. Médico, compreendia a sua atividade como um serviço à vida. É considerado o «pai da medicina».

ão Univ rs 1dos Direitos Humanos

Artigo 1. 2

Todos os seres huma n os nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir un s para com os outros em espírito de fraternidade.

Artigo 2 .2

Todos os seres h u manos podem invocar o s direitos e as liberdade s proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente d e raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação Al ém disso, não será feita nenhuma distinção fundada no es tatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pe ssoa.

Arti go 3 .!!

Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

https://d re.pt/com u m/htm l/ legis/ dud h.htm 1

A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) foi proclamada a 10 de dezembro de 1948 com o objetivo de defender a dignidade humana (severamente humilhada na segunda guerra mundial) e continua a exprimir o grito humano de libertação de todas as formas de opressão . No humanismo dos seus artigos manifesta-se o sonho de uma sociedade onde todo s possam ser felizes, qualquer que seja a sua condição Esta chama tem iluminado o mundo inte i ro, incluindo o processo de con strução europeia.

Ao expor o s direitos, liberdade s e garantias do ser humano, este documento, baseado na noção de dignidade humana, apre senta a vida como um valor primordial e inviolável.

Dezembro

Dio. dos diretos

Artigo 1.2

a Re

Portugal é uma República soberana , baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma socieda de livre, justa e solidá ria.

Artigo 13.!!

Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.

Artigo 24 . !!

A vida hum ana é inviolável. Em caso algum haverá pena de morte

http ://d re pt/ com um/ html/legi s/crp. htm 1

A Constituição da República Portuguesa , lei fundamental de Portugal (promulgada em abril de 1976), reconhece a dignidade da pessoa , da qual decorrem os outros direitos e afirma a inviolab i l idade da vida humana .

1
hvmoJ"lJS ' 1 '2 4 5 6 7 8 C) 1S 16 \1 \t. 1.2 1.3 l.4 n n 1.4 -is 1.9 20 -n 30 'l\ 1S 1.9 26 27

Preâmbulo

Djreltos tais da União Europei

Os povos da Europa, estabelecendo ent re si uma união cada vez mais estre ita , decidiram partilhar um futuro de paz, assente em valores comuns. Consciente do seu património espiritual e moral, a União baseia-se nos valores indivisíveis e un iversais da dignidade do ser humano, da liberdade, da igua l dade e da solidar i edade.

Artigo 1.!!

A dignidade do ser humano é inviolável. Deve ser respeitada e protegida.

Artigo 2 .!!

Todas as pessoas têm direito à vida Ninguém pode ser condenado à pena de morte, nem executado.

A rti go 3 .!!

Todas as pessoas têm direito ao respeito pela sua integridade física e mental. No domínio da medicina e da biologia, devem ser respeitadas, designadamente: a proibição das práticas eugénicas, nomeadamente das que têm por finalidade a seleção das pessoas; - a proibição de transformar o corpo humano ou as suas partes, enquanto tais, numa fonte de lucro

Artigo 4 !!

Ninguém pode ser submetido a tortura, nem a tratos ou penas desumanos ou degradantes . http ://eu r-l ex. e uropa eu/ pt/ treatie s/i ndex htm

A Ca rta dos Direi to s Fundamenta is d a Un i ão Europe ia, formalmente adotada em dezembro de 2000, representa um compromisso pol ítico e social onde se afirma que o direito à vida e a dignidade do ser humano fazem parte do património ético dos povos da europa.

3. Qual a final idade das declarações de direitos humanos?

O valor da vida humana nas religiões

Todas as re ligiõe s exaltam o valor da vida e da dignidade humana apelando ao respeito pela pessoa.

Eu não desejo matar os meus professores, tios, filhos, avós, sogros, netos, cunhados e outros parentes. ó Senhor Krishna, que prazer há em matar os nossos primos? Por matar os nossos semelhantes nós iremos incorrer num crime e, consequentemente, num pecado. Portanto, nós não mataremos os nossos primo s. Como pode alguém ser feliz depoi s de matar os se us parentes, ó Krishna? De qualquer modo, eles estão cegos pela ambição e não veem maldade na destrui ção da família ou pecado por traírem os seus amigos.

Tudo o que existe no mundo possui uma alma, não só o ser humano e os animais, como também as plantas, as pedras, as gotas de água, etc.

O respeito pela vida é o primeiro e o mais importante mandamento budista.

Por essa razão é que, ao andar, deve o monge varrer diante de si para não correr o risco de matar alg um animal pequeno. A doutrina budista proclama o respeito absoluto pela vida humana.

Mircea Eliade, História dos Ideias e Crenças Religiosos

Vós que credes, sede firmes na distribuição da justiça, mesmo contra vós mesmos, vossos pais e vossos parentes, trate -se de ricos ou indi gentes. Deus vela sobre todos.

Quem matar uma pessoa seja julgado como se houvesse matado toda a humanidade . Todos os crentes são irmãos. Fazei a paz entre os vossos irmão s e temei a Deus.

Alcorão 4,13S ; 5, 33; 49, 10

A vida é sempre um bem. Esta é uma intuição ou até um dado de experiência, cuja razão profunda o homem é chamado a compreender. Por que motivo a vida é um bem? Esta pergunta percorre a Bíblia inteira, encontrando já nas primeiras páginas uma resposta eficaz e admirável. A vida que Deu s dá ao homem é diversa e original, se comparada com a de qualquer outra criatura viva, dado que ele, apesar de emparentado com o pó da terra, é, no mundo, manifestação de Deus, sinal da sua presença, vestígio da sua glória. Isto mesmo quis sublinhar Santo lreneu de Lião, com a célebre definição : «A glória de Deus é o homem vivo» .

Ao homem foi dada uma dignidade sublime, que tem as suas raízes na ligação íntima que o une ao seu Criador: no homem, brilha um reflexo da própria realidade de Deus. «Que é o homem para Vos lembrardes dele, o filho do homem para dele cuidardes?» - interroga-se o sal mista (Sal 8,5). Diante da imensidão do universo, coisa bem pequena é o homem ; mas é precisamente este contraste que faz so bressair a sua grandeza: « Pouco lhe falta para que seja um ser divino; de glória e de honra o coroastes» (Sal 8,6). A glória de Deus resplandece no rosto do homem. Nele, o Criador encontra o seu repouso, como comenta, maravilhado e comovido, Santo Ambrósio : «Terminou o sex to dia, ficando concluída a criação do mundo com a formação daquela obra-prima, o homem, que exerce o domínio sobre todos os seres vivos e é como que o ápice do universo e a suprema beleza de todo o ser criado. Verdadeiramente deveremos manter um silêncio reverente, já que o Senhor Se repousou de toda a obra do mundo. Repousou-Se no íntimo do homem, repousou-Se na sua mente e no seu pensamento; de facto, tinha criado o homem dotado de razão, capaz de O imitar, desejoso das graças celestes».

Jo ão Paulo 11, Evangelium Vitae, 34-35

Preceitos de E>vdo. l Ho.ndo.rnento do Amor (J-esvs) corto. dos Direitos..... Fvndo.rnrntú.is .do. Unia.o Europeia. '><III ac l 1 1· ''" 4. Por que é que a vida é sempre um bem ? 1 Jvro.rnento de Hipócro.ffi 1 E>hago..vrui Giffi. Constiivição do. f.-epOblico. PortvgJeSO. Age de to.J modo qve ira.+es a. hvmanida.de, tanto na. tva. pessoa. como na. do ovtro. sempre -e o.o mesmo tempo. corno vm fim -e nunca. simplesmente como vm meio. !mman>el Ko.nt (172'+--1801) que a dignidade da pessoa humana é um valor inalienável, mas que precisa de ser cuidado.

A vida humana é o valor primordial, pelo que toda a ação política, económica e pessoal deve ter como parâmetro orientador e balizador o princípio da dignidade da pessoa humana.

Apesar de ser o valor primeiro, a vida pode não ser um valor supremo. Sempre se considerou uma característica de heroísmo ou de santidade dar a vida para ajudar os semelhantes (valor ético) ou para defender as próprias crenças (valor religioso).

Ainda que não seja um bem absoluto, por ser humana, a vida merece e exige o devido respeito, porque cada pessoa transporta consigo a dignidade da sua pertença à condição humana. Cada humano "é presença de Deus".

A revelação bíblica mostra-nos a existência humana como resultado da bondade divina, isto é, como um dom que suscita em nós gratidão e não nos dispensa da responsabilidade de cuidar dele. Para o crente, a vida não está à i nteira disposição de quem quer que seja, não é arbitrariamente disponível, mas tem de ser respeitada como a condição básica de realização pessoal.

A vida humana é prévia a qualquer projeto pessoal, por isso ninguém é senhor absoluto da sua própria vida e muito menos senhor da vida dos outros . A convicção de que só Deus é o Senhor da vida não retira ao ser humano a sua responsabilidade de procurar as melhores opções para cuidar da vida que tem diante de si. Cada pessoa deve ser respeitada como sujeito da sua própria existência e nunca simplesmente como objeto do qual se possa dispor arbitrariamente. ( ) A obrigação moral de garantir à vida humana uma especial proteção está testemunhada em preceitos primordiais da humanidade, com expressões diversas em todas as culturas, e codificada no mandamento bíblico do Decálogo : « Não matarás» (Dt 5,17) .

Noto Pastoral do Conferên cia Episcopal Portuguesa, 2009

5. Por que é que a vida humana é um valor primordial mas não absoluto?

Drir rnnri;:i nt:lln n trn

Ao longo da história, encontramos vários testemunhos de pessoas que, com toda a dignidade, foram capazes de entregar a sua própria vida em prol dos outros. Giana Beretta Molla e Martin Luther King são dois exemplos de entrega da própria vida em benefício da vida de outrem.

Fruto do seu matrimónio com Pietro Molla nasce ram quatro crianças: Pierlu igi, Mariolina, Laura e Gianna Emanuela Na última gestação, aos 39 anos, descobriu que tinha um fibroma no útero Foram -lhe apresentadas três opções: retirar o útero doente, o que ocasionaria a morte da criança; abortar o feto; ou, a mais arriscada, submeter-se a uma cirurgia de ri sco e preservar a gravidez Não hesitou! Disse: «Sa lvem a criança, pois tem o di reito de viver e ser feliz!» Submeteu-se à cirurgia. Alguns dias antes do parto, se mpre com grande co nfiança em Deus, disponibilizou-se para sac rificar a sua vida se essa fosse a condição para salvar a do filho: «Se tiverem de decidir entre mim e o meu filho , nenhuma hesitação: exijo que escolham a criança. Salvem-na». Deu e ntrada, para o parto, na sexta-feira santa de 1962. No dia seguinte, 21 de abril, na sce u Gianna Emanuela. Gianna Beretta morreu uma semana depois

Foi beatificada em 1994, Ano Internacional da Família, e canonizada no dia 16 de maio de 2004, recebendo do papa João Paulo li o sugesti vo título de « Mãe de Família».

Adaptado de http://www voticon va/

Martin Luther King (1929-1968) foi um pastor batista e um importante ativista político norte-americano. Lutou em defesa dos direitos soc iais para os n egros e as mulheres, combatendo o preconceito e o racismo . Defendia a luta pacífica , baseada no amor ao próximo, co mo forma de construir um mundo melhor, fundamentado na igualdade de direitos sociais e económicos.

Em 1955 foi um dos líderes ao boicote às empresas de transportes , que levou a Suprema Corte Americana a pôr fim à discriminação que havia contra os negros nos transportes públicos. Na década de 1960 Luther King liderou várias manifestações pacíficas defendendo os direitos dos negros. Em 1964 recebeu o Prémio Nobel da Paz por combater pacificamente o preconceito racial nos Estados Unidos. Em 1968 organizou a Campanha dos Pobres, apelando à justiça social e económica .

Com a sua atuação social e política, Luther King despertou muito ódio naqueles que defendiam a segregação racial. Durante qua se toda a sua vida adulta fo i constantemente ameaçado de morte por estas pessoas e grupos .

Na manhã de 4 de abril de 1968, antes de uma marcha, Martin Luther King foi assassinado no quarto de um hotel na cidade de Memphis.

A sua atuação foi fundamental na s mudanças que ocorreram na s leis dos Estados Unidos da América nas décadas de 1950 e 1960. As leis segregacionistas foram caindo dando espaço a uma legislação mais justa e igualitária.

6. Dar a própria vi da por uma causa o u um projeto se r á est upidez ou u ma ati t ud e alician t e e r ad i cal? Justifi ca a r esposta.

O qve mais preocupa. não -é. o grito dos corruptos, dos viofentos, dos desonestos, dos s-em cará.+er. dos s-em -é.fica. O qve mais preocupa. -é. o silêncio dos bons l vther Krq

Adaptad o de Chri s ty Whitm a n , O jo vem Martin Luther King
Gl
1

Dar a vida oela verdade libertadora

Ao apresentar-se como pastor, Jesus quer identificar se com a vida e o cuidado de cada pessoa. A figura do Bom Pastor transporta-nos para a doação, a simplic i dade, o serviço, a proteção total.

O <Bom <Pastor

11Eu so u o b om pa stor O bom pa stor d á a sua vida pela s ovel ha s. 14 Eu sou o bom pa stor; conheç o as m i nha s o v e lha s e as m i nh as o ve lha s conh ece m-m e, 15 assi m como o Pai m e co nhece e Eu con heç o o Pai ; e ofereço a m i nh a v i da p ela s ave lh as.

Jo 10,11 14-15

Um pastor de ovel h as cuida do rebanho para sua p r óp r ia co nve niê n cia: para aproveitar a lã, o leite e a carne; e em situação de perigo (por exemp lo ataque de um lobo) foge, deixando as o v elhas em risco. Mas um bom pastor nunca abandona as suas ovelhas. Um bo m pastor é aquele que se torna íntimo do rebanho, q ue conhece cada ovelha e é recon h ecido por elas . Co n d uz cada uma a pastage ns seguras e r efresca ntes se n do especia l me nt e atencioso para com a ovelha debilitada (que carrega aos om b ros) sempre com a preocupação de não perder n en huma.

Jesus é o Bo m Pastor que protege, ama e salva da destruição p ropo r cionando a vida eterna, o u se j a, uma vi da em comun h ão com o próprio Deus . Morreu dando a vida p or nós, suas ove lh as, mas ressuscitou e continua a ser o Bom Pastor.

Também estas "ovelhas", cada uma na sua medida, têm a missão de imitar o Pastor, oferecendo a vida pelos outros numa dinâmica de amor gratuito. Ser Bom Past o r é entrega r- se a proj et os de amor ao serviço d os o utros d ig nificando a v ida.

q ue o va l or da v ida huma na imp l ica um agir ético em situações vit ais do q uoti dia n o.

Bom Postor, Vitral da Igreja de Santo Condestável, lisboa

Gr oos em desvantagem social

A ética vigente ex ige o re speito pela pessoa e pelos seus d i re ito s, ga rantindo o e xercício da liberdade e o reconhecimento fundamental dos valores da igualdade e da fraternidade , que excluem quaisquer segregações. Mas apesar da con sci ência unive rsa l dos d i re itos humanos, o preconceito e a di scr i minação continuam a produz i r ataques à dignidade humana.

Muitos g r upos minoritários ou « não produtivos » continuam em situação de desamparo.

Ideologias racistas e fanati smos políticos e relig iosos continuam a dizimar vidas humana s.

Cr i anças, idoso s, d eficientes e doentes terminais continuam a ser maltratados.

A vida é um bem inestimável. Mas a história da humanidade está repleta de contínuos atentados à vida humana e de brutais violências contra o ser humano.

Ta l acontece porque cada pessoa é, em si mesma , um ser div i dido; no seu coração habitam o bem e o mal. Por imperativos egoístas ou por condicionalismos sociais, aprisiona , por vezes, a liberdade e a dignidade do s outros. Se é verdade que « a medida do amor é amar sem medida » - prin cípio que tem sido testemunhado por muitas pessoa s de bem -, também é verdade que outros não se deixaram transforma r p e la be l e za da v i da E o preço a pagar tem sido excess ivo.

7. Pes qu isa notícias sobre grupo s em desvantagem so cia l.

Os maus tratos contra crianças e jovens podem ser definidos como qualquer ação ou omissão não acidental perpetrada pelos pais, cuidadores ou outrem que ameace a segurança , dignidade e desenvolvimento biopsicossocial e afetivo da vítima. Qualquer tipo de mau trato atenta, de forma direta, contra a satisfação adequada dos direitos e das necessidades fundamentais das crianças e jovens, não garantindo, por este meio, o crescimento e desenvolvimento pleno e integral de todas as suas competências físicas, cognitivas, psicológica s e socioemocionais.

Ass o ci ação Portugu e sa de Ap o io à Vítima, Manual Crianças e Jovens vítimas de violência : compreender, in t ervir e pre ven i r

8. Comenta a afirmação «Antigame nte os mai s ve lho s eram respeitado s, tidos como fonte de sa bedoria ».

Nos últimos anos aumentaram as queixas de violência contra idosos. O aumento da esperança média de vida e o enfraquecimento dos sistemas de proteção social, coloca-os numa situação de grande fragilidade. É urgente mudar mentalidades e recuperar o respeito pelo saber de experiência feito. Tendemos a associar imediatamente o termo violência a maus tratos físicos, no entanto, o âmbito da violência contra os idosos assume muitos outros contornos tão ou mais graves do que a agressão física , tais como agressões psicológicas, privação de cuidados adequados, abandono, desvalorização da sua personalidade e experiência , usurpação e administração indevida dos seus próprios bens.

A sociedade atual tem vindo a tratar muito mal os idosos, desvalorizando-os constantemente. Os ritmos de vida, as exigências profissionais e a falta de medidas específicas para o desenvolvimento de recursos para integração e proteção dos i dosos acabam por potenciar uma cultura em que os mais velhos são postos de parte por não corresponderem aos padrões sociais de beleza, dinheiro e consumo

É preciso recuperar a importância do papel do idoso para a comunidade e assegurar ou reforçar a formação dos técnicos que trabalham diretamente com eles em casas de repouso e lares. Se antigamente os mais velhos eram respeitados, tidos como fonte de sabedoria, hoje a permanente falta de tempo e a busca incessante pela novidade ignora a sua experiência de vida Esta é uma atitude que nos cabe alterar e que espelha também a nossa fuga perante o inevitável envelhecimento.

Excertos de Vânia Machado, Famflia Cristã, fevereiro de 2009

Cri os enfrentam pers guição em mais de 60 países

A Coreia do Norte ocupa, pelo 12º ano consecutivo, o primeiro lugar na World Watch Li st de 2013.

A World Watch List é um ranking de 50 países onde a perseguição aos cristãos por motivos religiosos -e não por motivos políticos, económicos, sociais, étnicos ou acidentais -é mais grave.

A opressão comunista na Coreia do Norte não deixa espaço para qualquer outra religião que não seja a adoração da dinastia Kim. Os cristãos são enviados para campos de trabalho de onde não há libertação possível.

Por causa do fundamentalismo islâmico, em 2013 a Somália é o seg undo lugar do mundo onde é mais difícil ser cristão e a Síria, o terceiro.

Adaptado de http://www.worldwatchlist.us/

APAV º .1Uà1!ail Apoio àVí tima (101 20 oo zz)\ 10 1n. ,, ,, , ) www.apav.pt

Na origem dos atentados à dignidade humana estão, quase sempre, atitudes preconceituosas e egoístas.

O PRECONCEITO é um juízo (opinião) preconcebido, injustifica do e irracional. Manifesta-se geralmente em atitudes discriminatórias relativamente a determinadas pessoas, lugares, ideo log ias ou tradições que, pelo simples facto de serem diferentes , são considerados destituídos de valor. Indica, portanto, desconhecimento e ignorância relativamente ao outro. Em geral, a ignorância produz o medo do que se desconhece e conduz à adoção de comportamentos defensivos que podem manifestar-s e desde a simples indiferença até à violência explícita. O outro, cuja verdadeira natureza se ignora, é entendido como uma ameaça, como um potencial inimigo que deve, por conseguinte, ser combatido ou mesmo eliminado. O preconceito conduz ao autoritarismo, à discriminação, à marginalização e à violência

O RACISM O é uma forma de pensar e de agir fundada num preconceito. Acredita -se que alguns indivíduos ou grupos, pelo simples facto de possuírem determinadas características físicas hereditárias ou certo tipo de manifestações culturais, são seres inferiores. O racismo baseia-se em opiniões preconcebidas e injustificadas segu ndo as quais as diferenças biológicas entre os seres humanos lhe s atribuem um estatuto su perior ou inferior. De acordo com esta ideo log ia, os seres humanos não têm todos o mesmo valor nem são todos dotados da mesma dignidade. O valor depende da sua pertença a determinados grupos raciais. O racismo pretende justificar a escravidão, a opressão, o domínio de uns povo s sobre outros, o genocídio contra um grupo ou uma etnia. O racismo afirma a necessidade de um grupo social dominante (em termos económicos ou numéricos) se distanciar de outros grupos que, po r razões históricas, possuem tradições ou comportamentos diferentes. O grupo dom i nante constrói um mito (um estereótipo) sobre os outros grupos e com ba se nessa ideia preconcebida nega-lhes a liberdade ou mesmo o direito à existência.

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9.Define "preconceito" e "racismo" ilustrandoos com episódios hi stó ricos

Ser racista é desprezar o outro em nome da sua pertença a um grupo que se distingue pela cor da pele ou por outras caraterísticas físicas, normalmente associadas ao uso de uma língua própria, à prática de uma religião diferente, etc Os racistas utilizam sempre argumentos de ordem irracional para justificar a hierarquização entre as pessoas.

Os homens diferem peb saber.

mas são igJaís na. sva. aptidão para. o saber. Cícero. filósofo rornaro

As diferenças entre as pessoas ou os grupos humanos não justificam que se lhes atribua um valor diferente . Ser pobre ou rico, europeu ou asiático, preto ou branco, não retira nem acrescenta dignidade ou valor às pessoas.

X ENOF OBIA é um medo injustificado perante estranhos; é a aversão e hostilidade relativamente a povos estrangeiros. Trata-se de um fenómeno que esteve presente ao longo de toda a história da humanidade e que ainda é atual, particularmente face aos imigrantes.

Preconceito e racismo originaram episódios de inaudita crueldade, entre muitos outros: o estalinismo, o nazismo e o apartheid.

ESTALiiTiSM O é o regime político adotado por Joseph Stalin, líder da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS} entre 1929 e 1953.

Stalin impôs aos soviéticos um governo totalitário, baseado na eliminação de qualquer oposição ao regime e na constituição de um poderio militar que colocou a URSS em condições de levar adiante uma Guerra Fria com os Estados Unidos. A grande meta de Stalin era tornar a URSS uma potência industrial. Para construir as indústrias expropriou os agricultores. Muito s camponeses e fazendeiros ricos foram mortos. Toda a produção tinha de ser entregue ao Estado e os operários foram impedidos de mudar de emprego e de fazerem greves. Cerca de 20 milhões de pessoas foram mortas na s perseguições políticas e na coletivização forçada das terras agrícolas e outros 20 milhões terão si do vítimas de prisões e exílios Stalin é considerado um dos piores tiranos da história.

NAZISM O é a ideologia de Adolf Hitler, líder da Alemanha de 1933 a 1945

Eleito democraticamente , o führer iniciou uma propaganda alienante, recorrendo à violência pol icia l para imp lantar uma ditadura baseada no pangermanismo, no racismo, no antissemitismo, no anticomunismo e na oposição ao liberalismo

O povo alemão, como todos os outros, era bastante miscigenado (mistura de vária s etnias) e, portanto, não havia uma «raça pura» cujos traços físicos fo sse m i nteiramente distintos dos do resto da humanidade. A propaganda nazi defendia a pureza racial do povo alemão e a sua superioridade em relação a todos os povos, pelo que o naz is mo implementou formas de di scri minação com vista a «purificar» o povo alemão de todo o contágio que pudesse tornar-se um obstáculo à manutenção da «raça pura ariana »

A sede de poder de Hitler não tinha limites Invadiu e anexou vários países europeus, dando origem à Segunda Guerra Mundial. Um grande objetivo de Hitler era a extinção do povo j udeu (a «s olução final »). Confinou a popu l ação judaica a guetos, sujeitou-a à deportação em massa e isolou-a em campos de concentração. Nestes "ca mpos de morte", para além de serem sujeitas a traba lhos forçados, as pessoas viviam em condições de sumanas Eram permanentemente torturadas e utilizadas como cobaias em experiências científicas que tinham por objetivo melhorar artificial e cientificamente a «qua lid ade» da população alemã. Estima-se que cerca de seis m i lhões de judeus foram v ítimas do naz is mo A este genocídio chama -s e geralmente «holocausto» Mas o ódio de Hitler não se confinava apenas ao povo judeu ; comunistas, homossexuais, ciganos, pessoas com deficiênc ia e todos os que se opusessem à sanguinária ideologia nazi eram considerados como indignos de existir

·-

10. Comenta a fra se:

«A Igr ej a sente o dever de , com coragem, d ar voz a qu em a não tem »

ARTH E J°D (separação) foi o regime que manteve a população da África do Sul sob o domínio de um povo de origem europeia (Holanda e Inglaterra) durante quase cinquenta anos. Embora a segregação na África do Sul existisse desde a colonização no século XVII, a partir de 1948 passou a ser uma prática legal. Tal legislação dividia os habitantes em grupos raciai s. A segregação acontecia nas áreas residenciais, na saúde, na educação e em vários serviços públicos . Aos negros, indianos e mestiços eram prestados serviços muito inferiores.

Este regime político racista, em que uma minoria branca dominava uma maioria negra , chegou ao seu termo quando, por pressão mundial e após a libertação de Nelson Mandela, foram convocadas as primeiras eleições para um governo multirracial de transição, em abril de 1994. Mandela assumiu então a presidência da África do Sul, tornando se o primeiro presidente negro do país.

A história da humanidade é testemunha de como o ser humano abusou, e abusa ainda, do poder e das capacidades que lhe foram confiadas por Deus, dando lugar a diversas formas de discriminação injusta e de opressão para com os mais fracos e os mais indefesos. Os atentados quotidianos contra a vida humana; a existência de grandes áreas de pobreza, onde as pessoas morrem de fome e de doença, excluídas dos recursos cognitivos e práticos, que muitos países possuem em abundância; um progresso tecnológico e industrial que cria o risco concreto de uma queda do ecossistema; o uso das investigações científicas no âmbito da física, da química e da biologia para fins bélicos; as numerosas guerras que ainda hoje dividem povos e culturas, infelizmente são apenas alguns sinais eloquentes de como o ser humano pode fazer mau uso das suas capacidades e tornar-se o pior inimigo de si mesmo, perdendo a consciência da sua alta e específica vocação de colaborador da obra criadora de Deus. Paralelamente, a história da humanidade manifesta um real progresso na compreensão e no reconhecimento do valor e da dignidade de cada pessoa. Assim, por exemplo, as proibições, juríd i co-políticas, e não apenas éticas, das diversas formas de racismo e de escravidão, das injustas discriminações e marginalizações das mulheres e crianças e das pessoas doentes ou com grave deficiência são testemunhos evidentes do reconhecimento do valor inalienável e da intrínseca dignidade de cada ser humano e sinal de um progresso autêntico. A Igreja sente o dever de, com coragem, dar voz a quem a não tem. O seu é sempre o grito evangélico em defesa dos pobres do mundo, de quantos são ameaçados, desprezados e oprimidos nos seus direitos humanos.

Congregação para a Doutrina da Fé, Dignitas Personae, 36 37

Tu que dormes à noite na calçada do relento

Numa cama de chuva com lençóis feitos de vento

Tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento

És meu irmão amigo

És meu irmão .

E tu que dorm es só no pesadelo do ciúme

Numa cama de raiva com lençóis feitos de lume

E sofres o Natal da solidão sem um queixume

És meu irmão amigo

És meu i rmão

Natal é em dezembro

Mas em maio pode ser Natal é em setembro

É quando um homem quiser

Natal é quando nasce uma vida a amanhecer

Natal é sempre o fruto que há no ventre da mulher.

Tu que inventa s ternura e brinquedos para dar

Tu que inventas bonecas e comboios de luar

E mentes ao teu filho por não os poderes comprar

És meu irmão amigo

És meu i rmão.

E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei

Fatias de triste za em cada alegre bolo-rei

Pões um sabor amargo em cada doce que eu compre i

És meu irmão amigo

És meu irmão

interpretar criticamente factos soc1a1s sobre a situação de grupo s minoritários em desvantagem e reconheço a importância da proposta do agir ético cristão.

11 Co m e nt a o v e rso «N atal é qu ando na sce u m a vi da a am anhe cem

Jo s é Carlos Ary dos Santo s (1937 1984 ), As Pa l avras da s Canções Presé p io, Fau stino José Ro drigue s (1 760- 18 29) (M use u Naciona l de Arte An ti ga]

A Igreja Católica na promoção da di2nidade da vida humana

De acordo com os apelo s e e nsinamento s da Igrej a Cató lica ca d a pes soa d e ve cons iderar o pró xi mo como " out ro e u", respe itá -l o e rejei tar tudo o que vi o la a i ntegr i dade p ess oa l e so ci al po rque qualquer form a de d iscrimi n ação é contrária à vontade de Deu s.

A Igreja recomenda a reverência para com o homem, de ma ne i ra que cada um deve considerar o próximo, sem exceção, como um «outro eu », tendo em conta , antes de mai s, a sua vida e os meios neces sár ios para a levar d ignamente Sobretudo em nossos dias , urge a obrigação de nos tornarmos o pró ximo de todo e qualquer homem , e de o servi r efetivamente quando vem ao nosso e ncontro, quer seja o ancião, abandonado de todos, ou o ope rário estrangeiro injustamente desprezado, ou o exilado, ou o ind igente que interpela a noss a con sciência , recordando a palavra do Senhor : «todas as vezes que o fize ste s a um de ste s meu s irmãos mais pequen inos, a mim o fizeste s» (Mt 25,40)

Concíl io Vaticano li, Gaudi u m et Spes, 27

A igualdade fundamental entre todos os homens deve ser cada vez mais reconhecida, uma vez que, dotados de alma racional e criados à imagem de Deus, todos têm a mesma natureza e origem; e, remidos por Cristo, todo s têm a mesma vocação e destino divinos.

Sem dúvida, os homens não são todos iguais quanto à capacidade física e forças intelectuais e morai s, variadas e diferentes em cada um. Mas deve superar-se e elimi nar-se, como contrária à vontade de Deus , qualquer forma social ou cultural de discriminação, quanto aos direitos fundamentais da pessoa, por razão do sexo, etnia, cor, condição social, língua ou religião. É realmente de lamentar que esses direitos fundamentais da pessoa ainda não sejam respeitados em toda a parte. Por exemplo, quando se nega à mulher o poder d e escolher livremente o esposo ou o estado de vida ou de conseguir uma educação e cultura iguais às do homem. Além disso, embora entre os homens haja justas diferenças, a igual dignidade pessoal postula, no entanto, que se chegue a condições de vida mais humanas e justas. Com efeito, as excessivas desigualdades económicas e socia is entre os membros e povos da única família humana provocam o escândalo e são obstáculo à justiça social, à equidade, à dignidade da pessoa humana e, finalmente, à paz social e internacional.

Procurem as in sti tuiçõe s humanas, privadas ou públicas, servir a dignidade e o destino do homem, combatendo ao mesmo tempo valorosamente contra qualquer forma de sujeição po lítica ou socia l e sa lvaguardando, sob qualquer regime político, os direitos humanos fundamentais.

Concílio Vaticano li, Gaudium et Spes, 29

12. Qua l a po sição da Igreja Católica sob re a dignidade da vida humana ?

13. A qu e desafios int erpela esta men sagem ?

que a men sage m cristã apela à defe sa e à promoção da dignidade humana

14. Qu em ajud ar ia e u ? Po r que ajudo o s o utros? Qu em precisa m ais d a minh a aj ud a?

Na parábola do bom samaritano, Jesus afirma a dign idade da vida humana , qualquer que seja a sua proveniência , e revela a natureza de uma r el i gião autêntica, que consi ste não apenas na adesão a d etermina d as cr enças ou na prática de algun s r itua is, ma s fundamentalmente numa v ida or ientada pelo princípio do amor ao próx imo

O desafio é va lorizar a vida, tornando se p róx im o de que m prec i sa

<Pará6o{a do 6om samaritano

25 Levant ou-se, e ntão, u m doutor da Lei e perg unt ou - l he, para o ex pe ri m e nt ar : « M estre, qu e hei d e fa zer para poss u ir a vi da et e rn a? » 26 Disse- lh e Jes us: «Qu e está escrito na Lei ? Como lês:?» 270 outro r es pond eu : «Am arás ao Se nhor, teu Deus, com todo o teu coraç ão, com toda a tu a a l ma , com t odas as tu as forças e co'i todo o teu ent e nd i mento, e ao teu próx imo com o a ti me smo » 28 Di sse- lh e Jesu s: « Re spond est e bem ; fa z isso e viv e r ás.» 29 Ma s ele, querendo ju stifi ca r a •pergunta feita , di ss e a Je sus: «E qu e m é o m eu próximo ?» »romando a palavra , Jesus respondeu : /

«Certo ho m em d es cia d e Jerusal ém pa ra . Je ric ó e caiu nas mão s do s salteadore s qu e, de poi s de o d es pojarem e ench e rem de pancad as, o abandon ar am, aeixando o m eio morto . 31 Por coincid ê nc i a, d escia por aquele caminho um sace rdot e qu e, ao vê- lo, pass ou ao largo . 32 00 mesmo modo, um levita pas sou por aquele lugar e, ao vê lo, pa ssou 33 Ma s um samaritano, qu e ia de v ia ge m, chegou ao pé dele e, ve ndo-o, encheu -se de compaixão. 34Ap rox imou -se, li go u lh e as f er i das, deitand o nela s aze i te e vinho, colocou o sobre a sua pró pr ia mo ntada, levou -o para uma estalagem e cuidou d e le. 3 5 No di a seg uinte, tirando d o i s denário s, deu-o s ao estalajadeiro, dizendo : ' Trata be m d el e e, o qu e gastares a ma is , pa gar-to -ei quando voltar.' 36Qual deste s três te pa r ece te r si d o o p róx im o daq ue l e hom e m q ue caiu nas m ãos d os sa ltea dores?» 37 Res po ndeu : «0 qu e usou d e mi seri córdia para com el e.» Jes us retorquiu : « Vai e faz tu também o mesmo .»

Lc 10,25 37

Um doutor da Lei interroga Jesus so bre o que deve fazer para alcançar a vida eterna É a questão central da vida humana: como alcançar a plenitude da vida, a felicidade sem limites? Mas, na boca do doutor da Lei, é também uma pergunta armadilhada, porque pretendia apanhar Jesus em falso e conseguir matéria para o condenar. Jesu s, porém , devolve-lhe a pergunta , conduzindo-o à Lei de Moisés, e o escriba recita o preceito do amor a Deus e ao próximo . Vendo a sua síntese aprovada, o doutor da Lei acrescenta outra questão muito discutida: «E quem é o meu próximo? » No tempo de Jesu s não havia consenso entre os mestres a re speito desta questão e muitos consideravam que o próximo era apenas o que pertencia ao mesmo grupo étnico, à mesma religião e ao m es mo grupo social. Jesus, no entanto, tinha uma perspetiva muito diferente da que era geralmente defendida. É precisamente para explicar a sua interpretação que conta a « parábola do bom samar itano ».

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Os doutores da Lei ou escribas eram peritos na interpretação da Lei de Moisés, cujo cumprimento impunham ao povo. Os sacerdotes, no tempo de Jesus, estavam encarregues de oferecer diariamente sacrifício s no Templo de Jerusalém. Além das tarefas cultuais, competia-lhes a instrução do povo em assuntos religiosos e a administração dos bens do Templo. Os levitas eram auxiliares dos sacerdotes, constituindo uma espécie de baixo clero. Judeus e samaritanos eram dois povos que viviam separados. Os judeu s desprezavam os samaritanos por serem o resultado da miscigenação entre israelitas e outros povos estrangeiros e por não frequentarem o templo de Jerusalém . Por outro lado, os samaritanos retribuíam aos judeus o mesmo desprezo

15. Se Jesus contasse esta parábola hoje, que personagens escolheria?

A parábola situa nos na estrada, de cerca de trinta quilómetros, que desce de Jerusalém para Jericó. Era um itinerário perigoso, cheio de contracurvas e ravinas, onde facilmente se escondiam salteadores. Ora «um homem » não identificado (pelo contexto, depreende -se que é um judeu, pois veio de Jerusalém) foi assaltado por bandidos e deixado caído na berma da estrada. Trata-se, portanto, de um homem ferido, abandonado, a necessitar de ajuda urgente

O Bom Somoritano, Clive Uptton (1911 -2 006)

Pela est rada passaram sucess ivamente um sace rdote e um levita que o ignoraram. Nada se diz a respeito das razões que levaram estes homens a não pre sta r ajuda ao moribundo. Talvez o medo de serem também eles assaltados, ou a preocupação com a pureza legal (que proibia que toca sse m em sangue), ou a pressa, ou a simples indiferença diante do sofrimento alheio. Apesar dos seus conhecimentos religiosos não se sentem animados por qualquer espécie de sentimento de misericórdia ! Eles sabem tudo so bre Deus, lidam diariamente com o culto divino, mas, afinal, nada sabem a respeito da sua verdadeira natureza: o amor e a vida em plen itu de . A sua religião re sume-se a um conjunto de ritos estéreis, cerimónias faustosas e sole nes, contudo sem a densidade

A Palestina no tempo de Jesus espiritual que só o amor pode oferecer.

Pela estrada passou, finalmente , um samaritan o: um estrangeiro, um in imigo de Israel e da sua religião, um infiel às tradições judaicas antigas, um homem que vivia, sob a ótica do s judeus, longe da salvação e do amor de Deus. No entanto, foi ele quem parou sem medo de correr riscos ou de adiar os seus interesses pessoais para cuidar do homem estendido na berma da estrada. O sama ritano poder- se-ia ter deixado conduzir pelo ódio entre os doi s povo s. Porém, a sua atitude marcou a diferença . Cheio de compaixão aproximou-se do homem caído, desinfetou-lhe as feridas com vinho, atenuou-lhe as dores com azeite, levou-o para a estalagem e ainda pagou para cuidarem dele. Apesar de ser um estrangeiro e de pertencer a outro grupo religioso, deixou-se guiar pela atenção ao próximo, independentemente do seu grupo de pertença, porque tinha um co ração repleto de amor e, portanto, cheio de Deus.

Ao apresentar como modelo um samaritano, Jesus ultrapassa as expetativas do doutor da Lei, dado que o herói da história não é quem seria de esperar, mas, pelo contrário, alguém que despertava os piores sentimentos : um excluído, um estrangeiro, um ser menor.

Toda a parábola se centra na ideia de que o amor não tem qualquer espécie de limite, é universal e estende-se a todas as pessoas, porque todas são portadoras da mesma dignidade E é sobretudo aquele que precisa de auxílio que constitui o nosso próximo. O critério do amor concreto não é a pertença étnica, religiosa ou outra, mas a necessidade das pessoas que se cruzam connosco no percurso da vida.

«Vai -e foz o rnesrro» Com este desafio Jesus desloca totalmente o centro da questão. Não se trata de saber quem é o nosso próximo, porque toda a pessoa o é; trata-se , isso sim, de saber como nos tornamos próximos do outro. A narrativa inverte os papéis e coloca o próximo não do lado daquele que deve ser amado, mas daquele que deve amar. O doutor da Lei esperava um esclarecimento teórico, porém foi remetido para a sua responsabilidade de praticar os mandamentos.

Oamor OJJ próximo -é sinónimo de disponibilidade para. ajudar qvalqv-er p-essoa. qv-e precise, seja. o.miga. ov inimiga, conhecida. ov desconhecido.. da. mesma. -etnia. ov de qvalqv-er outro.; reccrihecer -em todos -e -em cada. vm a. de ser p-essoa.

«Qv-e fazer para. ter direito à. vida. -eterna.?» A conclusão é óbvia: para alcançar a felicidade é preciso amar a Deus e tornarmo-nos próximos dos que necessitam da nossa ajuda. Trata-se, portanto, de fazer com que o amor percorra as duas coordenadas fundamentais da existência: a vertical (relação com Deus) e a horizontal (relação com os outros).

Como o bom samaritano que se aproximou do homem caído para o levantar, Jesus nasceu para salvar e libertar a humanidade.

O homem ferido, caído, espoliado e incapaz de se ajudar a si mesmo, personifica a condição da humanidade submetida ao poder do mal e do egoísmo

O bom samaritano sim boliza Jesus Cristo, que se aproximou de nós assumindo a condição de homem para propor à humanidade um Deus próximo que eleva a condição humana.

que a parábola do bom samaritano explicita a grandeza da dignidade humana e desafia à prática do amor.

16. Identifica si tuações atuais e concretas que esperam por um «bo m samaritano».

17. Refere situações em que tenhas agido como o sacerdote ou o levita da parábola.

O Bom Somoritono Van Gogh (1853-1890)

Numa sociedade marcada pelos valores económicos, que atribui maior importância ao ter do que ao se r, em muitas situações parece prevalecer a importância da aquisição e manutenção de bens materiais em detr i mento da defesa do valor essencial que é a pessoa humana

Todos os dias vemos, ouvimos e lemos notícias em que se atenta contra a dignidade da vida humana por razões insignificantes: uma discussão motivada pela simples e natural diferença de opiniões ou a disputa acerca de uma propriedade. E a violência gera sempre mais violência. Num processo de desculpabilização, encontramos atenuantes que pretendem «ex plicar» os nos sos desvarios em momentos de mau humor: desestruturação familiar, pobreza , desemprego, deficiente acesso à educação ou à saúde, ausência de perspetivas de futuro, incapacidade para sonhar ou para nos empenharmos fortemente na realização dos nossos sonhos. E apesar de não constituírem justificações para os comportamentos desumanos, são motivo s que nos põem à mercê dos nossos piores instintos.

Cada pessoa vale por si mesma e não porque alguém a ama e lhe quer bem, ou porque é reconhecida pelos demais {embora, por ser pessoa, mereça ser amada e respeitada por todos). É por causa do valor inalienável de cada pe ss oa que todos têm direito a ser reconhecidos e valorizados, sob retudo os mais vulnerávei s, os que se se ntem excluídos e aqueles cuja voz não é escutada pela sociedade. Onde não há reconhecimento da dignidade, não há humanidade. Daí que a dignidade humana exija a responsabilidade de cada um pelo seu próximo.

A prática dos valores éticos respeito, tolerância, paciência, solidarieda de, carinho, dedicação, diálogo, justi ça é essencial ao reconhecimento efetivo da dignidade da vida humana.

FR A1ERNIDADE COMO CENTRO DAS ESCOLHAS

Empenho pessoaJ na. MORAIS

DENÜNCIA DO.S ATENTADOS à. vida. hvrna.na.

e cuidado da vida dos mais

PARTICIPAÇÃO EM GRUPOS E ORGANIZAÇÕES DE DEFESA E PROMOÇÃO DA VIDA

O que é que podes fazer para promover a dignidade humana?

quai s são as atitudes que promovem a dignidade da vida human a e si nto me desafiado a vivê las no meu quotidiano.

N"'o.n pode ha.ver paz verdadeira. s-em respeiro pela. vida. .

Joõ..o Pavio II

necessil-ados
18.

19. Identifica a singulari dade do se r humano relativamente aos outros seres vivos.

er ÔToda a pessoa independentemente da sua cor, nacionalidade, religião ou condição social encontra na organização taxonómica um estatuto de pertença e dignidade distinto do s outros seres vivos.

A taxonomia - ciência que tem por finalidade a classificação dos seres vivos cataloga o ser humano da seguinte forma:

Reino : Anima/ia (o homem é um animal)

Filo: Chordata (possui uma coluna vertebral)

Classe: Mammalia (classe dos que mamam; inclui todos os mamíferos)

Subclasse: Placenta/ia (é um mam ífero cuja fêmea possui placenta)

Ordem: Primata

Família: Hominidae (a este grupo pertencem também os gorilas e os chimpanzés)

Género: Homo Espécie: Homo Sapiens

Subespécie: Homo Sapiens Sapiens

Os dados científicos remetem-nos para a singularidade do se r humano, enquanto indivíduo que se distingue dos outros seres vivos. Possuidor de uma inteligência superior, capaz de criar mundos alternativos, de desenvolver consciência ética e de se reconhecer numa relação social, o ser humano foi ganhando consciência da sua dignidade . Mas a sua ação ora se orienta para a defesa da mesma, ora a fere , pondo em causa a própria vida humana.

O iníci da vida humana

O primeiro facto biologicamente identificável na formação do ser humano é a fusão de duas células (ovócito e espermatozoide) provenientes de cada um dos progenitores, contendo cada uma metade do número de cromossomas de um ser humano.

A fusão do s dois gâmetas inicia o ciclo vital de uma nova pessoa. O seu corpo terá um de se nvolvimento autónomo, contínuo e progressivo a partir das fases mais primordiais, seguindo um percurso que está inscrito nos seus genes .

O zigoto (célula resultante da fusão dos gâmetas) é, sem dúvida nenhuma , um ser vivo com caraterísticas genéticas humana s. O momento a partir do qual se inicia a vida da pessoa ainda está sujeito a debate e há diferentes opiniões :

A vida humana começa no momenfo da tecundação porque /,o de senvolvimenfo de um ser umano é um pro cess o co nf(nuo que perm,}e idenflicar com prec isão salfos de qualidade.

A vida hlm18Y'â CQl'"()eça quando ocorre a nidação porque nos estádioo anteriores as células que voo C0t1Stituir o ser hut"t18n0 ainda não se diferenciararn

Avida. humana. começa. quando a. a.tivida.de cerebral -erri+e ondas tipico.rnrn+e humanas porqve -é -este o.spdv qve distingX o ser humano dos aviras o.nimok

20. Qual a razão de muitas pessoas defenderem que a vida humana tem início no momento da fecundação?

lt Ig'tjo. Ca.tóica. a.firma. qve a. vida. hvmana. +em nício ro rrommto da fe cunda.ção.

FECUNDAÇÃO

O gâmeta. mascuh:l (-esperroo.tozoide) -e o gâmeta. feminino (ovócito) vnem-se fomxlroo o zi9'.>to (-errbriãD vticdAar). t o nício de vma. nova. vida..

BLASTócrT,o

A CAMINHO DO UIERO

Três a. qva.tro dias o.pós a. tecvnda.çélo. o blastôdto resv1to.nte das divisões do irnplanto.-se na. parede do Vtero -e dá. origem ao -errbriélo.

DUA0 0EMANA0

O-errbriélo prodvz horroono.s qve fazem oosa.r o cicb menstrvaJ da. rnã.-e. Começam a. formar-se a. colvna. v-errebraJ. a. -espinal medvla. -e o sistema. n-ervoso. Mede ctrca. de 2 mmmetros

QUAIRO 0EMANA0

o cora.çélo já. começO\J a. ba.ter. Ohos, ord1o.s, na.riz boca. t rrig.;a. desenvcivenl-se; o fv;ja.do -e n+estinos começa.rn a. tomar forma.. Mede cerca. de 5 mrirnetros.

0él0 0EMANA0

O coordena. rrovimentos de rnOsculos -e de fxcfo;s t t possível merur a. a.tivida.de c-erebraJ a.tra.ves de -eletroencefalogro.ma.. Jã. t vrn teto. Mede cerca. de fre.ze mrirnetros.

0110 0EMANA0

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Podem ser observa.dos rrovimentos -espontâneos -e rrostra. vma. p-ersonalda.de -específica.. lt rnã.-e começa.rã. a. sentir. -em brev-e. os primeiros ba.timentos da. cria.nça. ponto.pea.ndo -e rrov-endo se dentro da. sva. ba.rriga. Mede cerca. de sete centímetros.

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Adaptado de http://vida aaldeia.net/ desenvolvimentoembrionorio.h

e de Embryo and Fetus in http://www wprc.org/fe tal.phtml

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1 Uma mulher, com uma gravidez normal e com um feto em desenvolvimento, normal, não é uma pessoa doente. Por isso, ao médico apenas cabe uma intervenção de vigilância que, em muitos países, é feita por enfermeiros especializados e o médico só é chamado a intervir quando há risco de doença e a gravidez passa a ser classificada como gravidez de risco. Portanto , destruir um feto em desenvolvimento não é um ato médico, porque a gravidez não é uma doença Nenhum médico o pode praticar em circunstânci a nenhuma.

2- E se a mulher grávida pedir o abortamento ao médico, invocando motivos sociais ou económicos e declarando que não pode suportar mais o estado de gravidez? O médico terá de lhe responder que não pode dar satisfação ao seu pedido porque a função que lhe cabe desempenhar como médico e a sua competência específica só podem estar ao se rviço do diagnóstico e tratamento de doentes. Se a causa do pedido de abortamento não é uma doença mas uma carência financeira ou um abandono e marginalização social, é às estruturas de proteção e segurança social e familiar que compete eliminar as causas do pedido de abortamento. Se o médico acolhesse o pedido e praticasse o crime do abortamento, ofendendo as disposições do seu código de deonto logia, não iria resolver nada; os ditos motivos sociais ou económicos ficariam na mesma ou piores do que estavam antes do abortamento Este teria sido um crime inútil e deixava a porta aberta para novo pedido de abortamento algum tempo depois.

3 O méd ico não pode praticar o abortamento não só por estas dua s razões, mas ainda por outras de natureza médica. O médico sa be que esta intervenção abortiva so bre o corpo da mulher grávida, além de provocar, obviamente, a morte do feto, tem ri scos importantes para a mãe, tanto no ato de fazer o abortamento como no futuro, no que se refere à sua saúde geral e à sua saúde sexual. Mesmo o chamado «abortamento seguro» pode complicar-se com infeção uterina e das trompas, com septicemia, com esterilidade pós-a bortamento, com depre ssão moderada ou grave; em casos raro s até com suicídio da mãe. Cabe ao médico, contudo, acolher as mulheres que se fizeram abortar, se m qualquer discriminação, tratar as alterações patológicas de que sofram, física s ou psicológicas, e promover a informação necessária para que aquela pessoa não volte a encontrar-se na situação que a levou a fazer-se abortar.

21. Elabora um poema, u ma quadra ou um slogan que ex presse a beleza e o mistério da vida humana.

borto

O aborto consiste na expulsão voluntár i a ou involuntária de um embrião ou de um feto quando o mesmo não tem condições de vida fora do útero.

O aborto pode ser espontâneo (involuntário) ou induzido (provocado voluntariamente). São vários os fatores que podem originar um aborto espontâneo: desenvolvimento anormal do embrião ou do feto, problemas uterinos, diabetes, a lterações hormonais, entre outros. Também o consumo excessivo de álcool e drogas pode ocasionar o aborto espontâneo

A expressão eufemística «Interrupção Voluntária da Gravidez» (IVG) designa oficialmente o aborto induzido.

Se aceitarmos que a vida humana tem o seu início no momento da fecundação, torna -se evidente que realizar uma interrupção voluntária da gravidez é atentar contra a vida de um ser humano .

Sab

A palavra «aborto » «não nascido» - provém do latim abortus, que significa privação (ob) do nascimento (ortus). Derivado de aboriri, Abortus designa também crepúsculo, desapa r ecimento e morte.

ESPONTÂNEO INDUZIDO VOLUNTÁRIO TERAPEUTICO 1 1 • Viola.ção • Halforma.ções • Hô'..-e a.dolesc-ente • Peri(}J de vida. da. mõ.-e • Eiebé não deseja.do • Falto. de condições -económicas

O aborto induzido pode ser realizado através de medicamentos aborto químico ou através de técnicas cirúrgicas aborto cirúrgico. O aborto químico é realizável apenas durante as primeiras doze sema n as de gravidez e consiste na administração de medicamentos que provocam a expulsão do embrião Nos casos em que o aborto químico não se revela eficaz , recorre-se a técnicas cirúrgicas É de referir e salientar a crueldade destas técn i cas.

Conseouências do aborto

Embora o aborto realizado adequadamente não implique graves riscos para a saúde física da mulher até às dez semanas, o perigo aumenta progressivamente para além desse tempo Entre as possíveis complicações fisiológicas do aborto destacam-se as hemorragias, as infeções, as lacerações cervicais, as perfurações uterinas, o aumento da possibilidade de uma nova gravidez terminar em aborto espontâneo ou em parto prematuro e a esterilidade. Estas consequências surgem com maior frequência no aborto mai s tardio.

Entre os eventuais efeitos psicológicos sobressaem sentimentos de culpa, baixa autoestima, impulsos suicidas , frustração e depressão.

Legislação portuguesa sobre o aborto

Até 1984, o aborto era legalmente proibido em Portugal.

A Lei n.º 6/84, de 11 de maio, veio permitir a reali zação da interrupção voluntária da gravidez até às do ze semanas nos casos d e perigo de morte ou de grave perigo para a saúde física ou psíquica da mulher e nos casos de gravidez resultante de violação; e até às dezasseis semanas nos casos de doença grave ou malformação fetal.

A Lei n.º 90/97 alargou o s prazos de permi ss ão do aborto até às vinte e quatro semanas no s casos de malformação ou de perigo de doença incurável do nascituro; e até às dezassei s semanas nos casos de crime contra a liberdade e autodeterminação sexual (violação).

A Lei nº 16/2007 introduziu, nas primeiras dez semana s de gestação , a legalização da interrupção voluntária da gravidez por opção da mulher, ou seja, sem necessidade de apresentar qualquer justificação.

Todos os códigos penais da s civilizações antigas puniam severamente a prática abortiva. O primeiro Estado do mundo a liberalizar o aborto foi a União Soviética de Vladimir Lenine, em 1926; o segundo foi a Alemanha de Adolf Hitler, em 1935 Ai nda na década de 30, o aborto foi legalizado na Islândia, na Dinamarca e na Suécia Após a Segunda Guerra Mundial foi legitimado em quase todo o mundo. Atualmente , existem legislações de toda a espécie (desde a total proibição à permissão até aos nove meses}, revelando que na base destas leis não estão critérios científicos nem critérios morais universalmente aceites.

Arn:umentos a frivor e contra o aborto

Quase ninguém é a favor do aborto. A maior parte das pessoas considera-o um mal a evitar. A polémica situa-se sobretudo no combate ao aborto clandestino que, realizado sem quaisquer condições de higiene, tem provocado inúmeras mortes e graves problemas de saúde às mulheres que a ele recorrem Alguns consideram que a única maneira de erradicar esta calamidade é liberalizar o aborto voluntário em unidades de saúde com cond i ções médicas adequadas. Outros pensam que esta não pode ser a solução e advogam maior controlo e fiscalização com vista a erradicar o aborto clandestino. Mas o problema não se coloca só a este nível. Para alguns, o aborto é simplesmente uma opção da mulher, no uso da sua liberdade , que deve ser reconhecida legalmente.

Para que o aborto seja excluído ou reduzido ao mínimo, todos defendem a promoção do planeamento familiar e a adoção de medidas socioeconómicas de apoio às famílias e às mães solteiras, bem como a educação sexual dos jovens.

Saber

A mulher tem direito a tomar as decisões que entender a respeito do seu próprio corpo.

CONTRA

O embrião é um ser distinto do corpo materno. A mulher não tem o direito de tomar decisões sobre a vida do filho.

O embrião e o feto não são um ser humano.

O embrião é um ser humano, pois não há pessoa que não passe pelas fases embrionária e fetal.

É humilhante para a mulher ser levada a tribunal por abortar. Passa a ser duplamente vítima.

Não se podem desprezar as dificuldades económicas e sociais de educar um filho não desejado.

Há soluções jurídicas em que o aborto continua a ser proibido, mas a mulher, mesmo que o cometa, não é pena li zada Pelo contrário, as clínicas clandestinas e os técnicos envolvidos deverão ser punidos.

Os problemas soc1a1s e económicos resolvem-se com apoios adequados e não com o aborto.

A despenalização é necessária para resolver o problema do aborto clandestino.

A lei não deve permitir o que está eticamente errado só porque o Estado não consegue resolver os problemas através dos meios adequados. Legalizar o que está mal não elimina o mal: torna-o bom aos olhos das pessoas. Além d isso, o aborto clandestino continuará a existir se não houver fiscalização por parte do Estado .

As mulheres têm direito de abortar em condições de segurança. O aborto só é perigoso quando é feito sem condições de higiene e por pessoal incompetente.

O primeiro direito da criança é ser desejada.

O aborto não pode ser um direito, porque está em causa o valor da vida de outrem. Devem é ser criadas condições para que todos possam ter filhos com dignidade.

O primeiro direito da criança é o direito à vida.

A penalização do aborto não elimina o aborto.

O facto de a pena li zação do aborto não o eliminar não é razão suficiente para o legalizar. A lei serve para regular o comportamento das pessoas em sociedade e para defender os seus direitos

E nos casos dramáticos em que o bebé é deficiente, em que há perigo para a saúde psíquica da mãe, em que a gravidez decorreu de uma violação, ou nos casos em que a família é demasiado pobre?

Não se resolve uma dificuldade fazendo uso de qualquer meio. Os meios usados têm de ser eticamente corretos. O valor da vida humana é superior a outros valores, como a situação económica, a integridade mental ou física da criança e a saúde psíquica da mulher.

•e•

Protee:er a vida

O cristianismo afirma qu e o di re ito à v i da é inviolável e que a v ida hu m a na é um bem pre cio so desde o momento da conceção ; por i sso, reje ita as práticas abortivas. Porém , tal como Jesus condenava o pecado mas absolvia o pecador, também a Igreja condena o aborto mas manifesta enorme compreen são pelas mu l heres que o praticaram. São i n ú mera s a s i nstituições católica s de apoi o às mulheres e à vida: a PAV Ponto de Apo i o à Vida (www. apo ioavida.pt) ; a ADAV - Associação de Defesa e Apoio à Vida (www.adav. coimbradigital.net) Estas organizações têm feito um traba l ho notável de defesa da vida, na promoção da dignidade da mulher e no apoio às famílias.

A vida humana deve ser respeitada e protegida, de modo absoluto, a partir do momento da conceção. Desde o primeiro momento da sua existência, devem ser reconhecidos a todo o ser humano os direitos da pessoa, entre os quais o direito inviolável de todo o ser inocente à vida.

«Antes de te formar no ventre materno, Eu te escolhi; antes que saísses do seio da tua mãe, Eu te consagrei» (Jr 1,5). «Tu conhecias já a minha alma e nada do meu ser Te era oculto, quando secretamente era formado, modelado nas profundidades da terra» (SI 139,15}.

A Igreja afirmou sempre o erro moral de todo o aborto provocado. O aborto e o infanticídio são crimes abomináveis. A colaboração formal num aborto constitui falta grave.

A Igreja pune com a pena canónica da excomunhão este delito contra a vida humana. Não pretende, deste modo, restringir o campo da misericórdia. Simplesmente manifesta a gravidade do crime cometido, o prejuízo irreparável causado ao inocente que foi morto, aos seus pais e a toda a sociedade.

Catecismo da Igreja Católica, 2270 2272

A ão: dom alegri

Nós estamos aqui hoje porque fomos amados por Deus, que nos criou, e pelos nossos pais, que nos aceitaram e gostaram suficientemente de nós para nos darem a vida. A vida é o maior dom de Deus, que criou um mundo suficientemente grande para todas as vidas que ele deseja que nasçam. Só os nossos corações é que não são suficientemente grandes para as desejar e aceitar. Como seria bonito se todo o dinheiro utilizado para encontrar formas de matar pessoas fosse utilizado, em vez disso, para as alimentar, acolher e educar!

Temos demasiadas vezes receio dos sacrifícios que devemos fazer. Mas onde há amor, há sempre sacrifício, e quando amamo s até nos fazer doer, há sempre alegria e paz( ).

Estamo s a combater o aborto pela adoção cuidando da mãe e adotando a criança. Salvámos milhares de vidas. Por favor, não matem os bebés . Entreguem-mos Estou disposta a receber qualquer bebé que pretendam fazer abortar e a entregá lo a um casal que o amará e será amado por ele Só na nossa casa de Calcutá salvámos mais de três mil crianças de abortos. Estas crianças trouxeram muito amor e alegria aos seus pais adotivos e, por sua vez, cresceram no meio do amor e da alegria. Para mim, as nações que legalizaram o aborto são as nações mais pobres.

22 . Apesar de se r legal , consideras que o aborto é eticamente aceitável? Justifica a tua resposta.

23. Explicita as convicções e ações da Igreja Católica face ao aborto

Teresa de Calcutá (1910-1997), Discurso na Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento

A igni de d pesso humana

Aqueles que têm uma vida deficiente ou enfraquecida reclamam um respeito especial. As pessoas doentes ou deficientes devem ser amparadas, para que possam levar uma vida tão normal quanto possível.

Quaisquer que sejam os motivos e os meios, a eutanásia direta consiste em pôr fim à vida de pessoas deficientes, doentes ou moribundas. É moralmente inaceitável. Assim, uma ação ou uma omissão que, de per si ou na intenção, cause a morte com o fim de suprimir o sofrimento, constitui um assassínio gravemente contrário à dignidade da pessoa humana e ao respeito do Deus vivo, seu Criador.

A cessação de tratamentos médicos onerosos, perigosos, extraordinários ou desproporcionados aos resultados esperados, pode ser legítima. Não que assim se pretenda dar a morte; simplesmente se aceita o facto de a não poder impedir. As decisões devem ser tomadas pelo paciente se para isso tiver competência e capacidade; de contrário, por quem para tal tenha direitos legais, respeitando sempre a vontade razoável e os interesses legítimos do paciente.

Mesmo que a morte seja considerada iminente, os cuidados habitualmente devidos a uma pessoa doente não podem ser legitimamente interrompidos. O uso dos analgésicos para aliviar os sofrimentos do moribundo, mesmo correndo-se o risco de abreviar os seus dias, pode ser moralmente conforme com a dignidade humana, se a morte não for querida, nem como fim nem como meio, mas somente prevista e tolerada como inevitável. Os cuidados paliativos constituem uma forma excecional da caridade desinteressada; a esse título, devem ser encorajados.

Catecismo da Igreja Católica, 2276 2279

Sab r

Cuidados Paliativos são cuidados ativos e globais, prestados aos doentes e às suas famílias por uma eq u ipa multidi sciplinar, quando a doença já não responde ao tratamento curativo e a expectativa de vida é relativamente curta

A e tdnásia

Eutan ás ia (do grego eu = bom+ thanos = morte) significa literalmente boa morte e consiste em pôr fim à v ida de um doente incurável.

A eutanásia di stingue -s e do su icíd io as sistido na medida em que ne ste é o próprio do e nte que provoca a sua morte (ainda que para isso disponha da ajuda de alguém) e naquela é outra p ess oa que executa a ação

A distanásia , considerada morte com sofrimento , é o oposto da eutanásia. Consiste em atrasar o mais possível o momento da morte usando todos os meios, mesmo que a cura não se ja uma possibilidade e se inflijam sofrimentos adicionais ao doente A eutanásia passiva não provoca deliberadamente a morte , mas traduz-se num "deixar morrer" através da supre ssão de todas e quaisquer ações que tenham por fim prolongar a vida. A eutanásia ativa é planeada entre o doente e o profissional de saúde que a realiza.

Os que a defendem acreditam que a eutanásia é um caminho pa ra evitar o sofrimento de pessoas em fase terminal ou sem qualidade de vida. Quando se fica dependente de outros, o medo de ser um fardo, o receio da solidão e a revolta podem levar o paciente a pedir o direito de morrer Ne sta lógica defende -se a autonomia absoluta de cada pessoa , alegando o direito à auto d eterminação e o direito à escolha do momento da morte.

Os defensores da eutanásia não apoiam a morte em si mesma, apenas consideram nocivo prolongar uma vida de sofri mento e com custos elevados .

A eutanásia é, porém , um assunto controverso com imp licações religiosas, éticas, legais e sociais. Na perspetiva religiosa, considerando que só Deus pode tirar a vida de alguém , a eutanásia é vista como um a usurpação de um direito exclusivo do Criador; na perspetiva da ética médica , de acordo com o juramento de Hipócrates, a eutanásia é consi derada hom icí d io; do ponto de vista legal , excetuando os de poucos países, todos os códigos penais do mundo consideram crime qualquer ato antinatural na extinção de uma vida; do ponto de vista social considera se que uma pessoa, ain da que a sofrer demasiado, se for bem tratada e amada não pede a eutanásia .

A eutanásia, em se ntido estrito, pode ser defin ida como qualquer ação ou omissão destinada a provocar a morte de um ser humano com a finalidade de suprimir o so frimento , pondo fim " docemente" à vida própria ou alheia Trata-se, na realidade , de uma ação suicida (quando o sujeito pretende acabar com a própria vida) ou homicida (quando um médico, um familiar ou um legi slador se arroga o poder de decidir a respeito da sobrevivência de seus semelhantes).

A distanásia co nsi ste em prolongar a vida de um doente além do tempo, devido a motivos familiares (herança), políticos (como chefes de governo) ou outros, sem respeitar o direito do paciente a uma morte digna Trata-se de um comportamento ilícito, antiético.

Mauríci o Levy Jún ior, http ://vida.aaldeia net/e uta nasia a /gumas- rejlexo es/

Todos os homens podem, e devem, em qualquer circunstância, considerar que a vida é bela e viver de acordo com isso. Ninguém tem motivos para a considerar desprovida de nobreza e grandiosidade. A dor e as contrariedades sempre fizeram parte da vida dos homens, e nem por isso eles deixaram de a amar.

Mas acontece que nesta vida se sofre realmente e que - ao contrário do que antigamente sucedia aqueles que sofrem são agora muitas veze s abandonados pelos outros e têm de viver sozinhos com a sua dor. À qual se acrescenta, então, a dor enorme da solidão.

Sempre houve doentes e anciãos, mas antigamente eram considerados um tesouro. Agora não passam de um estorvo ... E é só por isso que hoje se fala em eutanásia, quando no passado havia apenas o suicídio: o suicídio é uma decisão pessoal; a eutanásia acabará por ser uma imposição da sociedade.

Há em muitas cabeças uma noção da vida que é chocantemente pobre, tristemente vazia. Consiste em olhar para a vida de uma forma utilitária, com ba se numa conceção egoísta e em critérios apenas económicos: se uma vida não é útil se não é produtiva , se não proporciona todo o prazer então não tem razão de ser.

E nem sequer é nas pessoas muito doente s, ou nos idosos que estão perto da morte, que essa mentalidade é frequente. Não. É nos outros, nos que estão convencidos de que ainda vão ficar aqui muito tempo e se acham no direito de construir uma sociedade com regras que lhe s parecem mai s perfeitas do que as da natureza, livres de quaisquer critérios e valores que não sejam os económicos e os do bem-estar.

A grande que stão da eutanásia não consiste em se cada pessoa pode, ou não, ter a liberdade de escolher o seu destino

É ainda pior do que isso: a questão está em que o triunfo desta visão utilitária da vida levaria à eliminação de pessoas que , não querendo elas me smas acabar com a vida, são consideradas inúteis por uma sociedade que se tornou materialista (a decisão é transferida para os médico s, para os familiares e para os parlamentos) .

É muito fácil aproveitar-se da extrema debilidade física e emocional de um doente terminal. Até para o convencer das presumíveis vantagens de uma " morte doce" Muito mais fácil do que proporcionar-lhe todo o apoio e carinho de que necessita para levar a vida até ao fim sem desistir e morrer com verdadeira dignidade

A dor é também uma falsa questão A medicina sa be tirar a dor, e o resto ... aguenta se. O pior é a so lidão e o abandono. Isso é que é difícil de suportar. E tem uma solução bem simples Bastaria que todos os que estão à volta do doente olhassem para aquela vida para a vida sem egoísmo.

Paulo Geraldo, http://vida aaldeia net/vido belo/

O principal argumento daqueles que defendem a eutanásia incide sobre o direito que o indivíduo tem, em determinadas circunstâncias normalmente associadas a um forte sofrimento físico ou psíquico decorrentes de uma doença i ncurável de poder decidir pôr termo à sua vida . Julgo que a morte não é em si um direito; antes uma inevitabilidade . Aquilo que todo o ser humano tem direito é de viver e morrer com dignidade.

Outro argumento para justificar a eutanásia corresponde " ao sofrimento da pessoa ". O so frimento é muitas vezes visto como algo indigno, desumano, motivo de vergonha e que por isso deve ser banido a qualquer preço, pelo que a eutanásia passa ser a vista como um gesto de compaixão. Esta " piedade hipócrita" esconde, por vezes, uma injustiça e um sentimento egoísta, uma vez que considera que os mais fracos, as vítimas do infortúnio, aqueles que adoecem ou simplesmente envelhecem, já não têm lugar nesta sociedade.

O homem é o único ser vivo que reflete sobre a sua própria morte.

Sabemos ainda que, por detrás do desejo de morrer, existem várias doenças mentais tratáveis como é o caso da depressão. A existência de um "suicídio racional" é algo questionável e a história dá-nos um exemplo extraordinário a este respeito: a esmagadora maioria dos prisioneiros dos campos de concentração, mesmo sendo submetidos a um sofrimento atroz e às mais diversas torturas, raramente se suicidavam.

Quase diariamente, os psiquiatras na sua atividade clínica confrontam se com doentes que tentaram o suicídio ou que têm ideias de o vir a concretizar. A posição do psiquiatra é sempre a mesma: demover a pessoa, protegê-la de si própria, aliviar-lhe a angústia e transmitir lhe palavras de esperança. Diante de tanta tragédia, e da nossa impotência, muitas vezes o papel do médico limita-se a aco l her o sofrimento da pessoa. A escutá-la e a sofrer com ela A pessoa depois de ajudada, recupera a alegria de viver e encontra um sentido para a vida.

A resposta à eutanásia está nos cuidados paliativos. É através desta visão humanista da medicina que se procuram solucionar os -problemas decorrentes da doença prolongada , incurável e evolutiva, prevenindo o sofrimento que acarreta, proporcionando a maior qualidade de vida possível aos doentes e às famílias. Os defensores da eutanásia ou, em sentido lato, do suicídio assistido, apresentam-na como um ato de misericórdia e de compaixão perante o sofrimento de um doente vítima de uma doença grave e incurável. A eutanásia não é uma prova de amor, mas antes o testemunho egocêntrico da sua rejeição.

Pedro Afonso (P siq uiatra), Jornal Público 28.06.2007

24. Comenta a afirmação «A eutanásia não é uma prova de am or, mas antes o testemunho egocêntrico da sua rejeição».

O v n elho da vida

Na fi d eli d a d e à m ensage m cr istã, q u e exige a p ro mo ção d a d igni d a d e human a em t odas as situa çõ es, a ação d a Ig r eja Católica na d ef esa d a vida te m si d o uma con stant e ao longo d a hi st ó ria .

A d ef es a d a vida hum a na abrange a p ro m oção d e u m a ad e q u ada com p reensão da existê ncia co mo dom d e De us. Est e ho r i zo nte éti co il umin ador, exige o e mp enh o compro me tido n a lu ta co ntra t o d as as fo r mas d e ate nta d o à v id a, e n a c r ia ção d e cond içõ es d e apoio pa r a qu e seja conc r et o o apreço p el a vi da e pe l a fa m ília

O Pa p a Jo ã o Pau lo li sub li nhou qu e " convert er -se ao Eva n ge lho si gn ifica re v isa r tod os o s ambie ntes e dim ensões d a vi d a, especi a lmen t e o que perten ce à ordem socia l e à obten çã o do b e m co m um ".

O homem é chamado a um a pl e nitude de vida que se estende muito para além das dimensões da sua existência t e rrena, porque consiste na participação da própria vida de Deus. A sublimidade desta vocação sobrenatural revela a grandeza e o valor precioso da vida humana ( ).

O Evangelho da vida, recebido de Deus, encontra um eco profundo e persuasivo no coração de cada pessoa, crente e até não crente, porque se ele supera infinitamente as suas aspirações, também lh es corresponde de maneira admirável. Mesmo por entre dificuldades e incertezas, todo o homem sinceramente aberto à verdade e ao bem pode, pela luz da razão e com o secreto influxo da graça, chegar a reconhecer, na lei natural inscrita no coração, o valor sagrado da vid a humana desde o seu início até ao se u termo, e afirmar o direito que todo o ser humano tem de ver plenamente respeitado este se u bem primário. Sobre o reconhecimento de tal direito é que se funda a convivência humana e a própria comunidade política.

A Igreja (... ) sente-se chamada a anunciar aos homens de todos os tempos este «evangelho» , fonte de esperança invencível e de alegria verdadeira para cada época da história. O Evangelho do amor de Deus pelo homem, o Evangelho da dignidade da pessoa e o Evangelho da vida são um único e indivisível Evangelho.

É por este motivo que o homem, o homem vivo, constitui o primeiro e fundamental caminho da Igreja.

João Paulo li , Evangelium Vi tae, 2

A Assoc iação d as Famíli as (AF) t e m um a açã o m u lti facet ad a na p romoção d a q ua lid ad e d e v ida d as fa m ílias (www.a-fa mili as.o rg).

Tudo quanto se opõe à vida, como seja toda a espécie de homicídio, genocídio, aborto, eutanásia e suicídio voluntário; tudo o que viola a integridade da pessoa humana, como as mutilações, os tormentos corporais e mentais e as tentativas para violentar as próprias consciências; tudo quanto ofende a dignidade da pessoa humana , como as condições de vida infra-humanas, as prisões arbitrárias, as deportações, a escravidão, a prostituição, o comércio de mulheres e jovens; e também as condições degradantes de trabalho, em que os operários são tratados como meros instrumentos de lucro e não como pessoas livres e responsáveis. Todas estas coisas e outras semelhantes são infamantes; ao mesmo tempo que corrompem a civilização humana, desonram mais aqueles que assim procedem, do que os que padecem injustamente; e ofendem gravemente a honra devida ao Criador.

Não é menos verdade que estamos perante uma realidade mais vasta que se pode considerar como verdadeira e própria estrutura de pecado, caracterizada pela imposição de uma cultura anti solidária, que em muitos casos se configura como verdadeira «cultura de morte».

A vida que requereria mais acolhimento, amor e cuidado, é reputada inútil ou considerada como um peso insuportável, e, consequentemente, rejeitada sob múltiplas formas . Todo aquele que, pela sua enfermidade, a sua deficiência ou, mais simplesmente ainda, a sua própria presença, põe em causa o bem-estar ou os hábitos de vida daqueles que vivem mais avantajados, tende a ser visto como um inimigo a eliminar Desencadeia-se assim uma espécie de «conjura contra a vida».

João Paulo li, Evange/ium Vitae, 3 12

e

25. Identifi ca os valores fundament ais à ef etiv a promoção da dignidade da vida humana.

26. Identifica e caracteriza instituições ou grupos de defesa da dignidade da vid a humana

Muitos são ainda os esposos que, com generosa responsabilidade, sabem acolher os filhos como «o maior dom do matrimónio». E não faltam famílias que, para além do seu serviço quotidiano à vida, sabem também abrir-se ao acolhimento de crianças abandonadas, de adolescentes e jovens em dificuldade, de pessoas inválidas, de idosos que vivem na solidão. Numerosos são os centros de ajuda à vida ou instituições análogas, dinamizadas por pessoas e grupos que, com admirável dedicação e sacrifício, oferecem apoio moral e material às mães em dificuldade, tentadas a recorrer ao aborto. Surgem e multiplicam-se ainda os grupos de voluntários, empenhados em dar hospitalidade a quem não tem família , encontra-s e em condições de particular dificuldade ou precisa de reencontrar um ambiente educativo que o ajude a superar hábitos destrutivos e recuperar o sentido da vida.

A medicina , promovida com grande empenho por investigadores e profissionais, prossegue no seu esforço por encontrar remédios cada vez mais eficazes: resultados, antes totalmente impensáveis e capazes de abrir promissoras perspetivas, são hoje obtidos em favor da vida nascente, das pessoas que sofrem e dos doentes em fase grave ou terminal. Várias entidades e organizações mobilizam-se para levar aos países mais atingidos pela miséria e por doenças crónicas, tais benefícios da medicina mais avançada. Do mesmo modo, associações nacionais e internacionais de médicos movem-se rapidamente, para prestar socorro às populações provadas por calamidades naturais, epidemias ou guerras. Apesar de estar ainda longe da sua plena consecução uma verdadeira justiça internacional na partilha dos recursos médicos, como não reconhecer, nos passos até agora dados, o sinal de crescente solidariedade entre os povos, de apreciável sensibilidade humana e moral, e de maior respeito pela vida?

João Paulo li, Evangelium Vitae, 26

que é fundamental relacionar os dados da c1encia com a perspetiva da Igreja sobre que stões fundamentai s da vida humana e promover o diálogo entre a cultura e a fé.

Olá!

O meu nome t 'A.Tesa Sw conhecida. por T-eres J de Listevx -e por T-eresma. do Menino Jesus.

Nasci -em 1873 no norte de França.. lt minha. . Ztlia. partiu pa.ra. o ctu quando -eu tinha. qua.iro anos; -e.stobek'.ci -então urro forte ti go.ção à. minha. irmã Pa.vline, qv-e S't'. tornw a. minha. segunda. mã-e. Depois. mvdárm-nos o meu pai , Luís, -eu -e as minhas tro irmãs pa.ra. Listevx

Os meus pais -eram profundam-ente dias reza.varn -e tudo -era. feito pa.ra. qv-e S't'. cumprisse a. vonto..de Deus As mmas irmãs -enira.ram no Carmelo (conv-ento das irmãs ca.rm-etitas) -e -eu S't'.nti. a.inda. e-ente. um amor profundo por Deus. Toma.r me freira. foi o caminho qv-e -e.scohi pa.ra. viv-er -e.sS't'. arrbr:

Com 1(p anos -entrei no conv-ento. Na. vida. rotineira. -e ira.nqvila. qv-e incluía. rnommtos de ora.ção -e -trabalhos dormticos. descobri a. "peqv-ena. via.". a. via. do amor qv-e S't'. rev-ela. nas peqv-enas coisas do dia. a. dia. .Deilffi qv-e Deus me -envolvesse com o S't'.V amor intenso -e a.paixona.nte. -ek'. qv-e t a. origem do a.roor. qv-e t o próprio Amor Simpk'.smente deixei me conduzir por Deus Entrego.va. me a. todas as a.tivida.des com generosidade. como S't'. fosse o próprio Deus a. pedir me qv-e o fi res'e Era. a. Ek'. qv-e -ev S't'.rvia.. Es-to. descoberto. urro feücida.de imensa. qv-e pensei não -existir DeS't'.ja.va. qv-e todos -experimentasS't'.m -e.sS't'. amor

Sei qv-e vives nvm tempo -e nvmo.. 'época. onde o amor de Deus t mJito necessário. N-esta. unida.de ousa. fazer a. descoberto. rad ical de Deus. do Amor qve -existe no tev cora.ção -e no abra.ço dos qv-e precisam de ti .

Saber

Teresa de Lisieux morreu em 1897, com ap e n as 24 anos. Em 19 20 fo i de cl arada santa e m ais t ard e, doutora d a Igr ej a po r cau sa do s seu s belíss imo s esc rito s, a His t ó r i a de um a Alma, on de d esc r ev e o seu pe r curso es pir itu al d e enco ntro com Deus.

Pe lo se u amor univ er sa l e p e lo d es ej o profund o d e qu e tod as as p ess o as en con trassem Deus, foi proclamada pa d roeira dos mi ssionários, aq ueles que anu nciam De us e partilham com os m ais p o b res uma v ida simp l es A festa de Sa nt a Te r esinha d o M e ni n o Je sus ce l ebra-se a 1 de o utub ro.

No cora.çã.o da. Igreja. -ev serei o o.mor:

Nã.o obstante a. minha. peqven-ez. compreendi qve o o.mor -é o caminho mo.is -exc-efente qve nos leva. com segvra.nça. a.it Devs .

1. Pes q uisa e r e di ge u ma b i o grafi a de Teresa d e Li sie ux ev id e n cia nd o a su a voc açã o

Compreendi qve o o.mor -enc-erra. toda.s a.s voca.ções -e qve o o.mor -é tvdo. abra.ça. todos os temp os -e todos os lvgares... Nvma. poJa.vro.. o o.mor -é -eterno... -encontrei a. minha. voca.çã.o: o Aroor!

.Santo. T-eroa. do Menro Jesus

A inte r rogação sobre Deus é uma questão humana fundamental. De uma forma ou de outra, todas as pessoas, questionando -s e sobre si mesmas e sobre o sentido das suas vidas, aca b am por co locar a q uestão de Deus

A procura do Transcendente, da Divindade, do Sagrado, é uma realidade humana e universal. Sujeitas às mais variadas situações existenciais , como a experiência d o sofrimento, da finitude , da ausência de sentido, ou, pelo contrário, a experiência do encontro, da verdade , da fe l icidade , as pessoas acaba m por se interrogar so b re a exist ência d e Deus.

O se r humano é um ser religioso Des d e sempre todos os povos p rocuram respostas às ques t ões profundas da exist ê n cia humana:

o

PODEREMOS

ESPERAR O TRIUNFO DO BEM SOBRE O MAL?

Perante interrogações como estas, Deus su rge como a origem primeira e o fim último , no qual se enco n tra a b o n dade sem li mi t es e a esperança d e u ma felicidade sem ocaso

Acred ita r e confiar em De u s é uma atitu d e h umana.

Saber

O Alfa (A/ a) e o Ómega (O / w) são respetivamente a primeira e a última letra do a lfa bet o grego. No livro d o Apoca lip se afirma -s e q ue Deu s é o pr i ncípio e o fi m d e todas as coisas "Eu sou o Alfa e o Ómega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim " (A p 22, 13).

Qvo.1 a. origem de todas as coisas'7
Qual o destino ú/f,n,o de f oda a l'eaf,Jade ?
Fará sentido a Vicia humana pe rante a trJorte? o

Crença e razão

A impossibilidade de demonstrar "cientificamente" a existência de Deus não implica que não haja razões que sustentem a fé . Deus não é nenhuma hipótese absurda ou irracional. Bem pelo contrário. Nenhum telescópio pode observar Deus, porque ele não se encontra em nenhum ponto do universo e, simultaneamente , é omnipresente.

Se pudéssemos compreender Deus totalmente, ele deixaria de ser Deus -o infinito, o eterno, o absoluto -e passaria a ser um objeto limitado do mundo em que vivemos, que nós poderíamos manipular a nosso bel-prazer. É por ser infinito que Deus está sempre para lá de todas as nossas capacidades de compreensão, de todas as nossas teorias e de todas as questões. Ele é o mistério absoluto que nós podemos apenas entrever, mas não decifrar inteiramente O que não significa que não possamos encontrar razões para acreditar nele.

Razões para acreditar...

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Durante uma conferência, o orador lançou o seguinte desafio:

Tudo o que existe será obra de um Deus criador?

Vários alunos re sponderam: -Sim!

O conferencista objetou :

Se foi Deus quem criou tudo, então também o mal é obra dele . Partindo do princípio de que as nossas obras são um reflexo de nós mesmos, se Deus criou o mal é porque é mau Ora a ideia de um Deus mau é contraditória. Logo, Deus não existe

Um silêncio profundo fez se sentir diante de tal argumento e o orador regozijava - se por ter provado mais uma vez que a fé era um mito.

Então, outro estudante levantou a mão e disse :

O frio existe?

-É lógico que o frio existe ou por acaso nunca sentiste frio?

O rapaz respondeu :

De facto, o frio não existe! Segundo as leis da física, o que con sideramos frio, na realidade é a ausência de calor Todo o corpo ou objeto é suscetíve l de estudo quando possui ou transmite energia; o calor é o que faz com que este corpo tenha ou transmita energia . Nós criámos o conceito de frio para descrever o que sentimos na ausência de calor.

-E existe a escuridão? insistiu o estudante.

O conferencista respondeu:

Parece que sim.

Novamente comete um erro A escuridão também não tem existência própria A escuridão na realidade é a ausência de luz A luz é pass ível de ser investigada, a escuridão não! Até podemos decompor a luz branca nas várias cores que a compõem. A escuridão não! Um simples raio de luz atravessa as trevas e ilumina a superfície sobre a qual incide. O conceito de escuridão desenvolveu-se para descrever o que observamos na ausência de luz.

Finalmente, o jovem perguntou ao conferencista :

- O mal existe?

Basta observarmos o mundo com atenção para nos confrontarmos com crimes e violência por todo o lado. Tudo isso é manifestação do mal.

O estudante respondeu:

Na realidade, o mal não existe, pelo menos não existe por si mesmo. O mal é simplesmente a ausência do bem. Tal como o frio e as trevas não existem por si mesmos , o mal é um conceito que o ser humano utiliza para descrever a ausência do bem ou de Deus. Por isso, Deus não pode ter criado o mal. A fé, o bem ou o amor são realidades existentes, à semelhança do calor e da luz. O mal, pelo contrário, é mera manifestação da ausência de Deus, ou seja, é o resultado da ação do ser humano quando expulsa Deus do seu coração

Autor desconheci do

Só existe um problema: voltar a descobrir que existe uma vida do Espírito, a única que satisfará o homem. Éurgentíssimo falar ao s homens Necessitam tanto, tanto de Deus. Antoine Saint-Exupéry (escritor francês do sécu lo XX)

Criaste-nos para ti, Senhor enquanto não repa , e o nosso coração est , . . usar em ti. a inquieto

Santo Agostinho (b º tspo do século IV)

Achar que o mundo não tem um criador é o mesmo que afirmar que um dicionário é o resultado de uma explosão numa tipografia Benjamin Franklin (cientista e escritor americano do século XVIII)

Hoje Deus é verdade! Passem para cá papel e tinta Se preferem , escreverei a sangue esta notícia: Hoje, Deu s é verdade como o Sol.

Sebastião da Gama (poeta português do século XX)

Para que serve crer? Vemos claramente para que serve não crer : para estar apenas sobre a terra, que é a menos estável de todas as moradas, e para nunca ouvir, em resposta às perguntas que o coração coloca, outra voz senão a própria

A fé é um ato d , e coragem na c ti a plena certeza racional M , on ança radical , se m acesso . . as o crente t acreditar em Deus é , em a convicção d e qumais razoavel do e Anselmo Borges ( d que nao acreditar pa re po rt • · ugues, filosofo e teólog o contemporâneo)

Recusa de Deus

Ateísmo significa literalmente « sem deus »: a (negação) + theos (deus). É uma atitude de vida que nega a existência de Deus ou de qualquer divindade

(}ióRICQ,, consiste na. a. a.titvde das a.firmação ca.tegórica. da. não pessoas qve vivem qvalqver -existência. de Devs. É vma. referência. a. Devs. indiferentes à. conc-eção rna.terialisto. da. realicia.de (na.da. há. para. oJém da.qvilo qve pode w do mvndo ma.teria!).

qvestão do sobrena.tvral Vivem como Devs não -e não interessam pelas qvest&s rela.c1ona.das com a. transc-endência.

llO ateísmo é uma opção filosófica de quem se assume responsável pelos seus atos e pela sua forma de viver, de quem dá valor à sua vida e à dos outros, de quem cultiva a razão e confia no método científico para construir modelos da realidade e de quem não remete as questões do bem e do mal para seres hipotéticos, nem para a esperança de uma existência após a morte.

Associação At eísta Portu gu esa, h ttp://www. aateista portug uesa.org/

Não tenho nece ssidade de Deu s, nem saberia o que fazer com ele.

Je an Paul Sartr e (fil ósofo e escr it or fr an cês d o sécul o XX)

A razão mais sublime da dignidade do homem consiste na sua vocação à união com Deus. É desde o começo da sua existência que o homem é convidado a dialogar com Deus : pois, se existe, é só porque, criado por Deus por amor, é por ele por amor constantemente conservado; nem pode viver plenamente segundo a verdade, se não reconhecer livremente esse amor e se entregar ao seu Criador. Muitos dos nossos contemporâneos não atendem a esta íntima e vital ligação a Deu s, ou até a rejeitam explicitamente.

Concílio Vaticano li, Gaudium et Spes, 19

Agno sticismo significa literalmente «ignorância», «desconhecimento»: a (negação)+ gnose (conhecimento). É a afirmação da impossibilidade de alguém se pronunc iar sobre a existência de Deus

O agnosticismo opõe-se ao te ís mo (crença na existência de um deu s pessoal) por considerar que o conhecimento humano não tem qualquer possibilidade de aceder a Deus. Opõe-se ao ateísmo porque também não encontra razões para negar pura e simp lesmente a sua existência. É, pois, uma atitude cética, na qual a dúvida leva o ser h umano a suspender o i juízo acerca de Deu s

Para muitos agnóstico s, é impossível ao entendimento humano conhecer Deus, porque ele se encontra para além das possib i lidades dos métodos experimentais.

Tenho consciência do sagrado, do mistério que há no ser humano, e não vejo por que não confessar a emoção que sinto d i ante de Cristo e do seu ensinamento Sinto grande respeito diante de Cr isto, mas não creio na sua ressurreição .

A lbert Camus (escritor francês do século XX}

sou um ateu tota l, todos os dias tent o encontrar um srnal de Deus, mas in f eliz m en t e n ã o o enco ntro

José Saramago (escritor português do século XX)

Virou-se p ara Deus minha alma triste!

Amortalhei na Fé o pensamento, E ac h ei a p az n a i n é rc ia e es q ueciment o . ..

Só m e fa lta sa b er se De u s existe!

Antero de Quental (poet a português d o sécu lo XIX}

Os arg umento s re l ativo s ao probl e ma d a exist ê nci a d e De us tê m sido v icia d os pe la circun st â ncia d e fre qu e nte m e nte se qu e r e r d e m onst ra r, nã o a sim p les ex istê nci a d e De us, se não a exist ê nc ia d e d ete r min ad o Deu s, isto é, dum Deu s com d et e r min ados at ri buto s

Rest a saber se ex ist e no rac iocíni o humano o poder d e ch egar até al i, e, cheg a ndo até al i, de i r m ais al é m

Fe rnando Pesso a (1888 1935), Id eias Filosófica s

Re lativismo é uma posição que nega a possibilidade de nos aproximarmos , por tentativas sucessivas, da verdade de Deus Defende que tudo o que se diga , se pense ou se faça é igualmente válido e igualmente bom Todas as dec i sõe s e todas as atitudes estão justifica d as à partida porque cada um tem « a sua verdade». Assim sendo, tudo é relativo; não existem verdades abso l utas , nem pontos de orientação seguros. Caminhamos às cegas pelo mundo .

No fundo, o relativismo é, em muitos casos, uma forma de desculparmos as nossas ações ou palavras menos agradáveis. Qualquer que seja a no ssa posição, temos sempre razão, uma vez que não existe um padrão de conduta , nem uma hierarquia de valore s. Poderemos até manipular a verdade (as opiniões) conforme mais nos convier; aquilo que hoje afirmamos, amanhã poderemos negar.

Cada pessoa pode criar as suas próprias crenças, os seus próprios valore s e conduzir a vida de acordo com eles, sem qualquer padrão ético. Confunde-se assim valores morais com caprichos .

O crente, o agnóstico, o ateu, em vez de se excluírem, devem encontrar-se e enriquecer-se mutuamente num conflito dialógico de razões, e, por paradoxal que pareça, num diá logo sincero e aberto, concluirão que há entre eles muito mais sintonias do que poderiam supor à p r imeira vista. Quantos crentes, por exemplo, não ficarão surpreendidos ao descobrir que a racionalidade da fé, não podendo ser evidente, convive com a dúvida , a opinião, a suspeita Fé religiosa e dúvida não se excluem.

Por outro lado, é bem possível que também ateus e agnósticos aceitem que há um Mistério inominável que a todos envo lve O que deve unir crentes e não crentes é a busca honesta e sincera da verdade e o combate generoso por uma humanidade melhor, mais solidária e feliz .

Anselmo Borges {teó logo contemporâneo), Janela do {ln}Visível

Acreditar em Deus: acolher e confiar

A fé em Deus é uma realidade com sentido. A crença não é uma atitude irracional; traduz-se na confiança em Deus e num consequente compromi ss o de vida. Acreditar em Deus é acolher e confiar no sentido último da vida.

Todas as pessoas hão de morrer. A experiência de fi n itude é universal. Mas a morte é um absurdo porque põe limite s insuperáveis ao desejo de eternidade e de felicidade que habitam o coração humano . Deus é a resposta a este desejo d e eternidade e de felicidade sem limites. Se Deus existir, podemos esperar qu e a v id a e o a mor sej am a última re a lidade para o ser huma no, e q ue a morte, o na d a e o esquec imento eterno não sejam a última palavra para a vida humana Acreditar em De u s é confiar que a vida humana tem um sentido que ultrapassa o s anos que vivemos

2. Comenta a afirmação « Fé religiosa e dúvida não se excluem».

3. Por que razão Arthur Schnitzler afir ma q ue «todos são crentes»? Será que ele descon hece a existência de ateus e agnósticos?

Todos os seres humanos estão conscientes do infinito e da eternidade. A única diferença que existe entre eles é saber até que ponto essa consciência abala cada indivíduo considerado isoladamente. Um acredita num deus pessoal acima das coisas e das pessoas, o outro acredita no seu próprio querer como seu deus, uns são humildes, outros revoltam-se, e todos seja qual for o comportamento individual de cada um , todos são crentes

Arthur Schnitzler (1862-1931), Espírito e Religião

Quando os meus filhos eram pequenos e eu pensava por eles e decidia por eles, tudo era fácil e somente a minha liberdade estava em causa Mas chegado o momento em que eu pensei que o meu papel consistia em habituá-los a escolhas progressivas, notei que a inquietação se instalava em mim. Ao deixar os meus filhos tomar decisões e, portanto, correr riscos, aceitava, ao mesmo tempo, o risco de ver surgir outras liberdades para além da minha. Se, muitas vezes, continuei a escolher em vez dos meus filhos, era, tenho de o confessar, para lhes poupar o sofrimento provocado por uma opção que e les iriam talvez lamentar, mas era também, e talvez mais, para não experimentar a prova de um desacordo entre a sua escolha e aquilo que eu teria desejado que eles fizessem. Isto significava falta de amor da minha parte, porque agindo deste modo d esejava essencialmente pôr-me ao abrigo de um poss ível sofrimento, o sofrimento que experimentei sempre que os meus filhos optaram por um caminho diferente daquele que me parecia o melhor para eles.

Foi ass i m que comecei a perceber que Deus «Pai» possa sofrer. Nós somos seus filhos. Ele quer que sejamos livres no nosso crescimento e o infinito do seu amor i mpede o de exercer qualquer constrangimento. O seu amor puro, sem qualquer traço de cálculo, implica , desde o princípio, a aceitação do sofrimento inerente a esta liberdade total que ele quer para nós.

A p a rábola do " filho pródigo", melhor dito, do Pai misericordioso, transporta nos para a r eprese ntação de um Deu s que sofre quando o filho sai de casa e se alegra e faz festa no abraço do reencontro.

François Varillon (1905 1978), O sofrimento de Deus O Filho Pródigo, Hans Feibusch (1898-1998)

Uma história de fé

Conhecem a parábola do pai misericordioso que tinha dois filhos? O mais novo resolveu um dia sair de casa, mas o mais velho permaneceu sempre junto do pai. Pois bem, tenho sido uma espécie de irmão do filho pródigo.

Na verdade, não me lembro de não ter tido fé. Desde que me conheço que me entendo como cristã. É que nasci numa família católica, comecei a frequentar muito cedo os grupos juvenis da paróquia e todos os meus amigos mais íntimos eram cristãos.

Como é que Jesus entrou na minha vida?

Foram os testemunhos da minha família, dos padres, dos catequistas, dos amigos e até dos colegas não crentes, que me levaram a deixá-lo entrar.

De início eu não percebia nada. la à igreja porque os meus amigos estavam lá e sempre nos divertíamos. Na verdade, frequentava a igreja porque era o único sítio onde os meus pais me deixavam ir sozinha. Mas a um dado momento comecei a interessar-me pelas coisas de Deus e a sentir um desejo irresistível de o conhecer melhor. E foi assim, sem grandes sobressaltos, que Jesus se introduziu na minha vida. Não vi nenhuma luz misteriosa nem ouvi qualquer espécie de trovão inexplicável! Apenas fui sentindo que nunca estava sozinha, havia uma constante presença amiga na minha vida.

Por volta dos 12 anos comecei a frequentar um movimento católico que me marcou definitivamente. Embora o abandonasse ao fim de três anos por me sentir desenquadrada, tenho de reconhecer que foi nele que aprendi a encontrar-me com Deus. Aos 14 anos fui a Coimbra, a uma assembleia desse movimento, e aí tive a minha primeira experiência consciente de oração e de comunhão com Deus e com os outros. Não sei dizer como foi. Há coisas que não se explicam. Vivem-se. Apenas sei que encontrei Jesus e que nele achei um sentido pleno para a minha vida.

Gvida -

4. Identifi ca situações que co nsti tuem obstáculo ao aco lhimento de Deus.

Não posso duvidar de que tudo aquilo que eu amo neste mundo as árvores, as rosas, os pássaros, um sorriso é ainda muito mais amado por Deus. Mas tudo aquilo que eu não posso amar -o mal que faço aos meus irmãos e aquele que eles me fazem a mim, a injustiça, a miséria, a fome, a doença será contemplado serena e passivamente por Deus, porque a perfeição da sua natureza imortal o impede de vibrar? Prefiro nem dizer nada a respeito da criança que é torturada ou do inocente que é humilhado!

A obra criadora é uma aventura. Deus aventurou-se, arriscou. Abriu à humanidade um caminho de liberdade, com todos os perigos inerentes

François Varillon (1905-1978), O sofrimento de Deus

Sim, temos, de facto, necessidade de Deus, presença em cada um de nós da exigência de procurar o sentido da vida, de ser responsável por descobri-lo e por realizá-lo. Precisamos de Deus para tomar consciência da unidade da vida, dessa mesma vida que anima a subida da seiva nas árvores e a palpitação do sangue no coração dos seres humanos.

Temos necessidade de Deus cuja presença em nós se manifesta pela possib ili dade permanente de não nos abandonarmos à passividade mas de assumirmos a responsabilidade de participar na pilotagem da criação continuada da vida.

O Deus de que precisamos é esse Deus uno e total, presente em todos nós e cuja unidade é a única que pode dar sentido a todas as coisas como seu fim último e único.

Deus é essa presença que está em nós sem ser de nós. Não podemos captá-lo nem pelos nossos sentidos nem pelos nossos conceitos.

Tal é a fé perene e universal: a afirmação do sentido da existência, da unidade do mundo, da criação divina da vida. Para se ser humano tem-se necessidade de ssa fé, seja qual for o nome que se dê ao Deu s ao qual ela se dirige.

Adaptado de Roger Garaudy (1913-2012), Será que precisamos d e Deus?

Não acredito em nada As minhas crenças

Voaram como voa a pomba mansa , Pelo azul do ar. E assim fugiram As minhas doces crenças de criança.

Fiquei então sem fé; e a toda a gente

Eu digo sempre, embora magoada: Não acredito em Deus e a Virgem Santa

É uma ilusão apenas e mais nadai

Mas avisto os teus olhos, meu amor, Duma luz suavíssima de dor

E grito então ao ver esses dois céus :

Eu cre io , sim, eu creio na Virgem Santa

Que criou esse brilho que m' encanta 1

Eu creio, sim, creio, eu creio em Deus!

Florbela Espanca (1894 1930), A Mensageira das Viole tas

Devs pede a. "'tva. a.+ença.o

Cr ente s e não cr e ntes fazem as mesma s ex peri ê ncias de finitude, do dever mora l, da l i be r dade, do sentido e da ausência dele, bem como da morte. O qu e d isti n gue o cre nte do n ão crente é a i nterpretação que cada um fa z dessas exper iênc ias. O cr e nte é , por defin ição, otimista . Transporta Deus para a compreensão da pessoa e da história atribuindo lhe um sentido definitivo O não crente , negando Deu s, nega a po ssibil idade de a vida, a h istória e o un i verso terem um sentido d efin itivo.

5. Em que cir c un st ância s é possível q ue o se r huma n o se en contre co m De u s?

Deus não aparece a um olhar vago, a uma pessoa distra ída, a um ind ivíduo perdido na diversão. O encontro com Deus tem lugar no próprio centro da pessoa. Deus também não aparece a um olhar anónimo, caraterístico da pessoa massificada.

O Deus que dá o seu nome ao revelar-se, chama o ser humano pelo seu nome próprio e exige que esteja desperto para a sua condição de pessoa

A redescoberta de Deus exige de nós uma cura lenta de sossego, de concentração, de interiorização, de contemplação, de disponibilidade, de gratuidade, de liberdade interior, de criatividade; necessitamos de um longo período de reabilitação para o espiritual...

Começa a haver encontro com Deus quando um ser humano pessoalmente adulto reconhece a realidade transcendente, reconhece-a como pessoal e põe nela a sua salvação definitiva.

Juan Martin Velasco (teólogo contemporâneo), La Religión en nuestro tiempo

DEUS E'XISTE?

CRENTE§...

Os ATEUS / Os a.creditam qve a.firmam qve declaram qve nã.o sim nã.o sabem

que é possível equacionar respostas fundamentadas sobre a existência de Deus e sinto-me desafiado a desenvolver uma posição pessoal.

\ ---\ Os

O ser humano sempre procurou uma resposta para os grandes enigmas que o inquietam e ao mesmo tempo o deslumbram: o sentido e o fim da vida, a origem do bem e do mal, o que há para além da morte

A busca da felicidade é uma luta constante na qual as pessoas se empenham com paixão. E, consciente ou inconscientemente, todos procuramos a Verdade, o Bem, a Beleza e a Paz como fins supremos, nos quais encontramos a plenitude.

A procura do transcendente por parte do ser humano começa no início da humanidade. De facto, os vestígios mais antigos que conhecemos da vida dos humanos (pinturas rupestres, túmulos, imagens ) denotam que a religiosidade é um elemento comum a todos os povos, para quem a existência do Sagrado é uma realidade próxima e necessária.

As representações da divindade que aparecem em diferentes épocas nas diversas culturas manifestam que o ser humano é naturalmente religioso. Se olharmos para as antigas culturas, em todas elas encontramos elementos religiosos comuns: sacerdotes, lugares sagrados (altares, templos), objetos sagrados (sinais religiosos, instrumentos de culto), tempos sagrados (festas, romarias), rituai s, história s e livro s sagrados.

Elementos constitutivos do fenómeno religioso

Doutrina: conjunto de dogmas e/ou crenças.

- Ritos: cerimónias cultua is atra vés das quais se presta adoração a Deus.

Ética: conjunto de normas a viver no dia a dia.

Relação com a divindade : a religião não é em primeiro lugar doutrina, rito ou lei; é fundamentalmente relação pessoal com Deus e com a comunidade.

6. Por que é que a experiência do sagrado constitui um dos principa is aspetos da vivência histórica da humanidade?

Reoresentações de Deus

A noção da existência de Deus não só povoa a mente humana , como pertence à linguagem da humanidade de todas as épocas e latitudes

No Antigo Egito, uma civilização que prosperou ao longo do rio Nilo desde cerca de 3100 a .e. até ao século 1 d.C., desenvolveu-se o culto de certos animais como o gato, o gavião, o crocodilo, a íbis, o escaravelho, o boi. Os deuses assumiam traços destes animais sagrados e eram representados sob estranhas formas, meio animais, meio humanas.

Muitos deuses estavam ligados às forças da natureza: o poder do sol , a beleza da lua ou as cheias do rio Nilo

Saber

Rá - deus-Sol, rei dos deuses, pai da humanidade e protetor dos reis e dos mortos. Ámon deus da fertilidade, patrono dos faraós. Osíris protetor do mundo além-túmulo. Deus da fertilidade e da vegetação. Mais tarde, tornou-se o deus supremo do Egito, ao lado de Rá, bem como rei e juiz dos mortos Ísis deusa lunar, rainha dos deuses, a grande deusa mãe, deusa dos cereais e da fertilida e Horo com cabeça de falcão é o deus do céu e do Sol Áton deus do Sol. Durante um curto período tornou-se o deus único Anúbis deus dos mortos, guardião de túmulos e de cemitérios .

Na Grécia os deuses eram imortais mas possuíam características semelhantes aos seres humanos : ira, bondade, ego ísmo, compaixão, ciúme, fraqueza, força, vingança ... As principais divindades habitavam o Monte Olimpo, de onde decidiam a vida dos mortais, embora elas próprias estivessem submetidos ao destino. Zeus era a divindade suprema do panteão Os gregos acreditavam que os deuses desciam do monte sagrado para se relacionarem com as pessoas. Os heróis eram filhos de divindades e de seres humanos .

Cada cidade da Grécia Antiga possuía um de u s protetor e cada divindade representava uma força da natureza ou um sentimento humano. A religião e mito l ogia gregas serviam para explicar fenómenos da natureza e transmitir conselhos para a vida.

Ao invadir a Grécia e o império he lénico, os romano s adotaram e adaptaram o panteão grego.

Nome grego Zeus

Poseidón

Ha d es Héstia

A res Afrodite Artemisa

Hefesto

Função

Rei dos deuses e dos seres humanos Causador dos terramotos e senhor dos mares Deus do mundo subterrâneo Deusa da Lareira, símbolo do Lar Violento e conflituoso deus da guerra Deusa do amor, da beleza e da fertilidade Deusa da caça e da juventude Deus do fogo, da metalurgia e dos artífices

Representações de Deus no Antigo Testamento

Júpiter Neptuno Plutão Vesta Marte Vénus Diana Vulcano

7. Caracteriza a religiosidade das civilizações egípcia e greco-romana.

No Antigo Testamento, a afirmação do monote ísmo é essencial. A proibição da adoração de imagens, para além d e ser um imperativo do Decálogo {«Não faças para ti imagens esculpidas, representando o que há no céu, na terra ou nas águas»), está também relacionada com a natureza misteri osa e tr a nscendente de Deus, que não é nenhum objeto do mundo nem pode ser re p resentado como tal. Ele é um Deus santo, tota l mente distinto do resto do universo. Por isso, Israel não i d entifica Deus com as fo rças da n atu reza, apesar d e estas po d erem ser uma manifestação da sua ação

. Acrópole, Atenas Panteão, Roma Saber Nome romano

Desde a sua origem, o povo de Israe l sentiu e desenvolveu a ideia de que tinha sido eleito por Deus de entre todos os povos da terra. Deus estabeleceu com ele uma aliança que havia de marcar toda a sua história. Por isso, o Deus de Israel é um Deu s naci onal. No entanto, pouco a pouco, vai-se desenvolvendo a consciência de que , sendo o único Deus existente, é também o Deus de todos os povos, um De us universa l.

Em determinados momentos da história de Israel, Deus foi identificado como um guerreiro que lutava ao lado de Israel contra os seus inimigos , ao mesmo tempo que se manifestava protetor e l i bertador do povo

Na história de Israel encontramos várias experiências de Deus : de uma formulação muito elementar que se aprox i ma das conceções das religiões politeístas dos povos com que Israel contactava, evolui-se para o monoteísmo absoluto e, sobretudo, para a compreensão de um Deus que é pai e protetor.

Nos textos da Bíblia, Deu s aparece descrito muitas vezes com características antropomórficas: atri buem-se-lhe formas e sentimentos da pessoa humana. De facto, como poderia o ser humano falar de Deus senão recorrendo àquilo que ele conhece? Esta maneira metafórica de abordar Deus é, pois, uma tentativa de desvendar um pouco a sua natureza misteriosa.

A presença de Deus na Bíblia é descrita como uma pre se nça pessoal e atuante com quem Israel pode conversar, em quem pode confiar e a quem deve obedecer. Como uma espécie de legislador, Deus apresenta a sua vontade num código de leiscujas regras centrais se referem tanto ao culto como à conduta ética de vida -e promete-lhe a sua presença protetora, caso cumpra os mandamentos expressos nesse código.

No Antigo Testamento, podemos ler textos que exp ressam uma imagem positiva de Deus e textos que l he atribuem caraterísticas claramente negativas Esta dupla face de Deus está relacionada com a evolução religiosa que Israel foi fazendo ao longo do seu percurso histórico, purificando a ideia de Deus

Moisés dos elementos negativos

A mão de Deus , Auguste Rodin (1840-1917) perante a prepotência dos impérios.

O nome de Deu s havia de designar a sua identidade. Contudo, esta é-nos desconhecida, porque Deus é o grande mistério É por isso que a questão do nome de Deus é tão importante no Antigo Testamento. E não existe apenas um nome , ape sar de um dele s ser o ma is importante, mas uma multip licidade de nomes , ev i denciando múltipla s caraterísticas de Deus .

Por re speito para com Deus, os i sraelitas não pronunc iavam o nome de Deus que tinha sido revelado a Moisé s no Monte Sinai ( « YHWH », «Aquele que é » ou «Aquele que est á presente » ). Em vez dele, pronunciavam outro s nomes que aparecem igualmente na Bíblia: E/ (Deus), Elohim (Deus) , Adonai (Meu Senhor) , El-Shaddai (Omnipotente).

«YHWH» , mais do que uma simples definição, é a indicação de uma p r esença. Quer dizer que Deus não abandona Israel à sua sorte; torna se conhecido no encontro e na relação que estabelece com cada um e com o povo Israe l v ê no tetragrama «YHWH» o símbolo do mistério da vida íntima da d ivindade; é o nome próprio de Deus, ou seja , a sua identidade, razão pela qual não era pronunciado

Saber

A importância do nome : o nome não existe apenas para designar e distinguir as coisas e as pessoas, mas é, essencia l mente, um elemento definidor da identidade. Tudo o que existe tem existência para nós, porque tem um nome pelo qual o conhecemo s Dar um nome, nas civilizações antigas, significava dominar ou atribuir determinadas características ou funções a alguém Se se conhece o nome de uma pessoa, pode exercer-se influência sobre ela O nome designa de tal forma a identidade e a função que em determinados cargos ou relações de pertença se muda o nome da pessoa (como acontece com o papa), querendo sig nifi car uma mudança radical d e vida.

8 Quais as características do Deu s de Jesus Cristo?

O Deus de Jesus Cristo

Jesus Cristo acreditava no único Deus do Antigo Testamento : o Deus criador, omnipotente e juiz mas a sua relação profunda com ele e a sua relação com a vida das pessoas manifestam uma outra imagem de Deus.

Se o Antigo Testamento lhe atri buía caraterísticas positivas e simultaneamente negativas, Jesus vem trazer a grande novidade : Deus é Pai inequivocamente bom.

É um Deus que ama os seus filhos tal como eles são. E como qualquer bom pai ou boa mãe , também mostra a sua preferência pelos mais pequenos e pelos mais frágeis.

Jesus apresenta-nos um Deus bom que se torna presente no amor e na salvação oferecida a todas as pessoas. Deus é pai, não apenas do s que cumprem a lei de Moisés, dos que lhe prestam cu lto, dos que julgam ter uma vida honesta, dos que pertencem ao povo de Israel, mas igualmente dos estrangeiros, dos perdidos, dos pecadores, dos excluídos, dos desprezados, dos marginalizados. Não porque aprove o comportamento de cada um, mas porque ama a todos com amor infinito, como um pai ama o filho e se dispõe a acolhê-lo na bondade do seu coração.

A mensagem de Jesus , não nos apresenta um Deus que esteja ao serviço do poder, que esteja do lado da violência, que decida de forma arbitrária, sa lvando apenas quem bem entender, que anule a liberdade do ser humano. É um Deus profundamente interessado em resgatar o ser humano dos seus medos, das suas frustrações, das suas debilidades, tornando -se o garante de uma vida em plenitude, fundada no amor e na solidariedade.

Os cristãos, tal como Jesus, acolhem a presença de um Deus que lhes oferece confiança, liberta-os dos seus medos e dos seus egoísmos e leva-os a servir os outros.

O Regresso do Filho Pródigo , Esteban Murillo (1617 1683)

Desisti de saber qual é Teu nome, Se tens ou não tens nome que Te demos, Ou que rosto é que toma, se algum tome , Teu Sopro tão além de quanto vemos.

Desisti de Te amar, por mais que a fome Do Teu amor nos seja o mais que temos, E empenhei-me em domar, nem que os não dome, Meus, por Ti, passionais e vãos extremos.

Chamar-Te amante ou pai. , grotesco engano Que por demais tresanda a gosto humano! Grotesco engano o dar-te formal E enfim ,

Desisti de Te achar no quer que seja, De Te dar nome , rosto, culto, ou igreja - Tu é que não desistirás de mim!

Queres saber de que cor São os sonhos de Deu s Volta a olhar o mundo Pela primeira vez

Queres saber o lugar

Da morada de Deus Volta a olhar o Homem Pela primeira vez

Queres saber o segredo

Do coração de Deus Volta a olhar o amor Pela primeira vez

Pois o Verbo de Deus acampou entre nós

Tolentino Mendonça (teólogo e poeta contemporâneo)

José Régio (1901 1969), Biog ra fia

A arte de "dizer" Deus

A arte, em geral , e a arte sacra, em particular, tem um profundo se nti do e sp i r itual , uma vez que revela o sentido oculto da vida e do universo.

Todas as formas de arte são extensões da obra criadora de Deus , o primeiro e eterno artista. O universo inteiro é uma grande obra de arte. Mas , para além da natureza, podemos observar a maravilha da criação artística de Deu s em nós mesmos.

A pessoa humana é a tela : Deus vai desenhando a obra de arte que é a vida humana.

Quando analisamos uma obra de arte descobrimos a mão do artista, intuímos qual foi a sua ideia e o que quis fazer. Da mesma maneira , podemos descobr ir a mão de Deus na obra de arte que é cada pessoa Damo nos conta de que nada é fruto da casualidade ou da fatalidade; tudo depende simultaneamente da força criadora e amorosa de Deus e do livre consentimento humano.

Saber

A i conografia {do grego Eikon = imagem + grap h ia = escrita) é uma forma de linguagem visual que utiliza imagens pa r a representar determ i nado tema . A iconografia estuda a origem e a formação das imagen s. A palavra ícone quer dizer literalmente «i magem». Na sua origem, o verdadeiro se ntido de ícone é o de uma imagem qu e nos leva a Deus.

Pietá, Miguel Ânge lo (1475 1 564), [Basílica de S. Pedro, Roma]

O catalão Antoni Placid Gaudí i Cornet (1852-1926) foi arquiteto e um dos maiores símbolos da cidade de Barcelona Artista moderni sta e cristão convicto, quis que a sua obra principal -a igreja da Sagrada Família, em Barcelona exprimisse a grandeza , a harmonia e a vitalidade do Criador. Dedicou quarenta anos da sua vida a esta construção monumental. Gaudí pretendeu com a sua obra elevar a alma humana a Deus. É quase imposs ível passar pela extraordinária igreja como um simples turista; pois este templo é um sinal luminoso da presença de Deus, a revelação explícita da fé num Deus vivo e próximo.

O peregrino, em permanente busca de si mesmo e de Deus, contempla esta obra artística para nela fazer a experiência de encontro com o sagrado. A arte de Gaudí é um apelo à conversão do coração, abrindo o àquele que é o autor da beleza Toda a beleza exterior e interior da igreja coloca a pessoa diante de Deus e interpela-a a compreender a sua vida à luz da realidade eterna e transcendente, ou seja, do próprio mistério de Deus.

9. Comenta a seguinte afirmação de Van Gogh: « Procura compreender o que dizem os artistas nas suas obras primas, os mestres sérios. Aí está Deu s».

Se eu quiser falar com Deus Tenho que ficar a sós Tenho que apagar a luz Tenho que calar a voz Tenho que encontrar a paz Tenho que folgar os nós Dos sapatos, da gravata Dos desejos, dos receios Tenho que esquecer a data Tenho que perder a conta Tenho que ter mãos vazias Ter a alma e o corpo nus Se eu quiser falar com Deus Tenho que me aventurar Tenho que subir aos céus Sem cordas p' ra segurar Tenho que dizer adeus Dar as costas, caminhar Decidido, pela estrada Que ao findar vai dar em nada Nada , nada , nada, nada Nada , nada , nada, nada Nada, nada, nada, nada Do que eu pensava encontrar

que o ser humano necessita de representar Deus para mais faci lm ente se relacionar com ele. As diferentes formas de arte são aproximações ao mistério que é Deus.

Gilberto Gil (composi tor e cantor contemporân eo)
Ds

A tradição ju d ai ca -e particu l ar m ente a crist ã reve lam a i me nsi dão e a bo ndade de Deus Deu s é o Amor

):f.s o6ras de <Deus estão acima de todo o fouvor

27 Por muito que digamos, mu ito nos ficará por dizer; ma s o r es umo de todo o nwso discurso é este : « El e é tudo .» 280nde encontraremos nó s a fo rça para o glorificar? Sendo o Todo- Poderoso, está acima de todas as suas obras 290 Senhor / é te r rível e soberanamente grande, o seu é marav i lhoso. 30Glorifica i o Senhor e exaltai-o, tant o. qu anto pud e rde s, porque Ele se rá semQ.re maior. Exaltai-o com toda s a s vo ssa s força s, n ão v o s can se is, porque jama is chegareis ao.. fim . ·31 Quem o viu a fim de o poder descre ver? Quem é capaz de o· l ouva r como El e é, e m toda a sua amplidão ? 32 Bem numero sas ai nd a são as suás obras oculta s, po is nã o v i mos sen ão um pouco da s suas ob r as. 33 0 Senhor fez toda s as coi sas , e El e deu sabedor ia a o s homens piedosos

Sir 43 , 27 33 ,

Sab ( ; (

O auto r do livro de Ben Si ra (S i r) é um crente judeu que, no final da sua vida, q ui s l egar uma es p écie de testamen t o espi ri tua l às gerações f utura s. No se u l ivro r efo r ça a idei a da fid el id ade à r el igião de Is r ae l, confronta d a naquele tempo com o pensame nto e civi l ização dos gr egos.

O texto preten d e subl i nha r a grandeza e o mistério de Deus Da s sua s palavra s dep reende se q ue n ão pode h ave r um d iscur so aca b a d o sobre De us p o r que a ling u agem humana é l imitada e inca pa z de r evela r p l e n amente a sua nat u reza .

Ele está em t oda s as coisas e, si mult an ea m ent e, ac i m a d e t odas as coisa s; é Todo- Poderoso , invisíve l e, de certo modo, desconhecido, dada a sua grandeza humanamente inco m preen sível.

O imen so amor de Deu s acontece na criação d o u n ive r so e do ser humano, n a d á diva da sabedori a para q u e ca d a um p o ssa co ndu zi r a vida pelo caminho da alegria , e, n a i nfi n idade de b ele zas prese ntes em ca d a p essoa e na natu r eza .

O autor convi da os crentes ao louvor deste Deus, surpreendente e pró xi mo em q uem confia.

..

O Senfior é meu <Pastor

O Senhor é meu pastor: nada me falta.

2 Em verdes prados m e faz de scansar e conduz me às águas refrescantes.

3 Reconforta a minha alma e guia-me por caminhos retos, por amor do seu nome.

4 Ainda que at ravesse vales tenebrosos, de nenhum mal terei medo porque Tu estás comigo.

/

A tua vara e o teu cajado dão-me confiança.

5 Preparas a mesa para mim à vista dos meus inimigos;

" ungiste com óleo é! minha cabeça; a minha taça transbordou

6 Na verdade , a tua bondade e o teu amor hão de acompanhar me todos os dias da minha vida, e habitarei na casa do Senhor para todo o sempre.

Este salmo, atribuído ao rei David (séc. X a.e.), ele próprio pastor na sua juventude, é um poema oração que canta a confiança e a fé em Deu s Deus é o Pastor que guarda, orienta e conduz as pessoas. Nele os crentes encontram refúgio e segurança Daqui nasce a convicção de que Deus é uma presença fiel e protetora

Para melhor se entender esta representação de Deus é importante ter presente a vida de um pastor da época Os pastores não eram proprietários de grandes rebanhos, mas de um pequeno número de ovelhas, das quais cuidavam com carinho, já que constituíam o seu património material e o sustento da família. Era costume, entre os pastores, juntar à noite os seus pequenos rebanhos num curral comum, guardados por vigias. A voz de cada pastor era identificada pelas respetivas ovelhas, que se reuniam à volta do seu guia para uma nova pastagem. Esta imagem era usada para exprimir a relação do povo de Israel com Deus, uma vez que Israel escuta a voz do seu Pastor e a ele confia a sua vida.

SI 23(22)

Os pastores, preocupados com a satisfação dos seus r ebanhos, p ercorriam grandes distâncias p ara encontrar prados verdejantes Tal co mo o pastor enfrentava a aridez d as terras, a escur idão d a noite («vale tenebro so») e os per igos qu e am eaçavam o s reban h os, assim Deus é a qu ele q ue tranquiliza o seu povo com a sua pres ença, no meio da s adversidades da v i da Apenas pede uma atitude : que as suas " ovelhas" ne le de p os item a sua confiança, o escutem e sigam

O ca j a d o, u sado para afuge nt ar os ani m ais se lvagens e p ara levantar as ove l h as ca ídas , r emete para u m Deus cu i dadoso, protet o r, me igo e sem p re atento a to d o s.

A pro m essa de vida eterna ( " ha b itare i na casa do Senhor para todo o sem p re " ) assegura ao crente que a meta do seu camin h o não é ob sc ura nem incerta e é motivo de al egria p or exper i ment ar a co m p an hi a am orosa de Deus, q ue se cu ltiva na coerência entre a fé e as o bras d e am o r.

}IpeCo à justiça e à santidade

4 Não vos fieis em palav r as de mentira , dizendo: ' Templo do Senh o r, t em p lo do Senhor! Este é o templo do Senhor'

5 Mas, se endireitarde s os vo ss os cam i nho s e emendardes as vo ss as ob ra s, se verdadeiramente pratici rdes a justiça uns com o s outros, 6 se não opri m irde s o estrange i ro, o órfão e a viúva , nem derramardes neste lugar o sangue inocente, se não segu i rdes, para vossa desgraça , qeuses estrange i ros , 7 então, Eu permanecerei ç_onvosco neste lugar, nesta terra que dei desde sempre e para sempre a vossos pais . ªCont udo, eis que vos enganais a vós mesmos , confiando em palavras vãs, que d e nada vo s servirão 9 Rouba i s, matais, cometeis adu ltérios, jurais falso e procurais deus es que vos são desconhec i dos ; 10e depo is, vindes apresentar-vos d i ante de m i m , neste templo, onde o meu nome é invocado, e exclamais : 'Estamos salvo s !' Mas segu i damente volta is a cometer todas essas abominações 11 Porventura , este templo, onde o meu nome é invocado, é a vossos olhos, um covil de ladrões? Ficai sabendo que Eu vi todas e stas coisas.

Jr 7,4-11

Jeremias v ive u num d os períod os ma is con tu rbados da h istó r ia d o povo de Isr ae l : a d estrui ção de Jer usalém e o exíl i o na Babil ónia (séc VII a e.). Não lhe foi fácil a m issão de profeta, mas a sua confiança em Deu s permitiu-l h e vencer os ma i s varia d os o bstáculos, nomeadame nte, a oposição da ar isto cracia juda ica .

Condução do Rebanho, Silva Porto (1 8 5 0-1 893), [Museu Nacional Soares dos Reis, Porto]

O profeta Jeremia s denuncia o facto de o povo de Israel sobrevalorizar o temp l o e o culto e desvalor iz ar o comportamento ético. Denuncia a decadência de um povo que esquece a vontade de Deus para se centrar exclusivamente num culto sem sentido. O templo era o lugar sagrado por excelência, mas não pod ia serv i r para camuflar uma religião r i tualista que não atende aos v al o r es morais e ao comportamento justo. Por isso, o templo não pode ser o lugar mágico da salvação. O cu lto essencia l a Deus é a prática d a j ustiça e do bem. Jeremias apela à conversão do coração que implica uma alteração radical da forma de conduzir a vida e uma mudança essenc i al na relação com as outras pessoas como sinal de uma fé autêntica que não se pode esgotar em rituais.

Pé com o6ras

14 De que ap roveita , i rmãos, que alguém diga que tem fé , se não tiver obras de fé? Acaso essa fé poderá salvá l o ? 15 Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e precisarem de alimento quotidiano, 16e um de vós lhes disser: «Ide em paz, tratai de vos aquecer e de matar a fome », mas não l hes dais o que é necessário ao corpo, de que lhes apr.oveitará? 17Assim também a fé: se ela não tiver obras, está completamente morta.

Tg 2, 14-17

Para se ser um cristão autêntico, nã o é suficie nte acreditar e pro cla m ar a f é com palavras . A f é e as obras são i nseparáve i s. O verdadeiro crente, age no seu dia a dia conforme aquilo que proclama e acredita . A fé sem obras é morta.

Ti ago sublinha a necessidade de que a fé não permaneça apenas teórica , mas se manifeste de modo ativo e em obras

A fé só faz senti do se transformar a vida, não só a vida d e q uem acredita mas também ajudar os irmãos na caridade É esta a fé, que nos põe ao serviço de Deus e dos irmã o s, q u e nos tornará v ivos e felizes. A fé é viva quando se con cretiza em obras . Quem não sabe amar a Deus e aos irmãos acabará por se dar conta de que atravessou a v ida sem a saborear.

A fé cristã

O povo de Israel, tantas vezes vio l entado e derrotado pelo s grandes impérios, es p erava de Deus a salvação que se havia de manifestar at ravé s do advento do Messias, daquele que seria o sina l de um Deus Todo- Poderoso e libertador, ca p az de devolver a identidade e a independência do povo en q uanto nação.

A revelação da vontade libertadora de Deus atinge o seu ponto ma is alto com o n asci m ent o do Deus Me ni no, Jesus, o Deus-connosco, o Bo m Past or, o rosto visíve l de Deus invis ível. A sua mensagem de fraternidade universal pretende re unir todas as pe ssoas dos vários quadrantes da terra so b a presença d o amor d e Deus

Jesus é o rosto de Deus Pai, que não limita o seu amor infin ito ao povo de Israel, mas inclui a tota l idade da humanid a de . Po r isso , os q u e seguem Jesus, o Bo m Pasto r, reco nh ecem-se com o irmãos e veem , nos outros , pe ssoas ig ua lmente amadas p or Deus .

E po rqu e « Deus é Amor», os cristãos vi vem o mandamento do amor até ao limite. A fé cristã vive se na re l ação com o próx i mo, na construção de um m u nd o mais solidá r io e fraterno. Deus conta co m as capacidades e li mitações de ca d a pessoa para se dar a conhecer. Quem se empenha em servi r os outros é o autêntico rosto de Deus a atuar na história . E é na h ist ó ri a q u e ficam grava d as as memórias de testemunho s de fé reveladores d o rosto de Deus

10 . Comenta a afirma ção «Jesu s, o Deu s-connosco, o ro st o v isív el de De us inv isíve l, pretende reunir todas as p ess oas sob a or ientação do amor de Deu s»

que a experiê ncia da bon dad e de De us tra nsfo r ma a vi d a do cre nte num ap el o à es p erança e emp en ha- o na constru ção d e um mundo solidário. A fé exige o b ras de amor.

O cristão sente em si o imperativo de ser presença transformadora de Deus no mundo que o rodeia. Cada crente é o rosto e as mãos de Deus a atuar na história; é o coração de Deus a fazer o Bem e a multipl i car o amor.

A fraternidade faz parte da identidade do próprio ser humano, enquanto ser aberto e atento aos outros , ao mundo e a Deus. A relação com os outros manifesta-se em experiências de encontro e de diálogo interpessoais. A fraternidade decorre deste encontro com um «tu» com quem nos cruzamos e relacionamos e a quem reconhecemos a filiação divina. Sempre que se ignora esta dimensão altruísta e de sacralidade do outro, surge o egoísmo e a solidão.

Viver a fraternidade é construir relaçõe s interpessoais marcadas por l aços d e irmandade, das quais nascem frutos de a mizade, comunh ão e coop e ração , valores que tornam a pessoa humanamente mais rica e mais autêntica.

Vidas com sentido

São inúmeros os crentes que, seduzidos pelo amor de Deus, contribuíram e contribuem para uma sociedade mais fraterna.

S. João de Deus e o acolhimento ao doente mental

João de Deus, também conhecido por João Cidade, nasceu em Montemor-o Novo (Alentejo) em 1495 e fa l eceu em Granada (Espanha) em 1550. Depois duma vida cheia de aventuras na carreira militar, o seu desejo de perfeição levou-o a ambicionar coisas maiores e entregou-se ao serv iço dos enfer m os. Apaixona d o por Deus, viveu esse amor na assistência aos pobres e aos doentes. Fundou um hospita l em Granada e associou à sua obra um grupo de companheiros que mais tarde constituíram a Ordem dos Irmãos Hospitaleiros tendo como missão o cuidado do doente mental.

São João de Deus é o padroeiro dos hospitai s, dos doentes e dos enfermeiros.

Num tempo em que o doente mental era visto com desdém e alvo de preconceitos, este "louco por Deus" doou-se totalmente a cada pessoa incompreendida. S João de Deus viveu o amor de Deus na pessoa do doente. E esse amor, tornado ação, deu sentido à sua vida e é a expressão de que a fé em Deus só é viva quando amamos e servimos os outros .

Vêm aqui tantos pobres, que até eu me espanto como é possível sustentar a todos. Entre todos doentes e sãos, gente de serviço e peregrinos há aqui mais de cento e dez pessoas. Como esta casa é geral, recebe doentes de todos os géneros e condições: tolhidos, mancos, leprosos, mudos, dementes, paralíticos, alguns já muito velhos e outros muito crianças ainda, e por cima disto muitos peregrinos e viajantes, que cá chegam e aqui encontram lume, água, sal e vasilhas para cozinhar os alimentos. Vendo-me tão carregado de dívidas que já mal me atrevo a sair de casa, e vendo tantos pobres, irmãos e próximos meus, sofrerem para além das suas forças e serem oprimidos por tantos infortúnios no corpo ou na alma, sinto profunda tristeza por não poder socorrê-los, mas confio em Cristo.

João de Deus, Liturgia das Horas

S. Vicente de Paulo e a opção pelos pobres

Vicente de Paulo nasceu em 1581, numa aldeia do sul da França Destacouse, desde cedo, por uma notável inteligência e sentido relig ioso da vida. Estudou teologia e foi ordenado sacerdote

Confrontado com tanta pobreza em contraste com a riqueza de poucos, Vicente começou a distribuir bens aos pobres e a fazer visitas aos enfermos nos hospitais.

Naquele período, a marinha francesa estava em expansão e, para resolver o problema da mão de obra necessária para o remo, era costume a condenação às galés. Vicente empenhou se nesta missão lutando por mais dignidade para estes prisioneiros que viviam em condições sub-humanas. Vendo o abandono espiritual dos camponeses, fundou a Congregação da Missão, para evangelização do «pobre povo do interior».

Inspirado pelo seu amor a Deus e aos mais desamparados, S Vicente de Paulo concretizou muitas obras de amor e fraternidade. A sua vida é uma história de doação aos irmãos indigentes e é um hino de amor a Deus. O pai dos pobres inspirou as Conferências Vicentinas que, espalhadas pelo mundo inteiro, vivem permanentemente o amor a Deus na ajuda aos mais carenciados

Se procvrardes a. Devs, -encontrá.-lo-eis por toda. a. parte... na. pessoa. do pobre.

Amemos a. Devs, irmãos, amemos a. Devs . Ma.s qve com o svor do nosso rosto -e o -esforço dos nossos bra.ços.

11. Identifica o que significa ser cristão para São Vicente de Paulo, a partir das suas frase s.

S Vicen t e de Pa ul o

Aristides de Sousa Mendes do Amaral e Abranches nasceu em 1885, em Cabanas de Viriato, Viseu. Licenciou-se em Direito e, depois de ter exercido funções diplomáticas em várias cidades, foi nomeado cônsul em Bordéus

As forças nazis de Hitler tinham entrado em Paris e uma multidão de pessoas fugira para o sul, esperando deixar a França O destino era Bordéus, onde um visto portuguê s podia assegurar-lhes uma passagem até Portugal , que era um país neutro; dali talvez pudessem obter uma passagem para a América

Salazar, no entanto, tinha ordenado às embaixada s portuguesas que não emitissem passaportes ou vistos a determinados grupos de pessoas, entre os quais os judeus e os exilados políticos portugueses. Aristides , com grande compaixão, decide desobedecer às ordens de Salazar concedendo vistos de forma indiscriminada e gratuita a cerca de trinta mil pessoas, de modo a salvar o maior número pos sível de refugiados das mãos sanguinárias do nazismo Cerca de dez mil desses refugiado s eram judeus.

« T-ertio de salvar 'fStas pessoas. quantas -ev puder Se desobedeço a. crdens. prefiro -estar e001 Deus -e centra. a; M-nenç do qve C()'T) a; M-nenç -e centra. Deus »

Homem profundamente crente, Aristides sentiu o apelo de Deus ouvindo a sua consciência, dialogando com a sua família e inquietando-se com os dramas humanos que presenciou.

O Alto Comissariado para os Refugiados da Sociedade das Nações calculou que nesse verão de 1940 tenham entrado em Portugal quarenta mil refugiados. Na sua casa em Cabanas de Viriato, Aristides recebeu dezenas de refugiados.

Aristides de Sousa Mendes e a obediência à própria consciência

Como consequência da sua desobediência ao governo, foi chamado a Lisboa, demitido das funções diplomáticas e proibido de exercer a profissão de advogado. Teve de vender todos os seus pertences pessoais para alimentar a sua família. Morreu na penúria em 1954.

Saber

Em 1967, em Nova Iorque, o Yad Vashem, organização judaica para a recordação dos mártires e heróis do Ho locausto, homenageou Aristides de Sousa Mendes com a sua mais alta distinção: uma medalha comemorativa com a inscrição do Talmude: «Quem salva uma vida humana é como se salvasse o mundo inteiro». Disseram então: «Como judeus salvos por um homem justo, é nossa obrigação recordar a sua vida, a bondade de um homem que, contra tudo e todos, na sua época, lesou a si mesmo para salvar outras vidas».

12 . Como avalias, do ponto de vista ético, o facto de Aristides de Sousa Mendes ter desobedecido à lei vigente e de se ter prejudicado a si próprio para salvar outras vi das?

13. Como vivenciou Aristides de Sousa Mendes o seu amor a Deus?

Papa João XXI 11 e a compreensão do mundo moderno

Ângelo Giuseppe Roncalli papa João XXlll, o «Papa Bom» nasceu em 1881 numa aldeia do norte de Itália, de uma família numerosa de humildes trabalhadores agrícolas.

Pela sua capacidade de diálogo e pela sua humildade, foi escolhido para ser diplomata do Vaticano, ou seja, representante do papa em vários países . Cultivou relações respeitosas com todos, num espírito de tolerância e aco lhim ento. Manteve permanentemente na sua vida diplomática uma atitude de simplicidade evangélica, inclusive nos assuntos mais complexos .

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) salvou muitos judeus. Como embaixador do Vaticano concedeu permissão de trânsito para que pudessem viajar e saírem dos países onde eram perseguidos.

Em 1958 foi eleito papa, escolhendo o nome João (XXlll), em homenagem a São João, o apóstolo e evangelista do amor.

Foi um papa empreendedo r, corajoso, simples e cordial. Recebeu pessoas de todas as nações e crenças e cultivou um extraordinário sentimento de acolhimento para com todos. Sustentava-o um profundo amor a Deus e aos outros. Os seus gestos irradiavam a paz de quem confia profundamente em Deus

14. Refere dois gestos de solidariedade do papa João XXlll.

Visitou e confortou crianças gravemente doentes internadas em hospitais. Numa visita a uma cadeia conseguiu criar um ambiente familiar e ao apresentar-se aos reclusos dizendo "sov Ângelo. vosso irmão. Aqvi , na. pnsô'.o. -esta.mos na. Ca.sa. do Pai . Pvs os meus olhos nos vossos olhos. coloqvei o meu cora.çô'.o junto OD vosso cora.çô'.o."

Com as suas palavras e os seus gestos simples, conseguiu transmitir a misericórdia de Deus para com os presos.

Preocupou-se com a condição social dos trabalhadores, dos pobres, do s órfãos e dos marginalizados.

Preocupado com o afastamento da Igreja em relação à sociedade, foi o impulsionador de uma grande reforma na Igreja Católica: o Concílio Vaticano li (1962-1965). Este acontecimento provocou uma renovação da Igreja e da sua relação com o mundo, através da recuperação da mensagem originária de Jesus Cristo (o regresso à essência do cristianismo)

o.o voltarem para. ca.sa. -encontrarão a.s vossas crianças. Deem a. co.da. vma. delas vm beijo CJJ vma. carícia. -e digam lhe: "Este o beijo do papa.·. Talvez a.s -encrntrem com aJgvrna. lágrima. por -enxugar T-enham vma. pala.vra. de consolo para. rodos o.qvdes qve sofrem. Saibam os a.flitos qve o papa. -está. com os s-evs filhos. sobretvdo na.s hora.s de tristeza. -e de amargvro.. E peço vos: vamos amar nos vns aos CJJtros. s-empre cheios de confiança. -em Cristo qve nos ajuda. -e ros -escuto. »

Charles de Foucauld e a entrega no silêncio

Charles Eugene de Foucauld nasceu na França em 1858 Ficou órfão de pai e mãe ainda criança Herdeiro de uma enorme fortuna, delapidou-a rapidamente no jogo e em excentricidades. Como militar percorreu a Argélia e Marrocos em projetos de investigação para a Sociedade Francesa de Geografia.

Uma prolongada reflexão sobre a vida espiritual conduziu-o a uma conversão súbita que o fez ingressar num mosteiro Ordenado sacerdote em 1901 regressou à Argél ia e levou uma vida isolada do mundo. Aprendeu a língua e as trad i ções dos povos do deserto do Saara.

A decisão que levou Charles de Foucauld a viver com os tuaregues (nómadas do deserto) foi motivada pelo seu total despojamento, amor radical e entrega aos outros. Os tuaregues chamavam-no «marabuto branco», que significa homem de oração ou homem de Deus. Através da sua vida, manifestou a presença de Deus, completamente comprometido com os pobres e com as pessoas de outras religiões

Foi assassinado por assaltantes em 1916. O papa Bento XVI beatificou-o em 2005.

doAba dono

Meu Pai, Eu me abandono a ti, Faz de mim o que quiseres. O que fizeres de mim, Eu te agradeço.

Estou pronto para tudo, aceito tudo. Desde que a tua vontade se faça em mim E em tudo o que tu criaste, Nada mais quero, meu Deus.

Nas tuas mãos entrego a minha vida.

Eu te a dou , meu Deus , Com todo o amor do meu coração, Porque te amo

E é para mim uma necessidade de amor dar-me, Entregar-me nas tuas mãos sem medida Com uma confiança infinita

Porque tu és .. .

Meu Pai!

Charles de Foucauld

Os exemplos destas pessoas que emprestaram a sua própria vida a Deus vivendo-a como doação em favor dos outros «Quem guarda a própria vida para si, perde-a, mas quem a entrega, ganha-a» são testemunhos de vidas com sentido.

+,15. Comenta a afirmação de Charles de Foucauld: «Logo que descobri que existe Deu s, entendi que não podia fazer outra coisa a não ser viver por ele.»

Cárltas

Portu guesa

1nstitu ições cristãs empenhadas no bem comum

São muitas as organizações que se dedicam, em nome de Deus e a partir da experiência crente, a fazer o Bem e a afirmar a dignidade da vida humana.

A Cáritas é uma organização humanitária da Igreja católica presente em mais de duzentos países De forma coletiva e individual a sua missão é trabalhar para construir um mundo melhor, especialmente para os pobres, oprimidos e os que vivem situações de precariedade pontual ou contínua.

Esta organização, constituída por homens e mulheres de boa vontade, procura v iver o amor a Deus no serviço ao outro. Rege- se pe la dout rina social da Igreja e orienta a sua ação de acordo com os imperativos da caridade, dando resposta às situações mais graves de pobreza , exclusão socia l e situações de emergência em resultado de catástrofes naturais ou calamidade pública .

V · - · t d t · 1· d d c, ,\oICentínas sao um mov1men O e ca O ICOS que Se e ICa, e}· so b o l ema da justiça e da caridade, à realização de iniciativas destinadas a promover o bem do próximo, v em particular dos social e economicamente mais (l) desfavorecidos.

Tiveram origem em 1813 com Frederico Ozanam, que deu início a uma obra de ajuda e de bem fazer àqueles que v ivem em situação de miséria e precariedade social.

A grande referência da vivência da caridade é, tal como o nome indica, S. Vicente de Paulo que trilhou um caminho de ded icação radica l aos pobre s e às várias misérias humanas

As Conferências Vicentinas , reúnemse sema nalmente para debater e sugerir maneiras de atender as famílias carentes. " Formar uma rede de caridade de ajuda ao próximo" é o grande desafio desta instituição que alivia o sofrimento dos pobres e incentiva a promoção da dignidade humana, tornando, assim, bem visível o amor de Deus.

As Conferências de S. Vicente de Paulo ou Conferências
• , .

As Misericórdias nasceram do preceito cristão da caridade, expresso nas 14 obras de Misericórdia: sete espirituais (mais orientadas para questões morais e religiosas) e sete corporais (relacionadas, sobretudo, com preocupações materiais).

7 espirituais:

7 corpora is: Ensinar os simples

Remir os cativos e visitar os presos Dar bom conse l ho Curar e assistir os doentes Corrigir com caridade os que erram Vestir os nus Consolar os que sofrem Dar de comer a quem tem fome Perdoar os que nos ofendem Dar de beber a quem tem sede Sofrer as injúrias com paciência Dar pousada aos peregrinos Rezar a Deus pelos vivos e pelos mortos Sepultar os mortos. http://www.ecclesia.pt/cato li coped ia/

O espírito de misericórdia converte-se em ação organizada através da rainha D Leonor (1458 -1525 ), viúva de D João li. A rainha instituiu a Irmandade de Nossa Senhora da Misericórdia , com "cem homens de boa fama e sã consciência e honesta vida", assumindo o compromisso de apoiar os mai s desfavorecidos e levar a cabo as 14 obras de Misericórdia .

Saber

Fundada em 1498, a Santa Casa da Misericórdia de Li sboa, primeira ONG do mundo, procura a realização da melhoria do bem estar da pessoa no se u todo, prioritariamente dos mais desprotegidos. É conhecida pela sua ação social desenvolvendo também um importante trabalho nas áreas da saúde, educação e ensino, cultura e promoção da qua l idade de vida.

As mi ser icórd ias, espalhadas por todo o país, reúnem milhares de pessoa s que, em irmandade, aliviam o so frimento de muito s e manifestam o amor misericordio so de Deus

Rainha Don o Leonor, José Malhoa (1855 1933)
SJ\NTJ\ CASA

coninho

O Ninho é uma In stituição Particular de Sol i dariedade Social, que tem por objetivo a promoção humana e social d e mu l heres v ítima s de prostituição .

O Ninho conhece , anali sa e intervem na prostituição de rua e noutros locais de prostituição

Tem uma intervenção séria e coerent e na denúnc ia da prostituição, das suas causas e con sequências e no acolh i mento e apoio às mulheres e famíl ias vítimas de ex ploração sexual.

1 6 Fa z uma p es quisa sobre in stituiç ões de origem reli gi osa empenhada s no bem co mum e anota o contributo de cada um a del as na t ransform ação d a socieda de

Que a prostituição é uma violação dos Direitos Humanos, uma exploração que decorre das injustiças e desigualdades sociais.

Que não se combate a prostituição com medidas coercivas, mas por uma política social global, uma transformação das estruturas e uma mudança de mentalidades

Que a prostituição é uma empresa comercial gigantesca que despreza a dignidade humana em nome da rentabilidade financeira

Que se reprima realmente o proxenetismo organizado

Que legalizar a prostituição é legalizar máfias e organizações criminosas que traficam crianças, mulheres e jovens tornando-os escravos dos tempos modernos, apoiando a violência institucionalizada pelo Estado, tornando o proxeneta pactuando com criminosos.

http ://www.oninho pt/content/oninho/pri nc ipios. htm

O N inho foi fundado em Port uga l no ano de 1967, seguindo o modelo do Ninho francês instituído pelo padre Andr é Marie Talvas, em 1936 Nasceu a partir das necessidades sentidas pelas mulheres prostituída s. Estrutura uma metodologia de intervenção que se vai adequando às realidades Conhecer o meio da prostituição e os seus agentes foi o i n ício de uma intervenção inovadora que, na década de sessenta, poucas pes soas compreendiam.

Em 2003 a Assembleia da República Portugue sa atribuiu o prém io d i reito s humanos ao Ninho.

Tudo o que não cresce, decresce e arrisca-se a desaparecer. Este parece ser um princípio básico da vida. Não há meio termo, ninguém fica de fora desta realidade. Se deixo de investir numa relação, ela não se aguenta; se não dou continuidade à minha formação, deformo-me inevitavelmente, e por aí fora E quem não continua a investir na fé e no amor, corre o risco de perder ambas as coisas Vasco Pinto Magalhães (teólogo contemporâneo) , Não Há Soluções, Há Caminhos

Concede-nos que nos lembremos sempre que tu também falas quando te calas. Enquanto esperamos a tua vinda, dá-nos também esta confiança: Tu calas-te por amor e também falas por amor. Assim, quer te cales, quer fales, és sempre o mesmo Pai, o mesmo coração paternal, quer nos guies com a tua voz, quer nos eduques com o teu silêncio.

Kierkegaard (filósofo e teólogo dinamarquês do séc XIX)

que Deus atua no mundo através das ações e do testemunho de pessoas que ousam confiar nele e se emprenham na transformação da sociedade e no bem comum.

Deus real s-e Se manifesta. no hoje.

Deus -estci -em ioda. a. parte.

Existe a. +enta.çâ'.o de procurar Deus no possa.do CJJ no fvtvro.

Mas o Deus "concreto• hoje.

Popa. Francisco

1. Ind ica o s nomes que conhece s e pelos quais Maria é evocada e venerada em Portugal. Ex .: Nossa Senhora de Fátima

Olá1 Sov Ham, a. ma-e de J-esvs S-er ma-e foi a. grande opção do mev PROJETO DE VIDA.

Nasci -em da. Galileia. De a.cardo com o cosivme judaico de -entõ.o, a.os três aros os mevs pais Joaquim -e Ano.. teva.ram-me a.o tempb de J-ervsalém pa.ra. me conso.grClI'em a. Devs. Depois -ensino..ram- me a. confiar nele.

O povo jvdev ansia.va. peb Messias, o Salvador. E Devs -escolheu-me pa.ra. s-er a. mõ.-e do Messias -esperado.

Ev -era. ainda. mvito jov-em qva.ndo Devs, a.tra.vés do anjo Gabrtel, me convidov a. a.c-eitar -este projeto. Abrindo o cora.ção a.o s-ev convite. dei-lhe o mev "sim" incondicional. Foi -entõ.o qve começov a. mima. a.v-entvra. no misitrio da. vontade- cle--eM

N"'a.o penses qve foi fá.cil! Ev não linha. absoluto.. c-erteza. do qve me -esto.va. a. a.contec-er. Foram rromentos pa.riicvlarmente difíc-eis de dúvida. -e perplexidade . Mas a. gra.ça. de Devs -esto.va. -em mm -e com a. sva. força. decidi orientar toda. a. mma. Uberdo.de pa.ra. a. reruza.ção do projeto ben-evolente de Devs . Fvi descobrindo o mev fvtvro a.tra.vés de vm processo interior. Fé, disponibilidade, humidade, proniidão. ora.ção -e doa.ção foram as a.iitvdes qve ma.rca.ram todo 't'.SS'e percurso.

Foi assim qve me torn-ei pa.rte integrante da. hisiória. da. rela.ção de Devs com a. hvmanido.de: a.colhi o Filho de Devs -e -eniregvei-o a.o r:nvndo.

N-esto. unido.de leiiva. -em qve vais re-fteiir sobre o tev projeto de vido., procura. -estar a.tento a.os sinais da. vida. -e à. voz da. iva. consciência. Não tenhas medo -e ovsa. da.r s-eniido à. iva. própria. Coragem!

Saber

Em 25 de março de 1646, nas Cortes de Lisboa, D. João IV proclamou Maria Padroeira de Portugal , sob o título de Nossa Senho ra da Imaculada Conceição . No mundo inteiro, a devoção e o cu lto a Ma r ia têm sido expressos em todas as de arte. Pa.ra da pintura e da escu lt ura de todos os tempos, são inumeras as obras li t erarras e musicais dedicadas à M ãe de Jesus.

Comecemos por recordar o tempo de infância, um tempo em que germinam tantos projetos. Lembras-te das brincadeiras do faz de conta?! Brincar aos bombeiros , aos pais e mães, aos heróis Brincar ao faz de conta é o primeiro exercício de olhar a vida como uma dádiva po sta ao serviço dos outros, motivada pela resposta a questões e desejos de presente e futuro: o qve qveres ser quando fores crescido(a.)?

Hoje somos crescidos e a pergunta persegue-nos: "O que quero ser?"

Uma das metáforas mais utilizadas para falar da vida é a de um projeto que na sce com cada pessoa e que se concretiza nas diferentes fases de crescimento, cujo objetivo é a experiência da felicidade. Associada à imagem de projeto está também a de caminho O projeto pessoal de vida é um apelo constante a caminhar, a libertar-se da in ércia e do co modismo que a nada conduzem, para percorrer itinerários com objetivos traçados, sendo o mais importante a realização pessoal.

2 Que outras palavras associas a " projeto"? Regista-as e partilha-as com os colega s, os quai s farão o mesmo. Desta partilha , quais as palavras que mai s vezes se repetem?

Apalavra deriva do latim e significa «lançar para a frente», sugerindo movimento, ação, uma trajetória que se visualiza no tempo e no espaço, com um ponto de partida e outro de chegada. Envolve também a construção de algo novo e a transformação da real idade presente, sugerindo a i de i a de futuro .

A definição de projeto mistura um conjunto de verbos e substantivos dela decorrentes e com ela relacionados: a v AL &...,

OBJETIVOS

PI..ANIFlICAR ESTRATÉGIAS REALIZAÇÃO

Por outro lado, é um termo utilizado em diferente s áreas da atividade humana Uma obra de engenharia, por exemplo, nasce sempre de um projeto, que mais não é do qu e a concretização de ideias e intenções organ i zadas para servirem determinados fins

um projeiü consiste no. definição de vrn coojunto de objetivos o. o.t;rqr: bem no. planifico.çã.o de -esiro.tél}OS -e o.tivido.des qve visem o.tirv.jr os objetivos

Há projetos pessoais e há projetos coletivos. Pessoais : passar de ano, tirar um curso superior, exercer determinada profissão, casar, ser missionário; coletivos : projeto educativo de um agrupamento de escolas, clube de futebol, associação de estudantes, etc

A nível pessoal podemos interrogar nos: projeto ou projetos? A minha vida envolve e é envolvida por um projeto ou é a experiência progressiva de d iferentes projetos consoante o crescimento e a matur idade pessoais?

UH PROJETO

É vrn proc-esso qve nos permte aptico.r ideias no. -tro.nsfomlo.çã.o do. reaJido.de. o.iro.vés de -e o.ções coocreto.s;

. T-em corno objetivo aJterar o. reaJido.de pessoaJ ov social;

· Coocretizo.-se nvrn determinado cootexto sociaJ. -espo.ciaJ -e temporaJ;

· Permite qve as pessoas aprendam -e cresçam -experimentando.

· R-esvHa. de urna. o.tivido.de pruoaJ ov cofetiva, qve obedece o. vrn plaro previam-ente -estabelecidO;

· Inclui vrn proc-esso o.vaJio.tivo cenira.do na. rela.çã.o -entre o.s ideias, as o.ções -e o produto fi naJ.

O projeto de vida de cada pessoa ganha um significado especial porque se relaciona com o dom da vida e o valor e dignidade de cada ser humano Pensar o projeto de vida pessoal não pode ser equiparado aos dema is projetos da atividade humana. Tal como cada pessoa é or ig inal , única e irrepetível, também o seu projeto de vida assumirá esta grandeza e importância.

A vida pessoal não se limita a um somatório de vivências sem relação entre si. E muito menos é o resultado de um conjunto de ações com vista à simples sobrevivência. Não chega repetir diariamente os mesmos atos e comportamentos: comer, estudar, praticar desporto, descansar, estar com amigos, ir a concertos, "estar ligado" às redes soci ais ... É necessário definir um projeto de vida que ultrapa sse o âmbito re st rito da mera sobrevivência. Neste contexto todos temos a capacidade humana de , no exercício da liberdade, tomar decisões e percorrer caminhos que dão um sentido à vida.

Neste caminho pessoal, incluem-se a alegria da relação, o risco da aventura, enveredando por caminhos ainda não percorridos, e, muita s vezes, o sofrimento provocado pelos fracassos. Os objetivos que cada pes soa traça, no seu projeto de vida pa ssa m pela consciência de que ninguém pode caminhar isolado quando a finalidade última é a procura e vivência da felicidade Tal finalidade só se alcança de mãos dadas com o s outros, nossos irmãos na grande aventura da vida.

3. Re sponde às questõe s enunciadas. As respostas poderão ser dada s através de uma fotomontagem com o título "EU, Projeto"

Estas e muitas outras questões são já um primeiro passo na definição de um projeto de vida. Sem nos conhecermos a nós próprios não estaremos aptos a traçar um projeto adequado à nossa situação concreta. Encontrar as respostas para estas perguntas é um momento essencial na definição das linhas principais do próprio projeto de vida. Mas essas respostas remetem para uma multiplicidade de projetos de vida alternativos Impõe-se, portanto, um conjunto de escolhas .

O qve me faz s-eniír feliz? QU.QiS QS ft\ir"\hQS qu.GlidGdes e Gptidões?

COMO SEREI DAQUI A VINTE ANOS?

Bom. daqui a. vinte a.nos... nunca. tinha. pensa.do nisso a.cho qve s-erei parecida. com o qve sov rupra. mas já. -esttl!'ei casa.da. -e talvez já. tenha. sido ma-e. .S-empre sonhei ter de lhes dar nomes invvlgo.res mas bonitos. Penso qve o meu marido trunbbn s-eró. da. área. das ctências. mas médico não. pois não iria. estar muito tempo -em casa.

Gostaria. de irnbahar num klbomttA-io. Descobrir a. cura. para. doenças. melhorar a. vida. das pessoas qve naJgvm momento ficaram infeto.das -e qve fuJvez jó. temam perdido a. -esperança. Gostaria. de s-er famosa. devido OD meu trabaJho. de s-er um para. os jov-ens -esivdan+es. E porqve não scrllar com o Prénio Nobel?

JuigJ qve não -esttl!'ei -em Portvgal. Talvez viva. nos Esfudos Unidos da. América. nvma. cidade ou -entilo numa. povoa.çã.o mais ca.lrna.

Aminha. família. deveró. estar ioda. perto de mim. O meu pai -e a. minha. ma-e -estarão a. cpzar a. vida, a. viajar pelo mundo -e a. cuidar dos n-etinhos Omeu irmão s-eró. um arfato. de rerome -e respeito.do, -estaró. talvez casa.do -e com fihos . Amirha. irmã a. a.cabar o curso ou. -entilo. jó. -estaró. a. trabahar. Neste roomentv ainda. não sei an c-erto o qve -ela. qvereró. s-egvir. mas dec-erto hó. de qverer -enveredar por o.Jcp qve +ema. a. ver com filmes Sereroos uma. famia. 9"'ande -e feliz. Aos doITTrq>s -encontrar-nos-emos para. o alrooço de família. O Na.tal s-eró. s-empre ITTJito festivo -e harmonioso. As crianças adorarão abrir os presentes -e o meu pai s-eró. o Pai Na.tal.

Hei de +er muitos conhecidos -e amicps. mas terei um grupo restrito de amicps ntimos. Dar-ros-emos filo bem qve talvez saibaroos ivdo sobre os outros. Conhec-er- nos-emos melhor do qve sa.beremos quando aJgJm de nós -está bem ou mal, quando o.Jgvém precisa. de ajuda. O meu marido -estaró. incluído neste 9"'upo, nã.o foss-e -ele o meu melhor amicp.

Para. c0t1S't'.gvir chegar onde pretendo terei dec-erto de -em mim mesma. N"ngvém t s-em +er a.vtvconfiança, garro. o Prémio Nobel do pé para. a. mão. T-erei de trabahar muito, mas devido OD meu -esforço constante -e honesto hei de obter a. recompensa. qve mereço.

Adolescente de 15 anos

A Vocacão

É comum ouvirmos falar de vocação como o exercício de uma profi ssão: «a minha vocação é se r médico », «tens vocação para mecânico», «a minha mãe diz que tenho vocação para ser enfermeira» A vocação pessoal, no entanto, não se limita ao exercício de uma atividade profissional. O projeto de vida pe ssoal, ou vocação, realiza se no exercício de diversas funções , profissionais ou não, na vivência de determinados estados de vida, na tomada de opções pessoais quanto à maneira de orientar a própria existência.

aber

O termo vocação provém do verbo latino vocare ( «c hamar »), remetendo para a ideia de chamamento divino dirigido a cada ser humano, o qua l inicia com a própria vida: Deus chama-nos a existir. A vocação passa pelos valores e opções que assumimos, pelo estado de vida que abraçamos (ser casado, ser celibatário entregando-se a uma causa) e, naturalmente, também pela escolha de uma profissão

Na perspetiva cristã, quem chama é Deus, o úni co capaz de entrar na vida de cada pessoa. Quando um adolescente ou jovem se questiona so bre qual o seu maior de sejo para a sua vida , a resposta i mediata é a felicidade Esta é a vocação universal que mora no íntimo de cada ser humano e que necessita de toda uma vida para se poder reali zar. Os cristãos exprimem este desejo universal de uma outra forma:

a. voca.ção de qualqver pessoa. t ser santo, vivendo -em c:OtilVtlhão com Devs, qve t amor, fazendo o bem a. todos

Enquanto chama m e nto, a vocação espera de cada pessoa uma resposta , qu e passa por um projeto de vida A vocação só se realiza se cada pessoa descobrir os seus talentos, as suas qualidades e aptidões e os mobilizar para construir-se quotidianamente na sua vida e na vida dos outros.

( •

É 0 modo c

c Yeto c

do.mos 0 pYópYio. v1do. .

sempYe po.YO. o e vo.i-se yeo.lizo.ndo no em co.do. do. vido.

É 0 O. relicidade qúe Deus

Çaz o. cada pessot::i e a livYe e consciente que co.dt::i um é cht::imt::ido t:1 dt::iY.

Vocação

( o que pensas tu ?)

Ao longo da vida, são vários os momentos em que é nece ssár i o tomar decisões face ao projeto vocacional. Começa no ensino básico, continua num curso técnico ou na universidade e prolonga se durante a v i da na carreira pessoa l e profi ssi ona l.

O exercício de uma atividade profissional poderá proporcionar maior ou menor autorrealização e felicidade. Em parte, a realização profissiona l depende do facto de termos tomado as opções corretas no tempo oportuno . Há momentos em que temos de escolher o caminho a percorrer e a profissão pela qua l havemos de enveredar no futuro.

É a niaheir-a conio r-espohdenios às hossas as_piYações niais pY-ottmdas e aos hossos sonhos de Pelicidade .
on
omo

Recomeça

Se puderes,

Sem angústi a e sem pressa. E os passos que deres, Nesse caminho duro

Do futuro, Dá-os em li berdade. Enquanto não alcances Não descanses.

De nenhum fruto queiras só metade. E nunca saciado, Vai colhen d o Ilusões sucessivas no pomar. Sempre a sonhar E ve ndo

Acordado,

O logro d a av entura, És homem, não te esqueças!

Só é tua a loucura Onde com lucidez te recomeças. Miguel Torga (1907-1995) , Diário, XIII

A vocação pessoal descobre-se olhando para si e para as necessidades do mundo . O medo, o egoísmo, o consumismo, a preguiça, não são critérios de escolha adequados Olhar com lucidez para aquilo que se é, procurar se r competente no que se faz, ser fiel às opções importantes que se tomaram, ser persi stente e se re no são atitudes indispensáveis à descoberta e ao desenvolvimento de uma vocação.

A escolha de uma vocação está intimamente ligada à felicidade pessoal: contribui para a felicidade das pessoas que nos rodeiam; imp lica o desenvolvimento e en r iquecimento da sociedade . A vocação de cada um é sempre um proj eto e m constru çã o . E é caminhando que se descobre e faz o caminho.

Há duas maneiras de nos posicionarmos na vida: deixarmo- nos condu zir por ela ou sermo s n ós a conduzi - la

Qve dignidade a. nossa. se permitimos qve a. vida. se nos imponha. sem qve nós nos imponhamos a. -ela.?

Qve dignidade a. nossa. se somos jogvetes nas mãos de influências alheias -e vivemos a.o sabor da. propaganda. -e da. moda. ov da. disposiçã.o pessoal do momento?

Ter um id eal , seguir uma vocação não é ter uma fantasia ou um sonho absurdo; é a antecipação de uma realidade futura . Um ideal é uma tomada de posição frente à vida; é uma decisão que orienta todas as d ecisõe s. Quem tem um ideal compromete-se consigo e com os outros, constrói a sua personalidade, que não é neutra nem indiferente perante os valore s, governa a sua vida e é senhor do seu destino

4. Co m enta a seguinte afirmação : "A vida sem obj etivo s, sem idea i s, é simples m ente absu rda "

O camaleão é um excelente professor. Observem-no de perto.

Qualquer que seja a direção que escolhe, não muda. Faça o mesmo. Tenha uma meta na sua vida e não deixe que nada nem ninguém o distraia.

A cabeça do camaleão nunca mexe, mas os seus olhos mexem-se constantemente Não lhes escapa nada. O que significa: descubra tudo o que conseguir. Nunca pense que é a única pessoa no mundo. Onde quer que esteja, o camaleão adapta a sua cor consoante o meio Isto não é hipocrisia Significa, sim, ser tolerante e também ter competências sociais. A confrontação não leva a lado nenhum. Não nascem resultados construtivos de uma batalha. Devemos sempre tentar perceber os outros. Nós existimos e devemos aceitar que os outros também existem.

Quando o camaleão se mexe, levanta as patas e hesita. Isto significa caminhar com cuidado. Quando se mexe, agarra-se bem com a sua cauda se perder a base, ainda se consegue agarrar Protege a sua retaguarda. Por isso, faça o mesmo: não aja por impulso

Quando o camaleão avista a sua presa, não a ataca com um salto, mas usa a língua. Se a conseguir alcançar com a língua, melhor; caso contrário, recolhe a língua e ninguém sai prejudicado. O que quer q u e faça, faça-o com cuidado. Se quiser fazer algo duradouro, seja paciente, seja bom, sej a humano.

Arnadou Harnpaté Bâ (1901 1991)

que é fu n damental sabe r qu em sou e que definir um projeto de vida pessoal conduz-me à f elicida d e

A felicidade é a vocação fundamental do ser humano, a sua prime i ra inclinação objetivo último da sua existência, para a qual apontam todos os seus esforços.

A nossa vida está repleta de decisões importantes, umas fund a m entais, outras nem tanto; umas conscientes, outras inconscientes. Mas em cada uma delas jogamos a nossa felicidade. Aquilo que somos e seremos no futuro depende das vicissitudes da vida , mas em maior grau das nossas escolhas, do que tivermos decidido se r e fazer. Todos imaginamos como gostaríamos de ser e o que fazer da vida , ou seja, que projeto de vida queremos para nós.

Se r f eliz é o maior projeto de cada pessoa Mas quantas vezes as nossas opções concretas contradizem este grande projeto!

Cada um de nós é um projeto : projeto de alegria, de beleza , de felicidade. Somos nós os verdadeiros artistas (escultores) da nossa própria vida e da nossa felicidade. E não podemos delegar nos outros esta missão, permitindo que nos moldem a seu bel-prazer! Somos chamados a dar forma à nossa própria vida , fazendo as escolhas que nos tornarão livres e felizes.

Nas pedreiras de Carrara (Itália), encontraram um bloco de mármore de extraordinárias dimensões. A pedra era tão perfeita que não quiseram quebrála. Conservaram na inteira, pensando que alguém pudesse extrair dela algo excecional.

Chamaram os melhores escultores, mas nenhum quis encarregar-se do projeto. Algum tempo depois, Miguel Ângelo deparou-se com este enorme pedaço de mármore Observou a pedra e imediatamente viu que o rei David morava no seu interior. Decidiu então trabalhar neste novo projeto. Utilizando os instrumentos necessários, começou a extrair todos os pedaços de mármore que encerravam a escultura. Pouco a pouco, o seu David foi tomando forma. Toda a sua beleza, que só Miguel Ângelo conhecia enquanto esteve oculta no enorme pedaço de mármore, apareceu, imponente, aos olhos de todos.

Sentimo-nos atraídos por diversas realidades e valores que podem construir-nos enquanto seres humanos ou, pelo contrário, destruir no s, apesar de nos oferecerem algum bem estar momentâneo Aprender a distinguir aquilo que conduz à felicidade autêntica e duradoura é uma tarefa urgente. Ir retirando, a pouco e pouco, o pedaço de pedra que esconde a beleza que somos, libertarmo -nos daquilo que está a mais ou que em nada contribui para a nossa plena realização, organizar a vida de maneira consciente, segundo uma escala de valores que nos faça crescer enquanto pessoas em todas as suas dimensões é um trabalho sempre inacabado que durará a vida toda! A construção da nossa persona lidade é tarefa de todos os d ias, por meio dos nossos projetos, da s nossas decisões (por mais insignificantes que possa m parecer!) e das ações que realizamos.

Não somos, contudo, seres isolados Preci samos de partilhar a vida com os outros, sobretudo com aqueles que têm projetos semelhantes ao nosso. Sendo nós os artistas da nossa existência, não podemos sê-lo inteiramente sozinhos! Se é verdade que cada um terá de tomar as suas decisões, só no encontro com os outros e com os seus projetos poderemos realizar algo de efetivamente interessante no mundo, tornando pos sível a vivência da felicidade . Caminhando e crescendo juntos, daremos verdadeiro sentido à nossa vida

David, M iguel Ângelo (1475-1564)

[Galeria da Academia, Florença]

NÃO E'XI.STE UH

CAMI NHO PARA

A FELICI DADE.

A FELICIDADE t

O CAMI NHO.

Maha.trno.. Go.ndhJ (18''1 1'1Lf8)

A NOSSA FELICIDADE

DEPENDE MAIS DO QUE TEMOS NAS NOS SAS CABEÇAS DO QUE NOS NOSSOS BOLSOS .

Arthvr Sc ropernauer (1788-18W)

5. Em grup o, com e nta a a firmaç ão d e Sch o p e nhau er

Feliz só será

A alma qu e amar

' Star alegre E triste , Perder-se a pensar, Desejar

E recear

Suspensa em penar, Saltar de prazer, De aflição morrer

Feliz só será

A alma que amar.

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço que a minha vi da é a maior empresa do mundo E que posso evitar que ela vá à falência.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos o s desafios , incompreensõe s e períodos de crise Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e tornar se autor da própria história. É atravessar desertos fora de si , mas se r capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma É agradecer a Deus em cada manhã pelo milagre da vida

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um «não». É ter segurança para receber uma crítica, me smo que injusta

Au gu sto Cury (mé d ico e escr it o r conte mporâ neo) , Dez le is para se r feliz

Joh a nn Wolfgang Go eth e (174 9 183 2) , Ca nçõ es
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Ao olharmos o mundo que nos rod eia, notamos que as pessoas se comportam de maneiras muito diferentes . Aquilo que para algumas é mal , outras consideram no bom! Cada pessoa observa e ju lga segundo o universo de valores que ass um iu no seu projeto de vida.

Chamamos valor a tudo o que tem importância real na existência humana. Se as pessoas não têm todas o mesmo conjunto de valores, a diferença ainda se acentua mais na forma como os hierarquizam De facto, cada pessoa estabe lece uma hierarquia de valores desde o que assume mai or re levância até ao que se revela menos importante confo r me a educação que teve, a época e o ambiente em que vive. Os valore s adotados e a esca la de valores respetiva con stituem uma opção fundamental. Ess a opção condiciona tod as as escolhas, decisões e comportamentos, uma vez que define os princípios pelos quai s cada pessoa se deixa orientar e o ideal de realização pessoal a que aspira.

A no ssa personalidade vai se estruturando e definindo por meio das escolhas que fazemos na vida. A vida humana não está pré-dete rm inada não existe um destino escrito nos astros que nos seja imposto-, somos nós próprios que a construímos, em liberdade, através das opções que tomamos dentro das ci rcunstâncias e m qu e vivemos. Sendo livres, somos plenamente responsáveis pela vida qu e escolhemos viver. E ser r espo nsável implica assumir as consequências das opções toma das (sejam boas ou más) e saber responder por e la s perante nós mesmos e perante os outros.

6. Comenta as dua s "operações matemáticas".

7. Id entifica alguns dos "pecados sociais" que d i ficultam a construção de uma sociedade mais solidária, justa e fraterna . Propõe soluções.

Criado por Deus para a felicidade, o ser humano encontra na sua dedicação ao bem da comunidade em que se insere os meios para realizar essa felicidade pessoal e social. Ninguém pode ficar excluído des sa tarefa permanente.

A crise que atinge o nosso mundo e, em particular, o nosso país e o espaço europeu em que se situa, não é apenas uma crise económica mas também, e sobretudo, uma crise espiritual e moral. Entre outros aspetos, ela traduz-se na relativização de valores e princípios, na perda de confiança num futuro melhor, na demissão em lutar por uma sociedade mais justa e pacífica, no refugiar-se em seguranças meramente individuais e privadas.

O ser humano, entendido como pessoa em comunidade, e os critér ios evangélicos da construção da comunidade, fundada no amor, implicam a urgência em despertar os dinamismos inerentes à pessoa, tais como a confiança e a esperança num futuro com sentido de vida, a participação solidária e o empenhamento responsável pelo bem comum.

Portugal pode ser diferente, com o contributo positivo de todos. Os cidadãos devem ter consciência da sua respon sabilidade no crescimento da sociedade como comunidade. Ao olharmos o nosso país, com os problemas que o atravessam, na perspetiva da edificação de uma sociedade solidária , identificamos algumas atitudes e linhas de comportamento, a que podemos chamar «pecados sociais» e que exigem uma conversão à solidariedade responsáv el na construção do bem comum.

Como seres que se realizam apenas na relação com os outros, não convivemos bem com uma sociedade desonesta e imoral, onde a opção fundamental consiste, essencialmente, em obter prazer para si mesmo. Através das nossas açõe s construímos ou impe dimo s a felicidade das pessoas com quem lidamos, da mesma forma que elas o fazem em relação a nós, através do modo como se relacionam connosco. Temos nas nossas mãos, em cada dia , a responsabilidade de tornar a vida de alguém mais feliz.

No entanto, podemos observar muitíssimas pessoas que não têm condições mínimas para se sentirem felizes, porque lhes faltam os bens essenciais, tanto os bens materiais como, muitas vezes, os bens espirituais (o afeto, o acolhimento, a atenção dos outros).

Carta Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa, 2003

Uma má escolha é uma porta aberta para a infelicidade. Por vezes até sabemo s o que queremos ser ou vir a fazer, só que, dominados pela pregu i ça, não no s esforçamos o suficiente por alcançar ess a meta. E sem esforço nada de verdadeiramente duradouro se pode alcançar. Ac a bamos por ficar pelo caminho E com tal comportamento " cond e namos" o no ss o futuro. É verdade que nem tudo poderá estar perdido. É sempre possível procurar, mais tarde, alterar o nosso itinerário Ma s se tudo for feito no moment o certo , será certamente mais fácil e gratificante .

Participar na construção da sociedade

A participação na vida pública (na escola, na turma, no bairro) é um direito de todos os cidadãos e, simultaneamente, um dever moral. Pert encendo a uma comunidade , não devemos deixar, por mãos alheia s, a definição dos destinos da vida pública. Somos chamado s a intervir ativamente na sua definição.

Há muitas formas de intervenção:

Em campanhas de solidariedade; nas eleições e nas consultas, na escola , em cargos para que fomo s escolhido s; em ass ociações com vista a tornar a sociedade mais justa e humana. Quando adulto, posso e devo partic i par na atividade política e em organizações qu e procurem transformar a sociedade e promover o bem comum.

SABER ENCONTRAR A ALEGRIA DOS OUTROS, É O SEGRE DO DA FE LICI DADE. G-eorges Berno.nos (1888-1'ffi)

SE UH HOMEM NÃO DESCOBRIU NADA PELO QUAL MORRERIA. NÃO ESTÁ PRONTO PARA VIVER.

H Lvther King (1'129-19'8)

A PESSOA

QUE NUNCA ERROU FOI AQUELA QUE NUNCA FEZ COISA ALGUMA. Hichel Qvdst (1'121 1'ff1)

8 Identifica os aspetos da vida em soc iedade que, no teu entender, merecem mais atenção e cuidado. Que contributo poderá s dar?

A solução para os prob lemas que vão surgindo não está , decididamente, em «cruzar os braços», adotando uma atitude passiva e permitindo que o mundo aconteça , à nossa volta, sem o nosso contributo. Empenho na educação esco l ar, informar-s e, formar-se e intervir, u sando todas as possibilidades leg ítimas ao alcance, contribui para a realização pessoal e o desenvolvimento da democracia, a valorização do debate de ideias e a promoção de novos modos de vida .

A mudança acontece, antes de mais, em cada pessoa e alcança a sociedade quando se unem esforços pelo bem de todos Ser empreendedo r na construção da soc i edade é um desafio que nasce no coração e vontade de cada pessoa em fazer da sua vida um projet o dife rent e, ún ico e admirável.

Ac ms sm 110

O trabalho é uma vo cação i nerente ao ser hum ano, é participação na obra criadora de Deus, é r ea lização da pessoa humana n a sua d ignidade em solidariedade efeti va co m os o utros seres h uma nos. O trabalho é um a d i m ensão fu nd amental da ex i st ê ncia h u m ana so bre a te r ra.

Carta Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa, 2003

que u m projeto de vida pessoa l que conduza à felicidade necessita de ser orientado por va lo r es p r omotores da vida e da dignidade das p essoas.

A vida é entendida, pelo s crentes, como uma dádiva de Deus, marcada por experiências de encontro: na oração, no afeto, na partilha, na alegria, na amizade, no serviço, na justiça. O grande projeto de Deus é a humanidade, é a felicidade de cada um e de todos .

Éa fé em Deu s que sustenta a vida de muitas pessoas e que as motiva a confiar, a ter esperança e a testemunhar um projeto de salvação e não de perdição. Abraão e S. Paulo são doi s destes testemunhos que merecem ser conhecidos.

O orojeto de Abraão

Abraão viveu no século XIX a.e. no Próximo Oriente Antigo. Nesse contexto histórico e geográfico eram comuns as migrações de povos em busca de melhores condições de sobrevivência. A vida destes povos, que dependia da sua harmonia com a natureza, era constantemente ameaçada por forças imprevisíveis. Incapazes de exercer qualquer influência sobre essas forças, os povos prestavam-lhes culto, procurando aplacar os fenómenos naturais divinizando-os (politeísmo) Cada grupo tribal adorava os seus deuses exprimindo, na devoção que lhe s prestava, o seu medo e as suas aspirações de vida. Abraão era um homem perfeitamente integrado neste ambiente: prestava culto aos deuses que herdara do seu pai, Taré.

Porém, na sua inquietude humana e religiosa, experimentou a presença de um Deus único e invisível, que não se confundia com nenhuma força natural (monoteísmo). Tratava-se de uma presença benevolente, viva e ativa. Pouco a pouco, foi descobrindo o "rosto" de Alguém inteiramente diferente de todas as divindades antigas. Já não era a divindade que dependia dos desejos e das necessidades das pessoas; era Deus quem se tornava surpreendentemente presente, agindo como quem ama, do qual a existência humana dependia. Abro.ão libertw-se da. dos sevs antepa.ssa.dos -e abra.çov vma. nova. vida. -espiritval funda.da. na. rela.çã.o com o Devs (mico -e p-essoal. Descobriu, assim, a sua vocação, o seu projeto de vida

Abra ão e Is aac, autor anónimo

}l vocação de }l6raão

10 Se n h or di ss e a Ab rão: I • « Deixa a tua terra , a tua fam ilia e a ca sa do t e u p ai , e va i para a t e rra que Eu te i ndi ca r

2Fa rei de ti um grande povo, abe n ço ar te-e i , en gran decere i o teu nome e será s um a font e de b ê nçã o s.

3Ab e n ço ar ei aque l e s quet e a oen çoarem , e amald i çoarei aquel es qu e te am aldiço ar e m E toda s as fa m íl i as da t e rra se rão e m ti ab e nçoadas. »

4 Ab rão partiu , como o Se nh or lh e dissera, levando con sigo Lot. Quando saiu d e Haran , Abrã o tinha set ent a e cinco anos

5Tom o u Sa rai, sua mu l her, e Lot, fil l;i o do se u irmão, assi m como todo s os b en s q ue p oss u íam e partiram todo s p ara a t e rra de Can aã, e chegara m à te r ra de Can aã. 6 Abrão pe r co rreu -a até ao lugar d e Siqu é m , at é ao s carvalhos d e Moré. Os cananeu s vivi am , e nt ão, na quela terra. 7 0 Senhor apareceu a Abrão e disse lhe : « Da r ei esta terra à tu a descend ência .» E Abrão construiu a li um altar ao Senhor, que lhe tii1a aparecido . '.

Gn 12, 1 7

Abra ão confiou ne sta " vo z mi st erio sa" qu e lh e pree n ch eu o coração e abri u poss ibi li dade s imp r evi sív e is. Ou t r o ra vivia sob o m e do da açã o d e força s estranha s, às qu ai s prestava culto para e stabelec e r um a re lati v a harmonia com a na t ure za e prese rvar a su a família de todo s os seus m al efíc io s Agora tornara- se o co nfid ente de Deu s, si n al de bênção para todos os povos e pai de um novo povo de crentes

E De u s cumpriu efetivamente a sua promessa Co ntra t o da a exp et ativa , p o r cau sa da i dade avan çada , Abra ão e Sa r a tiveram um filho a quem deram o nom e d e Isa ac, o qua l haveria d e ser o p ai de Jac ob , que , por sua vez, ser ia o p ai do s " fundador es" d as doze tribos de Isra e l.

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(Âbraílo:> l 1so.a.c l Ja.cob l

Abraão é apresentado como o crente ideal: sabe escutar Deus e acolher os seus projetos com obediência incondicional e confiança total. Mesmo que as propostas de Deus pareçam incompreensíveis ou que os seus desafios interfiram com os projetos humanos, o crente acolhe os planos de Deus e realiza-os com fidelidade.

O comportamento de Abraão revela, antes de mais, o lugar absolutamente central que Deus ocupou na sua existência. Deus é, para Abraão, o valor máximo, a opção fundamental; por isso, mostra se disposto a oferecer a Deus o dom total e irrevogável de si próprio, da sua família, do seu futuro, dos seus sonhos, das suas aspirações, dos seus projetos, dos seus interesses. Para Abraão, nada mais conta quando estão em jogo os planos de Deus; nem o apego à sua terra de origem, nem o dinheiro, nem o poder, nem o reconhecimento social, nem o sucesso . Na. sva. rela.ção com Devs. Abra.ão manifesto.. respeiiv. hvrnilda.de. disponibilidade. obediência, confiança, amor -e ft - a.titvdes qve o definem como crente ideal -e roodelo para. os crentes de rodas as fyocas

À N

Itinerário de Abraão

Abraão desafia cada crente a confiar em Deus, mesmo quando os caminhos de Deus se revelam estranhos e incompreensív eis Quando os nossos projetos se desmoronam, quando as nuvens negras da violência e da opressão se acastelam no horizonte da nossa existência, quando o sofrimento nos leva ao desespero, é preciso continuar a caminhar serenamente, confiando nesse Deus que é a nossa esperança e que tem um projeto de vida plena para nós e para o mundo.

A ideia de que a obediência de Abraão a Deus é fonte de vida para ele, para a sua família e para todos os povos do mundo deve ser uma espécie de garantia que atesta a validade deste caminho. Fazer de Deus o centro da própria existência e renunciar aos critérios egoístas e interesses mesquinhos para cumprir os planos de Deus, não é uma escravidão, mas um caminho de acesso à vida plena e verdadeira.

Há algumas pessoas que nascem com «bic ho-carpinteiro» ou leveza de borboleta que nunca «aquecem» o lugar, outras vivem presas a teias do passado endurecidas como as pedras de um cais sem coragem para zarpar. Entre umas e outras estão aquelas que ousam responder ao apelo do futuro e, como Abraão, confiar numa voz que chama mais além Ponho-me a imaginar: a quantos fez Deus o mesmo apelo que Abraão escutou? Como amadureceu nele esta capacidade de ouvir e a coragem de trocar a certeza pela promessa, a segurança pelo risco? Como foi capaz de vencer as inúmeras vozes, dentro e fora de si, que aconselhavam a prudência e a estabilidade da vida que levava? Já tinha idade para ter juízo! Sim, mas falou mais forte o desejo de, com Sara e a descendência prometida, passar da solidão à comunhão, do «e u » ao «nós», construir uma casa com o seu nome, ser bênção como Deus lhe prometia.

A novidade não está em Abraão partir (quantos povos sempre se movimentaram por razões de sobrevivência, ainda hoje com tantos dramas de fome e de guerra?}; está na confiança naquele que o chama. Mais importa nte que o longo caminho ou a meta a alcançar, o que é novo é esta descoberta de Deus que caminha entre os homens. E imprime no coração e na vida dos que aprenderam a escutá-lo esta disponibilidade constante para partir. O caminho de Deus com os homens é para realizar, já na história, a justiça, a paz e o amor que o próprio Deus é. Então, saber com quem se vai é mais importante do que qualquer mapa!

Padre Vítor Gonçalves, Jornal Voz do Verdade , 17/fev/2008 (excerto)

de Paulo

Paulo, originariamente Saulo, nasceu por volta do ano 8 da era cristã, em Tarso, na Ásia Menor (atual Turquia} , de uma família judaica da diáspora, que observava rigorosamente a religião dos seus pais. Simultaneamente, contactou com a vida e a cultura do império romano. Recebeu a sua primeira educação religiosa em Tarso tendo por base a lei d e Moisés e depois foi para Jerusalém aprofundar os seus conhecimentos religiosos. Estudou aramaico, hebraico, grego e latim. Aprendeu ainda uma profissão manual, o fabrico de tendas , que lhe permitiu sustentar-se sem depender de ninguém .

Judeu convicto, Saulo estava convencido de que o cri stian ismo era uma seita nociva que introduzia ideia s novas na religião dos seus antepassados. Por isso, perseguia os adeptos de Jesus Ainda adolescente, assistiu ao apedrejamento do diácono Estêvão, o primeiro mártir da Igreja cristã Por volta do ano 35, com cerca de 30 anos, dirigiu se a Damasco, cidade da Síria, para prender um grupo de cristãos Já próximo de Damasco, Saulo teve uma experiência religiosa que iria mudar radicalmente o curso da sua v i da.

Conversão de Poulo, Gustave Doré (1832 1883)
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1 •

Conversão de Saufo-

1Saulo, entretanto, respirando sempre ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, foi ter com o Sumo Sacerdote 2e pediu lhe cartas para · as sinagogas de a fim de que, se encontrasse homens e. mulheres que fossem desta Via, os trouxesse algemados para Jerusalém 3 Estava a caminho e já próximo de quando se viu subitamente envolvido por uma intensa luz vinda do Céu ' . 4 Caindo por terra, ouviu uma voz que dizia: «Saulo , Saulo, porque me persegues?» 5 Ele perguntou: «Quem és Tu, Senhor?» Respondeu: «Eu sou Jesus, a quem tu persegues 6 Ergue-te, entra na cidade e dirte--ão o que tens a fazer » 7 0s seus companheiros de viagem tinham se detido, emudecidos, ouvindo a voz, mas sem verem ninguém. ªSaulo ergueu-se do chão, embora tivesse os olhos abertos, não via nada. Foi necessário levá-lo pela mão e, entrou em Damasco, : onde passóu três dias sem ver, sem comer nem beVer. 1º Havia em Damasco discípulo Ananias. O Senhor dfsse-lhe numa · visão: «Ananiasl» Respondeu : «Aq ui estou, 11 0 Senhor prosseguiu: «Levanta-te, vai à casa de Judas, na rua Direita, e pergunta por um homem chamado Saulo de Tarso, que está a orar neste momento.»

"12 Saulo, entretanto, viu numa visão um homem, de nome An.anJas, entrar e impor lhe as mãos para recobrar a vista 13Ananias respondeu: . ouvido muita gente desse homem e a contar todo o mal que ele tem feito aos teus santos, em Jerusalém. 14 E étgora está aqtfi com plenós poderes dqs sumos sacerdotes, para pren.der todds qÜantos invocam o teu nome » 15 Mas o Senhor disse-lhe: «Va i, pois' esse homem é instrumento da minha escolha, para levar o meu nome perante os pagãos, os re fs e os filhos de Israel. 16 Eu mesmo lhe hei de mostrar quanto ele tem de' sqfrer pelo meu · nome.» Ufntão, Ananias partiu, entrou na dita casa, i mpôs as mãos sobre ele e disse: «Saulo, meu irmão, foi o Senhor que me enviou, esse Jesus que te apareceu no caminho em que vinhas, para recobrares a vista e ficares cheio do Espírito Santo » 18 Nesse caíram - lhe dos olhos uma espécie de escamas e recuperoú .a vista. Depois, levantou-se e recebeu o batismo .

19 Depois de se ter alimentado, voltaram-lhe as forças e passou alguns dias com os discípulos, em Damascp . então. imediatamente, a proclamqr nas sinagogas que Jesus era o Filho de.Deus

9. Que aspetos diferente s e comun s i de ntificas no projeto de vida de Ab r aão e Pau l o?

10. Partir é um verbo sugestivo para definir um projeto de vida. Que destino es boça s para o partir da tua v ida ?

Após o encontro transformador no caminho de Damasco , de persegu i dor dos cr ist ãos, Paulo passou a ser um apai xonado missionário do Evangelho . Dedicou o re sto d a sua vida a Cristo, numa contínua identificação com ele ao ponto de poder dizer: «para mim viver é Cristo » {FI 1,2 1) e «já não sou eu que v ivo, é Cr isto qu e viv e em mim » (GI 2,20).

Na s sua s viagens missionárias, sob con stante s p erigo s, difundiu a mensagem cristã pelo império romano, permitindo, assim , que o Cr istianismo ultrapassasse a fronte i ra do povo judeu e abraçasse todos os povos que então eram conhecidos.

Preso por causa da sua paixão no anúncio do Evangelho, Paulo acabou por ser decapitado, de acordo com a tradição, no ano 67 , perto de Roma

São Paulo, Marco Pi no (15 2 1 1 583) A s viagens missio n ári as do apó st o lo Pa ul o
-• Primeira Viagem Segunda Viagem Terce1r.1 Viagem _..,. Viagem a Roma  N Escala : 1:30 000 000

Pará6ofa dos tafentos

14 o Reino do Céu será também como um homem que, ao partir para fora, chamou os servos e confiou-lhes os seus bens. 15 A um. deu cinco talentos, a outro dois e a outro um, a cada qual conforme a sua capacidade ; e depois partiu. 16Aquele que recebéu cinco talentos negociou. com eles e ganhou outros cinco. 17 Da mesma forma, aquele que. recebeu dois ganhou outros dois 18 Mas aquele que apenas recebeu um foi fazer um buraco na terra e es-condeu o dinheiro do seu senhor. 1 9 Passado muito tempo, voltou o senhor daqueles· servos e .j>ediu-lhes contas. 2ºAquele que tinha recebido cinco talentos aproximou-se e en!regou-lhe outro s cinco, dizendo: 'Senhor, confiaste-me cinco talentos; aqui éstão outros cinco que eu ganhei.' 21 0 senhor disse-lhe : 'Muito bem, servo bom e fiel, foste fiel em coisas de pouca monta, muito te confiarei. Entra no gozo do teu senhor.' 22Veio, seguida, o que tinha recebido dois talentos: 'Senhor, di{se ele, confiaste-me dois talentos; aqui .estão dois que eu ganhei.' 23 0 senhor disse-lhe : ' Muito bem, servo bom e fiel, foste fiel em coisas de pouca monta, muito te confiarei. Entra no do teu senhor.' 24 Ve io, finalmente, o que tinha receb i do um só talento: 'Senhor, disse ele, sempre te conheci como homem duro, que ceifas onde não semeaste e recolhes onde não espalhaste. 25 Por isso, com medo, fuj o teu talento na terra. Aqui está o que te pertence.' 260 senhor respondeu lhe: 'Servo mau e preguiçoso! Sabias que eu ceifo onde não semeei recolho onde não espalhei. 27 Pois bem, devias ter levado p meu dinheico aos banque iros e, no meu regresso, teria levantado o meu dinheiro com juros .' 28' Tirai-lhe, pois, o talento, e dai-o ao que tem dez talentos. 29 Porque ao que tem será dado e terá em abundância; mas, ao que não tem; até o que tem lhe será tirado.

Talento é um pe so ou um a moeda Como moeda, equivali a a 6 000 den ári os. Um denário era o valor pa go por um dia de trabalho

Saber
11. Como va loriza s os t eus t a len t os?

E se nã.o for ca.paz , o qve me a.con+ec-e? . .d ? 0 qve fQ...ler da. minha. v1 a. .

A grande riqueza da vida não está no valor dos bens materiais que se possuem ou desejam. Um projeto de vida não se adquire com dinheiro. O seu valor vem dos dons e capaci dad es que Deu s dá a cada um para que rendam o mais possível. A vida é o prim eiro dom precioso a merecer da parte da pessoa o maior esforço para a tornar bela e valiosa As capacidades e aptidões, os talentos, não são para esconder, para guardar no íntimo do egoísmo; tão pouco são para enterrar com o medo de falhar.

É necessário arriscar e depositar todo o esforço e trabalho para que um talento seja parti lh ado e valorizado pelos outros A quantidade de talentos não é aqui importante, mas sim a atitude perante o que somos em vista ao que nos valoriza.

Ninguém é um excelente a lun o se não se esforçar com muitas horas de estudo, através do qual as capacidades intelectuais são desenvolvidas e se "mu ltip licam" em resul t ados de suc esso. Ninguém é o melhor nadador, músico, méd ico se não partir com vontade e determinação para uma batalha contra o medo, a preguiça , o egoísmo, a apatia, para alcançar a vitória da realização pessoal. Um atleta sabe muito bem o significado do sacrifício para fazer render os talentos.

lt mettl a.penas a.guarda. a. chega.da. .o percvrso -é vm desa.fio consttlnte a. não parar -e, qvando s-e cai. t necruário recomeçar

S-erei ca.paz de venc-er o medo -e a.s dificvldo..des?
0 qve destjas fazer com os teus ta}entos? Enterró.-los com de ·? s-eres QbserVO.do -e ·crutigo..00 · Ficar indiferente? -e los pela. partilha. -e Sff\/IÇO ODS ovtros? que no encontro com Deus, muitos construímos um projeto de vida com sentido.

A experiência de encontro com Deus dá um significado definitivo à vida e consistência à esperança. A fé não depende apenas da nossa vontade, mas é um dom de Deus que se faz pre se nte na vida de cada pessoa No entanto, depende da nossa vontade acolhê-la no espaço mais profundo da nossa consciência onde Deus caminha connosco.

A ex peri ência de fé cristã manifesta-se na relação pessoal e comunitária com Jesus Cristo , acolhendo-o e aceitando a sua presença na própria vida . O contacto com Deus torna o crente capaz de se distanc iar do desejo ego íst a, pondo a sua vida ao serviço dos outros . Amar à maneira de Jesus é fazer uma opção preferencial pelo outro, não enriquecendo o própr io desejo egoísta e diminuindo os sonhos narcisistas. É a transformação do desejo egocêntrico em doação gratuita.

A experiência de fé dos crentes das diferentes tradições religio sas não fecha, nem pode fechar, o ser humano em si mesmo. Abre o ao mundo e aos outros numa constante vontade de rentabil izar os seus talentos, na construção de uma sociedade mais justa e humana, onde todos tenham direito a um lugar e vejam reconhecida a sua dignidade. Ter fé é abraçar o amor que Deus é e transformá-lo em doação constante aos outros que connosco partilham a vi da Ne ste se ntido, os crentes encontram na fé a fonte de felicidade.

A felicidade humana nasce:

do amor a Deus e ao próximo

O crente judeu escuta o Senhor, de quem recebe , através de Moisés, os Mandamentos como uma dádiva para que, cumprindo-os, viva feliz e não caia em qualquer tipo de escravidão. A liberdade vive-se no amor a Deus e prolonga -se no amor ao próximo.

do amor a Deus e ao próximo, em,....,. ......... :ai o inirl'lºnn

Jesus Cristo é o rosto do Amor e de uma Boa Nova porque não exclui ninguém do seu amor. Amar a Deus e o próximo inclui os inimigos, que são motivo de perdão e de acolhimento Esta é uma proposta exigente, mas o caminho certo, a verdade sem medos e a vida plena de felicidade porque assente num projeto de salvação.

da prática da justiça, da verdade e dric:; boas obras

O crente encontra a sua felicidade na submissão à vontade de A lá e na prática dos cinco princípios fundamentais: a profissão de fé , a oração cinco vezes ao dia, a esmola, o jejum e a peregrinação

da realização do dharma

Dharma é a consciência de pertencer a um universo organizado e, consequentemente, a obrigação de aceitar o seu lugar na vida pelo cumprimento dos deveres religiosos, morais e sociais. Para os hindus, uma correta prática do dharma tem um efeito favorável sobre o karma, o que permite a cada indivíduo renascer numa casta e num plano de existência mais elevado, aproximando-se, deste modo, do objetivo final, o nirvana.

da superação da dor e do sofrimento

O objetivo do Budismo é ajudar as pessoas a encontrar o caminho para a iluminação, no qual se atinge o estado de nirvana total serenidade e libertação em relação a qualquer forma de desejo, erradicando assim as causas de todo o sofrimento.

da preservação da ordem cósmica e do fator humano

As pessoas receberam do Céu o dom da vida e todas as propriedades inatas à natureza humana, sobretudo a faculdade do discernimento moral. A perceção do que é justo e do que é errado é comum a todos os seres humanos e distingue-os dos animais. Há, portanto, uma igualdade fundamental entre todas as pessoas, independentemente das classes sociais. Todos os seres humanos têm a capacidade de atingir a perfeição.

A , a e a são próp r ias de quem tem fé. Na fé encontra -s e a p az necessária para o discerniment o, para vencer o medo das opções e arriscar num futuro desejado . A aventura é p r ó pr i a d e qu em é jovem, mas ning uém pode aventurar-se na e scu r idão sem sa b e r para onde caminha Definir um projet o d e vid a implica , po r isso, ver com clareza quem somos e para onde queremos caminhar É necessária a coragem p ara optar e a confiança para avançar. Tal como Abraão e Pau l o, é e ss encial escutar o ch a mamento inte r i o r e responder à von t ade de Deus , que poderá ser diferente d a nossa. Escutar os apelos de S. Paulo poderá ser um bom princípio para seguir em frente com o projeto de v ida Ousa confiar !

O amorfa z o 6em

9 Qu e o vo ss o amor sej a sincero Detesta i o mal e apega i -vo s ao 10Sede afetuo so s u ns p ara com o s ou tr o s n o amor fratern o ; ad i anta i-vo s un s aos outro s na e stima m útua 11 Não seja is pregu i çoso s na vo ssa ded icação; de ixaivo s inflama r p e lo Esp í rito; entregai -vos ao serv i ço do Senho r 12 Sede alegres na esperança , pacientes na tr i bulação, perseverantes na oração. 13 Partilha i com os santos que passam neces sidade ; aproveita i todas as oca siões para serdes hospitale i ros . 14 Be ndize i os que vos perseguem ; bendizei, não amaldiçoe is.

15Alegrai vo s com os que se aleg ram , chora i com o s qu e c horam 16 Preocupa i-vos e m andar d e acordo un s com o s outros ;. não v os p reo éupeis com as grandezas, ma s entreg a i vos ao que é h u mi lde ; não vo s julgu eis sá bios por vós próprios .

17 Não pagueis a ninguém o mal com o mal; i ntere ssa i-vo s pelo qu e é bom diante de todos o s homens . 18Tanto qu a nto for poss ível e de vó s dependa , v ive i em paz com todos o s homens

lMPtRAllVO Df \J\DA

0e a sin c eYo o vos s o amoY o mal

Ape ai-vos ao bem que a fé é u m elemento im p orta nt e da ex periê ncia d e felicida d e

Rm 12,9-18

Convido todo o cristão, em qualquer lugar e situação que se encontre, a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou , pelo menos , a tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele, de o procurar dia a dia sem cessar Não há motivo para alguém poder pensar que este convite não lhe diz respeito, já que «da alegria trazida pelo Senhor ninguém é excluído ». Quem arrisca , o Senhor não o desilude; e, quando alguém dá um pequeno passo em direção a Jesus, descobre que Ele já aguardava de braços abertos a sua chegada. Como nos faz bem voltar para Ele, quando nos perdemos! Insisto uma vez mais : Deus nunca se cansa de perdoar, somos nós que nos cansamos de pedir a sua misericórdia. Aquele que nos convidou a perdoar «setenta vezes sete» (Mt 18,22} dá-nos o exemplo: Ele perdoa setenta vezes sete. Volta uma vez e outra a carregar-nos aos seus ombros. Ninguém nos pode tirar a dignidade que este amor infinito e inabalável nos confere. Ele permite-nos levantar a cabeça e recomeçar, com uma ternura que nunca nos defrauda e sempre nos pode restituir a alegria Não fujamos da ressurreição de Jesus; nunca nos demos por mortos, suceda o que suceder Que nada possa mais do que a sua vida que nos impele para diante !

1 s

Conheço Barcos

Conheço barcos que ficam no porto Com medo de que as correntes os arrastem violentamente Coftheçe-barcos que enferrujam no porto Pa9 não arriscarem o futuro ausente.

Conheço barcos que se esquecem de zarpar.

Por estarem a envelhecer, temerem o tempo

E a solidão das vagas e o fragor do vento ...

A sua viagem terminou antes de começar.

Conheço ba(cos tão amarrados oüe ignoram ser possível sonhar.

Conheço barcos que ficam parados

Por terem receio de se desencontrar.

Conheço barcos que vetejam aos pares, Afrontando-o temporal quando o furacão os fustiga.

Conheço barcos que arranham as vigas

Nas rotas abertas no corpo dos mares.

Conheço barcos que regressam ao porto, Com rombos no casca, mas dignos e fortes.

Conheço barcos que são solidários '

Porquê Partilharam os ventos do Norte .

Conheço barcos que transbordam de amor navegaram até ao último dia.

Jamais recotheram as velas decondor"'\i_

PQJ;que no coração fiablta a--0usadia.

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ISBN 978 972-8690 -8 7-8

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