Revista - Sétima Arte

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"Moonlight: sob a luz do luar", vencedor do Oscar de melhor filme, p. 13

CINE POP

Filme brasileiro "Levante" é selecionado para Semana da Crítica de Cannes, p. 15

ARTE SETIMA '
R$ 24,90

Conheça as 10 maiores bilheterias do cinema nacional

S U M A R I O ' 04

Marighella: Cinebiografia devolve humanidade ao guerrilheiro com retrato brutal

Pureza Entre casos e acasos, surtos e divãs

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CURIOSIDADE CRÍTICA
18 11 CRÍTICA HOMENAGEM

INDICAÇÕES INDICAÇÕES

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"Moonlight: Sob a Luz do Luar", vencedor do Oscar de Melhor Filme

CINE POP

Close, Aftersun, Everything Everywhere All At Once 21 23

LUZ, CÂMERA, AÇÃO

Filme brasileiro

"Levante" é selecionado para Semana da Crítica de Cannes

Confira 5 filmes gravados em pontos turísticos brasileiros

EXPE DIENTE

CARTA AO LEITOR

Acadêmica de Jornalismo da UFMT/CUA

Luiguy Kennedy

Acadêmico de Jornalismo da UFMT/CUA

Jociene Pedrini

Prezado leitor

Você está recebendo em mãos a edição especial da revista Sétima Arte com o tema Cinema Brasileiro e a homenagem especial em comemoração aos 124 anos do cinema nacional a um dos grandes humoristas do nosso país que nos deixou de forma repentina, Paulo Gustavo, que com seu humor arrastou multidões até os cinemas e falou de assuntos delicados com maestria para todos que o seguiam, sem dúvida, fez, faz e continuará fazendo muita falta.

Acadêmico de Jornalismo da UFMT/CUA

Docente do curso de Jornalismo

UFMT/CUA

A todos vocês, ótima leitura!

Trabalho final apresentado à disciplina de Planejamento Visual sob orientação da Profª. Dra. Jociene B. F. Pedrini

Revista Sétima Arte

Avenida Valdon Varjão, nº 6390

Barra do Garças - MT

CEP: 78605-091

(66) 3402-0736

Fernanda Deamo Icarus Alves Equipe Sétima Arte

Top 10 tem clássicos da década de 1970, além de comédia, ação e drama

Conheça as 10 maiores bilheterias do cinema nacional

Das divertidas trapalhadas de Dona Hermínia à luta do Capitão Nascimento contra o crime e a corrupção policial, o top 10 de maiores bilheterias do cinema nacional traça um interessante panorama da produção do país ao longo das décadas. A lista revela também a preferência pela comédia, mas há espaço também para dramas e até pornochanchada.

Levantamos as 10 maiores bilheterias do cinema brasileiro por faturamento e público, segundo dados da Ancine, Filme B, Folha de S. Paulo e mais.

Vale reforçar que, pela inflação e constante troca de moedas no Brasil entre boa parte das décadas passadas, a medição de bilheteria é tradicionalmente feita através do número de espectadores. Optamos por divulgar o faturamento de longas lançados já no período do Real. A mudança no preço dos ingressos ao longo dos anos também fazem com que filmes com menor proporção de público acabem com bilheterias maiores do que outros sucessos.

CURIOSIDADE
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Pedro Siqueira

Nada a Perder – 2018

(11,9 milhões de espectadores / R$ 120 milhões)

O ranking é liderado pela cinebiografia do bispo Edir Macedo. Dividido em duas partes, o longa chegou aos cinemas em março de 2018, reunindo, oficialmente, 11,6 milhões de espectadores. Petrônio Gontijo vive Macedo em uma história que passeia pela vida do sacerdote. É importante frisar que, embora os altos números sejam contabilizados por órgãos oficiais e empresas exibidoras, diversas reportagens denunciaram o impulsionamento de números com a compra de bilhetes pela Igreja Universal, resultando em uma alta bilheteria, mas salas vazias pelo país.

Minha Mãe é Uma Peça 3 – 2019

(11,3 milhões de espectadores / R$ 143,9 milhões)

Último longa do saudoso Paulo Gustavo, a comédia é, por faturamento, a maior bilheteria do cinema nacional, arrecadando R$ 143 milhões desde a estreia, em 2019. No número oficial de espectadores, no entanto, a comédia assume o segundo lugar. No filme, Dona Hermínia (Gustavo) lida com hilárias situações do dia a dia, desde a relação com o exmarido, até as maluquices da mãe coruja com os filhos. O filme foi o último projeto do ator e comediante lançado em vida. Gustavo morreu em maio de 2021, por complicações da COVID-19.

Os Dez Mandamentos: O Filme – 2016

(11,3 milhões de espectadores / R$ 116 milhões)

A novela bíblica da TV Record ganhou uma versão para os cinemas em 2016. A trama aborda a jornada de Moisés (Guilherme Winter) lutando pela libertação do povo hebreu. O longa condensou capítulos exibidos na TV aberta, com cenas inéditas e um novo final. Sérgio Marone, Paulo Gorgulho e Vera Zimmerman estão no elenco.

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Tropa de Elite 2 – 2010

(11,2 milhões de espectadores / R$ 104 milhões)

Wagner Moura retornou à linha de frente do BOPE em 2010, com a continuação de Tropa de Elite (2007). Promovido a tenente-coronel, o ex-capitão Nascimento segue na luta contra o crime e a corrupção policial, agora atuando no lado burocrático da instituição. O filme de José Padilha segurou por 6 anos o posto de filme nacional mais visto de todos os tempos. Irandhir Santos, Milhem Cortaz e André Ramiro estão no elenco.

Dona Flor e Seus Dois Maridos – 1976

(10,7 milhões de espectadores)

Com Sônia Braga, José Wilker e Mauro Mendonça, o clássico adapta o livro de mesmo nome, escrito por Jorge Amado. A trama conta a história de uma mulher que divide seu amor entre dois homens, com um pequeno detalhe: um deles está morto, mas é visto em espírito por Dona Flor. O longa foi a maior bilheteria do cinema nacional por 34 anos, até a estreia de Tropa de Elite 2.

Minha Mãe é uma Peça 2 – 2016

(9,3 milhões de espectadores / R$ 124 milhões)

A Dona Hermínia de Paulo Gustavo aparece pela segunda vez no ranking, comprovando a força do comediante nas telas. Lançado em 2016, o filme acompanha a mudança de vida da dona de casa, após apresentar um programa de TV de sucesso. Mas a vida de famosa não é nada mole, ainda mais com filhos que torram a paciência da mais santa das mães.

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A Dama do Lotação – 1978 (6,5

milhões de espectadores)

Quem também ganha um repeteco é Sônia Braga. A atriz estrela o drama de Neville de Almeida, baseado no conto de Nelson Rodrigues. Braga vive Solange, mulher que, após ser abusada pelo marido, passa a se relacionar com estranhos como forma de escape. Nuno Leal Maia (o eterno Pascoalete, da Malhação), Paulo César Pereio e Cláudio Marzo estão no elenco.

Se Eu Fosse Você 2 – 2009

(6,1 milhões de espectadores / R$ 84,4 milhões)

Tony Ramos e Glória Pires aprendem que a vida de casado pode ser ainda mais complicada quando um, literalmente, troca de lugar com o outro. A comédia de Daniel Filho fez ainda mais sucesso que o longa original, de 2006. Na trama, Cláudio e Helena mais uma vez misteriosamente trocam de corpos. Agora, o casal deve encontrar um jeito de desfazer a ziquizira enquanto decidem se irão ou não se divorciar.

Nada a Perder 2 – 2019

(6 milhões de espectadores / R$ 59,2 milhões)

A segunda parte da cinebiografia aborda a trajetória de Macedo após a prisão nos anos 1990. O bispo parte em peregrinação por terras sagradas e constrói a poderosa Igreja Universal. Petrônio Gontijo retorna no papel do religioso.

O Trapalhão nas Minas do Rei Salomão – 1977

(5,7 milhões de espectadores)

Didi, Dedé, Mussum e Zacarias não ficariam de fora da lista, com um dos icônicos projetos da trupe para o cinema. Uma paródia de As Minas do Rei Salomão, o filme põe o quarteto em busca de um tesouro perdido, com todas as confusões que isso traz. A produção é a maior bilheteria de toda a filmografia dos Trapalhões.

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Marighela: Cinebiografia devolve humaninade ao guerrilheiro com retrato brutal

Dirigindo como ator, Wagner Moura defende personagens com devoção de um intérprete

Wagner Moura dirige Marighella, seu primeiro filme comandando as cameras, como faria um ator. Ou melhor, como faria o grande ator que ele é: em defesa franca e livre de julgamentos das verdades de seus personagens. Optando por uma linguagem visual repleta de planos fechados e médios, priorizando sempre a captação das reações de seu elenco para com aquilo que os cerca, ele insere o espectador de forma pungente na resistência E, além de dramatizar dois períodos-chave na vida do personagem-título — o político, escritor e guerrilheiro comunista marxista-leninista brasileiro Carlos Marighella — , ainda se propõe a tecer uma ode universal à luta contra a opressão.

O filme é um verdadeiro manifesto artístico pela liberdade. No cerne dos 155 minutos que compõem o longametragem, pulsa um coração voltado à desconstrução de silenciamentos históricos. Marighella, o homem, foi por anos reduzido a uma caricatura unidimensional. "Terrorista", "inimigo número um do regime militar", "subversivo", "extremista"; todos adjetivos atribuídos por décadas ao guerrilheiro, que visavam diminuir a complexidade de um corpo de trabalho político que foi muito além do combate à ditadura. Engajado desde os anos 1930 no ativismo democrático de esquerda, ele foi levado à prisão por diversas vezes, sim, mas não por ser um criminoso de carreira.

CRÍTICA
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Após 1964, Marighella recorreu a táticas violentas contra a opressão militar que tomou poder no Brasil, mas não antes de ter atuado como deputado federal e ativista político para impedir que se consolidasse o golpe contra o presidente eleito João Goulart. Além disso, era um pai, um filho, um marido, um intelectual respeitado internacionalmente por figuras como o cineasta Jean-Luc Godard, e um patriota.

"Marighella" leva 8 troféus no 21° Grande Prêmio do Cinema Brasileiro

Assim, Marighella, o filme, busca usar o poder de influência do cinema para ampliar o escopo da percepção pública sobre seu personagem-título. Não se trata de lançar juízo de valor especificamente sobre as implicações morais e legais da luta armada pela democracia — até porque o guerrilheiro já recebeu anistia póstuma em 2012, em gesto oficial que reconheceu seu brutal assassinato.

quantificar o nível do sacrifício, da entrega e da convicção de homens e mulheres que se dispuseram a morrer pelo sonho de um Brasil livre da ditadura militar. Para isso, o roteiro escrito por Moura e Felipe Braga (Sintonia) se debruça sobre trechos da biografia Marighella - O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo, do jornalista Mário Magalhães,que ficcionaliza personagens reforçando.

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Em papéis menos metalinguísticos, Luiz Carlos Vasconcelos e Herson Capri emocionam como o braço direito de Marighella, Almir, e o jornalista militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Jorge Salles, respectivamente. Como o delegado fascista Lúcio, Bruno Gagliasso opta por ridicularizar o personagem com uma performance mais típica ao teatro, enquanto o ator Charles Paraventi rouba a cena em participação rápida como agente do governo dos Estados Unidos (e um grande cretino). Mas é Seu Jorge, escalado para o papel-título após saída de Mano Brown do projeto, o maior destaque. Com uma imposição física altiva, aliada a um olhar lacrimoso que comunica as perdas pessoais advindas de uma vida entregue à luta por um ideal, Jorge alia imponência e vulnerabilidade em seu melhor trabalho no cinema até hoje. Na segunda grande cena do filme, que ecoa o primeiro terço de Moonlight (2016) para emendar a despedida entre o guerrilheiro e seu filho com sua prisão pela ditadura, em 1964, ele já deixa para trás qualquer memória do cantor famoso e passa a habitar integralmente o guerrilheiro.

ParisFilmes/Divulgação

Com um propósito artístico tão bem texturizado, acaba trabalhando contra o filme o fato de Moura emular muito da linguagem do cinema comercial norte-americano em suas grandes sequências de ação. A abertura do filme, um roubo ao trem filmado todo com câmera na mão e em plano-sequência, é um gancho irresistível para a história que ali se apresenta. Só que, à medida que se desenvolve o filme, esse retrato épico e grandioso de atos de resistência cria uma relação desconexa tanto com a representação naturalista, por vezes explícita e insistentemente desconfortável de violência, quanto com o desgaste emocional e físico que pontua os sacrifícios feitos por todos aqueles que, de forma mais ou menos pacíficas, se posicionaram contra a ditadura em seu auge.

Ainda assim, Marighella trabalha de forma tão fascinante as convenções da cinebiografia tradicional — retratando a figura histórica, mas extrapolando esse objetivo para também também refletir

ParisFilmes/Divulgação
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Entre casos e acasos, surtos e divãs

Conheça a trajetória do homenageado do Dia do Cinema Nacional, Paulo Gustavo, por sua revolução á forma de se fazer comédia nas telas brasileiras.

124 ANOS DO CINEMA NACIONAL:
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PAULO GUSTAVO

Se "rir é um ato de resistência" reinventar o cinema nacional é revolucionário

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Para Paulo Gustavo, que interpreta a protagonista, o grande sucesso de Minha mãe é uma peça pode ser explicado pela identificação que a personagem provoca no público.

“Dona Hermínia é uma personagem muito carismática, irreverente, espirituosa e que fala o que as pessoas pensam, mas não têm coragem de falar. Acho que todo mundo tem uma mãe ou uma tia ou uma figura feminina na família que é aquela pessoa preocupada com todos, que não tem limite”, afirma.

O ator comenta que vem “construindo essa carreira sólida dela há anos e, definitivamente, ela caiu no gosto do público”, o que é motivo de “uma satisfação enorme” para o intérprete. Em sua opinião, a popularidade se explica pelo fato de “o filme falar de família e, independentemente da configuração, todo mundo tem uma”.

Em sua carreira, o ator acumula uma série de papéis importantes em produções de teatro, cinema e TV. Ele viveu, por exemplo, o maestro João

Carlos Martins no filme de Mauro Lima João, o maestro (2017).

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"No momento complicado em que a gente vive, de tantos questionamentos, fico muito feliz em ser uma ferramenta de comunicação sobre um tema tão relevante e sobre o qual as pessoas ainda ficam tentando tampar o sol com a peneira. existiu,homoafetivaRelaçãosempre e é importante falar, respeitar e aceitar”

Para Paulo Gustavo, que interpreta a protagonista, o grande sucesso de Minha mãe é uma peça pode ser explicado pela identificação que a personagem provoca no público. “Dona Hermínia é uma personagem muito carismática, irreverente, espirituosa e que fala o que as pessoas pensam, mas não têm coragem de falar. Acho que todo mundo tem uma mãe

O ator comenta que vem “construindo essa carreira sólida dela há anos e, definitivamente, ela caiu no gosto do público”, o que é motivo de “uma satisfação enorme” para o intérprete.

Em sua opinião, a popularidade se explica pelo fato de “o filme falar de família e, independentemente da configuração, todo mundo tem uma”.

Em sua carreira, o ator acumula uma família e, independentemente da rua espirituosa e que fala o que as nossas,

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"Os seus personagens falavam diretamente com a dona de casa, com os seus filhos, com os seus amigos. Era uma comédia baseada em amor, amizade e na vida como ela verdadeiramente é ”

2006-2021

Minha mãe é uma peça entra em cartaz nos teatros

2004

Paulo Gustavo estreia no teatro com a peça "o Surto"

2009

Um dos primeiros filmes de sua carreira, "Divã"

2013- 2020

"Vai que cola" começa a ser exibido na televisão

E assim como acontece com os astros e estrelas que viram ímãs de bilheteria, a presença de Paulo Gustavo nos letreiros das produções virou motivo para muita gente sair de casa e assistir a um filme com ele no elenco. Além da trilogia 'Minha Mãe é uma Peça', que em seus filmes recebeu um público de cerca de 25,5 milhões de espectadores, o ator atraiu, com Mônica Martelli, uma audiência de 7,09 milhões de pessoas com os longas 'Minha Vida em Marte' e 'Os 'Homens São de Marte... E É Pra Lá que Eu Vou', "220 Volts" e algumas outras obras que eternizaram a vida como diferencial, produziu um material inédito, longe de seguir padrões ou replicar formatos enlatados. Ele é um dos maiores responsáveis pelo fortalecimento da comédia brasileiro e por colocar o gênero como o gênero que mais atrai público exatos e atuações muito acessíveis ao público e, como diferencial, o revolucionário e ideal.

Sucesso no audiovisual brasileiro por entregar textos e atuações muito acessíveis ao público e, como diferencial, produziu um material inédito, longe de seguir padrões ou replicar formatos enlatados. Ele é um dos maiores responsáveis pelo fortalecimento da comédia brasileiro e por colocar o gênero como o gênero que mais atrai público no cinema nacional. Paulo Gustavo provocava o riso com a verdade de sua vida e foi exatamente essa verdade, hilariamente desbocada, fez com que os brasileiros se sentissem também filhos de Dona Hermínia e sua família. E assim como acontece com os astros e estrelas que viram ímãs de bilheteria, a presença de Paulo Gustavo nos letreiros das produções virou motivo para muita gente sair de casa e assistir a um filme com ele no elenco. Além da trilogia 'Minha Mãe é uma Peça', que em seus filmes recebeu um público de cerca de 25,5 milhões de espectadores,

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2017-2020

Um ano depois, "A vila" também chega nas telinhas

2018

No mesmo ano, "Além da Ilha" é lançado

2018

Junto de Monica Martelli, estreia em "Minha vida em Marte"

2022

Lançado de forma póstuma, "Filho da mãe- Um reencontro com Paulo Gustavo"

2019

Após o sucesso de seus percursores, "Minha mãe é uma peça 3 é lançado nos cinemas

E assim como acontece com os astros e estrelas que viram ímãs de bilheteria, a presença de Paulo Gustavo nos letreiros das produções virou motivo para muita gente sair de casa e assistir a um filme com ele no elenco. Além da trilogia 'Minha Mãe é uma Peça', que em seus filmes recebeu um público de cerca de 25,5 milhões de espectadores, o ator atraiu, com Mônica Martelli, uma audiência de 7,09 milhões de pessoas com os longas 'Minha Vida em Marte' e 'Os 'Homens São de Marte... E É Pra Lá que Eu Vou', "220 Volts" e algumas outras obras que eternizaram a vida.

Sucesso no audiovisual brasileiro por entregar textos e atuações muito acessíveis ao público e, como diferencial, produziu um material inédito, longe de seguir padrões ou replicar formatos enlatados. Ele é um dos maiores responsáveis pelo fortalecimento da comédia brasileiro e por colocar o gênero como o gênero que mais atrai público no cinema nacional. Paulo Gustavo provocava o riso com a verdade de sua vida e foi exatamente essa verdade, hilariamente desbocada, fez com que os brasileiros se sentissem também filhos de Dona Hermínia e sua família.

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Pureza

Existem muitas fontes para saciar a sede de interpretações do momento que estamos vivendo. De certo, algo tão histórico quanto a queda de um império. Quiçá o Asteca, sendo nós os habitantes de Tenochtitlán sacrificados em nome do deus Money. São, aliás, vários momentos que resultam em algo, fragmentos disso que podemos chamar de momento atual. Apesar disso, Pureza apresenta um tipo de cinema infelizmente raro no Brasil, sempre polarizador entre produções populares e filmes que, infelizmente, acabam reduzidos ao circuito dos festivais

“Pureza” é um filme que brinca um pouco com isso. A marca de época quase não se evidencia, exceto em alguns momentos específicos. capazes de encurtar três anos em um e esse um em cem minutos.

algo próximo aos dias atuais. Mas claro que isso se deve ao racismo estrutural, ao capitalismo e à incompetência/ desinteresse das autoridades públicas. Essa breve confusão é a confissão de um fracasso político e governamental que se instalou sobretudo nos últimos nove anos. Antes, a sensação de segurança (inclusive alimentar) era nítida, haviam até direitos trabalhistas, pleno emprego. E também por isso muito menos pessoas eram colocadas em situação de risco. A insegurança nos leva ao medo. O medo, sabemos, ativa em nós dois mecanismos: a fuga ou o embate. No entanto, a fome ou mesmo sua iminência, só permite uma. E não é o medo. Certamente não há direito à fuga. É esse o retrato que “Pureza” captura. É essa a glória do filme e nosso maior cortejo de horrores. Nada basta. Vide os casos de empregadas domésticas É por isso que existe a Arte. Nesse sentido, há um ganho em “Pureza”.

CRÍTICA
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‘Moonlight: Sob a Luz do Luar’, vencedor do Oscar de Melhor Filme

Um dos filmes mais aclamados do século XXI, ‘Moonlight: Sob a Luz do Luar’, era exibido pela primeira vez no Festival de Telluride e ganhava aplausos e densos elogios da crítica especializada.

A história é centrada no jovem Chiron e nas três fases de sua vida (infância, adolescência e idade adulta), explorando temas como sexualidade, identidade, abuso doméstico e traumas.

Levando para casa três estatuetas do Oscar, incluindo Melhor Filme e Melhor Ator Coadjuvante para Ali. Citado como um dos melhores filmes de todos os tempos, a vitória do longa na principal categoria do Oscar fez história por se tornar a primeira obra LGBTQIA+ e com elenco totalmente negro a conquistar o feito. Ali se tornou o primeiro ator muçulmano a ganhar um prêmio de atuação na premiação, enquanto Joi McMillon se tornou a primeira mulher negra a ser indicada à categoria de Melhor Edição.

A luz do luar meninos negros ficam azuis
1NDICAÇÕES
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Aftersun

sobre a alegria e a férias que ela tirou com antes. Memórias reais e preenchem as lacunas reconciliar o pai que homem que desconhece

Em Close, seguimos a história de dois amigos super próximos, Leo e Rémi, ambos com 13 anos, que acabam tendo a amizade interrompida.

Assista em: Amazon Prime e Mubi

Everything Everywhere All At Once

Evelyn Wang se vê completamente perdida e frustrada com o rumo que sua vida tomou: clientes insatisfeitos, uma família que não a ouve e, ainda por cima, uma rigorosa auditoria sobre as contas do seu meio de sobrevivência.

Assista em: Amazon Prime, Apple TV e Youtube

Close
Prime, Mubi, Apple
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INDICAÇÕES

"Levante", da diretora

Lillah Halla, narra o dilema de uma jovem jogadora de vôlei que descobre que está grávida

Filme brasileiro “Levante” é selecionado para Semana da Crítica de Cannes

Após um 2022 longe das indicações ao Cannes, o Brasil volta a representar o cinema nacional no festival francês. “Levante“, longa dirigido pela brasileira Lillah Halla, foi selecionado nesta segunda (17) para a 62ª Semana da Crítica, festival de cinema paralelo a Cannes. Com filmes selecionados pelo Sindicato Francês dos Críticos de Cinema, este ano 11 filmes foram selecionados, incluindo sete títulos de competição e quatro exibições especiais.

O longa brasileiro conta a história de Sofia (Domênica Dias), uma adolescente campeã de vôlei que descobre que está grávida e decide recorrer ao abordo, entrando em conflito com as leis de proibição no Brasil. Este é o primeiro longametragem de Lillah Halla, que fez sua estreia em Cannes em 2020, com o curta “Menarca”.

Mas “Levante” não é o único filme nacional selecionado para o festival. Ao todo, teremos outros três brasileiros na seleção oficial. “Firebrand”, de Karim Aïnouz, vai disputar a Palma de Ouro e conta com Jude Law e Alicia Vikander no elenco.

CINE POP
Giovana Rampini
15 | 23 de maio de 2023 20

“A Flor do Buriti”, de João Salaviza e Renée Nader Messora, será exibido na mostra Un Certain Regard (Um Certo Olhar). Além disso, Kleber Mendonça Filho volta ao festival com o filme ‘Retratos Fantasmas’, após “Bacurau” em 2019.

O júri da Semana da Crítica será presidido por Audrey Diwan, roteirista e cineasta francesa que venceu em 2021 o Leão de Ouro no Festival de Veneza com “O acontecimento”.

A 76ª edição do Festival de Cannes acontecerá de 16 a 27 de maio, e a Semana da Crítica acontecerá de 17 a 25 de maio. Veja a lista dos indicados:

Em Competição

Levante, de Lillah Halla

Il Pleut Dans La Maison, de Paloma Sermon-Daï

Inshallah A Boy, de Amjad Al Rasheed

Jam, de Jason Yu

Lost Country, de Vladimir Perisič

Le Ravissement, de Iris Kaltenbäck

Tiger Stripes, de Amanda Nell Eu

Exibições especiais

Ama Gloria, de Maria

Amachoukeli (filme de abertura)

The (Exp)erience Of Love, de Ann Sirot & Raphaël Balboni

Vincent Must Die, de Stéphan

Castang

No Love Lost, de Erwan Le Duc (filme de encerramento)

O Brasil tem história no festival e já ganhou uma Palma de Ouro, 60 anos atrás, com o filme “O Pagador de Promessas”, de Anselmo Duarte. O país soma 38 indicações à categoria. Recentemente, levou o Prêmio do Júri por “Bacurau”, em 2019, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles.

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Confira 5 filmes gravados em pontos turísticos brasileiros

O cinema tem a capacidade de nos passar sensações únicas sobre a ambientação onde a trama está acontecendo, pensando nisso, listamos 5 filmes que farão você se apaixonar e se hospedar mais vezes nesses destinos brasileiros. Confira!

Ó Pai, Ó (2007) Onde?

Salvador, Bahia.

Rico em referência regional, "Ó Pai, Ó" traz paisagens únicas da Bahia e de um de seus maiores pontos turísticos, o Pelourinho. Além de divertido, esse filme ressalta a cultura afro no Brasil e como o carnaval pode ser contagiante.

LUZ, CÂMERA, AÇÃO
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Era uma Vez (2008) Onde? Rio de Janeiro, Centro.

Filmado nas praias de Ipanema e no morro do Cantagalo, essa história de romance e drama retrata a vida de um menino da periferia que se apaixona por uma linda menina rica da zona sul do Rio de Janeiro. Além de mostrar as belas praias da zona sul, esse filme mostra peculiaridades de zonas mais restritas, como é o caso do morro do Cantagalo.

Paraísos Artificiais (2012) Onde? Pratigi, Bahia.

Tendo sua base na famosa edição do festival Universo Paralello, o diretor Marcos Prado traz um filme único onde a Bahia serviu de palco para a trama. Festa de arte e cultura alternativa, o festival Universo Parallelo que acontece todo ano na praia de Pratigi na bahia, engloba não só elementos culturais, mas principalmente sua capacidade de encantar os visitantes com suas exuberantes paisagens e praias.

Rio, I Love You (2014) Onde? Rio de Janeiro.

Pontos como o Pão de Açucar, morro do Vidigal, Teatho Municipal, Parque Nacional da Tijuca e claro, as famosas praias do Rio, são alguns dos encantos que os telespectadores terão ao assistir essa comédia.

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Velozes & Furiosos 5 -

Operação Rio (2011) Onde? Rio de Janeiro

A sequência de Velozes e Furiosos 5, ocorre no Rio de Janeiro onde Dominic, Brian e Mia aceitam o desafio para realizar um roubo de carros que estão sendo levados em um trem na cidade do Rio. Entre as passagens, os carros ficam escondidos em meio as favelas cariocas.

A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 1 (2011)

Onde? Paraty e Centro do Rio de Janeiro.

Com passagens pelo bairro boêmio da cidade do Rio, a Lapa e também por Paraty, assim foi gravada algumas cenas da continuação da Saga Crepúsculo.

Apesar de ter causado maior agito entre os fãs no bairro da Lapa, o destaque principal foi a Casa de Paraye, na região de Party. Para quem deseja conhecer esse refúgio paradisíaco, o acesso é possível através de barco ou helicóptero. Além de 6 quartos, a casa ainda conta com uma praia privativa de 220 metros!

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ARTE SETIMA '
Maio/2023
Edição

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