Diário (Nada) Secreto - Larissa Siriani

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- Pronta? – me perguntou. Eu assenti, sem dizer nada, e ele me estendeu a mão. Peguei-a e saí, fechando a porta atrás de mim. Nenhum de nós falou nada, e eu achei melhor só deixar que ele me levasse pra onde quer que nós estivéssemos indo. Quando chegamos no piso térreo do meu prédio, ele parou e procurou uma coisa nos bolsos. - O que foi? – acabei perguntando, confusa. Ele tirou um lenço enorme do bolso, do tipo que se usa na cabeça, e começou a tampar meus olhos. - Faz parte da surpresa. – disse, apenas, e eu mascarei um bufar com uma risada sem humor. - Que ótimo! Ele pôs as duas mãos nos meus ombros e me empurrou de leve, me fazendo voltar a andar. Não pude evitar colocar as mãos pra frente, como uma múmia, tentando desnecessariamente me proteger de alguma coisa que pudesse me atingir, e em vão descobrir pra onde eu estava indo. Só pude ouvir música. E sentir um ventinho gelado de começo de noite me atingindo, me deixando arrepiada. O Edson continuou me levando, me conduzindo Deus sabe pra onde. Mesmo de olhos vedados, eu sabia que tinha um pouco de luz onde quer que a gente estivesse. Abanei as mãos, mas não atingi nada que pudesse me ser útil. Então ele parou e meu coração chacoalhou, a mil, dentro do meu peito. Devagar demais, como se fosse em câmera lenta, ele desamarrou o lenço que cobria os meus olhos e o tirou. Meus olhos doeram a princípio, acostumando-se à nova claridade. Olhei para os lados, meio zonza. Estava todo mundo ali. Bem, não todo mundo, mas a maior parte. A Suellen, o Daniel, a Lana e o Diego, minha mãe, a Giovanna e a Sabrina, e até mesmo o Henry. Todos de branco. 236


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