Percurso pessoano

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No dia 5 de dezembro, os alunos da turma 12º2ª, acompanhados pelas professoras Lurdes Cruz e Lúcia Teixeira, percorreram os locais por onde andou Fernando Pessoa na Baixa de Lisboa e desta maneira puderam conhecer a Lisboa a que se referia Fernando Pessoa nos seus poemas. O percurso começou no largo São Carlos e terminou no Terreiro do Paço. Em cada paragem, um dos alunos organizador enviava SMS com excertos de poemas de Fernando Pessoa e dos seus heterónimos. De bigode posto, alunos e professoras liam e sorriam. No final, a equipa organizou um jogo de pistas que consistia em descobrir os últimos locais por onde passou Fernando Pessoa (trabalho e lazer) e tirar uma fotografia da placa informativa. A equipa mais rápida teve direito a um docinho.



Largo de SĂŁo Carlos Local do nascimento de Fernando Pessoa e 1ÂŞ casa em que este viveu.


Basílica dos Mártires Local onde o poeta foi batizado a 21 de julho, decorridos 48 dias após o seu nascimento. Ó sino da minha aldeia, Dolente na tarde calma, Cada tua badalada Soa dentro da minha alma. E é tão lento o teu soar, Tão como triste da vida, Que já a primeira pancada Tem o som de repetida. Por mais que me tanjas perto, Quando passo, sempre errante, És para mim como um sonho, Soas-me na alma distante. A cada pancada tua, Vibrante no céu aberto, Sinto mais longe o passado, Sinto a saudade mais perto. Fernando Pessoa

Largo do Chiado – A Brasileira


Largo do Chiado Nos anos 20 do século passado, o café A Brasileira (onde está a escultura de Lagoa Henriques) cativou um público relacionado com as elites intelectuais e artísticas, tornando-se, no centro onde se reuniam as tertúlias lisboetas, como o grupo do Orpheu que teve ali o seu ponto nevrálgico. Ao lado, fica a Casa Havaneza, onde Pessoa se abastecia de tabaco. Inspiração poema Tabacaria”.

Largo do Carmo Em meados de 1908, já jovem adulto, aluga um quarto no 1º esquerdo do nº 18 do Largo do Carmo, no qual se mantém até ao início de 1912.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu. Estou hoje dividido entre a lealdade que devo À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora, E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Álvaro de Campos, in "Poemas" (excerto)


Rossio Aqui existiu A Brasileira (do Rossio), o Café Gelo, a Chave D´Ouro. No local onde hoje está a Camisaria Moderna existiu, o restaurante Os Irmãos Unidos, no qual Pessoa se reunia com outros vultos do meio artístico e o café Nicola. Na praça D. João da Câmara existia o Café Martinho, onde se realizaram inúmeras reuniões do grupo de Orpheu. Este foi substituído por uma agência bancária em 1969.

Praça da Figueira A praça da Figueira de manhã, Quando o dia é de sol (como acontece Sempre em Lisboa), nunca em mim esquece, Embora seja uma memória vã. Há tanta coisa mais interessante Que aquele lugar lógico e plebeu, Mas amo aquilo, mesmo aqui... Sei eu Por que o amo? Não importa. Adiante... Isto de sensações só vale a pena Se a gente se não põe a olhar para elas. Nenhuma delas em mim serena... De resto, nada em mim é certo e está De acordo comigo próprio. As horas belas São as dos outros ou as que não há. Álvaro de Campos in Poemas


Rua da Prata No 1º andar dos números 59 e 71, trabalhou nas firmas Lima Mayer & Cia, na década de 1910, e na Moitinho de Almeida & Cia de 1923 a 1935, onde, frequentemente, permanecia noite fora para dactilografar parte dos textos.

Rua dos Douradores Nº 190, o restaurante Antiga Casa Pessoa, no qual almoçava habitualmente.

Rua da Vitória e Rua Augusta Ruas de passagem na rotina diária do poeta do poeta.

Rua da Assunção No 2º andar do nº 58, entre 1920 e 1923 existiu a editora Olisipo. No nº 42 onde, igualmente no 2º andar, trabalhou na Félix, Valladas & Freitas, Lda, na qual conheceu, em finais de 1919, Ophélia Queiroz.

Rua dos Fanqueiros No

44

da

Rua

dos

Fanqueiros, 1º andar, sede da Palhares, Almeida & Silva, Lda, onde escreveu parte do Livro do Desassossego.


Rua de São Nicolau Num largo constituído pelo cruzamento da Rua dos Fanqueiros com a de São Nicolau, ficava o posto da Vale do Rio, onde foi tirada a célebre fotografia a beber um copo de vinho e na qual Pessoa escreveu, uma dedicatória a Ophélia : “em flagrante delitro”. Ali situou o seu Livro do Desassossego. Rua da Conceição Na rua da Conceição apanha-se o elétrico nº28 em direção a Campo de Ourique, onde no nº16 da Rua Coelho da Rocha Pessoa viveu os últimos 15 anos da sua vida. Casa-Museu Fernando Pessoa.

Terreiro do Paço Martinho da Arcada: no atual, uma das mais célebres casas pessoanas, tornado ex-libris turístico e destino de romarias, o poeta vinha já nos últimos anos de vida, recebia companheiros de tertúlia e jantava com o pessoal e proprietários. Em sua homenagem existe uma mesa permanentemente reservada e conta-se que terá tomado ali um último café com Almada Negreiros três dias antes de falecer.


Ó céu azul — o mesmo da minha infância — Eterna verdade vazia e perfeita! Ó macio Tejo ancestral e mudo, Pequena verdade onde o céu se reflete! Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!

Excerto do Poema “Lisbon Revisited” de Álvaro de Campos

TABACARIA



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