Apreciações crítico-afetivas sobre os
Este é o sexto capítulo do livro Circo Navegador 25 - Anos escrito por Alexandre Mate, com a contribuição dos integrantes do grupo e de muita gente que nos presenteou com textos comoventes dos encontros que se deram ao longo das nossas histórias. Provavelmente você chegou até aqui por um QR Code do livro impresso. Considere esse arquivo como parte integrante e essencial do livro que se materializa dessa forma hibrida.
O circo, em suas manifestações e existência, se forma por meio de famílias, seja de sangue ou por afetos, portanto seguem os comentários de quarenta e cinco pessoas que atravessaram e se deixaram atravessar por essa jornada de navegares e navegadores. Muitas mais deveriam estar aqui com suas vozes asseguradas, mas como gostamos de uma prosa, convidamos todes, que não figuram nesses textos, a estender esse momento tão agradável de refazer nossas memórias contribuindo com comentários nas nossas redes sociais @circonavegador e marcando no texto #livrocirconavegador25anos.
Antes que tudo e depois que nada, agradecemos muito a essa gente de luta que nos presenteia com as apreciações que seguem e declaramos nosso apreço por tamanha generosidade
Adriano Cruz (aluno e vizinho da lona Circo Navegador iniciou-se palhaço)
@ciasmilecircus
Quando conheci o Circo Navegador, ele ficava localizado no Abrigo dos Anjos no Bairro São Francisco, em São Sebastião. Aquele local funcionava como um polo cultural de oficinas, nas quais eu participava como aluno. A princípio presenciava aquela movimentação durante o dia, ensaios na sala de apoio, aquele cheirinho de tinta fresca, as batidas de estacas, até o dia que fui, com minha família, assistir a um espetáculo por lá. Na entrada, havia uma lojinha de artigos, chaveiros etc. Uma mocinha tirava fotos e vendia por um preço simbólico, o nome dela era Pamela, logo depois viramos grandes amigos.
Ao entrar no espaço, a primeira impressão era de um circo simples de um mastro só, cadeiras vermelhas e brancas sobre a grama do terreno. No canto direito
“navegamentos” do Circo Navegador e suas criações
ficava um teclado e uma bateria, onde ficavam um “gordinho” Alejo e um “magrelo”, na batera, o Gabriel.
Nas atrações tinha uma dupla de malabares de calças pretas e camisas brancas, eram muito bons. Tinha os aéreos, tecido, lira e trapézio, com um casal, Michele e Jeisel (artistas tradicionais de circo), a cena do cozinheiro com o Luciano Pool (artista de rua) como chefe de cozinha, e seu ajudante o Juninho (mestre de capoeira), que logo depois se transformava em uma bailarina, era um espetáculo à parte. Não posso deixar de relembrar das acrobacias em dupla com a Evelin (ginasta) e o seu “porto” Marcos (coreógrafo), eram tão incríveis, técnicos, poéticos e sincronizados
No espetáculo aparecia uma engenhoca “movida a arroz e feijão”, a bancicleta, uma banda em cima de uma bicicleta conduzida pelo grande Luciano Draetta (ator e dramaturgo).
Ao finaldo espetáculo,eles vinham de roupa brancas e unidos para serem aplaudidos de pé.
Era um circo com artistas de várias vertentes.
E como eu saberia de tantos detalhes? Fácil, eu ia todo final de semana, fui virando amigo dos artistas, alguns frequentavam minha casa, que era ali pertinho, dentre alguns episódios posso recordar que minha mãe fez um reparo na bandeira do circo e um encapado no trapézio também.
Certo dia, ao fim de um dos espetáculos chamei o Luciano e entreguei uma cartolina enrolada, tinha uma caricatura com a personagem do espetáculo de dez anos, vi em seus olhos que ele gostou, logo depois isso virou um quadro que estava na parede do escritório. Dias depois recebi o convite para fazer uns “bicos” no circo, na pintura etc... foi uma outra fase do circo, já não era mais aquela lona em um mastro, era uma outra bem maior, iria ter um tablado de madeira no picadeiro, arquibancadas em três blocos para trezentas pessoas, um outro figurino podemos dizer, bem futurista. Novos integrantes entraram para o grupo. Fernando e o Julinho, ambos da capoeira, para realizar saltos acrobáticos; a Nina, que era produtora. O Circo Navegador tinha crescido muito. Na época, eu fazia manutenção, ajudava na contrarregragem, era orientador do público para receber as crianças e organizá-las. Teve um episódio muito legal: após terminar de dobrar a lona no palco, fui aplaudido Não sei se foi uma coisa boba, mas aquilo mexeu comigo.
Então, abriram as primeiras turmas de oficinas de circo. Realmente, não me via naquilo, mas algo despertou em mim. Percebi que havia um artista escondido em mim. Comecei a amar o circo.
Nisso o tempo passou, o circo passou por uma nova fase. Fez viagens com elenco menor. Muitas vezes, fui convidado para trabalhar nas montagens. Observava todos os detalhes, a logística, os números com o público, o teatro na rua, praças aquilo tudo foi me formando como artista.
Durante esses quinze anos que conheço o circo pude participar de inúmeras oficinas, com o grupo e artistas renomados de todos os lugares, até mesmo internacionais. Fui convidado para compor a equipe de adereços de Notícia pra Embrulhar Peixe: foi um projeto incrível!
O Circo Navegador fez uma grande diferença em minha vida. Eu, um menino do interior do Ceará, que pouco fui ao circo na minha infância, sobretudo por falta de condições financeiras... passei a ajudar, trabalhar, vivenciar, aprender, produzir, viajar, contribuir com o circo. Uma vez ouvi uma frase do Luciano, em um dia corrido de manutenções embaixo da lona do Circo Navegador: “Quem prova da água que desce da lona, nunca mais quer deixar o circo”, e isso aconteceu de fato.
Viver de circo, viver de arte não é fácil ainda, principalmente no Brasil, mas quem conhece a história do Circo Navegador, sabe o quanto esse grupo é resistente e guerreiro. Vem se reinventado ao logo de sua trajetória, fomentou e difundiu a cultura no Litoral Norte. Participou dos fóruns de cultura, na produção de festivais, incentivou a cultura local e tem possibilitado o intercâmbio de artistas. Também realizou oficinas de produção cultural e incubadoras de projeto, abrindo as portas do conhecimento adquirido para os artistas locais.
O Circo Navegador auxiliou muitos artistas sem espaço, abriu as portas de seu espaço cultural, sediado em São Sebastião, não apenas para artistas de circo, mas para as mais diversas áreas: hip-hop, dança, teatro, teatro de animação, cinema e alguns movimentos negros, LGBTQIA+, entre outros sem espaço físico
Ao Circo Navegador, em especial ao líder, se é que posso chamar assim, que para fazer o que ele faz, atuar, dirigir, escrever, produzir, dar aulas, elaborar e o principal, sonhar, só tenho a agradecer por acreditar na cultura, que seja ela no circo, no litoral ou no nosso país, enquanto muitas luzes se apagaram, a chama do Circo Navegador se manteve acesa, e se mantém há 25 anos firme e forte. Que em breve possamos comemorar outras bodas do circo!
@anaclarafmarques
O contato com o Circo Navegador é de grande importância para o meu crescimento como Comunicadora Social (RP) e como Produtora Cultural. Em 2010, eu era acadêmica de Relações Públicas na Univali/SC. Entrei em contato com Luciano Draetta, coordenador do Circo Navegador e meu irmão, e ofereci de fazer um plano de comunicação gratuitamente, pois era um trabalho acadêmico. Nem imaginava que tal contato desenvolveria minha profissão de produtora cultural. A partir da análise desenvolvida, identificamos que o Circo Navegador já estava consolidado como referência na cultura paulista. Com treze anos de existência unindo circo, teatro, música e dança. O Circo Navegador já havia: montado onze espetáculos e naquele momento tinha três em repertório: Om Co Tô? Quem Co Sô? Prom Co Vô?; Lavou, Tá Novo! e Quixotes); realizado duas mil apresentações de seus espetáculos; alcançado um público de aproximadamente quinhentos mil espectadores. Isso se caracterizava em grande feito para um grupo de teatro que nunca tivera o patrocínio de grandes empresas e visibilidade nos veículos de comunicação de massa. Encontramos dois pontos principais que representavam desafios: a divulgação online e a captação de recursos por meio de editais públicos e privados. E planejamos como agir nestas frentes. Nos dedicamos à melhoria contínua na comunicação através do site, que depois se expandiu para o Instagram e outras redes.
Me juntei à equipe de produção do Circo Navegador e com a orientação do Luciano Draetta colaborei na escrita de dez projetos em 2010. Aprendi a escrever projetos, entender editais, cumprir normativas, por intermédio deles com o Luciano Em 2010, o Circo Navegador foi aprovado para participar do Festival Nacional de Teatro Infantil de Blumenau (Fenatib), apresentando Om Co Tô? Quem Co Sô? Prom Co Vô? Meu filho, que naquela época tinha seis anos, mobilizou os coleguinhas da escola para irem conhecer seu tio palhaço. A animação foi tanta que a professora organizou uma atividade extracurricular, o pai de um aluno, que trabalhava com transporte, cedeu uma van e fomos de Itajaí para Blumenau assistir ao espetáculo. Aproveitei a oportunidade e fiz um release para imprensa. Devido ao fato curioso de uma criança mobilizar uma escola para participar de um festival de teatro, conseguimos duas páginas de divulgação. E assim iniciou minha experiência com
assessoria de imprensa para o Circo Navegador, em 2010 e 2011. Posteriormente, fiz a supervisão do alcance de metas de divulgação com assessoria contratada.
A partir de 2011, em virtude dos projetos aprovados em editais, me integrei diretamente na execução dos projetos. Comecei como assistente de produção e nos anos seguintes passei a produtora executiva e diretora de produção. Aprendi a produzir, fazer gestão de equipe, planejamento e avaliação sob o olhar atento do Luciano Draetta.
Juntos alcançamos aprovação em editais federais. Com o espetáculo Quixotes fomos aprovados pela Funarte para uma temporada no Teatro Eugênio Kusnet, em 2010.
Ousamos inscrever para Lei Rouanet e fomos aprovados, mas naquela época não conseguimos patrocínio.
Com tudo que aprendi,comeceia produzir em Santa Catarina, nos segmentos de dança, literatura, culturas afro-brasileiras, sempre com o foco na inclusão cultural. Enfim, se hoje tenho treze anos de experiência nas diversas áreas que abarcam a produção cultural, isso se deve à oportunidade que tive no Circo Navegador e especialmente ao gestor afetivo, sincero e exigente que é o Luciano Draetta.
Ana dos Santos Guitti (gestora cultural integrante do Circo Navegador entre 2017 e 2021) @ana.s.guitti
O Circo Navegador é mais que um grupo de teatro ou um espaço artístico!
Sempre que tem recursos, nos palcos são apresentados espetáculos e artistas com trabalhos incríveis, resultado dos contatos de mais de 25 anos de palhaçaria, festivais, circos, pareceres e cursos do diretor artístico, Luciano Draetta.
São muitas histórias e lições aprendidas nesse trilhar. E é nos bastidores que são ensinados processos e sistemas que fazem essa roda girar. Tive a sorte de ser remunerada para aprender isso. Algo que na minha mente chamo carinhosamente de “método D” de gestão, em homenagem ao Draetta.
Meu primeiro contato com o Circo Navegador foi quando recebi o aviso prévio de demissão no restaurante no qual trabalhava como caixa e deixaram a divulgação da programação comigo. Fui participar de uma oficina de três dias de mímica achando que ninguém mais me venceria no Imagem & Ação. Meu caro leitor, que surpresa tive! O professor sabia profundamente sobre anatomia: tensão muscular, articulações, rotações etc.
Foi naquela pequena empresa do setor cultural que vi serem aplicadas ferramentas de gestão e conceito de melhoria contínua como eu nunca havia visto na faculdade,nem nas grandes empresas que tive contato.E poraícomeçaram todos os meus questionamentos internos:
Por que uma pequena empresa com poucos colaboradores por vezes com alta rotatividade , consegue aplicar efetivamente as ferramentas de gestão? Por que tem artista com muito dinheiro e outros sem? Como viver de cultura no Brasil? E eu, poderia ter feito diferente? Eu posso fazer a diferença?
Pouco a pouco fui desmistificando que organização precisa de chefe, estrutura precisa de (muito) dinheiro, trabalho precisa de equipe. Esse espaço me mostrou uma vasta cultura artística e também de pessoas, de histórias, mundos tão diferentes. Vi dança indiana e indígena, teatro de sombras nacional e internacional, palhaços com diversas habilidades, músicos famosos, músicos que deveriam ser muito famosos, debati política, fiz documentário, aprendi que posso aprender mais e principalmente, aprendi que a vida é feita de escolhas. E que elas (as escolhas) dependem das nossas próprias atitudes, as quais, por sua vez, estão relacionadas aos nossos quereres e por MUITAS vezes nos enganamos em relação a estes.
Precisamos de sinceridade e respeito com nós mesmos. O Circo Navegador me tirou de uma caixa e me convidou a cocriar o mundo que eu acredito ser melhor. Parabéns pelos 25 anos do Circo Navegador!
Cadu Witter, Daniela Scarpari, Fátima Moniz e Ricardo Vasconcelos comentário crítico apresentado pela participação do espetáculo Quixotes, no XII Festival de Teatro de Limeira.
Que esse trabalho, tão preciso, continue crescendo e alimentando a arte e o teatro pelos palcos afora. Destaca-se a poesia, a narrativa e a simplicidade, comungadas com a grande qualidade cênica. A dramaturgia é muito bem construída, numa adaptação da obra de Cervantes eficaz e coerente com a linguagem escolhida pelo grupo.
A complexidade do texto se dilui na eficiência interpretativa do elenco. Percebe-se a maturidade do ator e atriz no excelente tempo/ritmo e ótimo trabalho corporal. A musicalidade é preenchida de nuances e dinâmicas que garantem a fluidez do espetáculo.
Carmem l. Prado (socióloga, produtora cultural, papeleira, ativista e grande amiga)
@carmem.prado.39
Lembro exatamente o dia em que assisti, pela primeira vez, o Circo Navegador. Passava por uma estrada e uma lona colorida chamou minha atenção. Pensei: uma lona de circo, aqui, em São Sebastião, vai ter gargalhada na certa, que alegria! Isso já faz mais de quinze anos, e aquela imagem ficou em mim. Tempos depois, não muito, vim a saber e a conhecer o Circo Navegador e o seu idealizador, Luciano Draetta. Naquele momento, não demorou nadinha para entender que uma grande e linda história estava se construindo. Não havia ali, propriamente, um circo tradicional, debaixo de uma lona, arquibancadas, palhaços, trupe e risadaria. Talvez a dificuldade de encontrar e manter um grande espaço físico que uma lona requer, aliada aos diversos horizontes que o Luciano via, levou a navegação para outras águas, e assim, encontramos o circo nas praças, nas ruas, onde “o povo está” .
O Circo Navegador tornou-se um espaço de cultura e arte, com atuação nas mais diversas áreas, música, teatro, dança, literatura, referência para artistas novos ou tradicionais, do local ou não, independentes... De qualquer modo, gente comprometida com o amor, respeito e empenho na qualidade do seu trabalho, porque é isso, arte e cultura são trabalhos, e de grande importância para a comunidade. A curadoria cuidadosa e relevante sempre foi uma marca, posso dizer que, como público, ali vivi momentos de grande sensibilidade, alegria e reflexões, porque sim, os caminhos que este circo percorre são de cidadania, de participação política, de incessante busca pelo reconhecimento da arte e cultura como vetores de desenvolvimento e justiça social. Posso citar rapidamente, o alcance da Roda Cidadã, do Fórum de Cultura do Litoral Norte, da militância no Conselho Municipal de Políticas Culturais que representam as pautas de artistas e produtores de cultura de forma dinâmica e respeitosa.
São 25 anos de resistência, persistência, insistência, ensinamentos e aprendizagem.
No mais, vida longa ao Circo Navegador! Viva o Circo Navegador!
Celso Ferreira de Albuquerque (técnico em iluminação nos anos 2000 a 2003)
@celsof.albuquerque
Nalgum momento, em princípios dos anos 2000, conheci o Circo Navegador... Um grande amigo, iluminador, estava fazendo um trabalho com o grupo e precisava de um substituto na operação de luz. Estava começando minha caminhada no teatro, meu amigo conversou comigo e, prontamente, atendi. O espetáculo era Hoje Tem Marmelada, em temporada no Teatro Alfredo Mesquita, na Zona Norte de São Paulo. Ali começava uma relação profissional e pessoal das mais prazerosas de minha vida. O carinho com que fui acolhido em meu começo de carreira, a orientação nos detalhes do fazer teatral e circense são ensinamentos que trago comigo desde então. Entretanto, confesso, sobretudo, a camaradagem e o afeto que Luciano Draetta e Fernando Mastrocolla sempre demostraram e que alicerçaram uma conduta ética e profissional, que sustentam o técnico que sou hoje.
Devo bastante a esses dois nobres palhaços, esses artistas e amigos que nem o tempo nem a distância são capazes de apagar tamanha e valorosa troca. Outros trabalhos vieram, outros desafios, em teatros, nas ruas, um chamado para um trabalho era sempre um chamado para um período de diversão, aprendizado e realização. Sou e sempre serei grato aos maravilhosos momentos que passei junto a essa trupe.
Vida longa ao Circo Navegador!
Celso Nascimento (músico e compositor, diretor musical do espetáculo premiado 70, Senão 60 em 2001) @celsopercussao
Falar sobre o Circo Navegador é uma viagem no tempo, é reviver uma relação de afeto com o fazer artístico e com o companheiro de jornada Luciano Draetta, que conheço desde o início dos anos 1990. Luciano coloca o seu espírito empreendedor a serviço da arte de maneira rara, e acredito que isso possibilitou estarmos agora celebrando estes 25 anos do grupo.
Já no primeiro espetáculo do Circo Navegador fui convidado, em pleno sábado de carnaval, a compor uma trilha para uma cena de malabares que era feita em blackout, utilizando só as luzes das bolinhas. Sim, o dia seguinte seria o da estreia. Na tarde do domingo de Momo, estava na sala de ensaio com minha fita cassete gravada em
uma mesa de quatro canais, testando as sonoridades, e assim iniciamos nossa parceria.
Continuei próximo assistindo às novas montagens, trocando impressões sobre as mesmas, tocando percussão em alguns eventos do grupo; no espetáculo 70, Senão 60, recebi o convite para compor a trilha e fazer a direção musical. De início, pedi para não ficar preso à linguagem musical que normalmente via em espetáculos de circo na época, Luciano acolheu minha solicitação. Com um elenco altamente musical pudemos fazer citações de músicas de Pixinguinha, usar base percussiva de música afro-baiana e demais ritmos brasileiros, explorar algumas paisagens sonoras urbanas e essa aventura resultou na indicação da trilha sonora para o Prêmio Pananco de Teatro 2000. Nada mal para um grupo novo e um compositor pouco conhecido.
Adentramos o novo milênio sempre próximos, mas trabalhando separados. Porém, a cada montagem do Grupo eu estava na plateia acompanhando o crescimento e refinamento contínuo do trabalho.
Muito do que aprendi observando a trajetória do Circo Navegador me ajudou a dirigir minha companhia. Em 2009, novamente estabelecemos uma nova parceria e fiz a produção local de toda a programação que compunha o projeto de circulação da Cia. Nósláemcasa, em que sou diretor e fundador. Naquela ocasião, além da alegria de voltarmos a trabalhar juntos, pude presenciar o início da atuação do Circo Navegador, no Litoral Norte, mais especificamente na cidade de São Sebastião.
Tem sido uma alegria imensa acompanhar, mesmo que à distância, o desenvolvimento das propostas e realização das ações do Circo Navegador, em São Sebastião, região que conheço desde criança e em que pude presenciar, nos últimos cinquenta anos, o esmagamento da cultura local, o processo de favelização dos moradores nativos e o alijamento dos bens culturais.
Ver hoje o Circo Navegador com uma sede que se transformou em polo cultural não só da cidade, mas de toda a região, propondo e efetivando um movimento cultural, recebendo artistas das mais variadas regiões em diferentes linguagens, proporcionando possibilidade de formação cultural para a população e resgatando sua autoestima, fomentando reflexões acerca do fazer artístico, de maneiras saudáveis de se viver, de sustentabilidade e sobretudo constituindo-se em um território de afetos, me causa imensa alegria e a certeza de que com determinação, organização, arrojo, ética, trabalho e propósito vale muito a pena empreender em arte. Luciano que nos conte melhor.
Abraços!
Cristina Prochaska (atriz e diretora de teatro e cinema, companheira de luta no Litoral Norte) @cristinaprochaska
O Circo Navegador é um espaço de livre pesquisa, local para o cultivo do espírito humano de cultura e sua transversalidade. Manter um espaço como este por tanto tempo, com diversidade de opções e linguagens, é tarefa árdua, é trabalho para ser respeitado e aplaudido por sua simples existência em um país onde a cultura vive em constante luta pela sobrevivência, principalmente fora dos grandes centros. É pura resistência. Em uma pequena cidade do Litoral Norte, propor-se a manter um espaço livre, permanente e com abertura para diversas manifestações da cultura é para os fortes de espírito. A função de ser um lugar onde artistas de várias vertentes se manifestam e mostram seu trabalho para o público traz a noção de pertencimento da comunidade cultural e seus artistas, em intercâmbio constante.
Luciano Draetta e a equipe do Circo Navegador, conseguem manter um espaço de livre expressão, além de ser um escudo emocional que acolhe e divulga tantos artistas espalhados na região e de diversas vertentes culturais. É um bastião da luta por políticas públicas de inclusão e liberdade de expressão.
As atividades são gratuitas ou bastante acessíveis, de modo que ninguém fique de fora. O Circo Navegador é inclusão, é pertencimento, é acolhimento.
Danielle Farnezi (atriz, arte educadora, palhaça e integrante do grupo entre 1998 e 2000) @danielle.farnezi
Conhecio Circo Navegador em 1998. Era recémformada por uma escola de teatro, fui apresentada à trupe que estava apresentando o espetáculo Hoje Tem Marmelada A partir daquele encontro, uma relação de amizade, parceria e de formação no meu fazer artístico se consolidou.
Tive a oportunidade de acompanhar a produção do espetáculo, e posteriormente, atuar na criação, e como atriz no grupo Trago no coração, a figura do palhaço, do circo. De menina pequena, escuto minha família dizer que o palhaço Piolin é nosso primo. Sim, sou sua prima bisneta. É assim, Clothilde Farnese, a artista equestre e bailarina, a mãe do palhaço Piolin, é minha tia-bisavó.
Precisei falar sobre esse parentesco para localizar e dimensionar para onde o Circo Navegador me conduz. Me leva nas águas da poética da palhaçaria, na lida do dia a dia do fazer artístico. Na reflexão e na ação do como, a linguagem artística
é necessária e poderosa para as relações e para a vida, na possibilidade de sonhar junto!
Danilo Cavalcante (mamulengueiro do Grupo Mamulengo da Folia)
@cavalcante5387
Eita que o circo vem de longe! Do mundo da nossa imaginação. Chega logo aqui, com cantos e danças, caindo nas graças e habilidade do palhaço brasileiro, mostrando suas estripulias no picadeiro, sentindo o cheiro do barro vermelho e transformando poeira em poesia, adultos e crianças se deleitam com a inversão e alegria do circo… Amor e n são elementos essenciais do palhaço, viva o Circo Navegador.
O Grupo tem experimentado, a partir de esquetes populares, muito daquilo que o chamado novo circo (ou o circo moderno) tem buscado. Muitos artistas perseguem uma renovação da linguagem como quem corre na busca do ouro, do mais precioso do ofício: o domínio dos meios qual seja, das técnicas; e, mais que isso, o seu uso pleno.
Trata-se de um grupo de alta qualidade e muito experiente no circo. É muito criativo e sabe como envolver o público, aproveitando cada segundo dos espetáculos para provocar o riso, viva o circo! Viva Circo Navegador! Viva a luta do Luciano Draetta, que é política e social, no cenário nacional.
Diego Galdino (produtor cultural e educador, parceiro de projetos desde 2004) @diegocgaldino
Onde estava quando o circo me achou?!
Nos idos de 2004, já no final daquele ano, “perdido” entre livros e histórias, trabalho e faculdade, eis que Lavou, Tá Novo! veio ao meu encontro. Encontrei-me?! Fui encontrado? Conheci o Circo Navegador. Uma galera que era da capital, mas se pretendia "caiçara cosmopolita", ao menos foi minha primeira impressão. Do interior/litoral para o mundo ou o inverso, tanto faz, a relação estava ali.
Os caras já tinham bagagem, histórias, experiências. Embarquei naquele navio. Como assistente de produção ou de palco, ou de som, luz, câmera, ação... sei lá, perguntem ao Luciano por que ele me contratou!
Fiz com eles uma temporada em colônias de férias, teatros locais, e de repente aconteceu: o palhaço roubou meu coração!
Todo navio tem muitas partes, assim como um circo também. Partes físicas, humanas, teóricas e conceituais. Ninguém navega sem conhecer as marés, os instrumentos e tudo mais... Mas, mais que tudo, ninguém navega sem coragem! Conheci um palhaço navegante, capitão de si, e construtor do mundo.
Mundo novo, construído com arte e lona
Onde a humanidade é caminho e realizar o caminhar...
Este palhaço com nome de peixe, que no coletivo do circo é capitão navegante, imediato, marinheiro e sempre passageiro. Aquele que organiza, desorganiza, cria e recria, mas, sempre vê e grita “terras à vista”!
Eita, palhaço corajoso, abrindo mares e criando arte.
Para arte, toda ela, o Circo Navegador é exemplo, na qualidade e na resistência. Mostrando sempre que arte é potência, que abre portas, caminhos, constrói possibilidades. Por onde passa, em sua jornada navegante, faz rir, pensar e unir toda a plateia, neste encontro de inversão e imersão. Onde a graça é ser humano, rindo de si mesmo, sempre a si reconstruir.
Salve o Circo Navegador, que navegue por todo o tempo de nossa humanidade.
Por fim, digo que fugi com o circo, desde o primeiro encontro. Está sempre comigo, em mim, como bússola e potência. Se hoje acredito que algo consigo fazer é porque com Circo comecei, aprendi e realizei.
E sempre com ele continuo a navegar.
Navegar com o Circo é sempre preciso, pois viver não é preciso.
Emiliano Cesar Bernardo (produtor cultural e gestor do Espaço Pés no Chão, de Ilhabela) @pesnochao20
O Pés no Chão e o Circo Navegador nasceram praticamente na mesma época e desde o início dos anos 2000 começamos a acompanhar os trabalhos do Coletivo.
Naquela época, aqui no Litoral Norte havia pouca produção artística profissional e o Circo Navegador serviu de referência para muitos outros coletivos que também estavam buscando esse caminho.
Naqueles tempos, o Pés no Chão foi apresentar uma peça de teatro na rua da Praia, em São Sebastião, e tivemos a oportunidade de assistirmos pela primeira
vez a uma produção do Circo Navegador e a partir daí iniciamos o entrelaçamento das nossas histórias.
Ao longo do tempo, fomos acompanhando as mudanças de sede,e cada novo espaço era consagrado como palco pela arte e a alegria que o Circo Navegador sempre soube colocar em cena. Temos na lembrança as apresentações na lona montada no amplo espaço de quintal de uma grande casa no Bairro São Franscisco (Abrigo dos Anjos) e batemos muitas palmas na arquibancada armada, como nos circos de antigamente, só que pequenina, mas suficiente para proporcionar ao público histórias incríveis e hilárias.
Desde então e até a atual, brincando com os espaços, como essa nova sede, que se integrou no urbano, encrustado nas casas do bairro, uma porta aberta para as fantasias e realidades que acontecem lá dentro daquele palco. Tem de tudo quanto é cultura de qualidade. É circo, é música, é teatro, é palhaço, é vídeo, é filme, é filosofia, é política, e um ponto de do-in da cura do mundo.
Nessa trajetória, o Circo Navegador sempre foi um exemplo na aprovação de projetos junto aos editais de cultura, demonstrando a importância da sua equipe de gestão na busca da obtenção de recursos para ter essa vida longa e criativa.
No palco do Pés no Chão ou em eventos promovidos por nós, tivemos a alegria de poder mostrar para muita gente de Ilhabela quase toda a produção artística produzida pelo Coletivo, desde os espetáculos de palhaços que levaram nossas plateias às gargalhadas e nos remetem aos palhaços de antigamente, como em outras produções, quando trouxe preciosas reflexões sobre a existência, no espetáculo Notícia pra Embrulhar Peixe, Cartas ou em Quixotes, que nos oferece um olhar brasileiro no corpo de uma das histórias mais significativas da literatura mundial.
E quase por fim, o Pés no Chão agradece a sempre prontidão do Luciano Draetta com relação às mobilizações acerca da democratização e ampliação das políticas públicas culturais, sem dúvida temos que avançar cada vez mais nestas conquistas e ele ajuda muito para que lembremos disso.
E agora sim, por fim, temos uma preciosidade para compartilhar, que é uma outra honra em forma de tesouro, pois a sua linda filha, Lua Victaliano Draetta, subirá ao palco pela primeira vez na vida, pelas mãos do Pés no Chão, e isso também ficará marcado em nossas histórias.
Assim, para se alcançar a Lua, vamos navegando de chão em chão...
Evelin Sabará (diretora da Cia Filhas da Dança e integrante do Circo Navegador entre 2007 e 2016) @evelin_sabara
O Circo Navegador teve relevante importância, com grande significado para o meu projeto de vida, na área profissional e artística. Integrei o elenco artístico em dois grandes espetáculos: o de comemoração da primeira década, Circo Navegador 10 anos (2007) e Cartas (2014), sendo o primeiro espetáculo dirigido por Luciano Draetta e o segundo por Roberto Rosa, ambos coreografados pelo mestre Marco Sanches. Foram encontros, estudos, trocas, experiências e construções de criações direcionadas, com retornos qualitativos de crescimento, tendo foco de pesquisa cênica e estudo corporal ao longo do percurso. Obtive ganhos como o primeiro registro de artista circense, liberdade em construir, criar e lapidar processos notórios dentro dos espetáculos. Disseminar a arte em nossa cidade e, de forma itinerante, ajudar a propagar a rica cultura existente de nossos ancestrais. Conquistei a atuação como multiplicadora do conhecimento circense transmitindo de forma metodológica em aulas, oficinas e workshops que engrandeceram minha bagagem e permitiram que eu tivesse um grande crescimento na área.
Com propriedade e experiência, posso afirmar que o Circo Navegador tem seu papel social de transformação, o que permite a pessoa ter uma participação efetiva, com grande envolvimento, por meio de movimentos de transmissão circense e artístico, promovidos pelas manifestações culturais no espaço. Esse é o meio de acesso às artes, uma proposta rica de inserção que atravessa diferentes elementos na cultura.
Agradeço imensamente ao Circo Navegador pela história que me permitiu construir nessa jornada, contribuindo assim para formação de uma profissional da arte. Atualmente, consolido e transfiro toda a magia cultural experienciada naquele espaço, que ajuda a melhorar a existência humana.
Que o sucesso sempre acompanhe a trajetória do Circo Navegador.
Fabek Capreri (ator e palhaço, atuou no Circo Navegador de 1999 à 2001)
@bekfabek
Trabalhei com o Circo Navegador no fim dos anos 1990. Integrei o elenco de dois espetáculos, Hoje Tem Marmelada e 70, Senão 60, importantíssimos na minha formação como ator e principalmente como palhaço, na verdade, foi minha primeira experiência com o universo do palhaço. Com eles aprendi sobre o circo tradicional, sobre o palhaço brasileiro, teatro de grupo, aprendi a elaborar projetos artísticos.
Foi um período de muita aprendizagem para mim que, naquele momento, dava os primeiros passos na carreira artística.
Importantíssimo também, creio eu, o grupo se estabelecer no Litoral Norte de SP, fora da capital, onde a carência cultural é enorme. Ter um grupo teatral/circense, bem como um espaço cultural na região, mantém acesa a chama da cultura, do pensamento livre e crítico, tão importantes na formação de um povo. Vida longa ao Circo Navegador.
Fábio Zanin (amigo de infância de Luciano Draetta) @fzaninvirtu
Acho que, tendo em vista meu processo individual, o circo são as pessoas. O Circo Navegador é a pessoa, é uma pessoa que considero como irmã, que tem várias jornadas comigo. Crescemos junto, e assim continua a ser, na verdade. Trocamos muitas ideias. Temos uma conexão muito bonita, que facilita nosso olhar, nossa conversa, nossa risada. A gente continua dando risadas juntos. Então, é um processo individual de crescimento de ambas as partes. O Circo Navegador no cenário cultural e artístico é de extrema importância. Poder levar esta reflexão sobre a vida, o que o palhaço traz, o cotidiano de forma leve, reflexiva, fora os vários projetos que o Circo Navegador trouxe para fortalecer a existência e a prática do circo. O fortalecimento do pensamento, dos pensadores em seus mais variados segmentos. Então, o circo é mais do que “somente” levar a diversão: o que não seria pouco, convenhamos. O circo pode abrir ou ajudar a abrir janelas parta tantas outras possibilidades de vida, do bem viver, do bom, do belo e do verdadeiro.
Ao falar do Circo Navegador sempre me lembro dessa figura que eu tanto amo: Zé Biroto (Luciano Draetta), meu camarada, que desejo que continue a brilhar, muito bom estar lado a lado nesta caminhada! E que bom, venham mais 25 anos.
Sinal que a amadurecemos juntos. É muito bom fazer parte da história do Circo Navegador, que tem um nome lindo: navegar, o circo que navega nos diferentes mares da vida, é um privilégio estar com você nesse rolê. Muito obrigado.
Francismar Minucelli (amigo dos anos 90, ajudou o Circo Navegador acontecer)
@franminucelli2
Conheci o Zé (Luciano) na faculdade. Rapidamente, nos tornamos amigos, pois o Zé era/é um cara muito agradável e muito correto com as coisas.
Em determinado momento, ainda na faculdade, o Zé começou a venderalgumas coisas na faculdade,dentre elas uma marionete de fantasminha que fazia grande sucesso...
Era alguma coisa que estava dentro dele, mas que, naquele momento, rebrotava. O amor pela arte estava lá.
Uma certa ocasião fomos tomar umas e ele estava triste pois vivia um conflito entre apoiar o pai ou viver o que seu coração mandava, que era viver a arte. A arte não tem um fazer pela metade: é paixão. Ainda bem que depois de umas e outras ele escolheu contribuir para si e com o mundo por meio da sua paixão.
Depois da escolha acontecida, ele entrou no meu carro, fomos para Porto Seguro. Na ocasião, ele estava com o pé quebrado e um monte de coisas para vender. Eu voltei, mas ele continuou por lá. Ficou alguns meses. Deve ter sido como o nascimento de uma criança, o desabrochar de uma flor. A arte venceu!
Moramos juntos alguns anos depois. Eu chegava do escritório de gravata afrouxada e ele descia de um trapézio de seis metros que ajudamos ele a instalar no fundo de casa. Muitas festas, amigos e jantares, e muita alegria naquela casa. Ele, que sempre considerei um empreendedor nato, já estava empenhado e vivendo intensamente o Circo Navegador.
Frequentemente tinham artistas em nossa casa, alguns mais conhecidos, como o Jairo Matos. Para mim, era uma coisa bem legal, pois eu passava o dia no mundo do escritório e morava com um artista que admiro muito.
Eu casei, o Zé mudou, fomos navegar em mares distintos, mas ele permaneceu no circo. De lá pra cá, vejo o sonho do circo realizado e acontecendo a cada dia.
É muito bom ter um amigo como o Zé, ele traz poesia para minha vida!
Te amo, Zé!
@gabrieldraetta
O Circo Navegador foi uma grande escola para mim. Uma oportunidade de vivenciar intensamente a prática artística como um trabalho. Com seriedade, constância e responsabilidade. No Circo Navegador pude ir além do estudo e ter a vivência profissional fazendo apresentações com grande frequência em espaços diversos, às vezes com toda estrutura necessária, em unidades do Sesc, em festivais; em outras ocasiões com o mínimo de recursos, em apresentações na rua, sempre nos adaptando e buscando entregar o melhor resultado para o público. Nas muitas viagens que fiz com o grupo, pude conhecer muita gente, muitos grupos e muitas cidades, ampliando meus horizontes e conhecimentos. Comecei a estudar música aos doze anos, aos quatorze comecei a trabalhar como ajudante no Circo Navegador, primeiro separando o material, carregando o carro e montando o cenário, depois operando luz e som e posteriormente tocando em cena e atuando como ator/palhaço, coisa que nunca havia imaginado que faria.
Toda essa vivência foi importantíssima para minha formação como artista e ser humano e sou muito grato por ter tido essa oportunidade. O Circo Navegador tem uma postura crítica e ativa, seja nas temáticas dos espetáculos, nas propostas e objetivos de seus projetos e na participação nos movimentos culturais, sempre buscando descentralização, estímulo da reflexão, debates e multiplicidade. Uma das contribuições do grupo ao cenário cultural e artístico é a pesquisa e divulgação da estética e da história dos palhaços brasileiros e do circo brasileiro.
Deixo um agradecimento a todas as pessoas que foram parte e contribuíram na trajetória do grupo e em especial ao Luciano Draetta por ter me convidado a fazer parte dessa história, por ser tão sonhador e empenhado em pôr em prática essas ideias e sonhos que mudam a vida de tanta gente, assim como mudaram a minha. Gostaria de agradecer e mencionar outra pessoa que foi importantíssima na história do grupo e foi uma grande referência para mim: Fernando Mastrocolla, que, com suas habilidades musicais, técnicas e palhacísticas, me estimulou, influenciou e ensinou muito no início da minha trajetória artística. Fernando é uma pessoa muito boa e talentosa, seja como músico, palhaço e também no audiovisual. Uma grande referência.
Isabel Galvanese (artista plástica e cenógrafa do espetáculo Boa Noite)
@belgalvanese
Acompanho o Circo Navegador desde o seu início. Foram tantos espetáculos! Sempre que posso, quero estar presente. Morando numa cidade onde “o aparelho cultural” é limitado, sinto que o Circo Navegador preencheu, de forma sensível e de qualidade, essa lacuna. Sou muito agradecida pelo trabalho feito no Circo, fez toda a diferença para a minha formação cultural e lazer.
O Circo Navegador traz cultura para a cidade de São Sebastião de forma descentralizada. Tem uma curadoria muito especial, preocupada com todas as áreas, desde circo, teatro, até dança, música, cinema e literatura. Muitos artistas que estão crescendo em sua carreira passaram pelo Circo, como Luedji Luna, Juçara Marçal, Lena Bahule, entre outros. É um lugar para receber com toda qualidade os artistas que vêm de outras cidades, um ambiente aconchegante, bem iluminado, com boa acústica e que recebe o público com muito carinho. É uma pedra preciosa que brilha muito, uma referência para todo o Litoral Norte.
Desejo que o Circo Navegador continue a sua jornada luminosa.
Kauê Gonçalves (videomaker e designer gráfico, integrante do Circo Navegador entre 2019 e 2022) @kauesgoncalves Quando eu tinha por volta de oito anos, minha escola levou todos os alunos a um circo de lona localizado no Bairro São Francisco, ali foi meu primeiro contato com a arte e com o encantamento que só o circo tem. A partir daquele momento surgiu uma luz dentro de mim, algo que não entendia ainda. Alguns anos mais tarde, em 2012, um amigo me convidou para assistir a uma apresentação de dois palhaços, na quadra do bairro. Ao chegar ao local era uma gravação para TV Cultura, foi a primeira vez que vi uma filmadora e novamente senti aquela sensação.
O tempo foi passando e com dezessete anos comecei a me aventurar no audiovisual. Em janeiro de 2019, recebi uma mensagem de uma amiga dizendo que um espaço cultural estava precisando de panfleteiro e, ao chegar lá, era o mesmo palhaço daquela praça. Por coincidência, ou não, se iniciava as apresentações de um edital ProAC. O espaço precisava de um cinegrafista, e essa parceria durou três anos. Durante esses anos eu aprendi muitas coisas, tanto na área profissional como
pessoal. O Circo Navegador está, desde o começo da minha vida artística, passando de uma fonte de inspiração para uma fonte de aprendizado. Hoje, posso dizer que esse lugar foi uma escola, uma clínica psicológica e o mais importante: uma casa para mim.
Espero que o Grupo Circo Navegador dure por mais 25 anos e que eu possa continuar fazendo parte dessa história.
Lua Victaliano Draetta (filha de Luciano Draetta)
Eu conheço o Espaço Cultural Circo Navegador desde que eu nasci e lá tive experiências muito boas. É muito legal! Hoje eu tenho 9 anos de idade. O meu pai é palhaço e cuida do Circo Navegador.Eu vivo porlá e assisto vários espetáculos,alguns várias vezes, mas nunca perde a graça.
As vezes passa filme lá na telona de cinema do espaço e eu durmo no meio, mas meu pai me leva pra dormir na cama. Adoro ver filmes de crianças, mas nunca passa na programação, só quando meu pai monta a tela para a gente assistir num dia comum sem público. Pipoquinha, filme e uma experiência mágica.
Meu pai está montando um espetáculo novo de palhaço, que se chama Boa Noite, eu assisto os ensaios e dou opiniões pra ele. Ajudo a criar a nova peça.
Luiz André Cherubini e Grupo Sobrevento (teatrólogo de renomada importância no teatro brasileiro, com destaque ao teatro de animação/ de objetos/ de bonecos) @sobrevento Conheci o Luciano Draetta bem jovenzinho. Assisti ao nascimento do Circo Navegador. Sabia que viria a “vingar” e a desabrochar. Erguido com muita luta, sacrifício e determinação, enfrentou todos os vendavais que põem à prova as lonas de todos os circos. E resistiu a eles, porque as suas estacas estavam fincadas em um chão firme, assentadas em um treinamento constante, em intercâmbios permanentes e em uma grande fé na arte, que só premia e reconhece quem o ama e quem a ela se dá plenamente. As muitas conquistas, os 25 anos de grupo são frutos de muita dedicação, de muita tenacidade e de um sonho que sempre o norteou.
Confesso que temi pelo Circo Navegador quando Luciano decidiu mudar-se para o litoral paulista, em São Sebastião, onde já tinha um fazer e uma reputação
bem ancorados. Não é fácil mudar-se, reinstalar-se, recomeçar. Na capital, os bons ventos são mais regulares: há menos calmarias. Assim como eu, ele sabia disso. Como nunca lhe faltou persistência, em pouco tempo seu trabalho se afirmou na cidade e em todo o litoral norte do Estado. Os sacrifícios não foram poucos. E continuam sendo muitos. Sem perder do horizonte os imprescindíveis intercâmbios estaleiro de todo artista , nunca se afastou dos movimentos contemporâneos da arte de nosso país, mantendo-se, mesmo com o pé na praia, a navegar com os muitíssimos companheiros que, com ele, viajam no barco da cultura, em busca da transformação do mundo.
Luciano levou-me, e à companhia de que faço parte, a pisar pela primeira vez, como artistas, em um circo. E montou um "pano de roda", um circo valente, mas pobrezinho, sem mastro. E construiu um teatro em São Sebastião. E foi morar nele, como o faz a gente de circo. O teatro, o circo, a dança precisam espraiar-se, e o Circo Navegador largou-se a levar a arte “aonde o povo está”. Continua ajudando a levar, além dos grandes centros, a voz e o corpo de muitos artistas que, como os seus, juntos com os seus, sonham com encher de sorrisos os rostos da nossa gente. Parabéns, Circo Navegador, nossa prima! Parabéns, Luciano, mano velho!
Marcela Sobral (doutora em Educação. Gestora de projetos, Terapeuta, praticante de meditação e produtora do Circo Navegador em 2007)
@marcelademarcosobral
É importante começar afirmando que eu sempre tive uma ligação e estive numa órbita do circo. Ainda muito pequena, ouvia minha mãe dizendo: “Ah, este homem é o Arrelia” E eu não fazia a menor ideia do que aquilo significava. Provavelmente, com dois, três anos, já tivesse visto o palhaço Arrelia, mas não tinha nem neocórtex, para fazer a conexão de que eram dois seres diferentes. Depois de muitos anos, tive a oportunidade de estar com o palhaço Arrelia, tanto assistindo suas performances, como com a pessoa, em razão de meus pais terem uma forte conexão com ele.
Estudei com a filha do Pururuca, tive o prazer de conhecer o Pururuca e o Torresmo, ver esta transformação de duas pessoas comuns em seres extraordinários como os palhaços. Mais tarde, então, quando conheci o Luciano Draetta e o trabalho do Surubim, para mim tal mágica tocou no meu coração, porque já tinha uma conexão, uma ligação, já havia trabalhado no Sesc Pompeia, participado da equipe de produção do projeto Circo Nerino, uma programação/evento muito importante.
Posteriormente, fui morar em Ilhabela e conheci o Circo Navegador, que se apresentava na Praça do Coreto de São Sebastião todos os dias de janeiro de 2004 que tinha espetáculos do Festival de Teatro de Rua de São Sebastião; junto com um grupo de amigos, atravessávamos a balsa Ilhabela–São Sebastião de bicicleta para assistir aos espetáculos de teatro e circo. E foi um período muito interessante, porque alimentava a alma, poucas coisas aconteciam no Litoral Norte, especialmente Ilhabela e São Sebastião, nesta época, muito menos na área do circo e teatro. Era maravilhoso poder ir pedalando, curtindo aquele visual maravilhoso e depois sermos alimentados por espetáculos de rua tão comoventes, que nos tocavam tanto. Eu ministrava aulas na faculdade de São Sebastião, e estava saindo, tinha ido assinar minha demissão, encontrei com uma pessoa na porta, colocando um cartaz, precisando de um produtor cultural para as atividades do Circo Navegador, era o Luciano Draetta. Ali mesmo conversamos e fui trabalhar no Coletivo.
Foi um período muito entusiasmante em razão de eu sempre ter gostado de estar no bastidor, fazer produção, projetos, e sabia da importância do circo na minha vida, para muita gente. Essa experiência me deu condições de confirmar a importância da arte, às vezes, tão desvalorizada, pouco reconhecida. Como a arte pode ser transformadora, como foi para mim e como vi seus efeitos acontecendo em muitas pessoas. Trabalhar, montar os projetos, escrever, pensar na produção, como é que tudo vai acontecer… No projeto Circo Navegador 10 Anos, a gente montou uma lona de circo no Abrigo dos Anjos, em São Sebastião. Aquilo tudo me modificou bastante, me enriqueceu muito, me fez aprender muito sobre organização, sobre o que está por trás, para que a arte e a sensibilidade aconteçam e possam tocar as pessoas. O Circo Navegador tem uma importância incrível para o Litoral Norte, veio da capital de São Paulo, onde se concentram os recursos e a produção cultural e desbravou a região, que ganhou muito com a presença do Circo Navegador que, além de levar a arte em forma de espetáculos, é ainda um polo de difusão, traz outros artistas, cria diálogos, relações entre as pessoas.
Tenho de relatar a gratidão pelo palhaço Surubim, que é uma personagem, um ser incrível… o Surubim, foi fazer um espetáculo no aniversário de quatro anos da minha filha, num momento muito difícil da nossa vida, ela tinha perdido o pai recentemente. Foi muito comovente, mães, pais e crianças se envolveram e gostaram muito, isso mostra a importância de como o palhaço e a arte tocam as pessoas e quanto ela é fundamental, e ajuda a entender/diluir nossos dramas, ajuda a rir de nós mesmos, acho que o palhaço também faz isso, faz a gente rir de si. Quando se ri do palhaço, de certo modo, é de nós mesmos que rimos, do que se tem
de humano, de nossas falhas, dificuldades... O palhaço escancara tantas mazelas, humanizando-as.
A comemoração de 25 anos do Circo Navegador é muito significativa. Parabenizo a equipe e todas as pessoas que fazem e fizeram e ainda vão fazer parte deste Coletivo, e que tenha mais 25 anos, que venha o jubileu de ouro. Que o Circo Navegador toque cada vez mais pessoas, que expanda cada vez mais sua arte. Sei o quanto é preciso trabalhar para levar arte às pessoas. Que se faça muito para inspirar mais e mais pessoas. Parabéns, Luciano, parabéns a toda equipe e que venham muitos e muitos frutos a serem saboreados por todos. Namaskar
Marco Aurélio Paggioro (produtor cultural do Circo Navegador em 2005 e 2006) facebook
Conheço o Luciano há mais de trinta anos, somos irmãos! Adolescentes, moramos no mesmo bairro, estudamos na mesma escola e tínhamos amigos em comum. Fermín Ivorra, recém-chegado da Espanha, havia estudado Artes Cênicas e era ator, palhaço, artesão, músico... e iniciou o Luciano no mundo das artes
No final do ano 2004, Luciano me convidou para ser produtor do Circo Navegador em razão de terem sido contemplados com o prêmio Fomento da Prefeitura de São Paulo. Tratava-se de um projeto fantástico: uma circo-exposição. Além de atividades circenses, o projeto homenageava muitos palhaços brasileiros. Nossa ação foi às cinco regiões da cidade de São Paulo. Em cada região, convidávamos os artistas locais para se apresentarem com a gente!
Foi demais, montamos a exposição nos mais distintos lugares. Fico muito feliz de fazer parte da história do Circo Navegador e espero que continuem amplificando a cultura e a arte no Litoral e no mundo!
Agradeço, emocionado, Luciano Draetta, Fernando Mastrocolla, Andreia de Almeida, Victor de Seixas, Gabriel Draetta, José Carlos, e muitos outros que participaram conosco naqueles momentos mágicos!
Marco Sanches (diretor artístico do Instituto Marco de Dança. Coreógrafo dos espetáculos Circo Navegador 10 Anos e Cartas)
@marco_sanches
Conheci Luciano Draetta como oficineiro em Diadema. Na ocasião, ele me apresentou às artes circenses, suas habilidades, e despertou minha sensibilidade. Anos depois fui morar em Caraguatatuba, para fugir do caos da cidade de São Paulo. E em um domingo, houve uma apresentação em uma praça. Parei a assistir, quando percebi, era o Palhaço Surubim em cena. Ele me viu, me reconheceu e disse: “Não vá embora antes de a apresentação acabar, vamos conversar”. Independentemente do pedido, de fato, não era possível ir antes: estava incrível.
Ao fim, conversamos, matamos as saudades e Luciano pediu para eu ir na quadra da Vila Amélia, que era o espaço em que o Circo Navegador ensaiava e ministrava aulas. Ele disse para comemorarmos juntos os dez anos de atividades ininterruptas do Circo Navegador. Então, fui.
Ali, começamos timidamente algumas oficinas, até que chegou o projeto Circo Navegador 10 anos. Foi um processo incrível! Transformamos munícipes com habilidades artísticas ou físicas, do Litoral Norte, em artistas do circo. Foi lindo. Não se tratou apenas de uma transformação para eles: todos fomos transformados com o projeto. Com muitos inscritos para o projeto, não me lembro exatamente quanto, conseguimos através de oficinas, vivências e experimentações, em alguns meses, lapidar, desenvolver, colaborar e transformar suas habilidades. Depois disso, ficamos com pessoas que se tornaram artistas profissionais. Neste período entendi, de fato, meu ofício na arte. Entendi que minha habilidade, minha arte, poderia se caracterizar em uma ferramenta para transformação do outro.
Foi lindo e fomos ambiciosos, tivemos como resultado um espetáculo incrível, em uma lona para trezentas pessoas, com projeto escola para muitas crianças e circulação por unidades do Sesc, festivais e teatros do estado. O Circo Navegador colaborou e modificou o cenário artístico do Litoral Norte.
Desejo vida longa a este sonho que completa 25 anos. Que Luciano e o Circo Navegador (e todos que estão envolvidos com ele agora), esses transformadores de vida, continuem seu processo. Um brinde!
Maria Rehder, Sobre a Circo-exposição Palhaços de Todos os Tempos, matéria na coluna, “JT Cidadão”, Jornal da Tarde, 30 de abril de 2006, p. 15.
É difícil acreditar que em uma cidade como São Paulo, famosa por seu calendário cultural, e cheia de espetáculos para todos os gostos e bolsos, ainda há muitos habitantes, principalmente em zonas periféricas, que nunca tiveram a oportunidade de ir ao teatro. Para tentar mudar esta realidade surge o “Palhaços de Todos os Tempos”; projeto sociocultural realizado nas zonas periféricas da Capital, que além de levar peças teatrais gratuitas a essas regiões, envolve a comunidade local na produção do evento e dá espaço para exibições artísticas.
Mario Fernando Bolognesi (professor doutor, trapezista, autor de diversos textos sobre circo e palhaços, pesquisador e orientador na pósgraduação do Instituto de Artes da Unesp)
Um circo para além de si: Circo Navegador
Certo dia fui procurado por dois moços, Fernando Mastrocolla e Luciano Draetta. Eu estava no Instituto de Artes da Unesp, sediado, àquela época, no aconchegante prédio no Ipiranga, na rua Dom Luis Lasagna. Fernando se formou lá, na área de Educação Musical. Proposta apresentada: assistir ao espetáculo deles, Lavou, Tá Novo!
Lá fui eu, num sábado, no período matutino, no bairro da Aclimação. Acho que era em uma escola, ou creche... não me lembro, precisamente! Lugar nada preparado para receber espetáculos teatrais. Mas eles conseguiram o melhor dos arranjos e a peça fluiu em ótimo ritmo e ambiente. A apresentação foi envolvente, emocionante, permeada de recursos simples e eficientes. O público saiu arrebatado. Eu, inclusive.
Por detrás daquele convite havia outra proposta. O grupo almejava um salto pra lá de ousado: criar um espetáculo tendo como ponto de partida o Dom Quixote, de Cervantes. Queriam que eu dirigisse. Caracas!, pensei comigo. O sonho não poderia ser mais singelo?
Um boteco na Av.Duque de Caxias,esquina com a Alameda Barão de Limeira (ou seria a Barão de Campinas?), foi o local do primeiro encontro para discutir o projeto.É claro que não havia um texto pronto a serencenado.Havia apenas o desejo que vicejava ardentemente nos olhos e na boca de Luciano. Fernando manteve-se mais aquietado. Dias depois ele anunciava que não participaria da montagem. Os encontros se multiplicaram. Algumas versões dramatúrgicas de Dom Quixote foram estudadas. Nenhuma, no entanto, satisfazia aos critérios de um
espetáculo conciso, dinâmico e, fundamentalmente, centrado nos trabalhos performático e interpretativo dos atores. Decisão tomada: faremos nossa própria versão. Algumas pessoas foram convidadas para formar um elenco de quatro ou cinco, no máximo. Restaram dois: Luciano e Andreia Almeida, que também se encantou com a proposta e foi a principal responsável pela adaptação e construção de uma dramaturgia que ia se estruturando a partir dos experimentos em sala de ensaio.
Resultado: Quixotes, um espetáculo enxuto e fiel ao enredo principal da obra, que tomou expressão plena no corpo do ator Luciano e da atriz Andreia. Ele, Dom Quixote; ela, Sancho Pança, além de outras personagens. Poucos recursos cenográficos e de indumentária. Iluminação resumida ao mínimo essencial. Em suma, o teatro feito com os elementos que lhes são fundamentais: ator e atriz, uma ideia bem contada, dinâmica, sintética e expressiva, com especial atenção ao público e ao fator comunicativo entre cena e plateia: artistas, algo bem encenado e público, tríade básica e fundante da arte do teatro. Adaptável a toda e qualquer situação, palco,rua,praça,quadra esportiva,igreja etc.,simplicidade e eficiência comunicativa, expressividade corporal e, fundamentalmente, empenho e entusiasmo do ator e da atriz com a obra. Vida longa que se delineava, sem que se tivesse tal perspectiva como ponto estratégico.
Gostei e ainda gosto do resultado e, fundamentalmente, das relações de amizade e honestidade fomentadas entre nós.
O Circo Navegador, para fazer jus ao nome, procurou outras águas para navegar. Ao encontro da imensidão do mar, em São Sebastião, ele expandiu seu raio de ação. Hoje é um espaço cultural consolidado, com teatro, circo, música, oficinas, debates... enfim, com nuances diversificadas de algo que é chamado de ação cultural.
Parabéns à equipe que abraçou a ideia da emancipação e projeção em novas terras e mares! Hoje, sem medo de errar, pode-se dizer: deu e dará ainda bons frutos. De mares não tão distantes.
Maurício Maas (músico, multi-instrumentista, diretor musical, integrante do Barbatuques e compositor) @mauriciomaas
É muita honra, alegria e orgulho fazer parte da trajetória do Circo Navegador. Participei em algumas montagens, tanto com trilha sonora, como direção musical e preparação vocal do elenco, sou muito fã do Coletivo que conheci por meio da Andreia de Almeida, ela estava fazendo um treinamento de barbatuques, percussão corporal, e me apresentou o Luciano e demais integrantes. Fui convidado para fazer a trilha do espetáculo Quixotes. Me lembro que assisti um ensaio e fui no estúdio na casa do Fernando Mastrocolla, no Ipiranga, para fazer esta trilha. Em duas sessões de estúdio, a gente fez a trilha toda. Sempre tive muita liberdade, todas as pessoas do Coletivo são extremamente generosas, são artistas multitalentosos, palhaços, circenses, “teatreiros”, e usam as linguagens de uma maneira tão interativa e tão envolvente nos espetáculos. Me permitiram fazer a trilha de acordo com a minha vontade. Esta foi minha primeira trilha e eu fiquei muito feliz por também assinar a direção musical. E depois fiz uma preparação musical com o elenco, em cima da trilha. A segunda trilha criada para o Circo Navegador foi do espetáculo “Om Co Tô? Quem Co Sô? Prom Co Vô?, também assinei a direção musical, e foi muito legal porque tinha acabado de comprar um computador e montar meu home studio. Neste espetáculo o Gabriel Draetta toca junto com a trilha sonora, então foi um exercício muito interessante de montar a trilha pensando que teria um músico acompanhando, então eu não poderia fazer uma trilha que respondesse tudo, que não deixasse também espaço para essas interações sonoras durante a peça. E a terceira obra foi para o espetáculo Notícia pra Embrulhar Peixe, que também fiz no meu estúdio. Estas duas peças foram fundamentais para a minha formação enquanto diretor musical. E o Coletivo com muita generosidade me permitiu experimentar e propor sonoridades usando acordeom, guitarra, bateria e foi muito importante pra mim, sou diretor musical, professor de música, preparador musical de atores, preparador cênico de músicos e tenho que reconhecer que o Circo Navegador foi a grande experiência que eu tive de iniciação nesta área de direção e preparação musical. Estou feliz e orgulhoso de ver todos estes anos o Circo Navegador, firme e forte, lutando, neste país, pela cultura, pelo acesso gratuito dos espetáculos, pela acessibilidade, pela linguagem da música, do teatro, do circo e isso é muito louvável. Fico muito feliz de fazer parte desta história e vida longa ao Circo Navegador. Evoé!
Michel Rodrigues de Moraes (produtor do Circo Navegador entre 2013 e 2018)
@michelito_moraes
Como é bom podercomemoraresses 25anos!Me lembro como se fosse ontem no momento em que o Circo Navegador completou quinze anos. Passei cinco anos com o Circo, desde quando a sede era atrás da rodoviária de São Sebastião. Lembro que dividíamos um escritório, e era uma produção intensa,foinesse lugartambém onde comecei minha história com o Circo Navegador. Me recordo de quando cheguei ao Circo Navegador, era um universo muito novo para mim, esse período foi também meu estágio da faculdade. Era um momento em que dividia meu dia entre o trabalho no escritório e as aulas. Nesse período, no início de 2013, lembro que o Circo estava na prospecção de possíveis contratações das apresentações, comecei na área comercial, onde fui aprendendo com o Luciano como funcionava a comunicação com as instituições, paralelamente Luciano me ensinava todos os processos do escritório, me recordo que na primeira ligação de forma autônoma acabei fechando minha primeira contratação junto ao Sesc Santana, isso foi bem interessante. Naquele escritório eu percebi como a produção cultural é intensa, entretanto prazerosa, e cada apresentação era diferente mesmo muitas vezes estando no mesmo lugar, é algo muito mágico.
No espaço onde se encontrava o escritório, possuía outros cômodos, como cozinha, na qual nos encontrávamos para um café, eram momentos preciosos de troca e planejamento, havia uma sala de ensaio onde foram criados alguns espetáculos e realizadas oficinas. Cada projeto era sempre muito comemorado, lembro que comentávamos que anos pares eram melhores que anos ímpares, ou algo do tipo, lembro que tínhamos uma pasta onde sempre atualizávamos os festivais e editais que enviávamos.
Tive o prazer de acompanhar a concepção do Espaço Cultural Circo Navegador, que foi um marco. Desde todo processo do projeto até o final de toda transição foi um processo muito enriquecedor. Ter conhecido inúmeras pessoas incríveis pelas coxias das apresentações foi algo muito impulsionador, toda a vivência que carrego hoje com relação a produção desenvolvi no Circo, trocas que carrego até hoje comigo, pois atualmente trabalho com produção cultural no sul do Brasil, e estou produzindo alguns projetos, o Circo Navegador e o Luciano foram uma escola de vivências, experiências, aprendizado, trocas e de pessoas.
O Circo Navegador hoje para o cenário cultural da cidade é de grande relevância, um espaço cultural autônomo, de arte e cultura, é um símbolo de resistência e de luta. Vejo o Circo Navegador como um lugar de troca, cultura, arte, música, diálogo, criação, ensino, que busca aproximar as pessoas da arte, e utiliza da mesma arte como combustível, para manter tudo isso de pé, afinal, são 25 anos.
O Circo traz na sua essência um lugar acolhedor, que une diversas formas de expressão, e encontra-se aberto às trocas. O Espaço Cultural Circo Navegador se caracteriza em uma referência, onde um galpão velho se tornou um ponto de cultura, e só quem foi dos bastidores sabe a batalha que é para mantê-lo.
Ter feito parte da história do Circo Navegador me traz muitas lembranças boas, de todo o período que passei junto à equipe. O Circo Navegador está mais amplo, o que acho maravilhoso e muito importante. Espero que continue trazendo esse ponto de encontro, de diálogo, e que sua história se perpetue, que seja inspiração para muitos, assim como foi para mim.
Vida longa ao Circo! Parabéns, Circo Navegador! Parabéns, Luciano Draetta!
Mina Silva/ Erminia Silva (professora, pesquisadora) @mina.silva66
Os vários fabricantes de histórias das artes do circo que se constituíram pós-década de 1980, iniciada com as escolas de circo, depois ampliando-se com experiências diversificadas, foram e são novos em seus modos e métodos de formação enquanto artistas, que diferem das/os circenses itinerantes de lona, que se produziam para dentro do modo de organização do trabalho do circo-família. Mas, em todos os períodos históricos são, como eram os “da lona”, fazedores dessa arte e, portanto, possuem características simétricas ao mesmo tempo em que os diferenciam; são portadores de um fazer transversal, que não é privilégio de nenhuma arte, porém, no caso das artes do circo, a transversalidade se constituiu como o principal modo de viver e de produzir-se. Mesmo os itinerantes de lona, de famílias de circo identificados por muitos como “tradicionais” também são, hoje, novos sujeitos históricos produtores de linguagens circenses, pois, como estão em sintonia com seu tempo, passaram por transformações e, principalmente, re-invenções significativas. Heranças não significam não mudanças. Nenhuma produção herdada é estática, ela é viva, é sempre transformada e cria algo novo que, ao mesmo tempo em que contém a anterior, propõe a diferença que, por sua vez, possui semelhanças. Diferença
enquanto herdeiros produzidos a partir da antropofagia que digere todas as características dos envolvidos; diferença como sujeitos históricos em cada período.
As e os circenses produziram diversos caminhos, as/os circenses oriundos “da lona” transformaram-se em professores nas primeiras escolas de circo “fora da lona”. Mestras e mestres de crianças, jovens, adultos de distintos lugares do urbano foram suas/seus alunas/os. Encontros entre os vindos “da lona” e aprendizes urbanos da cidade seus corpos multidões foram atravessados pelas diferentes experiências, produziram diversos caminhos de fugas, formas de organização distintas do modo do chamado “circo tradicional”, gestaram percursos em direção à formação das escolas de circo “fora da lona”. Dessa forma, no modo rizomático de constituir-se no pós-escola, essa linguagem artística atingiu espaços e imaginários de ações distintos (SILVA; NUNES, 2014, p. 14).
Ao visualizarmos no tempo presente no âmbito das artes do circo observamos a combinação de práticas, saberes e criações de outros momentos com transformações e reinvenções realizadas por novos sujeitos históricos que (re)criam complexas e expandidas representações e espetáculos circenses (LOPES; SILVA, 2022, p. 379).
O Circo Navegador fez parte dos fazedores das histórias circenses pós-escola, pois traz desde 1997 a pesquisa de linguagens, criação e produção de espetáculos de circo e teatro. Atuando de forma continuada, valorizando a criação coletiva, criando vínculos comunitários e luta anti-hegemônica. Nessas décadas de existência, o grupo deixou um grande legado de pesquisa, montagens, circulações, formação de profissionais, manutenção de um espaço cultural na cidade de São Sebastião e muita militância, ativismo, fomento e desenvolvimento cultural.
O modo como se constituíram dá visibilidade à diversidade de produção dos movimentos da vida ao se produzirem circenses, estão em sintonia e sinergia “com o contemporâneo vivenciado”, em constantes transformações e mudanças, como eram/são as produções produzidas por essa arte desde o século XIX até o XXI (LOPES; SILVA, no prelo).
Neide Palumbo (contatora de causos caiçaras e artista rara) @neide.palumbo
O Circo Navegador não é apenas um espaço cultural. O Circo Navegador tem uma essência de amor e de resistência de uma cultura viva, que valoriza nossa maneira simples e gostosa de viver com alegria. Circo é sinônimo de alegria, de vida, de convivência sadia. No circo e no Circo Navegador acontecem coisas importantes para que saibamos valorizar nossos costumes, nossas músicas, nossos artistas, locais ou não. Ele valoriza a cultura, o que a vida moderna está menosprezando e esquecendo.
Cultura viva é o que se faz no Circo Navegador. Parabéns ao Luciano e a todos os demais envolvidos neste lindo trabalho.
Vida longa ao Circo Navegador!
Neto de Oliveira (ator, palhaço e chef de cozinha, fundador da Farândola Troupe)
@chef_oliveiraneto
Bom dia, boa tarde, boa noite a todes leitores, ao Luciano Draetta, ao Circo Navegador. Muito orgulho né, Brother!? Conheci Luciano Draetta quando trouxe para São Paulo a Cia Cênica Farândola Trupe, e nesse momento ele já me mostrou uma pessoa honesta, solidária e empreendedora. Eu conheci ele indo para porta de teatros vender seus fantasminhas (marionetes). O conheci montando espetáculo e já abrindo caminho para vender e ir buscar oportunidades. Trabalhamos juntos na Farândola Troupe encenando o espetáculo Olha o Palhaço no Meio da Rua. E não demorou muito para ele montar o Circo Navegador, trabalhamos juntos na Expoflora, Festa das Flores na cidade de Holambra, e dali nós viajamos praticamente um mês, chegamos a fazer três espetáculos num único dia, São Paulo, Piracicaba e Águas de São Pedro, num dia das crianças. O Luciano sempre foi esse cara batalhador, buscando qualificação profissional e buscando abrir caminhos para se manter e sobreviver da arte. É um puta orgulho, cara! Em seguida, acho que ele monta o Diretor de Cinema com as amigas como Dani e Janaína, enfim, não parou mais, ganhou os primeiros prêmios, o Fomento em São Paulo. Verticalizou o trabalho de palhaço, sempre pensando nesta relação junto à comunidade. Muda para São Sebastião e monta primeiro a lona e depois o teatro. Esse é o Luciano Draetta, como diz nosso amigo César Vieira, sobre a Farândola Trupe, no momento em que ele ainda estava artista do sonho, equilibrista do sonho. Desejo toda sorte do mundo para
o Circo Navegador e tenho um puta orgulho de ter compartilhado momentos da vida, juntos na Farândula e juntos no Circo Navegador. Orgulho da trajetória, da busca da identidade, da originalidade, da luta, da batalha. E espero que assim projete e vá por muito tempo. Estamos juntos sempre. Fica aqui meu grande abraço e grande admiração, tamo junto sempre, abração.
Nina Senna (produtora executiva do Circo Navegador entre 2006 e 2007)
@ninasenaorganiza
É um imenso prazer me referir a esta pessoa maravilhosa, que tive a felicidade de caminhar junto: trabalhar com Luciano Draetta foi uma quebra de barreiras.
Estava há alguns anos sem trabalhar, cuidando de filha, quando surgiu a oportunidade pois ele precisava de alguém com energia e astral... acho que me encaixei.
Foi um divisor de águas. Eu trabalhava com eventos, e, acredito, com leveza e determinação, executei a função de produtora executiva do Circo Navegador na temporada de 2007.
Conseguimos muitos patrocínios, montamos várias estratégias. Conquistamos visualização. Aprendi muito com a leveza dos espetáculos, com o brilho do olhar das crianças, com a rotina do circo, e com a determinação de sempre melhorar. Tal tarefa fez a diferença em minha vida. Aquelas amizades e trabalho fizeram-me mais forte, passei a acreditar em minha capacidade.
Penso que a cultura pode nos salvar. Surubim é a alma de tudo isso. Crianças choravam com os olhinhos brilhantes, emocionadas. Precisamos da cultura para nos desenvolver, para nos tornarmos mais humanos, para obtermos conhecimento e felicidade.
Sou toda gratidão, ao Circo Navegador e ao Luciano Draetta: que venham mais 25 anos!
Priscila Enrique de Oliveira (antropóloga, pesquisadora e parceira de criação de projetos e de uma filha) @priscilaeoliveira74
Há vinte e um anos, no Festival Internacional de Londrina (FILO), conheci o Circo Navegador. Embarquei nesta viagem e o Luciano tornou-se meu companheiro e pai de minha (nossa) filha e hoje um grande amigo. Ao longo de todos estes anos, acompanhei tantas pessoas queridas que embarcaram e desembarcaram desta jornada. Tenho certeza de que, como eu, aprenderam muito e compartilharam profundas alegrias.
O Circo Navegador, e em particular o Luciano Draetta, merecem muitos e prósperos anos, porque realizaram todos os seus trabalhos com dignidade, muito profissionalismo, ética e em “cada porto” deixaram certamente marcas de reflexão, senso crítico e alegrias. O trabalho é quixotesco, com um misto de sonhos, loucuras e entrega. A dedicação é visceral, e todos os projetos, por mais que pareçam ora ousados demais, ora humildes demais, contém como pano de fundo um desejo imenso de transformar vidas e compartilhar saberes e alegrias. Tenho muito orgulho de ter acompanhado grande parte desta jornada!
Deixo aqui o meu mais sincero agradecimento e o desejo de vida longa ao Circo Navegador... que muitos e muitos sonhos se realizem!
Priscila Siqueira (jornalista e ativista da cidade de São Sebastião) @priscila.dsiq
O que significou a vinda do Circo Navegador para a comunidade de São Sebastião? Na minha opinião, foi tudo de bom. Sua equipe, e aqui devemos destacar o papel do Luciano Draetta, foi trazer cultura e reflexão sobre a produção artística.
A palavra cultura tem sua raiz no latim colere. Por sua vez colere significa cuidar, cultivar, crescer. Donde decorre, por exemplo, a palavra agricultura, cujo principal sentido deveria significar o cuidado com o alimento que decorre do trabalho em parceria com a “mãe terra”. O cuidado com o outro, com as coisas, com o Universo… Como se sabe, não é exatamente o que acontece com o “agronegócio”, que usa pesticidas contra a vida, visa o lucro e apesar de produzir alimentos, não se importa com a fome de milhões de pessoas. Culto também tem origem latina. Culto de adoração, às mais diferenciadas coisas, virou moda. Em tese, tudo se caracteriza passível de ser adorado. De qualquer modo, o Circo Navegador, e sem fetiches de adoração, tem cultivado, por meio de seu
trabalho, a cultura de nosso povo, de nossa comunidade local e da comunidade universal, já que somos “todos Um”.
Na medida em que refletimos sobre o que somos, sobre as manifestações de nossos antepassados na música, teatro, dança, cinema e nas artes em geral, estamos descobrindo o mais profundo de nós mesmos. Então, podemos sentir orgulho de sermos o que somos, de fazermos parte de um país rico em manifestações culturais, que a dita elite econômica tem prazer em desrespeitar e menosprezar.
O historiador greco-estadunidense John Kostanis escandalizado com a destruição dos casarões da Avenida Paulista, na capital de São Paulo afirmou que: ”Povo que não preserva sua História, fica sem saber construir seu futuro”… Para ele, derrubar os casarões dos chamados “barões do café” para dar lugar aos arranhacéus significava apagar de nossa memória um tempo que teve sua importância na história. Espécie de amnésia de uma população que, também por isso, ficaria sem ao que se apegar como sujeito histórico.
Pois bem, o Circo Navegador leva seu barco em direção contrária ao esquecimento: ele traz para todos, ricos e pobres, espetáculos que remetem a pensar quem somos e o que queremos para nosso querido Brasil. Cultura não é feita de manifestações descoladas da realidade. Mesmo que nos façam rir às gargalhadas… O Circo Navegador traz cultura não alienada. Por intermédio de filmes, espetáculos de danças, discussões e rodas de conversas seja o que for que o Circo Navegador nos trouxe todos esses anos de atuação em São Sebastião seu alvo foi o de ampliar os acontecimentos e a autoestima de frequentadores. De outro modo, tem dado suporte e capacitação para que jovens possam se inserir em processos de construção de um Brasil mais igualitário, democrático e humano. Parabéns, pessoal do Circo Navegador, parabéns, Luciano, e muito obrigada
Raquel
Salgado(jornalista) - Nosso precioso espaço de Cultura
Quem passa pela tranquila Vila Amélia, no centro de São Sebastião, tende a ficar curioso ao ver o Circo Navegador se espalhar pela rua, num espaço cercado por grandes fotografias...
Assusta ver, ali estampadas, no meio da rua, fisionomias tão queridas...
São alguns dos nossos artistas locais, entre outros, lá está o delicioso palhaço Surubim (Luciano Draetta), a ceramista Isabel Galvanese, a contadora de causos Neide Palumbo e a jornalista Maria Angélica. O susto vira aperto de saudades na frente do maestro Lourival e tantas personalidades das artes sebastianenses.
Por tais motivos, sabe-se que ali tem cultura, e em toda sua diversidade.
Ao longo destes 25 anos, o Circo Navegador tem nos brindado com a vanguarda do que há de melhor: yoga, teatro de rua, espetáculos circenses, cinema e uma infinidade de oficinas máscaras, trilha sonora, iluminação, cenografia, riso, mímica e dança afro.
Ali pudemos assistir alguns dos mais provocativos filmes da atualidade: Marte Um, antes mesmo de ter sido selecionado para o Oscar/2023; Fé e Fúria e Carvão Preciosas são, também, as rodas de conversa. Elas ajudam a entender a realidade e a nos posicionarmos às vésperas das revoluções transformadoras que virão com a entrada de “Plutão em Aquarius”, em 2023...
Foi assim que o Circo Navegador ajudou a elegermos a líder indígena Sonia Guajajara e Erika Hilton, a primeira deputada trans!
Vida longa ao Circo! Que venha muito mais!
Renata Kamla (diretora de alguns espetáculos do Circo Navegador entre 1998 e 2001) @rekamla
O Homem por Trás do Circo.
Falar do Circo Navegador é, para mim, falar de Luciano Draetta, cuja figura do artista e da companhia se fundem em um só. Luciano é o próprio circo, é a própria obra.
Minha memória leva-me para nosso primeiro trabalho, atuando como os palhaços Surubim e Maribel, no espetáculo Olha o Palhaço no Meio da Rua, da Farândola Troupe. Naquele roteiro escrito por Hugo
Possolo e dirigido por Alexandre Roit, o palhaço Surubim (Luciano) representava o dono de um circo que passava por dificuldades e necessitava lidar com os quiproquós de seus funcionários, os palhaços Brigadeiro (Neto Oliveira) e Gororoba (Armando Junior). Na empreitada, aprendi e vivi com eles o universo da palhaçaria, desde as técnicas acrobáticas até o exercício infinito do improviso.
Não nos faltam histórias a serem contadas de momentos engraçados, como a intervenção de um homem em situação de rua levemente embriagado, interagindo conosco, em frente à igreja na cidadezinha de Cruz das Posses, interior do estado de São Paulo, durante a apresentação do espetáculo, em uma de nossas viagens realizada pelo projeto Arte Nas Ruas, ou Viagem Teatral, ou pelo Sesc... Falha-me a memória, mas me lembro do momento farto de incentivo cultural que vivíamos na época. Naquele período, nos anos 1990, pude perceber a dedicação, a disciplina, a fé inabalável na cultura popular, esse misto de ator, diretor, encenador e empreendedor presente na pessoa de Luciano.
Após as temporadas com Olha o Palhaço no Meio da Rua nossos caminhos seguiram outros rumos, o Farândola continuou com Neto e Armando, eu foquei nos estudos e no exercício da docência em artes e Luciano fundou o Circo Navegador. A partir daí passou a ser esse “regente do mares”, sempre com muita ousadia, coragem e à frente do seu tempo, digo isso, pois foi ele quem apostou no meu nome como diretora, confiando a mim a direção do espetáculo O Diretor de Cinema, eu ainda não havia dirigido nenhum trabalho profissionalmente, e essa oportunidade foi um marco na minha trajetória artística, tarefa não fácil para uma mulher, pois o mundo da palhaçaria, até então, era extremamente dominado por homens, atualmente já abrimos muitos caminhos neste universo. Seguiram-se as direções de: 70, Senão 60, Lavou, Tá Novo! e No Olho da Rua.
Recebi o prêmio de melhor direção de espetáculo de rua no X Festival Nacional de Teatro de Florianópolis Isnard Azevedo em 2002, pelo espetáculo: Lavou, Tá Novo! Maior orgulho!
Nestes dois últimos trabalhos, as temáticas presentes na dramaturgia já demonstravam o posicionamento do artista Draetta nas questões sociais. Lavou, Tá Novo!, teve vida longa no repertório do grupo, contando a história de dois garis que encontravam vários elementos inusitados no lixo, inclusive, uma criança, de forma leve e utilizando os números clássicos das gags circenses, tratava de temas importantíssimos como a fome e o abandono. Na peça No Olho da Rua, a temática central era o desemprego, em determinado momento de uma fala de um dos palhaços, aparecia: “Estou todinho desempregado, dos pés até a cabeça”, infelizmente é atual até hoje.
Nosso trabalho poderia ser realizado em qualquer espaço, desde o palco tradicional, até aqueles abertos e públicos, em linguagem acessível a qualquer pessoa, de todas as idades. Luciano sempre pensou além, colocando-se em risco, em movimento e em jogo com o seu tempo, usando as adversidades como meio para novos trabalhos, sempre sobrevivendo, posicionando-se, aberto a novas parcerias, investindo em novos talentos, dando oportunidades a vários artistas iniciantes e chamando muites outres para estarem juntes.
Não mais trabalhamos juntos, mas a amizade e a admiração permaneceram, acompanho o trabalho do Circo Navegador até hoje e vejo o quanto essas características tornaram-se essenciais para a sobrevivência durante o período pandêmico. E a força do artista completo, que corre atrás, que estuda, que busca entender as políticas públicas, que age de fato com ações transformadoras, significativas e que faz e está fazendo a diferença neste presente momento é a marca do Circo Navegador, agora como polo cultural.
Parabéns, Luciano! Que exemplo, que força, que linda trajetória. Que o Circo navegue ainda por muitos mares, mesmo que ancorado em São Sebastião.
Bravo!
Com todo meu afeto e admiração.
Renata Lemes (diretora da Cia do Miolo e parceira do Circo Navegador) @renalemes.silva
Fui convidada a embarcar em uma viagem no chamado centro velho de São Paulo, mais especificamente no Boulevard São João, por ocasião do projeto batizado Overdose de Teatro de Rua de São Paulo (posteriormente, transformada em Mostra de Teatro de Rua Lino Rojas), lá pelos idos de 2003 ou 2004. Mas não esqueci o que vi no espetáculo No Olho da Rua, que era protagonizada por uma dupla de palhaços miseráveis, sujos e famintos, que misturavam gags da palhaçaria de picadeiro, à crítica social. A dupla se formara no Circo Navegador e era composta pelos artistas Luciano Draetta e Fernando Mastrocolla.
Depois disso, segui o barco. Mas não pelas redes sociais, como hoje seria o “natural”, mas segui seguindo... os passos, os rastros, a voz, os risos, os discursos, as visões, os projetos... ao vivo e a cores. Porque o Circo que navegava, o fazia pela periferia, pelo centro velho, pelas cidades no interior e tantos outros territórios, criando diversas ilhas poéticas e políticas. Virei mesmo uma seguidora e vi a
pesquisa de cada trabalho desenvolver-se pela vida da cidade. Não só, virei uma fãaprendiz, e, em certo momento, uma espécie de assistente de produção do Grupo.
Sim, tivemos esse pequeno flerte quando o circo-exposição Palhaços de Todos os Tempos ganhou forma. Então, o Circo Navegador em minha vida tem muito do lugar que hoje o teatro de rua ocupa em mim: um teatro que se quer para todos. Aprendi muito navegando esses anos, ora de perto, ora de longe, com a poesia dos circos sem lona, o engajamento dos artistas que por ali passaram e uma experiência singular de palhaçaria. Foi também uma escola insistente e resistente. Um circo navegante que tal hora desceu a serra, criou espaços outros, instalou-se em São Sebastião, abrindo novos caminhos para o pensar e fazer teatro.
Há muitas histórias na história desse circo. Histórias de quem viu, ouviu, iluminou-se, riu, chorou, gargalhou e deixou o circo ir, como é a missão de todo circo, sobretudo,daqueles que navegam sempre rumando e construindo paraísos perdidos. 25 anos é um bocado de tempo para resistir, regenerar e existir pela arte. Que o vento sopre a favor desse barco. Navegar é preciso!
Rogelio Miñana (pesquisador cervantista e professor da Drexel University, Philadelphia) facebook
Quixotes: El Circo Navegador y la transformación a través del teatro1
Mi primer contacto con el Circo Navegador fue en el 2007 y cambió mi manera de entender la obra más universal en lengua española: Don Quijote de la Mancha, de Miguel de Cervantes. Mi nombre es Rogelio Miñana y soy catedrático de literatura, especializado desde hace más de veinticinco años en la obra de Cervantes. ¿Cómo es posible que una compañía teatral y organización sin ánimo de lucro tan pequeña en tamaño y presupuesto tuviera un impacto tan grande en mí y en la interpretación de Don Quijote en general? Primero y ante todo, por el talento, generosidad y compromiso de sus dos actores y fundadores: Andreia de Almeida y Luciano Draetta. Como artistas y como personas, Andreia y Luciano poseen la rara capacidad de transformar la vida de las personas con las que entran en contacto, sean amigos o espectadores. Segundo, el Circo Navegador se guía por una ambición
1 O grande companheiro e amigo dos/das integrantes do Circo Navegador, que pesquisa tudo o que se cria no mundo a partir da obra de Cervantes, enviou o texto em espanhol. Em razão do entendimento bastante tranquilo do escrito (e do idioma) se resolveu conservá-lo conforme o pesquisador o enviou.
artística y social que nada tiene que ver con el concepto capitalista de "éxito", sino con los criterios teatrales y activistas más exigentes. Su adaptación de la obra cervantina, Quixotes (2005), ilustra a la perfección su misión estética y comunitaria. El Circo nunca rehuye de presentar a públicos de todos los rincones de la sociedad brasileña obras sofisticadas con el mayor respeto posible a la inteligencia tanto de los textos que adaptan o crean, como del público que los disfruta. El teatro transforma, nos dice el Circo, pero lo hace no a través de una manipulación populista y simplista, tan habitual en el discurso mediático y político de hoy día, sino con una sensibilidad e inteligencia extremas. El Quixotes escrito por Andreia de Almeida presenta una lectura radical en la cual dos actores interpretan el papel de actores interpretando a Don Quijote y Sancho. Mediante esta lectura metateatral del proyecto quijotesco, Andreia y Luciano nos dicen que la clave para mejorar la sociedad, el objetivo supremo de la existencia de Don Quijote, es el teatro mismo. Actuar, intervenir, activar, reflexionar, buscar significados nuevos a textos viejos, ensayar acciones que luego podemos trasladar a la sociedad ese es el mensaje revolucionario que el público de Quixotes recibe a través de una obra teatral divertida y profunda al mismo tiempo, física e intelectual, contemporánea y clásica. Sin miedo de exponer ante el público el carácter teatral y performativo de su trabajo, Andreia y Luciano presentan su versión del clásico Don Quijote en plazas, calles, teatros, escuelas, y en cualquier lugar donde haya gente con hambre de cambiar el mundo para mejor. No hay una respuesta única y definitiva para resolver los conflictos humanos, pero sí un método que conduce a la transformación individual y social: el teatro como forma de explorar la conducta humana. El teatro, nos dice el trabajo del Circo Navegador, es una forma itinerante de unir a personas de todas las razas, procedencias y creencias en una experiencia común que abre las puertas a crear, a cambiar, a buscar una alternativa mejor al estatus quo. Según termino este breve texto, me doy cuenta de que el Circo Navegador no solo ha cambiado mi forma de entender el Quijote; me ha abierto las puertas a una nueva forma de entender el teatro y el compromiso literario a pie de calle. No exagero cuando afirmo que el Circo me transformó a mí, y casi con seguridad a su público, contribuyendo a través de 25 años a una sociedad mejor. Cervantes, e incluso Don Quijote mismo, estarían orgullosos de su trabajo y agradecidos por su activismo.
Sérgio Khair (ator, comediante, palhaço e animador) @cirkua
O Circo Navegador (leia-se Luciano Draetta, partindo desse que aqui escreve) veio em momento de plena maturação daquele palhaço que conheci no final do século XX. Sim, meu querido Surubim já tinha resolvido a sua questão: riso sim, com o coração sempre. E assim... Com muita alegria celebro esse momento do Circo Navegador.
A junção de uma postura profissional, afetiva e social encontra-se tão bem equilibrada e gostosa que o riso tende a ser o encontro dentro e fora do palco, ou picadeiro.
Lembro que ao convidar, mais uma vez, o Circo Navegador para se apresentar e, dessa vez, para a abertura do Cirkuá, em Visconde de Mauá, em setembro de 2022, fundamentou-se na “simples” determinação: “Eles sabem do contexto em que estamos inseridos, sabem da faixa etária que costuma frequentar o evento... Pronto. E sei que será um grande prazer mais essa nossa vivência juntos” Bom, né?
Simples assim essa vida de palhaço e admirador.
Um forte abraço ao Luciano e também a quem se sentir ser Circo Navegador. Grato por existir, resistir, insistir e me fazer rir.
Tereza Saci (cantora da OssoBanda) @terezasaci
Um teatro, um circo, um espaço de cultura, o mais importante instrumento de disseminação de arte da cidade de São Sebastião e também o mais afetuoso espaço de acolhimento de artistas da nossa cidade. Sim, sim, claro que falo do Circo Navegador. Estar ali é sentir-se em casa e é também sentir-se no mundo, seja pela programação absolutamente diversa, pela qualidade técnica de suas luzes e som ou pela tecnologia humana de ponta, tão típica destes espaços comandados por palhaços.
Sinto amor!
Das vezes em que estive lá como artista ou público flutuei no possível, sem pressa de pouso ou de tempo, por isso agradeço a todos que afogueiam este espaço e possibilitam voos, mesmo diante da indiferença de gestões tão insensíveis que, só posso supor, temem o deslumbramento. Que o Circo Navegador resista nos nossos corações pasmos e radiantes pela beleza de sua existência por muitos e muitos anos. Amem (sem acento mesmo).
Tiago Munhoz, Fernando Ávila e Luís Valente (artistas-amigos e parceiros de luta)
@gruporosadosventos
O Grupo Rosa dos Ventos (RDV) cumprimenta o Circo Navegador (CN) por seus 25 anos de estrada e, com alegria, lembra da importância dos encontros que contribuíram para o nosso processo de formação de grupo.
Os primeiros contatos aconteceram quando o CN veio à nossa cidade participar do Festival de Teatro de Presidente Prudente (FENTEPP), em 2001, apresentando Lavou, Tá Novo!, e em 2002, com o espetáculo Hoje Tem Marmelada, ocasiões em que pudemos assisti-lo e ter as primeiras conversas. Esses contatos foram inspiradores naquele momento do RDV, pois havia em nós um questionamento sobre o caminho a seguir, ser um grupo de circo ou de teatro. O CN contribuiu muito para mostrar que o hibridismo inerente ao que já fazíamos era também um caminho, rico e diverso, a seguir na criação artística, independente das nomenclaturas.
De lá para cá foram muitos outros encontros e o CN continua sendo essa referência de arte híbrida e livre, que busca o riso e o encontro nas suas essências.
E o tempo fez daquele interesse artístico uma relação de amizade, vivida em tantos outros encontros e espaços de arte e resistência política.
Viva o Circo Navegador!
Valdinei Silva Val (técnico e criador de iluminação, integrante do Circo Navegador entre 2015 e 2022) @valdineijsilva
Sou o Valdinei Silva, popularmente conhecido como Val.Inicieiminha carreira profissionalcomo técnico de luz e som com o Circo Navegador, ainda não existia a sede do grupo. Para mim foi de extrema importância tudo o que vivi com o grupo e todas as experiências que compartilhamos nessa jornada que para mim durou oito anos. Naquele encontro e vivência, pude amadurecer muito enquanto pessoa e profissional, ter diferentes perspectivas sobre o que é se sentir bem naquilo que se faz. Muitas vezes, percebi como o cansaço das viagens e montagens simplesmente desaparecia ao ver um sorriso ingênuo e puro do público, fosse criança, adulto, homem, mulher e até dos “mais de cinquenta cachorros” que eventualmente apareciam nas apresentações de rua.
Das conversas divertidas com os moradores de rua antes e/ou após as apresentações, dos relatos, por vezes, emocionados de adultos dizendo ter sido a primeira vez que assistiam um palhaço ou uma apresentação de circo em suas vidas. Tudo isso me fez perceber o quanto o trabalho artístico me preenchia e me tornava uma pessoa melhor e mais sensível e também mais crítica com relação à falta de atenção para com a área cultural/artística. A sensibilidade desenvolvida naquele contato, estou certo, carrego na vida e em todo lugar onde estou.
O grupo já desenvolvia um trabalho artístico potente na região, mas nitidamente a partir do momento que foi inaugurado o Espaço Cultural Circo Navegador, e começamos a receber artistas de altíssima qualidade, isso potencializou ainda mais o movimento cultural na região. Artistas em ascensão e outros já bem conhecidos em tantos cantos do mundo. Os artistas locais passaram a ter um espaço para mostrarem ao público o que era produzido na região. Esse intercâmbio criou um movimento tão forte que se criou o fórum de cultura do Litoral Norte, onde artistas e simpatizantes das quatro cidades próximas se articularam para fortalecer a cultura e demandar questões ao setor público. Sinto-me muito contente por ter feito parte dessa história, embora a vida tenha me levado para outros caminhos, o aprendizado pessoal, emocional, espiritual, profissional que adquiri junto ao Circo Navegador, com certeza, fazem parte do que sou hoje e serei. Se fosse para citar nomes esse texto teria mais páginas que a bíblia, foram tantas pessoas que cruzaram meu caminho e contribuíram para o meu desenvolvimento. Deixo apenas um singelo obrigado a todos pelo carinho e, por vezes, até pela chamada de atenção. Vida longa ao Circo Navegador! Vida longa à cultura! Vida longa à arte!
Victor de Seixas (doutorando pela USP, pesquisa/atua linguagens relativas ao teatro corporal, coordena o Projeto Mímicas, a Mostra de Mímica Contemporânea e a Cia Angatu) @victor_de_seixas
Fico muito contente em poder colaborar nessa celebração, é algo raro uma companhia chegar a todo esse tempo de produção e resistência, mantendo um espaço plural e, principalmente, sustentando a qualidade em sua criação artística engajada.
Fui do Circo Navegador durante alguns anos, logo no seu início, na década de 1990. Éramos jovens começando nossas jornadas, cada integrante vinha de uma “escola” diferente, e encontramos um espaço para trocas, escuta e crescimento em
coletivo, essa foi a minha primeira experiência real de trabalho de grupo. Ali, dividíamos as responsabilidades, a criação, a administração, a produção e a cena, viajamos, rimos, brigamos e criamos muito juntos. Em determinado momento, no intuito de realizar um sonho antigo, decidi viajar para longe, me afastei do país e do Circo Navegador.
No período em que convivemos, foi uma grande escola não apenas para mim, como para todos nós, usando a linguagem popular nos espetáculos com base na palhaçaria, tínhamos um diálogo direto com o público, e afiadíssimos no improviso, nos apresentamos tanto em teatros superequipados como em lugares de chão de terra, sempre recebendo o mesmo carinho e muitas gargalhadas!
Todas as histórias que passamos juntos também fazem parte da minha própria, e foram essenciais em minha caminhada artística, acho que todo o rico aprendizado e o carinho que sempre recebemos do público se caracteriza no magnetismo que guia a bússola desse Circo Navegador.
Ficha técnica do projeto
Escritor: Alexandre Mate
Editores: Fred Linardi e Luís Roberto Amabile
Pesquisador: Luciano Draetta
Pesquisador: Alexandre Gonçalves
Capa e diagramação: Maria Williane
Revisão: Caroline Joanello
Colaboração: Andreia de Almeida e Alejo Linares
Agradecemos a todes que contribuíram para essa realização, em especial para as pessoas que fizeram investimento na campanha de financiamento coletivo
https://apoia.se/livro25anos que possibilitou a ampliação da quantidade de páginas da versão impressa do livro.
Informações técnicas do livro impresso: 248 páginas | Medida 14 x 21 cm
Capa em Cartão Supremo 300g | Papel Polen Soft 80g
Acompanhe o desenvolvimento da capa do livro pelo
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Se tiver interesse na versão impressa pode solicitar por meio do formulário
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