ECO-Batista

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO CCT – CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS ARQUITETURA E URBANISMO

LUCIANA BANDEIRA DE MELO SIQUEIRA

ECO-BATISTA: PROPOSTA DE RENOVAÇÃO A UM EDIFÍCIO SUBUTILIZADO NO BAIRRO DA BOA VISTA COM PRINCÍPIOS SUSTENTÁVEIS

Trabalho de graduação apresentado pela aluna Luciana Bandeira de Melo Siqueira, orientada pelo Prof. Igor Villares, e apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Pernambuco como requisito para obtenção do grau de Arquiteta e Urbanista.

Recife 2019 1

Aos meus pais, por terem me proporcionado esta conquista, aos meus amigos Thais Mesquita, Maria Thereza Bitú e Lucas Vasco, por cada levantada, tempo, apoio e carinho, e às minhas amigas e companheiras de curso Daniela Bacelar, Isabela Teles, Marcella Spinelli e Hannah Casais, que foram essenciais ao longo desta trajetória.

A universidade, agradeço a todo corpo docente, em especial à coordenadora Paula Maciel por toda preocupação, calma e disponibilidade principalmente nesta reta final, ao meu orientador Igor Villares, pela confiança, suporte e incentivo ao meu trabalho, à Albérico Paes Barreto e Clarissa Duarte por todo carinho e afeto prestado ao longo do curso e aos demais docentes, que foram os pilares da minha formação profissional como arquiteta.

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RENOVAR “pôr novamente em vigor” “desabrochar de novo; recomeçar” (INFOPÉDIA, 2019) 3

SUMÁRIO

01 Introdução

1.1. NARRATIVA.....................................................08 1.2 . JUSTIFICATIVA................................................11 1.3 . OBJETIVOS.....................................................14

1.3.1. OBJETIVO GERAL......................................................14 1.3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS.........................................15

1.4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...............16

02 Conceituação Temática 2.1. EDIFICAÇÕES OCIOSAS

2.1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA.....................20 2.1.2. IMPACTOS SOCIOECONÔMICOS......................28 2.1.3. IMPACTOS AMBIENTAIS....................................29

2.2. SUSTENTABILIDADE NAS CIDADES 2.2.1. URBANISMO SUSTENTÁVEL.............................30 2.2.2. AGENDAS AMBIENTAIS.....................................37 2.2.3. RETROFIT..........................................................40 2.2.4. COMO RENOVAR?..............................................44

2.3. TECNOLOGIAS CONSTRUTIVAS E ESTRATÉGIAS SUSTENTÁVEIS 2.3.1. ESTRATÉGIAS DE APROVEITAMENTO DE RECURSOS NATURAIS.................................................62 2.3.2. MATERIAIS..........................................................73 2.3.3. ENVOLTÓRIA.......................................................74 2.3.4. COBERTURAS VERDES E BIOFILIA.....................76 2.3.5. CERTIFICAÇÕES PARA EDIFICAÇÕES VERDES..78

03 Território

3.1. ÁREA DE ESTUDO 3.1.1. BAIRRO DA BOA VISTA........................................84 3.1.2. EDIFÍCIO BATISTA................................................91 3.1.3. ESTUDO MORFOTIPOLÓGICO DO TERRITÓRIO..92

3.2. LEGISLAÇÃO..................................................102 3.3. O EDIFÍCIO 3.3.1. O PROJETO..........................................................105 3.3.2. RUA DO HOSPÍCIO, 187.....................................108

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04 Referências Projetuais

4.1. RB12, 2015.....................................................112 4.2. RESIDÊNCIA VEGANA, 2014............................116 4.3. EDIFÍCIO ALMARES, 2012................................122

05 A Proposta

5.1. DIRETRIZES PROJETUAIS..............................130 5.2. ESTUDOS E DESENVOLVIMENTO VOLUMÉTRICO 5.2.1. ESTUDO DAS FACHADAS.................................130 5.2.2. ESTUDO VOLUMÉTRICO..................................133 5.2.3. PROGRAMA E DIMENSIONAMENTO................134 5.2.4. FLUXOGRAMA..................................................137

5.3. ESTRATÉGIAS APLICADAS.............................138 5.4. MEMORIAL DESCRITIVO.................................145 5.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................180

06 Anexo

6.1. PLANTAS DE REFORMA...............................184 6.2. LISTA DE FIGURAS.......................................191

07 Referência

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.............................................200

1 V

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INTRODUÇÃO 7

1.1. Narrativa O crescimento das cidades, em vários casos, desordenado, acarretou em um grande número de edificações abandonadas e/ou subutilizadas inseridas na malha urbana. A presença destas acaba causando impactos negativos em seu entorno, tais como o esvaziamento da área urbana, o acúmulo de lixo nos terrenos abandonados, aumento da insegurança devido ao vandalismo (ver figura 1), desvalorização dos imóveis da área e o acúmulo do IPTU, gerando dívidas ao proprietário. Tornando-se evidente que estes equipamentos são um grande prejudicial, não apenas no setor social, mas também ambiental e econômico da cidade.

Como explica Douglas Farr, em seu livro, Urbanismo Sustentável (2013), a requalificação destas edificações contribui para o aumento da densidade populacional nos centros, agregando-lhes usos pertinentes à localidade, além de estabelecer uma boa compacidade (densidade), completude (variedade de usos), conectividade (diversidade de modais) e biofilia (integração com a natureza), fazendo com que o pedestre sinta-se seguro e atraído à andar nas ruas, reduzindo o uso do automóvel. Assim como reforça Roger (2015): Figura 1: Jovens invadem a antiga Fábrica Tacaruna. Fonte: Site da Folha PE.¹

“Uma cidade composta de atividades sobrepostas, permite maior convivência e reduz a necessidade do uso do automóvel, reduzindo drasticamente a energia utilizada para transporte, estimula o cidadão a caminhar, andar de bicicleta” (ROGER, 2015).

Em contraste a este cenário, percebe-se uma crescente demanda por habitações, resultando na expansão dos centros das cidades para as periferias. Esta dispersão urbana traz consigo uma gama de aspectos que se opõem ao que se associa a urbanismo sustentável, relacionados a dis¹ Disponível em: <https://folhape.com.br/noticias/noticias/cotidiano/2017/02/16/ N W S , 1 8 2 9 7 , 7 0 , 4 4 9 , N OT I C I A S , 2 1 9 0 - J OV E N S - I N VA D E M - P R E D I O - A NT I GA-FABRICA-TACARUNA-RECIFE.aspx>. Acessado em Março, 2019.

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Figura 2: Fachada do One Central Park, em Sydney, Austrália. Fonte: Site Jean Nouvel.²

persão da cidade, aumento das taxas de cobertura de solo impermeável, aumento das distâncias e geram poluição do ar através de gases causadores do efeito estufa.

“O Congresso para o Novo Urbanismo (CNU) considera a falta de investimentos em cidades centrais, a difusão da urbanização dispersa e sem caráter, o aumento da segregação de raças e classes sociais, a deterioração do meio ambiente, a perda de terras agrícolas e de áreas silvestres e a erosão da herança construída da sociedade como um só desafio de comunidade e construção relacionadas entre si.” (Carta do Novo Urbanismo, 1996)

Visto que este é um problema global, que afeta grande parte das cidades, seja pelo crescimento acelerado, não planejado ou por planejamentos urbanos zoneados, como é o caso dos Estados Unidos (FARR, 2006), e que hoje sofrem com seu estoque de edificações desatualizadas para as necessidades da comunidade, foi concebido à agenda ambiental de cidades e países, e ao programa de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) desenvolvido pela ONU, um olhar mais atento sobre este tema (GONÇALVES, 2015).

“Além da construção do novo, é importante considerar que, em países e cidades onde o déficit habitacional é um dos maiores desafios para o desenvolvimento socioeconômico, como no brasil, a reabilitação de edifícios existentes em centros urbanos consolidados tem o potencial de contribuir para programas habitacionais com respostas econômicas, criativas e eficazes, tornando-se mais um nicho de mercado a ser explorado” (GONÇALVES, 2015)

Diante destas preocupações surge na Inglaterra o plano de metas Retrofit 2050, no ano de 2014, onde foram estabelecidos objetivos e metas baseados nos problemas locais, a fim de reabilitar cidades, tornando-as mais sustentáveis a partir da renovação de edificações existentes, melho² Disponível em: <http://www.jeannouvel.com/en/projects/one-central-park/>. Acessado em Março, 2019.

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rando o desempenho dos seus sistemas, utilizando novas tecnologias e materiais sustentáveis, reduzindo os resíduos provenientes das construções e demolições civis, reciclando e atualizando usos e estilos, e assim, tornando as edificações e, consequentemente, as cidades, menos prejudiciais à natureza e mais adequados às sociedades atuais.

Com o avanço tecnológico cada vez mais rápido, hoje se dispõe de uma pluralidade de estratégias aplicadas à arquitetura que promovem soluções mais inteligentes e menos danosas ao meio ambiente. Estas estratégias englobam desde a utilização de recursos naturais para o conforto térmico e para sistemas funcionais elétricos e hidráulicos, até a integração do ambiente construído com a natureza, através da vegetação.

Apesar da variação de recursos de viabilização das construções “ecofriendly” (ver figura 2) associadas à economia vista a longo prazo, podendo ser aplicadas às antigas construções, e dos níveis e tipos mais variados de renovação, os arquitetos ainda enxergam a preexistência como um aspecto limitante e sentem-se desestimulados a intervir (ANDRADE JUNIOR, 2013).

No Recife várias edificações permanecem em estado de abandono, principalmente nos primeiros bairros desenvolvidos em sua urbanização, como o Bairro do Recife, Santo Antônio, São José e Boa Vista, que constitui o centro antigo da cidade. Este cenário repercute negativamente na vitalidade do local, considerado um ponto turístico, onde a vida antigamente acontecia, mas que hoje se caracteriza pela alta densidade construtiva mal aproveitada, utilizadas para estacionamento ou até mesmo sem uso.

Dentre os bairros citados, a Boa Vista chama atenção pois foi onde iniciou-se o processo de verticalização dos bairros, a partir da arquitetura moderna que, com o avanço da tecnologia, proporcionou a perpetuação desta característica nos núcleos urbanos do Recife.

A partir da percepção da problemática, visando melhorar este aspecto na cidade do Recife, o trabalho propõe uma renovação destes equipamentos ociosos utilizando um edifício como modelo, tomando como base os conceitos de retrofit. O edifício escolhido utiliza de sua estrutura para viabilizar atividades, introduz novos usos pertinentes à área, atualiza-se às normas de segurança vigente, seus sistemas operacionais, por meio de novas tecnologias sustentáveis, e também seu estilo arquitetônico à contemporaneidade.

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1.2. Justificativa O presente trabalho aborda a revitalização de uma edificação ociosa localizada no bairro da Boa Vista, na região central do Recife (PE), utilizando a proposta de renovação voltada para sustentabilidade e alto desempenho, conhecida como retrofit.

Diante da análise de conceitos que sugerem medidas mais sustentáveis voltadas para os centros urbanos, fica evidente que a problemática das edificações abandonadas e/ou subutilizadas afetam negativamente diversos campos de desenvolvimento das cidades, tais como em aspectos sociais, ambientais e econômicos. Estas, quando renovadas agregando-lhes um uso pertinente ao contexto no qual se insere, refletem positivamente em uma proporção maior que a própria escala da edificação, podendo contribuir com a vitalidade urbana.

“Ao romper ideias preconcebidas a respeito da nossa arquitetura, libertaremos o arquiteto para explorar novas tecnologias e técnicas de produção. Devido a imensa crise habitacional em todo o mundo, esta questão não pode ser ignorada. A adoção do uso do novo, do reciclado ou de materiais compostos pode gerar economia de custo e melhorias quantitativas. Essas abordagens inovadoras do projeto podem envolver tanto a alta tecnologia quando a comum” (ROGERS, 2015).

Devecchi (2010) também afirma que “a formulação de uma política de reforma de edifícios altos constitui uma oportunidade única de mobilização de recursos materiais subutilizados assim como de reestruturação produtiva da indústria da construção civil”. Assim, a revitalização e integração destes equipamentos mostra uma importante diretriz para alcançar melhorias com relação à sustentabilidade como um todo. Nas área centrais do Recife, observa-se um grande número de edificações vazias ou subutilizadas que não cumprem com sua função social, contribuindo para tornar as áreas inseguras e vulneráveis ao vandalismo.

A cidade do Recife, nos séculos XIX e XX, passou por um processo de modernização. A expansão radial da área urbana em direção às periferias, gerou um intenso desenvolvimento de bairros como Caxangá, Poço da Panela, Espinheiro, Aflitos, Santo Amaro, entre outros.

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Figura 3: Centro do Recife, anos 70. Fonte: Site National Geography.³

Devido a este aspecto, a população mais abastada passou a habitar áreas periféricas, como a Grande Casa Forte, Grande Graças, onde as usinas passaram a ser loteadas em partes menores, dando espaço para construção de casarios luxuosos e sítios, e os bairros do Pina e Boa Viagem, que configuram a Zona Sul, para onde foi redirecionada as investidas do setor imobiliário a partir de 1980, anteriormente focados nos bairros centrais.

Esta reorganização da cida de gerou no centro um caráter residual (ver figura 3), o qual perpetuou a imagem degradada, repleta de edificações abandonadas por parte da elite sem a devida revitalização.

Nos dias atuais, ainda podem ser observados estes vazios e edificações em estado de abandono. Consiste ainda na predominância da população de baixa renda, que fortalece o comércio informal e Figura 4: Boa Viagem, século XX. Fonte: Site do G1.4 fomenta marginalização da área. ³ Disponível em: <https://www.nationalgeographic.org/encyclopedia/urban-area/>.

Acessado em Março, 2019.

4 Disponível em: <https://g1.globo.com/pe/pernambuco/noticia/2018/08/29/dez-cidades-concentram-463-da-populacao-de-pernambuco-aponta-ibge.ghtml>.

Acessado em Março, 2019.t 12 12

A partir dos alarmantes impactos ambientais causados pelas cidades, hoje mais evidentes e divulgados, além de práticas de análises, desenvolvimento de projetos e propostas de intervenções na universidade, o estímulo surge para abordagem de tema relevante às problemáticas vivenciadas.

O bairro da Boa Vista, localizado no centro da cidade do Recife, é atualmente caracterizado por ser um eixo de mobilidade e comércio muito importante. Este conta com equipamentos comerciais, importantes habitacionais e de uso misto, porém muitos se apresentam em precário estado para uso, quando não estão fortemente degradados, vazios ou subutilizados, aspectos que desvalorizam e marginalizam a área.

Através da análise geral do bairro, chamou atenção a Rua do Hospício, importante eixo de mobilidade, a qual concentra equipamentos que tiveram grande importância cultural para a cidade, como o Hotel do Parque, o Teatro do Parque e o Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, que também se encontram em mal estado de conservação.

Diante do olhar na verticalidade da cidade do Recife (ver figura 4), iniciada no Bairro da Boa Vista nos primeiros sinais urbanos, despertou-se o interesse para contemplação deste estudo uma edificação subutilizada de 7 pavimentos, projetada para abrigar uso comercial e salas de escritórios, porém onde hoje encontra-se sem uso térreo, sem atratividade ou interação com a rua, , em mau estado de conservação e com sua calçada encontra-se tomada por comerciantes informais.

O novo equipamento pretende servir de exemplo, estimulando outras intervenções na aplicação de técnicas construtivas, materiais, sistemas e tecnologias que visam um melhor desempenho e menor impacto ao meio ambiente, se tratando de uma abordagem conhecida na Europa por retrofit.

A tomada de decisão a respeito de quais estratégias e tecnologias serão aplicadas ao equipamento, será constituída através de análises da estrutura preexistente, atentando às suas potencialidades e limitações, personalizadas e originais a cada edificação em particular, como defende Morettini (2012).

13 13

1.3.

Objetivos 1.3.1. Objetivo Geral

Elaborar um anteprojeto arquitetônico de reforma com ação de atribuir uso a uma edificação subutilizada localizada no bairro da Boa Vista, na cidade do Recife – PE, utilizando os princípios do retrofit.

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1.3.2. Objetivos específicos Entender ao que se deve o fenômeno das edificações abandonadas na cidade do Recife; Identificar estratégias e tecnologias que possam contribuir para tornar uma edificação mais sustentável; Compreender os conceitos de sustentabilidade nos campos de urbanismo e da arquitetura, e como estes se relacionam; Analisar como a discussão a respeito de sustentabilidade está sendo tratada mundialmente através das agendas ambientais e programas de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, com foco nos tópicos que abordam a sustentabilidade construtiva; Compreender a estratégia do retrofit como intervenção nas edificações preexistentes; Analisar os diferentes níveis e tipos de intervenção e suas características, para uma melhor abordagem à preexistência em estudo; Apresentar estudos de casos onde foram aplicados os conceitos do retrofit, através de imagens e diagramas que justifiquem a solução aplicada à preexistência; Aplicar os conceitos tratados do retrofit que visam um melhor desempenho sustentável do equipamento existente, utilizando também para a intervenção os conceitos de modificação externa tratados por Andrade Júnior (2006).

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1.4.

Procedimentos Metodológicos edificaÇÕes ociosas e/ou subutiLizadas

sustentabiLidade nas cidades

• Análise da urbanização do Recife e entendimento do fenômeno das edificações abandonadas na cidade, segundo REYNALDO, 2018, e SILVA, 2008; • Compreensão e análise dos impactos socioeconômicos e ambientais negativos gerados pelas edificações ociosas ou subutilizadas, segundo MORETTINI, 2012;

• Entendimento do conceito de sustentabilidade no que se refere ao meio urbano, segundo FARR, 2013; •Compreender como a arquitetura se relaciona com os aspectos urbanos, segundo ROGER, 2015, e SPECK, 2016; • Revisão das Agendas Ambientais e Planos atuais que estimulam intervenções fundamentadas no desenvolvimento sustentável das cidades, segundo a ONU, 2015; •Compreender o conceito de Retrofit, segundo RETROFIT 2050, 2014; • Entendimento quanto aos tipos e níveis de intervenções na pré-existência arquitetônica, segundo ANDRADE JUNIOR, 2006.

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tecnoLogias construtiVas e estratégias sustentÁVeis • Análise das estratégias utilizadas dentro do conceito de construção sustentável, segundo GONÇALVES, 2015, e KEELER, 2010; • Compreender os certificados mais utilizados e suas classificações para edifícios sustentáveis.

o território

• Visita in loco.

• Coleta de dados e análise dos dados coletados sobre a área, sobre o território delimitado e sobre o edifício preexistente, a fim de compreender e realizar um diagnóstico do contexto urbano e da edificação.

referências Projetuais • Escolha de referências projetuais relacionadas a edificações sustentáveis e renovação de edificações, com o propósito de analisar as soluções projetuais e as tecnologias aplicadas.

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diretrizes Projetuais • Formulação de diretrizes projetuais para renovação do imóvel preexistente alinhado aos conceitos abordados.

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CONCEITUAÇÃO TEMÁTICA 19

2.1. Edificações Ociosas 2.1.1. Contextualização histórica O Recife passou por um processo de lento desenvolvimento, onde sua configuração central no século XVIII (ver figuras 5 e 6) se limitava aos bairros do Recife, Santo Antônio e São José, densamente ocupados, e Boa Vista, que contrastava pelo seu aspecto predominantemente rural como mostra na figura 7.

Nesta época, a região foi disputada entre os dominadores portugueses e invasores holandeses, estes últimos responsáveis pelo início da urbanização da cidade do Recife, que teve seu desenvolvimento acelerado neste período de domínio. Ao restabelecer o controle da cidade, os portugueses deram continuidade ao processo de urbanização (ver figura 8).

Figura 5: Avenida Marquês de Recife, 1870.

Fonte: Site Marco Zero.5

Figura 6: Cais Martins de Barros, 1890. Fonte: Site Brasiliana Fotográfica.6

Disponível em: <http://marcozero.org/bairro-do_recife-100-anos-depois/>. Acessado em Março, 2019.

6 Disponível em: <http://brasilianafotografica.bn.br/?p=9800>. Acessado em Março, 2019.

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XVIII Figura 7: Mapa da cidade do Recife no século XVIII. Fonte: Site do Instituto de História da Universidade Federal Fluminense. 7

XIX Figura 8: Mapa da cidade do Recife em 1906. Fonte: Wikipédia.8

Disponível em: <www.historia.uff.br>. Acessado em Março, 2019.

Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Planta_da_Cidade_de_Recife_-_1,_Acervo_do_Museu_Paulista_da_USP_(cropped).jpg>. Acessado em Março, 2019.

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1940

Em 1940 a cidade passou por uma modernização através de intervenções de mobilidade, visando adaptar a cidade para atender à demanda do crescimento populacional e econômico. Esta consolidação dos eixos rurais, que seguiu o modelo radial urbano, acarretou no acentuado desenvolvimento de bairros periféricos, como Caxangá e Poço da Panela, e também deu início à urbanização de Manguinhos, Aflitos, João de Barros e Santo Amaro (ver figura 9), até o final do século XIX (REYNALDO, 2018).

Figura 9: Parque Treze de Maio, no bairro de Santo Amaro, em 1940. Fonte: Site da Revista Algo Mais. 9

Nestas regiões planas, altamente valorizadas em uma cidade entre rios, comportava os serviços públicos, centros culturais, setores político-administrativos, e abrigava as classes mais abastadas. Aos pobres sobravam-lhe as áreas de mangue, atuais bairros do Derby (ver figura 10), Espinheiro e Campo Grande, de onde logo foram expulsos pela expansão, que promoveu o aterro das áreas alagadas, gerando uma gentrificação da população de baixa renda, restando-lhes apenas as regiões improprias para construção, como os morros e margens dos rios para morar.

Figura 10: Praça do Derby em 1950. Fonte: Site Kekanto. 10

Disponível em: <http://revista.algomais.com/exclusivas/6-fotos-do-bairro-de-santo-amaro-antigamente>. Acessado em Agosto, 2019.

10 Disponível em: <https://kekanto.com.br/biz/praca-do-derby/fotos/182417>. Acessado em Março, 2019.

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Figura 11: Recife em 1940. Fonte: Site da Revista Continente. 11

Disponível em: <http://revistacontinente.com.br/edicoes/204/arruar--historia-pitoresca-do-recife-antigo>. Acessado em Março, 2019.

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1950

Nos anos 50 Pernambuco, ao tornar-se Polo Econômico Industrial do Nordeste pela SUDENE, sofreu a expansão econômica e a modernização dos empreendimentos industriais, comerciais e dos serviços. Isto intensificou a industrialização nos bairros centrais, resultando em um acelerado crescimento populacional de mais de 600 mil até o ano de 1970, demonstrado no gráfico 1 do Censo 2010 (SILVA, 2008).

Este período de intenso desenvolvimento foi primordial para o aumento dos planos de financiamento criados pelo governo, que acarretou em fortes investidas nos anos 90 do setor da construção civil e da especulação imobiliária nos bairros suburbanos como Aflitos, Graças, Casa Forte, Espinheiro, Parnamirim e Santana.

Gráfico 1: Gráfico de crescimento populacional das principais cidades nordestinas ao longo de suburbanização. Dados disponíveis em censo2010.ibge.gov.br. Acesso em Março, 2019.

Percebida a ameaça de adensamento acelerado, movimentos reivindicais contra a especulação, que buscavam defender o patrimônio histórico, constituíram a Lei dos Doze Bairros (2001), que limitou as investidas imobiliárias nos bairros do Espinheiro, Casa Forte, Parnamirim, Tamarineira, Aflitos, Monteiro, Santana, Jaqueira e Poço da Panela.

Diante do limite imposto, o mercado passou a investir em bairros como Boa Viagem, Madalena, Rosarinho, Torre, Ilha do Retiro e Derby, priorizando os bairros localizados próximos à costa marítima e fluvial. Destes, Boa viagem se tornou um importante espaço polar no Recife, dotado de um alto desenvolvimento e valorização (ver figuras 13 e 14).

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Figura 12: Verticalização do centro do Recife no anos 50. Fonte: Blog Anos Dourados.12

1960

Figura 13: Casas de veraneio na Avenida Boa Viagem, anos 50. Fonte: Site Divulga Pernambuco. 13

Figura 14: Inicio da verticalização de Boa Viagem, anos 60, Edifício Holiday. Fonte: Site Diário de Pernambuco. 14

1970

Figura 15: Centro do Recife, anos 70. Fonte: Site Tok de História. 15

Disponível em: <http://www.anosdourados.blog.br/2015/09/>. Acessado em Março, 2019.

13 Disponível em: <https://divulgapernambuco.webnode.com.br/galeria-de-fotos/imagens-antigas/>. Acessado em Março, 2019.t 14 Disponível em: <https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/vidaurbana/2019/06/celebracao-reune-ex-moradores-do-holiday.html>. Acessado em Março, 2019.

15 Disponível em: <https://tokdehistoria.com.br/2014/07/18/fotos-de-uma-recife-nao-tao-antiga-mas-interessante/>. Acessado em Março, 2019.

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2000

Figura 16: Mapa de edificações acima de 20 pavimentos na cidade do Recife, 2003. Fonte: Site Docplayer. 16

Disponível em: < http://docplayer.com.br/40557223-A-verticalizacao-do-espaco-urbano-o-caso-do-bairro-do-prado-recife-pe.html>. Acessado em Março, 2019.

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2010

Assim, concentrando o foco das investidas em novas áreas e utilizando novas tecnologias que já permitiam construções cada vez mais altas, gerou-se zonas altamente verticalizadas na cidade (ver figura 16), atribuindo à paisagem um contraste entre os bairros novos (ver figura 19 e 20), em sua maioria residenciais, e antigos, que atenta pela má conservação e falta de investimentos (ver figura 17 e 18).

Nos dias atuais muitas dessas edificações permanecem sem devida requalificação da cidade, não cumprindo com sua função social e gerando impactos sobre seu entorno, sua comunidade, na economia e no meio ambiente.

Figura 17: Bairro do Recife, 2012. Fonte: Site Por Aqui. 17

Figura 18: Bairro da Boa Vista. Fonte: Site Revista Nossa Cidade. 18

Figura 19: Verticalização na Beira Rio nos dias atuais. Fonte: Site Brasil Imperdible. 19

Figura 20: Verticalização de Boa Viagem nos dias atuais. Edifício Holiday. Fonte: Encartnoticias. com. 20

Disponível em: <https://poraqui.com/recife-antigo-centro/waze-carpool-chega-ao-bairro-do-recife-com-caronas-de-graca/>. Acessado em Março, 2019.

18 Disponível em: <https://www.revistanossacidade.com.br/post/boa-vista-%C3%A9-a-mais-bela-cidade-%C3%A1-margem-direita-do-rio-branco-afluente-do-rio-negro>.

Acessado em Março, 2019.

19 Disponível em: <https://brasilimperdible.com/recife/>. Acessado em Março, 2019.

20 Disponível em: <http://www.encartnoticias.com/da-inovacao-a-degradacao-holiday-representa-marco-arquitetonico-e-social-para-o-recife/>. Acessado em Março, 2019.

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Figura 22: Prédio abandonado no Recife. Fonte Aspas Urbanidade. 22

2.1.2. Impactos socioeconômicos

Este cenário de abandono e inadimplência é bastante perceptível nos bairros centrais, onde está presente um grande estoque de edifícios antigos que sofreram com o redirecionamento das investidas imobiliárias ao longo do desenvolvimento da cidade.

Ao reconhecer o problema, fruto da expansão urbana periférica, o centro que abrigava toda vitalidade da região, hoje se apresenta esvaziado e sem devida conservação e/ou reciclagem de equipamentos que não se alinham mais com o modelo de vida contemporâneo do Recife atual.

O decreto considera como imóvel abandonado (ver figura 22) toda edificação que esteja em inadimplência com o órgãos gestor a mais de 5 anos, apesar de que em alguns casos, e estar apenas fechados e possui um dono (PREFEITURA, 2016).

A ociosidade advinda do abandono e/ou da subutilização destes equipamentos, acarretam no acúmulo de dívidas e no IPTU, além da contínua construção de equipamentos fora de contexto, gerando mais espaços residuais e sem uso à cidade.

Apesar da legislação, quando obedecida, notificar e julgar o proprietário do imóvel diante da situação de abandono, é enfatizado pela presidente da Diretoria Executiva de Controle Urbano (Dircon), Cândida Bonfim, que grande parte dos imóveis que se alinham a esta situação nas áreas centrais são pertencentes ao poder público.

O CAU afirma que para que as medidas sejam efetivadas é necessário o prevalecimento e fiscalização das leis municipais, tais como a aplicação do IPTU progressivo a estes terrenos, além da liberação de linhas de crédito para que se reabilite, através do Ministério da Cidades e da Cultura, IPHAN, bancos públicos e privados. Também é considerado o leilão destes equipamentos, quando públicos, para habitações acessíveis.

De acordo com o novo projeto do Plano Diretor do Recife, estão sendo discutidos e aprovados procedimentos para que os imóveis não permaneçam nesta situação por muito tempo. O Estatuto da Cidade prevê que o Plano Diretor Municipal contribua para transformar a interação populacioDisponível em: <https://aspasurbanidade.wordpress.com/category/ocupacao-de-predios-abandonados/>. Acessado em Março, 2019.

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nal com estas infra estruturas, objetivando modificar o quadro urbano de degradação ambiental e produzir uma cidade mais justa e equilibrada para todos (RECIFE, 2018).

No que se refere às medidas a serem tomadas e postas em prática, o projeto de ordenamento de 2018 para a cidade do Recife divide em áreas de atuação, tais como: Parcelamento, Edificação ou Utilização Compulsórios (PEUC); Imposto Predial e Territorial Urbano Progressivo no Tempo (IPTU-P); Desapropriação Mediante a Pagamento em Títulos da Dívida Pública; Outorga Onerosa do Direito de Construir (OODC); e Transferência do Direito de Construir (TDC).

A PEUC, que diz respeito ao uso e ocupação do solos, visa controlar estes usos para evitar a retenção de terrenos vazios, subutilizados e ociosos na cidade, principalmente nas áreas conectoras e pontos importantes geradores de viagens. Para isto, devem ser implementadas medidas de notificação aos proprietários dos lotes que não cumprem sua função social no momento. Estes, devem negociar com a prefeitura se desejam parcelar, edificar ou utilizar o terreno dentro do prazo estabelecido, que não deve passar de 2 anos. Caso não corresponda prontamente ao processo, a Prefeitura poderá entrar com a aplicação do IPTU Progressivo anual, no prazo máximo de 5 anos, até atingir seu valor limite. A partir disto, deve ser pago pelo proprietário do terreno o devido, além do estabelecimento de função ao equipamento em questão que, caso não ocorra, será mantido o valor, podendo acarretar na desapropriação pelo município, em troca de títulos da dívida pública.

2.1.3. Impactos ambientais

Os impactos negativos trazidos por estes equipamentos abandonados são extensos, e os ambientais vão além da escala individual da edificação. Durante todo seu processo, desde a confecção dos materiais até o fim de sua vida útil, as construção civil é conhecida como a maior produtora de gases que causam efeito estufa no planeta. Diante deste aspecto, quanto mais edificações construídas, maior emissão de gases poluentes; maior desmatamento de áreas estéreis para novas construções; maior taxa de solo impermeável subutilizada nos centros; acúmulo de lixo nos terrenos vazios; menor densidade nos centros, acarretando na expansão urbana periférica, que estimula o uso do automóvel para atividades diárias, entre muitos outros pontos negativos gerados quando não se aproveita devidamente o estoque preexistente de edifícios já consolidados, e que, mesmo desativados, já possuem seu grau de impacto no meio ambiente e nas cidades. Além do potencial destes de evitar a construção inconsequente de mais edificações, o estoque já consolidado pode ser visto como grande potencial para a transformação das cidades atuais em cidades mais sustentáveis no futuro.

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2.2. Cidades Sustentáveis 2.2.1. Urbanismo sustentável

Os impactos negativos causados pela existência de edificações ociosas e subutilizadas nas cidades, assim como terrenos residuais e vazios urbanos, podem ser bastante prejudiciais em vários setores que visam um bom funcionamento e desenvolvimento dos centros, sejam eles aspectos sociais, econômicos ou ambientais.

É sabido que a degradação individual apresentada por estes equipamentos em meio à cidade repercutem por todo seu entorno. A princípio, por não apresentarem uso pertinente, estas edificações ou vazios passam a diminuir o fluxo potencial da área em que estão inseridas, o qual poderia ser intensificado a partir do cumprimento da sua função social.

Além de não atrair público para si diante do seu grau de abandono, estes equipamentos tornam-se locais que reduzem a densidade urbana, gerando acúmulo de lixo em seu terreno, acentuando o vandalismo, inibindo a caminhada e gerando insegurança pela falta do policiamento natural das ruas, produzido apenas pela presença de transeuntes que circulam no local (ROGER, 2015).

Segundo Carta do Novo Urbanismo (CNU), a falta de investimento nas cidades leva a difusão urbana pelas áreas periféricas, gera a deterioração de zonas rurais e ambientais preservadas, aumenta as áreas de solo impermeável, uso da água e da energia, e também aumento as distâncias dos deslocamentos, atribuídos ao uso do automóvel, acarretando na poluição do ar e produção de gases que agravam o efeito estufa Figura 23: Bairro residencial americano. Fonte: Site (ver figura 23).

National Geography. 23 Disponível em: <https://www.nationalgeographic.es/medio-ambiente/expansion-urbana-descontrolada>. Acessado em Março, 2019.

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Se tratando de urbanização, estas problemáticas andam em sentido oposto ao que é admitido por Douglas Farr (2013) como Urbanismo Sustentável em sua bibliografia. “[...] o urbanismo sustentável é aquele com um bom sistema de transporte público e com possibilidade de deslocamento a pé integrado com edificações e infraestrutura de alto desempenho. A compacidade (densidade) e a biofilia (acesso à natureza) são valores centrais do urbanismo.” (FARR, 2013, p.28).

Ao mencionar compacidade, o autor enfatiza que a alta densidade nos centros urbanos, apesar de parecer uma estratégia inadequada no que se refere ao impacto ambiental gerado pela aglomeração construtiva e por menores áreas verdes, ao examinar a temática de uma escala mais ampla, ponderando prós e contras, nota-se que este se enquadra como o empreendimento mais sustentável a se aderir.

Exemplo disto é cidade de Barcelona depois da execução do Plano Cerdá, de 1860 (ver figura 24). Este foi desenvolvido diante do acelerado crescimento econômico e populacional da cidade, e se tratando de uma expansão urbana planejada, o urbanista Ildefonso Cerdá priorizou o que chamou de “urbanismo humanitário”, que apesar do grande adensamento construtivo, estabeleceu gabarito máximo para as edificações a fim de preservar a escala, instituiu distâncias limites entre equipamentos comunitários para que sejam caminháveis e tornou obrigatório o uso do espaço interno das quadras para áreas verdes e/ou comuns.

Figura 24: Plano urbano Cerdá de Barcelona, ES. Fonte: Blog Go Seach Travel . 24

Disponível em: <http://joyimgd.pw/City-icons-Barcelona-t.html>. Acessado em Novembro, 2019.

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Figura 25: Oxford Street, Londres, UK. Fonte: Clube Gazeta do Povo. 25

Através dos usos mistos, onde há presença de térreos ativos e habitações nos demais pavimentos, combinando grande quantidade de usos e proporcionando a permeabilidade física das edificações, as caminhadas nas ruas passam a ser mais atrativas e seguras.

Ademais, como definidos pelo cientista político Michael Walzer, os espaços multifuncionais ajudam a manter as áreas periféricas virgens ou para usos da agricultura (ROGER, 2015). Por reunir uma variedade maior de pessoas em um ambiente mais compacto, criam na sociedade um sentimento mais tolerante e de respeito mútuo, promovendo a colaboração e interesse comunitário aos assuntos pertinentes à comunidade (figuras 25 e 26).

Figura 26: Buenos Aires, AR. Fonte: Site Wander-Argentina. 26

Disponível em: <https://www.gazetadopovo.com.br/haus/urbanismo/oxford-street-londres-bloqueada-veiculos/>. Acessado em Agosto, 2019.

26 Disponível em: <https://wander-argentina.com/florida%E2%80%94buenos-aires%E2%80%99-downtown-pedestrian-mall/>. Acessado em Março, 2019.

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Figura 27: Núcleo residencial americano. Fonte: Site Future City Competition. 27

Figura 28: Diagrama ilustrativo de zonas monofuncionais. Fonte: Site Floor Plan Creator. 28

Um exemplo que pode ser citado como oposição ao modelo de cidade compacta, é o zoneamento ou espaços monofuncionais, dominantemente presentes nos Estados Unidos (figura 28). Este padrão de setorização dos espaços por função exercida estabelece núcleos de escritórios, comerciais, de serviços e bairros residenciais afastados (figuras 27 e 29), que promovem a construção de vias expressas, necessárias para o deslocamento rápido da população para atender às necessidades cotidianas (ROGER, 2015).

Partindo do preceito de que “as cidades existiam em primeiro lugar, a acima de tudo, para satisfazer às necessidades humanas e sociais das comunidades” (ROGER, Figura 29: Núcleo residencial em Mia2015), a completude gerada pela alta densi- mi. Fonte: Site Slide Player . 29 dade viabiliza que todas as conveniências diárias estejam a uma distância desejável de 400m da moradia, assim reduzindo estradas, deslocamentos e, consequentemente, diminuindo o uso do carro, das emissões de dióxido de carbono e de consumo de energia nas cidades (FARR, 2013).

Este tipo de urbanização ainda estimula o desenvolvimento de uma infraestrutura que atenda à variação de modais desejável na comunidade, sendo eles os meios de transporte públicos, a bicicleta e o carro, dentro do seu devido espaço na cidade. Ocasiona, também, em melhorias de integração dos sistemas conectores locais, entre os bairros e regionais.

Disponível em: <https://futurecity.org/new-mexico>. Acessado em Março, 2019.

Disponível em: <https://floorplancreator.net/>. Acessado em Março, 2019.

29 Disponível em: <https://slideplayer.com/slide/10896849/>. Acessado em Março, 2019.

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A biofilia, outro aspecto citado por Farr (2013) na definição do Urbanismo Sustentável, pode ser resumidamente definido pela integração do homem com a natureza. Dentro da lógica de organização das cidades, os parques, as praças e os jardins, locais de encontro, ou “terceiros lugares”, como descrito pelo autor, são essenciais para a vitalidade dos bairros, como mostra a figura 30 de um parque nos EUA e o bom aproveitamento urbano do rio na Coreia do Sul (figura 32). Além dos benefícios da vegetação, como melhorias na qualidade do ar, sombra, redução da onda de calor e dos microclimas, estes espaços devem ser projetados para que não se perca o contato e o sentimento de responsabilidade da população para com os recursos naturais tão afetados pelo nosso modo de vida (ROGER, 2015).

“Muitos empreendimentos imobiliários são criados para desestimular a vida ao ar livre. As novas passagens urbanas são hostis aos pedestres e desestimulam o deslocamento a pé. [...] as edificações novas são projetadas para a vida enclausurada, para terem ar-condicionado em vez de janelas abertas e portas que levem as pessoas para a rua”. (FARR, 2013).

Figura 30: Miller Park, no Centro de Chattagnooga, EUA. Fonte: Site Archdaily. 01

Figura 31: O rio Cheonggyecheon, Seul, Coréia do Sul. Fonte: Site Trata Brasil. 31

Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/906854/miller-park-no-centro-de-chattanooga-spackman-mossop-michaels-plus-eskew-dumez-ripple/5bc68233f197cc6b2200002a-miller-park-in-downtown-chattanooga-spackman-mossop-michaels-plus-eskew-dumez-ripple-photo>. Acessado em Março, 2019.

31 Disponível em: <http://www.tratabrasil.org.br/blog/2008/09/17/rio-coreano-e-revitalizado-e-serve-de-exemplo-para-o-mundo/>. Acessado em Agosto, 2019.

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Inserido neste conceito, além dos espaços públicos biofílicos em meio à cidade, também estão contemplados pelo conceito os elementos verdes presentes nas construções, como área de solo natural, jardins verticais, tetos jardins, tetos verdes, brises verdes e hortas verticais, que cada vez mais se mostram imprescindíveis nos projetos arquitetônico sustentáveis e são capazes de repercutem seus benefícios por toda área urbana.

Exemplo disto é a Fundação Nacional de Pesquisa de Chicago (ver figura 32), que buscou integrar a vegetação em seu campus, proporcionando um ambiente mais agradável para os usuários e visitantes nos ambientes internos e externos, além de melhorias no ar e microclima local.

Figuras 32: Mosaico de fotos do campus da Fundação Nacional de Pesquisa de Singapura, 2013.

Fonte: Site Archdaily. 32

Todos estes aspectos, tais como a compacidade (densidade), completude (variedade de usos), conectividade (diversidade de modais) e biofilia (integração com a natureza), quando instituídos de modo conjunto e integrado resultam em um bom funcionamento operacional dos bairros e das cidades. Além de repercutir em um menor impacto ecológico ao meio Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/766745/campus-de-pesquisa-create-perkins-plus-will>. Acessado em Março, 2019.

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ambiente diminuindo deslocamentos, construção de vias expressas, uso do automóvel, desmatamento de áreas estéreis, aumentando a segurança nas ruas e o sentimento comunitário entre os usuários.

Nas discussões levantadas a respeito da vida útil do planeta e das causa a respeito dos danos feitos ao ecossistema, as cidades são apontadas como as maiores vilãs na busca de um equilíbrio entre o desenvolvimento social e tecnológico, e a preservação dos recursos naturais, os quais alertam por serem fontes esgotáveis essenciais para a sobrevivência humana na terra.

Visto isso, o plano de desenvolvimento e integração mundial, que avalia e busca soluções para minimizar os impactos da população no meio ambiente, conhecido como Agenda Ambiental, começou a discutir as dimensões destes impactos e alertar para a imediata necessidade de mudanças nos sistemas de construção e operação das cidades e comunidades, para que se tornem mais sustentáveis.

Figura 33: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, Agenda 2030. Fonte: Site Agenda2030. 33

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Disponível em: <https://www.ods.pt/ods/>. Acessado em Março, 2019.

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2.2.2. Agendas Ambientais Os 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), adotados no ano 2000 (ver figura 33) foi um plano de objetivos e metas traçados pela ONU para erradicação da extrema pobreza global até o ano de 2015, envolvendo 189 países que visavam solucionar, ou pelo menos reduzir as estatísticas levantadas pela pesquisa, referentes à fome, educação, integração social, saúde e desenvolvimento nas comunidades.

No ano de 2015, após o término do prazo preestabelecido, foi delegada uma nova conferência. Esta, além de integrar todos os países da ONU, que já subira de número para 193, se destacou por desta vez considerar integralmente a participação direta da sociedade civil, empreendedores, governos, técnicos e especialistas nas diretrizes almejadas. A discussão a respeito dos novos desafios mundiais foi extensa e deu origem a Agenda 2030, que compacta todo o plano de metas, onde declaração da seguinte forma:

Figura 34: Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Fonte: Site da ODM Brasil. 34

“O esgotamento dos recursos naturais e os impactos negativos da degradação ambiental, incluindo a desertificação, secas, a degradação dos solos, a escassez de água doce e a perda de biodiversidade acrescentam e exacerbam a lista de desafios que a humanidade enfrenta. A mudança climática é um dos maiores desafios do nosso tempo e seus efeitos negativos minam a capacidade de todos os países de alcançar o desenvolvimento sustentável.

Os aumentos na temperatura global, o aumento do nível do mar, a acidificação dos oceanos e outros impactos das mudanças climáticas estão afetando seriamente as zonas costeiras e os países costeiros de baixa altitude, incluindo muitos países menos desenvolvidos e os pequenos Estados insulares em desenvolvimento. A sobrevivência de muitas sociedades, bem como dos sistemas biológicos do planeta, está em risco.” (ONU, 2015, §14).

Disponível em: <http://www.odmbrasil.gov.br/os-objetivos-de-desenvolvimento-do-milenio>. Acessado em Março, 2019.

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Figura 35: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, Agenda 2030. Fonte: Site Agenda2030. 35

Diante destes aspectos, os presentes chefes de estado e governo e altos representantes adotaram novos objetivos referentes à nova demanda global. Diferentemente do ODM (2000), estes propuseram uma abordagem mais ampla, abrangendo também problemas de dimensão econômica, social e ambiental.

Os 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS) (ver figura 34) e as 169 metas a serem atingidas até o ano de 2030, reconhecem que o planejamento e a renovação das cidades são um dado importante na resolução de problemas comunitários, de segurança e um gerador de empregos relevante para o desenvolvimento global. A declaração também apresenta os impactos negativos causados por elas, como estes podem ser prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente. (ONU, 2015, § 34).

Os pontos englobados por este tópico têm, desde 1978, seu o espaço de discussão dentro da organização mundial. A agência especializada nestes aspectos é chamada de Programa das Nações Unidas para Assentamentos Urbanos (ONU-Habitat), criada a na conferência da ONU em Vancouver, Canadá, que ficou conhecida como Habitat I (ONU-Habitat, 2016). Novamente, em 1996, impulsionada pela Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (UNCED), realizada no do Rio em 1992, a agência convocou uma nova reunião, a Habitat II, em Istambul, Turquia. A pauta se preocupava em reafirmar as ações estabelecidas na primeira conferência, as quais visavam melhorias sustentáveis nos assentamentos urbanos, enfatizadas por um apelo humanitário.

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Disponível em: <https://www.ods.pt/ods/>. Acessado em Março, 2019.

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A partir da abrangência nas questões do desenvolvimento urbano na Agenda 2030, a ONU-Habitat convocou sua terceira assembleia, sediada em Quito, Equador, no ano seguinte. A Conferência das Nações Unidas sobre Habitação e Desenvolvimento Urbano Sustentável (Habitat III), resultou na Nova Agenda Urbana (NUA), um documento que, além de assumir os compromissos da Agenda 2030 e da ODS 11, se compromete em transformar os paradigmas urbanos de infraestrutura a fim de torná-los mais sustentáveis, “[...] através da promoção de energias limpas, do uso sustentável da terra e dos recursos no desenvolvimento urbano, bem como através da proteção dos ecossistemas e da biodiversidade [...]” (ONU-Habitat, 2016, §14c).

No plano de implementação da NUA é documentado o compromisso de promover estratégias urbanas que utilizem os recursos naturais de maneira sustentável e que gerenciem o solo, compactando e adensando os centros através das edificações de uso misto e ocupação de vazios urbanos (ONU-Habitat, 2016). Ainda no que se refere melhor aproveitamento do uso do solo, é complementado na declaração os impactos negativos causados pelas infraestruturas imobiliárias, como estas podem ser prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente. (ONU, 2015, § 34).

“Encorajamos as estratégias de ordenamento do território que considerem, quando cabível, a necessidade de orientar a expansão urbana, dando prioridade à renovação urbana por meio do planejamento da provisão de infraestruturas e serviços acessíveis e bem conectados, densidades populacionais sustentáveis, desenho compacto e integração de novas centralidades ao tecido urbano, prevenindo a marginalização e a dispersão urbana.” (ONU-Habitat, 2016, §52).

Ao voltarmos o olhar expansionista do empreendimento para dentro das cidades, pode ser percebido o potencial presente já existente na área consolidada. Isto se torna possível quando observado o estoque de vazios, edificações abandonadas ou subutilizadas inseridos nas cidades, que hoje são a grande preocupação dos movimentos sustentáveis, mas que são os principais objetos de transformação para que se alcance as metas de sustentabilidade nas cidades.

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2.2.3. Retrofit A partir das discussões levantadas nos planos de objetivos e metas necessárias para alcançar a sustentabilidade urbana e ambiental, uma importante abordagem é feita a respeito do melhor desempenho das cidades e, dentro destas, é fortemente frisado o papel das edificações, que se apresentam como desafio, mas também como oportunidade de atingir os parâmetros para boas condições ecossistêmicas globais nas Agendas Urbanas.

Estas, que possuem impacto direto na qualidade e vitalidade das cidades, merecem uma atenção quanto a vários aspectos por elas atendidos, como por exemplo, o uso atribuído, possibilitando o encurtamento dos percursos; à sua tipologia, diante da repercussão no ambiente urbano; e aos sistemas, para que sejam mais eficientes e reduzam os efeitos nocivos provenientes das edificações, ao meio ambiente.

Em meio aos fatos, instituições e fraternidades não governamentais da Inglaterra identificaram que a maioria do estoque de edificações previstas para o ano de 2050 já foi construído, mais de 40 anos antes (RETROFIT 50, 2014). A partir da forte preservação do patrimônio histórico das cidades europeias, da alta densidade construtiva e populacional, a qual demanda por habitação nos centros, alinhado a necessidade de tornar as cidades locais mais sustentáveis para o bem do planeta, surge o Retrofit 2050, como mais um desafio urbano, na cidade de Londres.

Diferente dos objetivos das agendas anteriores, o Retrofit 2050 propõe uma abordagem mais focada na renovação de edifícios dentro dos centros urbanos já consolidados. Estes, que podem ser atribuídos tanto para atualizações dos em sistemas operacionais, objetivando melhorias de desempenho, quanto uma total renovação, chegando até a modificações de uso e estilo arquitetônico.

“Retrofit literalmente implica fornecer algo com um componente ou recurso não instalado durante a fabricação ou adicionar algo que não existia quando foi construído. O termo foi usado no ambiente construído para descrever alterações físicas substanciais no nível do edifício e foi usado de forma intercambiável com termos como ‘renovação’, ‘conversão’ ou ‘reequipar’”. (RETROFIT 50, 2014).

Figura 36: Ícone do Retrofit 2050.

Fonte: Site Retrofit 2050. 36 36

Disponível em: <https://www.retrofit2050.org.uk/>. Acessado em Março, 2019.

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O novo conceito vem sendo bastante utilizado em edificações abandonadas ou em péssimas condições de uso, reciclando-as e adequando-as ao novo contexto em que estão inseridas, para que atendam às novas demandas da comunidade, como foi o caso da Biblioteca Estadual de Beyazit, em Istambul (ver figuras 37 e 38).

O projeto original da biblioteca, fundada em 1884, faz parte do complexo Kulliyah da mesquita imperial mais antiga da cidade, um edifício construído em 1506. Neste retrofit propõe preservar a memória e cultura da região, além de torná-la ativa e usual à comunidade nos dias de hoje, buscou-se por melhorias de desempenho, visando um melhor nível de sustentabilidade.

Figura 37: Biblioteca Estadual de Beyazit, em Istambul. Fonte: Site Archdaily. 37

Figura 38: Biblioteca Estadual de Beyazit, em Istambul.

Fonte: Site Archdaily.38

Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/800067/biblioteca-estadual-de-beyazit-tabanlioglu-architects/579208a3e58ece07a40000cf-beyazit-state-library-tabanlioglu-architects-photo>. Acessado em Agosto, 2019.

38 Disponível em: < https://www.archdaily.com.br/br/800067/biblioteca-estadual-de-beyazit-tabanlioglu-architects/579208b6e58ece8214000194-beyazit-state-library-tabanlioglu-architects-photo >. Acessado em Agosto, 2019.

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No pátio interno a cobertura de concreto foi substituída por uma membrana inflável que possibilita penetração filtrada da luz natural, resultando em uma atmosfera controlada e redução de consumo energético (ver figura 39 e 41).

A reorganização dos fluxos internos permitiu uma melhor conexão e fluidez no percurso que conecta a biblioteca ao pátio, jardim e praça presentes nas imediações (figura 40 e 42).

Figura 39: Imagens da nova cobertura do pátio interno co. Fonte: Site Archdaily. 39

Figura 40: Zoneamento do conjunto restaurado. Fonte: Site da Aga Khan Development Network. 40

Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/800067/biblioteca-estadual-de-beyazit-tabanlioglu-architects/5792090ce58ece07a40000d2-beyazit-state-library-tabanlioglu-architects-photo>. Acessado em Agosto, 2019.

40 Disponível em: <https://www.akdn.org/sites/akdn/files/media/institutions/aga_khan_ trust_for_culture/aga_khan_award_for_architecture/akaa-2019-turkey-06_5077_r.jpg>.

Acessado em Agosto, 2019.

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Figura 41: Corte antes e depois do pátio interno. Fonte: Site Archdaily. 41

Figura 42: Planta baixa antes e depois da biblioteca. Fonte: Site Archdaily. 42

Apesar das discussões a respeito da preservação histórica das edificações, Roger (2015) defende que, muitas vezes a restauração destes equipamentos, além de demasiadamente onerosas, vão contra a evolução natural da arquitetura. Para ele, o ambiente urbano e as construções arquitetônicas refletem a vida pública de quando foram construídas e buscam atender as necessidades do usuário individualmente e da sociedade, além de expressar, perante seu contexto, a evolução tecnológica e os objetivos da comunidade da época em que se insere.

Visto isso, o autor se posiciona a favor da modernização destas estruturas para que atendam às novas necessidades sociais, atentando a criação de uma correlação entre o novo e o que se deseja ser preservado, como demonstrado no projeto da biblioteca em Istambul.

Ao considerar-se intervir em uma determinada edificação, deve-se ter em mente que, apesar de soar com uma estratégia limitante quanto a soluções arquitetônicas, a edificação preexistente pode refletir em um partido interessante, norteando diretrizes para o desenvolvimento do projeto, assim como o nível e tipo de intervenção a ser aplicado.

Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/800067/biblioteca-estadual-de-beyazit-tabanlioglu-architects/5792090ce58ece07a40000d2-beyazit-state-library-tabanlioglu-architects-photo>. Acessado em Agosto, 2019.

42 Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/800067/biblioteca-estadual-de-beyazit-tabanlioglu-architects/57920afee58ece82140001a5-beyazit-state-library-tabanlioglu-architects-plan-2>. Acessado em Agosto, 2019.

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2.2.4. Como renovar?

Dentro deste conceito de renovação, são encontradas uma série de maneiras diferentes de intervir, com os mais variados níveis e tipos, abordados por Andrade Júnior (2006), que propõe uma classificação com base nos três níveis de intervenções, de Garcia, em seu livro Construir en lo Construído (1992). Mais adiante, a partir destas, o autor faz sua própria subcategorização quanto aos tipos de intervenção que se pode encontrar.

As modificações possíveis vão de alterações internas mínimas à total renovação do equipamento, atribuindo-lhes um novo uso, espaços, sistemas e até estilos contemporâneos, atualizando a edificação a conceitos da nova era.

Modificação Interna

Para o primeiro nível de intervenção, Andrade Junior (2006) se refere como modificação interna de edificações preexistentes, são elas: renovação; reciclagem; e ampliação dos espaços in- Figura 43: Mercado Municipal de São Paulo, 1933. Fonternos. te: Site Sampa Histórica.43 A renovação propõe a preservação do uso em original, visando melhorias funcionais através de novas tecnologias, a fim de permitir que o papel exercido pela edificação ofereça um melhor desempenho. Neste aspecto, as alterações buscam adaptá-la às novas normas em vigor, como as de segurança e acessibilidade, por exemplo.

As modificações externas se limitam a casos de alta degradação do equipamento, devido a algum incidente ocorrido, sendo permitindo que haja o restauro da edificação, devolvendo-lhe suas Figura 44: Mercado Municipal características originais. Dentro desta categoria de São Paulo, interior, 2004. também é permitida uma total repaginação inter- Fonte: Site Gordiando.44 Disponível em: <http://cidadedesaopaulo.com/v2/pqsp/linha-do-tempo-landing -page/?lang=pt>. Acessado em Março, 2019.

44 Disponível em: <http://beyefendigibi.com/sao-paulo-gezilecek-yerler/>. Acessado em Março, 2019.

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na, sem que transpareça no meio urbano, ou seja, em suas fachadas, contendo-se apenas em modificações em seu interior, como é caso do Mercado Municipal de São Paulo.

No projeto original inaugurado em 1933, o arquiteto Francisco Ramos de Azevedo concebeu um monumento da paisagem da cidade (ver figura 43) e, assim reconhecido e preservado como patrimônio de São Paulo. Teve sua reabilitação concluída em 2004 (ver figura 44), na qual foi feita a conservação e restauro das fachadas e coberta; substituição do piso e do sistema de iluminação; e instalação de sistemas de captação de águas pluviais, melhorando o desempenho do edifício.

Optou-se também por uma infraestrutura flexível para adaptação a novos usos futuros, utilizando de materiais leves como aço e vidro para a construção da nova estrutura, que originou o mezanino central destinado a alimentação, e para conectar as torres A e B (ver figura 45), que passaram a abrigar restaurantes, padaria, choperia e piano bar. Novas circulações foram criadas, assim com novos espaços no subsolo para serviços e administrativo.

Figura 45: Mercado Municipal de São Paulo, plantas baixas após a renovação. Fonte: Site Vitruvius. 45

Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/03.036/2259>.

Acessado em Março, 2019.

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Figura 46: Alfândega, 1826. Fonte: Site Pontual Arquitetos. 46

Figura 47: Renovado após incêndio, em 1906.

Fonte: Site Pontual Arquitetos. 47

Já na reciclagem, a abordagem é definida por alterações internas que visam readaptar a preexistência a um novo uso, podendo haver alterações mínimas, como instalações de novos equipamentos, ou a total alteração do espaço interno, onde é de extrema importância considerar a tipologia da edificação, para que o uso proposto seja compatível com as limitações do edifício.

Uma das arquiteturas de referência recente que se aplica a este tipo de intervenção é o Shopping Center Paço Alfândega, original de 1720.

Inicialmente construído para abrigar um convento de padres oratorianos (ver figura 46), passou por sua primeira reciclagem no ano de 1826, desvinculando-se da igreja e sendo utilizado como Alfândega (ver figura 47).

Figura 48: Paço Alfândega, renovado após reciclado como armazém de açúcar, 1932. Fonte: Site Pontual Arquitetos. 48

Disponível em: <http://pontualarquitetos.com.br/int/alfandega>. Acessado em Março, 2019.

47 Disponível em: <http://pontualarquitetos.com.br/int/alfandega>. Acessado em Março, 2019.

48 Disponível em: <http://pontualarquitetos.com.br/int/alfandega>. Acessado em Março, 2019.4 Disponível em: <https://www.retrofit2050.org.uk/>. Acessado em Março, 2019.

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Em 1922 o edifício, após ter sofrido um incêndio e perdido partes de sua estrutura de torres e pisos, foi alugado a uma Cooperativa de Usineiros, sendo utilizado como armazém de açúcar no porto (ver figura 48).

Após sua desativação, foi subutilizado como estacionamento de carros e, em 2004, teve sua última reciclagem concluída para uso de um shopping center (ver figura 49).

O projeto da Pontual Arquitetos buscou restaurar sua estrutura preexistente com ajuda de relatos iconográficos e, por outro lado, utilizou da estrutura metálica independente para que fosse nítido o contraste do tempo (ver figura 50). O layout foi adequado ao novo uso, os pátios da antiga construção deram lugar a espaços abertos, mall e galerias, e fo- Figura 49: Paço Alfândega, vista do pátio interno, 49 ram acrescentadas instalações de 2004. Fonte: Site Pontual Arquitetos. climatização artificial.

Figura 50: Paço Alfândega, renovado após reciclado como shopping center, 2004. Fonte: Site Pontual Arquitetos. 50

Disponível em: <http://pontualarquitetos.com.br/int/alfandega>. Acessado em Março, 2019.

50 Disponível em: <http://pontualarquitetos.com.br/int/alfandega>. Acessado em Março, 2019.

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Figura 51: Pinacoteca de São Paulo, fachada principal. Fonte: Site Archdaily. 51

Figura 52: Pinacoteca de São Paulo, pátio interno. Fonte: Site Archdaily. 52

A terceira e última abordagem interna se trata de ampliações aos espaços internos, agregando áreas de pátio, claustros ou outros recintos abertos presentes internas à edificação, agregando-lhe área útil, sem que esta represente a construção de anexos à preexistência.

Um exemplo brasileiro bastante conhecido deste tipo de intervenção é a Pinacoteca do Estado de São Paulo.

O projeto original é do mesmo arquiteto do Mercado de São Paulo, Francisco Ramos de Azevedo, e foi construído para abrigar o Liceu de Artes e Ofícios no século XIX, mas que nunca chegou a ser concluído. Em 1998, após anos de abandono, vítima de vandalismo e catástrofes naturais, foi adequado para receber a Pinacoteca do Estado (ver figura 51).

O edifício foi adaptado solucionando o problema de degradação das paredes de alvenaria e tijolo aparente pelas chuvas através de fechamentos dos vazios e pátios internos, cobertos por claraboias em estrutura de aço e vedação em vidro, agregando mais espaços internos (ver figura 52). Além

Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/787997/pinacoteca-do-estado-de-sao-paulo-paulo-mendes-da-rocha/5740cae6e58ecee2f8000078-pinacoteca-do-estado-de-sao-paulo-paulo-mendes-da-rocha-foto>. Acessado em Março, 2019.

52 Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/787997/pinacoteca-do-estado-de-sao-paulo-paulo-mendes-da-rocha/5740ca10e58ece6ec900005e-pinacoteca-do-estado-de-sao-paulo-paulo-mendes-da-rocha-foto>. Acessado em Março, 2019.

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disto, foram instaladas passarelas metálicas que vencem os vazios nos andares superiores. No pátio central foi concebido um auditório monumental e, ao pátio lateral, atrelado um grande elevador.

Este tipo de solução possibilita o controle da atmosfera interna, aproveitamento da luz natural e percepção do ambiente externo.

Todas as novas adequações foram mantidas em evidência, para que contrastasse e ficasse bem evidente a temporalidade das arquiteturas. O material escolhido para ser largamente utilizado foi o aço, devido a sua leveza e compatibilidade com a proposta, além de serem pré-moldados, reduzindo a produção de resíduos geralmente deixados por outros materiais. Este fez parte das novas estruturas dos pavimentos, passarelas, coberta, elevador, terraço e novas escadas (figura 53).

Figura 53: Pinacoteca de São Paulo, plantas baixas e corte. Fonte: Site Archdaily. 53

Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/787997/pinacoteca-do-estado-de-sao-paulo-paulo-mendes-da-rocha/5740c8c7e58ecee2f800006c-pinacoteca-do-estado-de-sao-paulo-paulo-mendes-da-rocha-planta-pav-1>. Acessado em Março, 2019.

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Figura 54: Vegan House, vista do contexto, 1965. Fonte: Site Archdaily. 54

Figura 55: Vegan House, fachada, 1965. Fonte: Site Archdaily. 55

Modificação Externa

No segundo nível, denominado por Andrade Junior (2006) como modificação externa de edificações preexistentes, trata de soluções arquitetônicas que alteram a paisagem urbana. São estas capazes de alterações na esfera pública e na vida cotidiana dos transeuntes. Estão divididas em: restyling; ampliação externa; e utilização de ruína.

No primeiro deles, o restyling, sua configuração é projetada com o intuito modificar a imagem externa do edifício, repercutindo na paisagem urbana. O edifício pode ser intervido com o intuito de mudar completamente seu estilo, torná-lo coerente ao novo contexto histórico em que se insere prologando seu tempo de vida. Esta solução é muito pertinente quando aplicada à edificações obsoletas e abandonadas, as quais perderam sua função social e não contemplam mais uma relação com novo contexto, em constante desenvolvimento.

Neste conceito é muito comum a aplicação de “fachada-holograma”, que se constituem em envoltórias que sobrepõem às fachadas preexistentes, agregando um novo visual ao equipamento sem que haja subtrações da sua concepção original.

Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/776521/residencia-vegana-block-architects/557a5a6de58ecedce500020a-vegan-house-block-architects-photo>. Acessado em Fevereiro, 2019.

55 Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/776521/residencia-vegana-block-architects/557a5a06e58eced6280001ee-vegan-house-block-architects-photo>. Acessado em Fevereiro, 2019.

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A Vegan House é um exemplo de fachada holograma. Nesta edificação situada no Vietnã, a solução foi concebida pelo escritório de arquitetura Block Archtects, no ano de 2014, em meio ao novo programa estabelecido de retrofit.

A habitação original, datada de 1965 (ver figuras 54 e 55), foi envolta em uma pele de janelas reutilizadas pelo dono, suportadas por estrutura metálica, que tanto deram um novo aspecto visual e contemporâneo ao edifício promovendo um melhor desempenho térmico e biofílico, quanto regataram as origens culturais do local através destes elementos da cultura vietnamita (ver figura 56 e 57).

A envoltória, além de contemplar a fachada da edificação, segue sobre ela formando a coberta, que passou a ser utilizada como um ambiente de integração para os novos usuários.

Figura 56: Vegan House, vista do contexto urbano, 2014. Site Archdaily. 56

Figura 57: Vegan House, fachada, 1965. Fonte: Site Archdaily. 57

Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/776521/residencia-vegana-block-architects/557a59a7e58eced6280001ec-vegan-house-block-architects-photo>. Acessado em Fevereiro, 2019.

57 Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/776521/residencia-vegana-block-architects/557a5991e58ecedce5000205-vegan-house-block-architects-photo>. Acessado em Fevereiro, 2019.

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Figura 58: Museu Cais do Sertão, contraste de elementos, 2018. Fonte: Site Archdaily. 58

Figura 59: Museu Cais do Sertão, perspectiva interna, sketch, 2018. Fonte: Site Archdaily. 59

Na ampliação externa, agrega-se uma nova construção perceptível níveis urbanos. Diferentemente do anexo, este tipo de intervenção aborda a continuidade entre os espaços, internamente e externamente, mesmo que esta nova aderência seja de característica contrastante.

A ampliação e a preexistência formam uma unidade e visa a integração fluida entre os equipamentos. A abordagem neste tipo de renovação pode ocorrer através de elementos que dialoguem com as características originais do edifício, como também podem receber materiais e elementos divergentes que provoquem uma ruptura linguística e uma forte dissonância na arquitetura, como é o caso do Museu Cais do Sertão, no Bairro do Recife (ver figura 58).

Reforçando o contexto local, um bom exemplo de ampliação externa é o museu

Figura 60: Museu Cais do Sertão, perspectiva externa, sketch, 2018. Fonte: Site Archdaily. 60

Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/907621/museu-cais-do-sertao-brasil-arquitetura/5c11986d08a5e54bad000946-museu-cais-do-sertao-brasil-arquitetura-foto>. Acessado em Março, 2019.

59 Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/907621/museu-cais-do-sertao-brasil-arquitetura/5c1196cc08a5e58aba00031b-museu-cais-do-sertao-brasil-arquitetura-croqui>. Acessado em Março, 2019.

60 Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/907621/museu-cais-do-sertao-brasil-arquitetura/5c11965108a5e58aba000319-museu-cais-do-sertao-brasil-arquitetura-implantacao>. Acessado em Março, 2019.

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Figura 61: Museu Cais do Sertão, vista da margem do rio, 2018. Fonte: Site Archdaily. 61

Figura 62: Museu Cais do Sertão, contraste de elementos, 2018. Fonte: Site Archdaily. 62

assinado pelo escritório Brasil Arquitetura, em 2018. Este foi uma iniciativa de renovação à um conjunto de armazéns abandonados no centro do Recife, característicos da cidade que surgiu a partir do porto e sofreu as consequências da carência de renovação, desde a sua desativação. O projeto buscou um alinhamento com as intenções locais de preservar estes imóveis e dar uso aos grandes equipamentos ociosos que compõem a paisagem do porto.

Além da reciclagem aplicada aos armazéns ao uso de museu (ver figura 69), a proposta adicionou um novo volume em consonância com a antiga estrutura, porém envolta em uma icônica pele de cobogós, que se tornou referência no projeto e um marco na cidade, provocando o contraste entre os materiais e destaque ao novo volume (ver figuras 60, 61 e 62).

Outro ponto forte da nova arquitetura é o elemento de coberta de secção circular que conecta os dois galpões e promove o destaque da árvore implantada no centro (ver figura 63).

Figura 63: Museu Cais do Sertão, coberta conectiva, 2018. Fonte: Site Archdaily. 63

Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/907621/museu-cais-do-sertao-brasil-arquitetura/5c11979c08a5e58aba00031f-museu-cais-do-sertao-brasil-arquitetura-foto>. Acessado em Março, 2019.

62 Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/907621/museu-cais-do-sertao-brasil-arquitetura/5c11988d08a5e58aba000322-museu-cais-do-sertao-brasil-arquitetura-foto>. Acessado em Março, 2019.

63 Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/907621/museu-cais-do-sertao-brasil-arquitetura/5c1197cd08a5e54bad000944-museu-cais-do-sertao-brasil-arquitetura-foto>. Acessado em Março, 2019.

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Para a utilização de ruína, a intervenção visa restabelecer seu uso, adaptá-la a um novo ou, mais comumente, preservar a edificação em condição de ruína, sendo construída uma nova estrutura que viabilize a sua visitação, onde a parte da ruína se destaca, preservando seu aspecto pitoresco.

Uma abordagem inversa, também aplicada, é a utilização de partes de edifícios antigos à nova arquitetura, afim de absorver a profundidade histórica presente nos objetos.

Figura 64: Estudo das ruínas, Paço Alfândega, 2004. Fonte: Site Pontual Arquitetos. 64

Figura 65: Estudo das ruínas, Paço Alfândega, Figura 66: Nova estrutura do atual Shopping Paço Alfândega. Fonte: Site Pontual Arquitetos.66 2004. Fonte: Site Pontual Arquitetos. 65

Disponível em: <http://pontualarquitetos.com.br/int/alfandega>. Acessado em Março, 2019.

65 Disponível em: <http://pontualarquitetos.com.br/int/alfandega>. Acessado em Março, 2019.

66 Disponível em: <http://pontualarquitetos.com.br/int/alfandega>. Acessado em Março, 2019.

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Figura 67: Croqui projeto do Shopping Paço Alfândega, 2004.

Fonte: Site Pontual Arquitetos. 67

Figura 68: Ruínas em contraste com a nova estrutura do Shopping Paço Alfândega, 2004.

Fonte: Site Pontual Arquitetos. 68

Figura 69: Ruínas em contraste com a nova estrutura do Shopping Paço Alfândega, 2004. Fonte: Site Pontual Arquitetos. 69

No último projeto de reciclagem do que hoje é o Shopping Paço Alfândega, devido a seu alto grau de degradação por consequências do tempo e do mau uso e preservação do imóvel, este se encontrava em forma de ruínas (ver figuras 64 e 65).

Em sua reconstrução, foram necessários relatos iconográficos que possibilitasse o restauro das partes remanescentes, a fim de retratar a verdadeira essência do projeto. A estrutura antiga passa a funcionar apenas como estética, não sendo utilizada para fins estruturais.

Para a construção da nova estrutura foram utilizados materiais leves, tais como estrutura metálica pré-moldada (ver figura 66), soltas das ruínas, e vidro, que contrastam com as paredes robustas e evidenciam a presença do antigo e do novo harmoniosamente, valorizando sua história (ver figuras 68 e 69).

Disponível em: <http://pontualarquitetos.com.br/int/alfandega>. Acessado em Março, 2019.

68 Disponível em: <http://pontualarquitetos.com.br/int/alfandega>. Acessado em Março, 2019.

69 Disponível em: <http://pontualarquitetos.com.br/int/alfandega>. Acessado em Março, 2019.

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Nova edificação em contextos preexistentes

O terceiro e último nível, o autor chamou de nova edificação em contextos preexistentes, que se refere às edificações que exibem uma arquitetura de contraste com o entorno, são estas: anexos; e edifício em contexto preexistente.

Os anexos são ampliações que se diferem do que foi chamado por ampliações externas, pois estas não promovem a continuidade dos espaços nos ambientes internos e nem no âmbito urbano. Geralmente este tipo de intervenção está vinculado a obras de caráter funcional, que buscam ampliar sua área.

Este tipo de ampliação não se limita ao terreno edificado, e sua qualificação está mais relacionada às relações visuais, podendo ser concebido em outro terreno, não se restringindo à proximidade física. Em alguns casos, não são necessários nem atributos conectores, como passarelas, passagens subterrâneas ou um outro volume entre o novo e o antigo.

Figura 70: Museu do Louvre, edifício antigo.

Fonte: Site My Modern Met. 70

Figura 71: Museu do Louvre, anexo em dissonância. Fonte: Site France.Fr. 71

Disponível em: <https://mymodernmet.com/louvre-history/>. Acessado em Março, 2019.

71 Disponível em: <https://pt.france.fr/pt/paris/lista/7-dicas-para-uma-visita-bem-sucedida-ao-museu-do-louvre>. Acessado em Março, 2019.

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Figura 72: Museu do Louvre, anexo em dissonância. Fonte: Site France.Fr. 72

O mais famoso museu do mundo, o grande Museu do Louvre, em Paris, é a referência em maior evidência neste aspecto. O palácio que compõe a obra, referente à antiga arquitetura do século XII, serviu de fortaleza à cidade e, ao perder sua função primária, transformou-se em residência para monarcas como Carlos V e Felipe II, até a capital ser transferida para Versalhes.

A partir dai, o edifício passou por uma reciclagem para que se transformasse em um museu, concluído em 1793 (ver figura 70) e, só em 1989 tornou-se uma composição icônica através de sua pirâmide de cristal, leve e contemporânea, anexada à obra (ver figuras 71).

A nova arquitetura, composta por estrutura metálica e revestida com peças de vidro de formato losangular posicionada ao centro do enorme pátio, reproduz um contraste que, ao mesmo tempo, enaltece o antigo edifício pela sua transparência e forma (ver figura 72). Esta dá origem a um novo acesso ao museu e a galerias e laboratórios subterrâneos, aumentando a capacidade obras para coleção e exposição do Museu do Louvre (ver figura 73).

Figura 73: Museu do Louvre, novo acesso subterrâneo. Fonte: Site Pinimg. 73

Disponível em: <https://pt.france.fr/pt/paris/lista/7-dicas-para-uma-visita-bem-sucedida-ao-museu-do-louvre>. Acessado em Março, 2019.

73 Disponível em: <https://i.pinimg.com/originals/dc/af/4b/dcaf4bb239ddad25db8bdabf8705531f.jpg>. Acessado em Março, 2019.

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Por último, os edifícios em contexto preexistente são edifícios construídos dentro de um sitio histórico ou área consolidada de preservação, onde estão inseridos elementos significativos da paisagem local. Estes, antes de tudo, devem respeitar a legislação especificas aplicada ao local.

Devem também atentar o olhar sobre as análises feitas no ambiente urbano, a respeito do volume; implantação; escala; densidade e massa; ritmo; e cores e texturas.

Apesar de sua forma monumental e contrastante com todos os parâmetros anteriores, consonando apenas por seu gabarito, como mostram as

Figura 74: Museu Kensthaus Graz se destaca no sítio histórico de Graz. Fonte: Site Ignant. 74

Figura 75: Museu Kensthaus Graz, em dissona das edificações vizinhas. Fonte: Site Figura 76: Museu Kensthaus Graz, em dissoArchdaily. 75 nância com a preexistência Fonte: Site Ignant. 76

Disponível em: <https://www.ignant.com/2013/05/23/kunsthaus-graz/>. Acessado em Março, 2019.

75 Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-132249/museu-kunsthaus-graz-produz-a-energia-que-consome-atraves-de-paineis-solares-em-sua-cobertura?ad_ medium=gallery>. Acessado em Março, 2019.

76 Disponível em: <https://www.ignant.com/2013/05/23/kunsthaus-graz/>. Acessado em Março, 2019.

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as figuras 74 e 75 e nos estudos apresentado na maquete (ver figuras 76), o Museu Kensthaus Graz é um significante marco para a cidade austríaca de Graz. Este, conhecido na comunidade como “alien amigável” de formato singular, orgânico e monumental, mais parecido com uma bolha (figura 77), foi concebido após a nomeação da cidade como capital europeia da cultura, e encontra-se no centro histórico de Graz desde 2003.

A arquitetura dissonante em implantação, escala, volumetria, densidade, cores e texturas, se destaca também por sua tecnologia contemporânea. A notável fachada luminosa é controlada por computadores e possui peças fotovoltaica que ao longo de toda sua envoltória capaz de coletar mais energia do que o edifício consome e mediar a temperatura interna com o exterior (ver figura 78 e 79).

Esta estratégia sustentável, também chamada de “energia positiva” vem sendo bastante explorada nas novas edificações que buscam diminuir os impactos Figura 77: Museu Kensthaus Graz, ma- da construção nas cidades, melhorando o quete de estudo preliminar. Fonte: Site desempenho de seus sistemas e repercuBubble Mania. 77 tindo para um bom urbanismo sustentável.

Figura 79: Museu do Louvre, anexo em dissonância. Fonte: Site Novate. 79

Figura 78: Museu do Louvre, anexo em dissonância. Fonte: Site Ignant. 78

Disponível em: <http://bubblemania.fr/batiment-blob-biomorphe-2001-2003-musee-dart-contemporain-kunsthaus-graz-autriche/>. Acessado em Março, 2019.

78 Disponível em: <https://www.ignant.com/2013/05/23/kunsthaus-graz/>. Acessado em Março, 2019.

79 Disponível em: <https://novate.ru/blogs/031017/43199/>. Acessado em Março, 2019.

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Figura 80: Fachada renovada do Showroom Organicare, original de 1975, VietnĂŁ . Fonte: Site Archdaily. 80

DisponĂ­vel em: <https://www.archdaily.com.br/br/916399/showroom-organicare-tropical-space/5cc833d7284dd1e953000004-organicare-showroom-tropical-space-photo?next_project=no>. Acessado em Agosto, 2019.

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Níveis de intervenção

Tipos de intervenção

Modificação interna de edificações preexistentes

Renovação Reciclagem Ampliação aos espaços internos

Modificação externa de edificações preexistentes

Restyling Ampliação externa Utilização de ruína

Nova edificação em contextos preexistentes

Anexos Edifício em contexto preexistente

Tabela 1: Intervenção arquitetônica segundo Andrade Junior. Fonte: autora.

Vistos os tipos e níveis de intervenções categorizadas por Andrade Junior (2006) aplicados à preexistência, encontram-se diversas maneiras de reaproveitar os equipamentos existentes. Seja ela através de modificações com intenção de restaurar e viabilizar o edifício, resgatando suas funções originais e promovendo melhorias em seus sistemas em uma escala interna, ou até a total renovação da obra, aproveitando-se da estrutura existente para gerar um novo equipamento. Além disto, o autor apresenta como elemento de intervenção a implantação de novas construções que geram impacto em uma escala mais ampla que o próprio edifício, podendo buscar uma consonância com o entorno consolidado ou promover uma ruptura dos parâmetros impostos pela preexistência, seja ela a própria edificação ou as demais presentes na área.

Diante do grande número de edificações já consolidadas nos centros urbanos em toda parte do mundo e do alto grau de degradação ambiental frequentemente noticiado nos dias atuais, é importante se considerar, cada vez mais, a reutilização deste estoque. A partir dele, além de evitar o desmatamento de áreas estéreis, provocar maior emissão de gases em seu processo construtivo e promover a expansão urbana, aumentando a utilização de automóveis, se permite que os edifícios preexistentes atualizem seus sistemas operacionais, normativas, materialidade, estruturas e utilizem novas tecnologias, buscando diminuir o impacto gerado à comunidade e ao meio ambiente.

Estas e outras tecnologias sustentáveis vem se tornando cada vez mais relevantes na construção civil e, quando aplicadas de maneira integrada com estratégias de aproveitamento dos recursos naturais, que diminui a necessidade de gasto energético dentro do edifício, aumentam consideravelmente seu grau de desempenho.

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2.3. Tecnologias Construtivas e Estratégias Sustenáveis 2.3.1. Estratégias de aproveitamento de recursos naturais Para que se obtenha um alto desempenho na edificação, a concepção do projeto deve ser trabalhada de maneira integrada, objetivando reduzir a necessidade de sistemas que consomem eletricidade e gás natural para fins de ventilação, iluminação, energia elétrica, aquecimento e refrigeração dos ambientes e dos sistemas hidráulicos. O aproveitamento otimizado dos recursos naturais disponíveis e da maximização de estratégias sustentáveis aplicadas in loco, reflete em mudanças que caminham de encontro às metas estabelecidas pelas agendas ambientais. “[...] no mínimo, uma qualidade equivalente de área edificada seja renovada anualmente, a fim de atingir 50% da média regional de energia consumida derivada de combustíveis fosseis e emissora de gases de efeito estufa que estão atualmente consumindo uma meta a ser alcançada por meio de estratégias de projeto inovador, a aplicação de tecnologias ecologicamente sustentáveis e/ou a compra de energia renovável (até o limite máximo de 20%)”. (AGENDA 2030).

Os recursos naturais, como radiação solar, ventos, água pluvial, solo, materiais, entre outros, são meios renováveis que estão à disposição para uso e se regeneram naturalmente, sendo ferramentas recomendáveis para melhor desempenho edificações sem que estas causem impactos negativos ao ecossistema.

Para que haja uma coerência de aproveitamento dos sistemas naturais e da aplicação dos sistemas artificiais, é necessário o entendimento do clima, do entorno da edificação, bem como a qualidade do ar, das transferências térmicas, e da carta solar.

Ventilação natural Para que o sistema de ventilação por meios naturais tenha um bom desempenho, as aberturas, atribuídas à edificação, devem ser projetadas de maneira estratégica, para melhor aproveitamento dos ventos, levando em consideração o uso do ambiente interno. Por sua vez, também deve ser 62

pensada a facilidade de controle da ventilação pelo próprio usuário, permitindo variar o fluxo de acordo com suas necessidades.

As estratégias utilizadas para o aproveitamento desde recurso são a ventilação com efeito chaminé (vertical) e a ventilação cruzada (horizontal) (ver figura 81). Na ventilação cruzada as aberturas estão localizadas estrategicamente em pontos para melhor captação do ar, fazendo com que entre na edificação e percorra a maior área possível antes de sair. Nos sistemas horizontais, além das aberturas, podem ser utilizados elementos vazados de vedação, os quais são uma aposta frequente para obter o fluxo de ar fresco contínuo, ou articulado, dentro da edificação e ainda protegem o ambiente da incidência direta da iluminação solar, são estes cobogós, brises e venezianas.

Figura 81: Sistemas de aberturas para ventilação cruzada. Fonte: Site Grupomb. 81

Para o efeito chaminé, são utilizados lanternins, claraboias e chaminés, localizadas nas coberturas das edificações, onde permitem a saída do ar quente, que sobe, de dentro da edificação para fora, obtendo uma renovação continua do ar interno.

A disposição interna de ambientes também é um aspecto interligado ao fluxo da ventilação dentro das edificações. Estes, quando integrados, projetando uma continuidade dos espaços através de paredes de meia altura, mezaninos e pés-direitos altos e duplos, possibilitam uma maior fluidez e uma melhor circulação do ar, fazendo com que este esteja sempre sendo renovado.

Disponível em: <https://grupomb.ind.br/mbobras/ventilacao-natural/como-aproveitar-ao-maximo-a-ventilacao-natural/>. Acessado em Maio, 2019.

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Iluminação natural

A iluminação natural também é um recurso a ser aproveitado nas edificações a fim de reduzir os gastos de eletricidade. Nos locais de clima quente e úmido, as estratégias devem estar acompanhadas por meios de proteção aos raios diretos e à demasiada exposição, que levam ao incomodo do usuário dentro do ambiente. Para decidir a solução que será utilizada no edifício é realizado o estudo de incidência solar nas fachadas ao longo do ano com ajuda da carta solar, podendo assim ter um melhor desempenho.

As estratégias para aproveitamento da luz natural, quando bem projetada e aplicada ao edifício, gera conforto interno e promove uma alta eficiência energética, principalmente quando combinadas aos sistemas artificiais. No caso das proteções, artifícios como a projeção de beirais sobre as aberturas ou apenas a presença da vegetação ajudam a manter uma temperatura interna agradável e reduzir o uso do resfriamento artificial em muitos casos.

As técnicas utilizadas para aproveitamento da iluminação estão diretamente relacionadas aos artifícios utilizados para a captação da ventilação natural, devido a permeabilidade dos sistemas e da filtragem dos recursos de fora para dentro da edificação, podendo conter sistemas automatizados para que seja acionada a iluminação artificial, caso a iluminação natural não atinja os níveis lumínicos necessários para o desempenho das funções relacionadas a ele.

Figura 82: Sitemas de aberturas para iluminação natural. Fonte: Site Building Green. 82

As claraboias (ver figura 82) acompanhadas de sensores, por exemplo, promovem o acionamento da iluminação artificial caso a luz natural Disponível em: <https://www.buildinggreen.com/feature/lighting-design-health-and-sustainability-guide-architects>. Acessado em Maio, 2019.

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advinda da abertura não consiga suprir a demanda do ambiente. Outras estratégias utilizadas são o brise (quebra-sol) e as venezianas integradas

à pele da edificação que podem ser móveis, controlado pelo usuário; podem se reorganizar automaticamente de acordo com a incidência solar; ou podem ser fixas, sendo parte estática da composição da fachada. É possível, também, que esteja atrelado ao sistema artificial ou não, para acionamento automático quando a luminosidade não for suficiente (ver figura 83).

Os cobogós, geralmente, são elementos de vedação que funcionam para a proteção de ambientes que estão mais expostos à incidência solar direta, a fim de amenizar o incomodo ao usuário e permitir o fluxo de ventilação, ajudando a diminuir as temperaturas internas.

Figura 83: Incidência solar no brise vertical.

Fonte: Site Architizer. 83

Iluminação natural

Em contra partida, para outros fins, o calor da incidência direta dos raios solares é visto de maneira bastante positiva. As placas fotovoltaicas captam a radiação solar e a converte em energia elétrica, podendo reduzir em até 60% das emissões de CO² do equipamento (FARR, 2013).

Para melhor aproveitamento desta radiação emitida pelo sol sobre as edificações, é necessário ser realizado um estudo a respeito da incidência solar na coberta e nas fachadas, detectando assim os pontos mais atingidos pelo calor, onde possam ser aplicadas as placas solares a fim de obter seu melhor desempenho.

Esta tecnologia, quando atingido um alto grau de desempenho, permite que a edificação produza toda (ou mais que) a energia consumida para seu funcionamento, resultando em um consumo zero de eletricidade, também chamada de energia positiva.

Disponível em: <https://architizer.com/projects/saadat-abad-commercial-office-building/>. Acessado em Maio, 2019.

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Figura 84: Painéis fotovoltaicos. Fonte: Site Geo Green Power. 84

Os painéis fotovoltaicos (ver figura 84), são constituídos de células fotovoltaicas de silício (condutor) que liberam elétrons ao entrar em contato com devido comprimento de onda solar, produzem energia elétrica para a edificação. Estes, mais conhecidos como painéis solares, agrupados, formam um arranjo aplicado às coberturas das edificações como parte de um sistema para captação de raios solares, a fim de aproveitar da radiação solar para gerar energia (ver figura 85). O sistema ainda conta, em alguns casos, com bateria para armazenagem.

Estes painéis são ajustados para que se localizem onde possam ter o melhor aproveitamento dos raios solares, aumentando sua eficiência (KEELER, 2010).

No Brasil, recomenda-se que estejam voltados para o Norte e com angulação de acordo com latitude do local, como por exemplo, na cidade do Recife, latitude 8º, as placas fotovoltaicas terão melhor desempenho ao serem instaladas na fachada norte da edificação com 8º de inclinação.

Figura 85: Sistema de captação de energia solar por painel fotovoltaico. Fonte: Site EF Solar. 85

Disponível em: <https://www.geogreenpower.com/domestic-solar-power/panels/integrated-photovoltaics/>. Acessado em Maio, 2019.

85 Disponível em: <https://efsolar.com.br/projetos-industriais-de-energia-solar/>. Acessado em Maio, 2019.

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Aquecimento da água

O sistema natural de aquecimento da água se revela como um dos mais efetivos na redução de custos com eletricidade e consumo de energia, e uma das melhores opções para redução do consumo de gás natural, pois aproveita do calor da radiação solar para aquecer a água reservada, chegando a diminuir 90% das emissões de CO² quando utilizado em conjunto com o sistema de energia solar. Para um sistema mais efetivo, também é importante considerar a qualidade e desempenho dos eletrodomésticos e equipamentos sanitários utilizados (KEELER, 2010).

Na maioria dos casos, o sistema de aquecimento solar da água é composto acompanhado por um aquecedor elétrico para onde a água é enviada após o preaquecimento natural através do sol (ver figura 86).

O aquecedor de apoio atuará para que haja uma compensação térmica, quando apenas a insolação não atinja a temperatura da água até o grau desejado. Neste sistema, qualquer nível alcançado de maneira passiva já consta na redução de gasto energético e, consequentemente, de custo de eletricidade (ECYCLE, 2019).

Figura 86: Sistema aberto de aquecimento solar da água. Fonte: Site Solarem. 86

Disponível em: <http://www.aquecedorsolaragua.com.br/blog/voce-sabe-como-funciona-o-sistema-de-aquecimento-solar/>. Acessado em Maio, 2019.

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Figura 87: Sistema de aquecimento da água aberto aplicado na coberta. Fonte: Site AEC Web. 87

Podem ser classificados como aberto (ver figura 87) ou fechado (ver figura 88).

A diferença está na ausência da caixa externa, da cobertura e do isolamento térmico no sistema aberto, tornando-o menos eficiente que o fechado. Outra distinção entre os sistemas é referente ao método utilizado para distribuição da água. O sistema chamado de termossifão, utiliza da termodinâmica para que a água chegue nos equipamentos necessários, sem utilização de bombas, tornando este mais simples e econômico para instalação. Já os sistemas que utilizam a bomba, permite que o reservatório de água se localize onde queira, possibilitando que estejam distante das placas localizadas na cobertura (ver figura 89).

Figura 88: Sistema de aquecimento da água fechado aplicado na coberta.

Fonte: Site Portsol. 88

Figura 89: Processo de aquecimento solar da água. Fonte: Site Makeenfoco. 89

Disponível em: <https://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/sistema-de-aquecimento-solar-e-mais-vantajoso-que-poupanca_11786_10_0>. Acessado em Maio, 2019.

88 Disponível em: <https://www.portsol.com.br/manutencao-aquecedor-solar>. Acessado em Maio, 2019.

89 Disponível em: <http://makeemfoco.site/sistema-de-aquecimento-solar-residencial/>.

Acessado em Maio, 2019.

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Há sistemas que contam com painéis solares dispostos na cobertura, que também podem ser fechados (ver figura 90) ou abertos (ver figura 91), em cobre ou alumínio, que absorvem a radiação aquecendo o líquido do interior dos painéis, o qual é bombeado para o depósito de água quente. Este, que se constitui de material isolante, permite a reserva da água sem que haja perda de calor.

Neste está localizado o sistema de apoio, caso seja necessário. De lá, a água aquecida está pronta para ser distribuída pela edificação.

Figura 90: Sistema de aquecimento da água fechado aplicado na coberta com paineis solares. Fonte: Site Energy Shop. 90

Figura 91: Sistema de aquecimento da água aberto aplicado na coberta com paineis solares, em detalhe. Fonte: Site Energy Shop. 91

Reuso da água

Outra estratégia para um desempenho sustentável nas edificações é o reuso direto da água, que se refere ao reaproveitamento planejado, onde ocorre um processo de tratamento hídrico antes do transporte da água para local de uso.

Disponível em: <https://blog.energyshop.com.br/categorias/guia-da-energia-solar/ aquecimento-solar-de-agua-como-funciona/>. Acessado em Agosto, 2019.

91 Disponível em: https://www.ecycle.com.br/component/content/article/69-energia/ 3510-sistema-solar-fotovoltaico-aquecimento-agua-banho-poupanca-energetica-como-funciona-isolante-gas-eletrico-componentes-diferencas-coletores-fechados-abertos-tubulares-vacuo-instalacao-consumo-meio-ambiente-impactos-ambientais-emissoes.html>. Acessado em Agosto, 2019.

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As vantagens destes métodos são diversas, como a redução do consumo da água advinda das redes públicas, que reflete diretamente na redução de despesas; evita que a água altamente potável seja utilizada para fins onde esta se faz dispensável, baixa frequência de operação e manutenção na grande maioria dos casos, expande a consciência ambiental dos usuários, baixo custo, e retorno rápido do investimento. É importante afirmar que nem todas as águas descartadas pelas edificações são aptas para reuso, e variam de acordo com sua natureza e os fins a que se destinam. O método aplicado busca reutilizar da água descartada para fins de irrigação de jardins, lavagem de carros e pisos, descarga de vasos sanitários (ver figura 92), ou para retorno completo ao uso inicial, dependendo do grau de potabilidade requerido na atividade.

Estas, que podem ser tratadas in loco, são classificadas em: águas negras, provenientes de vaso sanitário, que possuem um alto grau de carga orgânica e organismo contagiosos; águas cinzas, vindas dos chuveiros, lavatórios, pias, taques e lavadoras de roupas, possuindo uma baixa carga orgânica e organismos contagiosos; e as águas pluviais, captadas das chuvas.

Figura 92: Diagrama de reuso da água. Fonte: Site EOS Consultores. 92

Disponível em: <https://www.eosconsultores.com.br/formas-de-reuso-de-agua/>.

Acessado em Maio, 2019.

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As águas negras muito dificilmente são aproveitadas devido ao alto custo e gasto de energia elétrica na operação de tratamento necessário para torná-la minimamente potável e atingir aos requisitos de utilização nas tarefas que atendem a um baixo grau de potabilidade.

Neste caso, são mais utilizadas as águas cinzas de composição descrita na figura abaixo, ainda que deva ser avaliado o custo-benefício (ver figura 93). Para o efetivo reuso destas águas são feitos estudos preliminares que avaliam se a vazão e demanda da edificação, para definir se é viável a aplicação do sistema. Este, que deve possuir reservatórios, separados dos demais para evitar a contaminação, conta com o reservatório superior e inferior. Seu reservatório superior não deve armazenar água por mais de 48h, sendo esvaziado caso ultrapasse este período, e o reservatório inferior deve possuir um sistema para que, ao atingir seu nível máximo de armazenamento, a água possa escoar para o descarte da rede pública.

Figura 93: Diagrama de características das águas cinzas. Fonte: Site do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). 93

Disponível em: <http://www.ipt.br/noticia/1058-passo%20a%20passo:%20aguas%20 cinza.htm>. Acessado em Maio, 2019.

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Aproveitamento da água pluvial

O aproveitamento das águas pluviais também é uma estratégia a se considerar. O sistema de coleta se dá através do telhado, que pode ser verde, representando a área de coleta; a calha e as tubulações, que fazem o transporte da água; seguidos por um dispositivo de descarte das primeiras águas, que é necessário pela quantidade maior de impurezas acumuladas na coberta durante o tempo seco; um separador de materiais grosseiros, que impede a passagem de folhas, gravetos, entre outros do tipo que possam ter sido carregados pela chuva; o filtro, necessário para eliminar menores impurezas; e uma cisterna, ou mais, para armazenamento da água das chuvas (ver figura 94).

Figura 94: Diagrama de aproveitamento de água pluvial. Fonte: Site Edificant. 94

A água deve ser coletada exclusivamente da coberta, como mostra o esquema da figura acima, evitando contato com o solo, e dimensionadas de acordo com o índice pluviométrico da região, podendo adotar 1m³ de reserva para cada 25m² de área da coberta (KEELER, 2010). Este reservatório não poderá ser o mesmo utilizado para águas cinzas, pois se trata de uma água menos contaminada, apesar de também precisar passar por processos químicos para a eliminação de odor e coloração.

Disponível em: <http://www.edificant.com.br/2016/04/01/captacao-de-agua-das-chuvas/>. Acessado em Maio, 2019.

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Figura 95: Envoltória em madeira, Japan House, São Paulo. Fonte: Site EOS Consultores. 95

2.3.2. Materiais

Na escolha dos materiais, além da natureza do produto, devem ser considerados outros fatores importantes que influenciam diretamente no seu desempenho e são cruciais na definição da sustentabilidade do projeto, como: os processos de produção e tratamentos do material e sua manufatura, a água consumida no processo, a distância percorrida até a obra, a operação, durabilidade e necessidade de manutenção, os resíduos produzidos pelo produto ao longo de todo processo de sua vida, e com se dá o descarte, reuso ou reciclagem do material após o término da sua vida útil (KEELER, 2010).

De modo geral, os materiais escolhidos que atendam aos critérios de produção, transporte, operação, vida útil e reuso, dependem muito do contexto no qual estão inseridos para que se avalie corretamente os aspectos citados. A avaliação destes requisitos terá resultados diferentes em locais e comunidades diferentes. Porém, em questões gerais, produtos pré-fabricados, que produzam menos resíduos no canteiro de obras e gastos de energia; materiais com capacidade de renovação, reutilização e/ou reciclagem; com a menor necessidade de manutenção e limpeza; e com boa eficiência, são os mais indicados.

Um dos mais conhecidos materiais renováveis é a madeira, de preferencia as certificadas, tais como as madeiras sustentáveis e/ou pré-fabricadas, evitando gerar resíduos, são boas opções tanto para fins estruturais, quanto para revestimentos, móveis e elementos decorativos. Exemplo disto podemos citar a Japan House que em seu retrofit buscou mesclar materiais da cultura japonesa, como o bambu, com elementos da cultura brasileira, como a madeira presente em sua envoltória (figuras 107).

Materiais como o concreto de agregados reciclados (para fins não estruturais); o aço, que comporta um alto índice de conteúdo reciclado em sua composição, além da longevidade de sua vida útil, podendo ser reciclado ou reutilizado, continuando a ser um material durável; telhas alternativas de cerâmica, adobe, barro e pedras recicladas; vidro reciclado, que juntamente com pedras e mármore triturados, podem ser utilizados para composição de pisos cerâmicos; tinta a base de leite ou reciclada; forro Disponível em: <https://www.eosconsultores.com.br/formas-de-reuso-de-agua/>.

Acessado em Maio, 2019.

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Figura 96: Materiais locais utilizados no Bar da Laje, Vidigal, Rio de Figura 97: Detalhes, Bar da Janeiro. Fonte: Site Galeria da Arquiteturas. 96 Laje. Fonte: Site Archdaily. 97

em placas de fibra mineral; e coberturas verdes, como tetos ou jardins verticais, são alguns dos métodos mais conhecidos utilizados nas construções sustentáveis (KEELER, 2010).

No projeto do Bar da Laje, localizado na comunidade do Vidigal, no Rio de Janeiro, optou-se por materiais locais, onde a mão de obra não especializada tivesse domínio para trabalhar, como estruturas de aço cortadas in loco, tijolos, madeira, estruturas de aço e pallets, como vistos na figura 107. Como resultado da combinação de elementos simples e comuns na região, pode-se conceber estratégias ventilação e iluminação natural e gerar uma arquitetura de baixo custo e impacto (ver figura 96 e 97).

Vale ressaltar que a viabilidade e desempenho de emprego dos materiais na arquitetura varia bastante de acordo com a região, disponibilidade de recursos, processo de manufatura e transporte, do clima, do desempenho e dos agentes aos que estão expostos ao longo de sua vida útil, e estes devem ser considerados para que o projeto, apesar dos materiais específicos resulte na melhor solução ponderando todas as questões levantadas. O arquiteto se torna responsável pela elaboração de técnicas criativas e originais que busque obter melhor desempenho da obra, não deixando de lado seu valor arquitetônico.

2.3.3. Envoltória

Um elemento onde a materialidade faz toda diferença, não só no controle térmico da edificação, mas em como reflete no entorno, é a envoltória. Esta tem influência direta na característica das cidades e tem a capacidade de reduzir o consumo energético dos equipamentos através Disponível em: <https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/oyapock-architectes_/bar-da-laje/5448>. Acessado em Agosto, 2019.

97 Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/907134/bar-da-laje-oyapock-architectes/5c06d77a08a5e5c7110008b9-bar-da-laje-oyapock-architectes-foto>. Acessado em Agosto, 2019.

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Figura 98: Envoltória colorida, Hotel WZ Jardins, São Paulo. Fonte: Site Guto Requena. 98

dos materiais utilizados em suas vedações e da composição de aberturas e fechamentos.

Na escolha dos materiais, painéis leves compostos por chapas metálicas; materiais reciclados; e materiais permeáveis como o vidro, são bastante utilizados para estes fins. É de grande importância que o desempenho destes seja efetivo no controle de pragas, apodrecimento e sejam retardantes de fogo, por questões de segurança.

Além da composição material, a envoltória tem a capacidade de criar uma capa protetora no edifício, filtrando a insolação direta, gerando sombras e abrigo, mas também permitindo a passagem da ventilação e iluminação natural, promovendo maior conforto nos ambientes internos.

Elementos vazados, como cobogós, brises e venezianas, possuem as mais diversas formas e maneiras de aplicação, atri- Figura 99: Envoltória iluminada com a buem beleza estética, funcionalidade, rela- qualidade do ar, Hotel WZ Jardins, São 99 ções de cheios e vazios, ritmos e texturas Paulo. Fonte: Site Guto Requena. à composição arquitetônica, podendo também servir de plataforma interativa, como no retrofit projetado por Guto Requena, em São Paulo (ver figura 99). Neste projeto, o arFigura 100: quiteto propôs uma fachada colorida que se Envoltória iluminada ilumina a noite, variando de cores e formas com aplicade acordo com a poluição sonora, qualidade tivo, Hotel do ar (ver figura 108) e que também pode ser WZ Jardins.

Fonte: Site alterada pelo transeunte através de um apliGuto Recativo para smartphone (ver figura 100). quena. 100 Disponível em: <https://gutorequena.com/light-creature>. Acessado em Agosto, 2019.

Disponível em: <https://gutorequena.com/light-creature>. Acessado em Agosto, 2019.

100 Disponível em: <https://gutorequena.com/light-creature>. Acessado em Agosto, 2019.

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2.3.4. Coberturas verdes e biofilia

Além de promoverem aspectos positivos à saúde humana, a integração da natureza e do verde nas edificações repercute positivamente também em grande escala. As coberturas vegetais, tanto os telhados verdes, como jardins verticais e área de solo natural minimizam os efeitos das ilhas de calor no entorno da edificação e do microclima; reduzem o escoamento das águas de chuva, absorvendo até 75% das águas precipitadas, filtrando-as através da permeabilidade do solo, contribuem para evitar alagamentos, cria habitats, melhoram a qualidade do ar, podem gerar sombras, e promovem a integração de espaços internos e externos (ver figura 101).

Recomenda-se que a vegetação aplicada seja de espécies nativas ou com grande potencial de adaptabilidade, de forma que exija o mínimo de manutenção e sobreviva por muito tempo, além atender à estética projetual.

Figura 101: Interação homem-natureza nas construções. Fonte: Site DecorSalteado. 101

Figura 102: Componentes do telhado verde. Fonte: Site UsGreen.103

Disponível em: <http://www.decorsalteado.com/2015/09/fachadas-de-casas-com-cobogos-veja.html>. Acessado em Agosto, 2019.

102 Disponível em: <http://www.jeannouvel.com/en/projects/one-central-park/>. Acessado em Maio, 2019.

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Figura 103: Brises verdes, One Central Park. Fonte: Site Jean Nouvel. 103

O teto verde já é uma norma obrigatória na construção em alguns locais. Este sistema que oferece um ciclo de vida de quase o dobro de um sistema convencional pode ser classificado de duas formas. O sistema intensivo ou semi-intensivo, mais pesado, mensurado em no mínimo 20cm, suporta uma variedade vasta de espécies. Já o sistema extensivo, mais leve e fino, chegando a no máximo 8cm, possui maior viabilidade econômica, apesar de não suportar muita chuva (ver figura 102 .

Já quando a vegetação é aplicada às fachadas das edificações, assim como fez Jean Nouvel em seu projeto para o One Central Park, em Sydney, protegendo a estrutura edificada e dissipando o calor, promove um grande impacto na atmosfera do entorno e repercute positivamente na caminhabilidade da rua. A escolha da vegetação é feita, além da adaptabilidade e escolha de espécies regionais, de acordo com a orientação solar da parede e do sistema. Estes, que podem ser identificados como jardins verticais (ver figura 104) ou brises vegetais (ver figura 103), também atendem ao isolamento acústico e térmico da edificação, melhoram a umidade e prolongam a durabilidade Figura 104 Jardim vertical, One Central Park.

Fonte: Site Jean Nouvel. 104 do edifício (ECOTELHADO, 2019).

Visto diversas maneiras de reduzir o impacto gerado pela construção civil ao meio ambiente através de estratégias aplicadas aos equipamentos, variando desde a localização das aberturas até a instalação de sistemas e tecnologias de produção energética, demonstra a gama de opções em escalas variáveis que repercutem positivamente nas cidades para torná-las mais sustentáveis.

Disponível em: <http://www.jeannouvel.com/en/projects/one-central-park/>. Acessado em Maio, 2019.

104 Disponível em:<https://www.ugreen.com.br/telhado-verde/>.Acessado em Maio, 2019.

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2.3.5. Certificado para edificações sustentáveis

Objetivando acelerar a adoção de técnicas e tecnologias sustentáveis, algumas organizações passaram a atribuir critérios avaliativos de sustentabilidade às edificações. Estes variam de avaliação a uma estratégia específica ao local inserido até a avaliação do desempenho, operação e manutenção dos sistemas relacionados aos impactos causados no meio ambiente, atribuindo-lhes selos ecológicos ou certificados, para fins de classificação e incentivo a estas práticas construtivas. Atualmente vários movimentos mundiais são conhecidos por seus métodos avaliativos (KEELER, 2010).

O HQE (Haute Qualité Environnementale), por exemplo, utilizado na França, avalia o desempenho e gestão de edificações comerciais, residenciais individuais e coletivos, classificando-os em básicos, eficientes e muito eficientes. Este foi adaptado no Brasil com o nome de AQUA, que possui 14 categorias para classificar edificações habitacionais, escolares, de escritórios e hotéis, em bom, superior e excelente. No Reino Unido, e em grande parte da Europa, o sistema avaliativo mais utilizado se chama BREEAM, desenvolvido em 1990, trata de questões administrativas, de gestão de recursos, impactos causados, uso do solo, materialidade, gasto de água e também inclui como critério avaliativo a distância percorrida envolvida no projeto, para fins de emissão de gases à atmosfera. Sua classificação vai de aprovado, bom, muito bom, excelente e excepcional, e até 2010 já possuíam 200.000 edificações certificadas.

Figura 105: Mosaico de conceitos LEED. Fonte: Site Edificios Verdes Sust. 105

Disponível em: <http://edificiosverdessust.blogspot.com/2016/>. Acessado em Maio, 2019.

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O Leadership in Energy and Enviromental Design (LEED), fundado pelo United States Green Building Council (USGBC), dos Estados Unidos, em 1997, atualmente é o sistema mais conhecido no mundo referente à certificação de sustentabilidade de edificações, onde sua avaliação engloba a eficiência de uso da água, inovação de processos, materiais e recursos utilizados, qualidade dos ambientes internos, espaços sustentáveis, entre outros (ver figura 105).

Visando alcançar as metas estabelecidas pela Agenda 2030 para a redução de 50% das emissões de gases provenientes dos combustíveis fósseis e do consumo energético das edificações em relação à média regional até 2030, o sistema LEED foi reestruturado para que pudessem ser avaliadas edificações de diferentes regiões, climas e tipologias, conferindo maior flexibilidade diante das condições em que o equipamento se insere, a fim de alcançar uma maior abrangência globalmente.

Esta flexibilidade de qualificação, além disto, permite que projetos já concebidos, como é o caso das classificadas como tipologia LEED O+M, para edifícios existentes, e da ID+C, para design de interiores, possam buscar um melhor desempenho aplicando estratégias que se enquadram à preexistência, sendo igualmente estimulados a produzir uma arquitetura alinhada às novas demandas ambientais (ver figura 106).

Figura 106: Mosaico de tipologias abordadas pelo LEED. Fonte: Site Edificios Verdes Sust. 106

Para atingir também o setor privado, combinou pré-requisitos que, à medida que são agregados ao projeto, geram um somatório de pontos.

Esta pontuação deseja classificar as edificações em categorias, que vão do simples Certificado (40 pontos) ao Platinum (80 pontos ou mais), apresentados na figura acima, estimulando o desafio e a competitividade no ramo (ver figura 107). O método avaliativo utilizado se divide em 6 categorias: ocupação do terreno; consumo e conservação de água; estratégias de produção e consumo de energia e impactos na atmosfera; uso eficiente Disponível em: <http://www.soluta.eco.br/2018/11/07/certificacao-leed-para-construcoes-sustentaveis/>. Acessado em Maio, 2019.

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de recursos e gestão de resíduos; qualidade do ambiente interno; e inovação em estratégias ambientais.

Figura 107: Selos de certificação LEED. Fonte: Site Resíduo All. 107

Na ultima pesquisa anual divulgada pelo USGBC, com dados contabilizados até o dia 31 de dezembro de 2018, consta que 7.797 projetos já possuem o certificado LEED pelo mundo, estando o Brasil classificado como 4º país com mais edificações certificadas fora dos Estados Unidos, contabilizando 531 projetos, ficando atrás apenas da índia com 899; da China com 1.494; e do Canadá, com 3.254.

Os benefícios da certificação de um projeto estão, entre diversos aspectos ambientais, sociais e econômicos, como redução do consumo de água e energia, mitigação dos efeitos de mudança climática, redução de custos e riscos regulatórios, maior valor de revenda, mais rápida ocupação do imóvel, reduzindo sua obsolência, melhorias de segurança e saúde dos operários e usuários, inclusão e conscientização social.

As normas e diretrizes criadas pelo LEED impulsionaram o conhecimento geral e interesse a respeito das construções sustentáveis e da importância de adoção de práticas e tecnologias passivas. Hoje, mais de 167 países já possuem edificações projetadas e/ou construídas fundamentadas nos critérios abordados, além dos demais programas nacionais, regionais e locais de certificações e estimulo a aplicação de padrões sustentáveis.

No Brasil, o Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), criado em 2009, foi concebido para avaliar as edificações a partir de pré-requisitos que as classificam de A, desempenho máximo, a E, desempenho mínimo, de acordo com seus sistemas, a fim de obter o certificado de Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE).

No primeiro pré-requisito são avaliadas as trocas de calor entre os ambientes internos e externos, que variam de acordo com os materiais utilizados, disposição e composição das paredes, a zona bioclimática em 107 Disponível em: <https://residuoall.com.br/2017/09/27/certificacao-leed/>. Acessado em Maio, 2019.

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em que se localiza e caso o ambiente interno faça uso de sistemas artificiais de climatização. O valor considerado para este pré-requisito é obtido através da media de transmitância térmica de cada parcela de parede ou cobertura, desconsiderando as coberturas de garagem, casas de máquinas e reservatórios de água (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2015).

No segundo considera-se o nível de radiação absorvida pela edificação, onde as cores, tipos tintas e de superfícies utilizadas alteram os graus de reflexão e absorção do calor no edifício. Os cálculos deste pré-requisito são os mesmos utilizados para transmitância térmica, apresentado anteriormente.

Por último, a iluminação zenital que trata das aberturas feitas na coberta para iluminação natural, projetadas para que se tenha uma iluminação mais uniforme nos ambientes internos, devem estar combinadas a estratégias de proteção das esquadrias para se consiga reduzir a entrada de calor no edifício.

Apesar de todas as estratégias ecológicas de captação e utilização de recursos naturais objetivando uma redução de impactos ao meio ambiente através da redução do consumo energético, da água, da melhor gestão de resíduos, entre outros, a obra arquitetônica não deve ser concebida como resultado de um conjunto de técnicas. Esta não deve perder em teor arquitetônico, sendo sempre levada em consideração a cultura local, técnicas construtivas, materialidade, mão-de-obra e a maneira de habitar da comunidade. A arquitetura deve ser sensível, apropriar-se do espaço e projetada para pessoas.

“A arquitetura vista pelo lado do ser humano pode privilegiar uma convivência adequada com o meio ambiente filtrando os elementos da natureza, sem se perder em tecnicalidades periféricas ao fazer arquitetônico. A arquitetura dita sustentável deve ter uma continuidade com nossas praticas culturais, incluindo particularmente nossa relação com o clima de nossa região. Esta é a tradição de morar bem.”

(MOREIRA & MONTEZUMA, In: HOLANDA, 2019).

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3 82

TERRITÃ&#x201C;RIO 83

3.1. Área de Estudo 3.1.1. O Bairro da Boa Vista A área de estudo escolhida foi selecionada a partir da percepção problemática de um volume significativo de edificações abandonadas na região central da cidade, para a qual legislação vigente buscar promover o adensamento e desenvolvimento econômico.

O bairro da Boa Vista encontra-se no Centro Expandido do Recife (mapas 1 e 2) e se destaca por sua dinamicidade, sendo um dos mais importantes eixos viários da cidade, constituído pela alta densidade construtiva que teve seu início na década de 50, abrigando predominantemente de usos relacionados ao comércio, serviço e misto.

Mapa 1: Localização do Centro Expandido na cidade do Recife. Fonte: Google Earth, modificado pela autora, 2019.

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MAPA 2: CENTRO EXPANDIDO CONTINENTAL DO RECIFE

Legenda centro exPandido continentaL do recife bairro da boa Vista territรณrio Lote em estudo Fonte: Google Earth, modificado pela autora, 2019.

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PrinciPais rotas Limite dos bairros

O bairro abriga um grande número de locais significativos para a memória da cidade do Recife, como apresentado no mapa 3, dentre eles está o Cinema São Luiz (ver figura 109), que costumava ser um grande atrativo cultural ao local. Também é percebida a forte presença de edificações religiosas, como a Igreja da Matriz da Boa Vista (ver figura 108) e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário (ver figura 111), assim como edifícios que marcaram o inicio da verticalização da cidade através do movimento modernista, como o Edifício União (ver figura 112) e o Edifício Pirapama (figura 110).

Figura 109: Cinema Figura 110: Edifício São Luiz (7). Fonte: Pirapama (9). Fonte: Autora.

Autora.

Figura 108: Igreja da Matriz da Boa Vista (14). Fonte: Autora.

Figura 111: Igreja de Nossa Figura 112: Edifício Senhora do Rosário (11). União (3). Fonte: AuFonte: Autora. tora.

Legenda 1. Igreja Batista da Capunga 2. Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos 3. Edifício União 4. Faculdade de Direito do Recife 5. Teatro Arraial Ariano Suassuna 6. Museu de Arte Moderna Aluísio Magalhães 7. Cinema São Luiz 8. Loja Maçônica Conciliação Nº 0130 9. Edifício Pirapama 10. Teatro do Parque 86

11. Igreja de Nossa Senhora do Rosário 12. Hotel Central 13. Casa de Clarice Lispector 14. Igreja Matriz da Boa Vista 15. Loja Maçônica Cavaleiros da Cruz 16. Igreja e Largo de Santa Cruz 17. Mercado da Boa Vista 18. Capela Nossa Senhora das Graças 19. Igreja de São Gonçalo 20. Convento Nossa Senhora da Glória 21. Antigo Colégio Marista

MAPA 3: ELEMENTOS DE PAISAGEM NO BAIRRO DA BOA VISTA

Legenda edificados iePs ruas

territรณrio Lote em estudo

Fonte: trabalho feito na disciplina de Urbanismo II, 2018.1, adaptado pela autora, 2019.

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Após a expansão da área urbana em direção às periferias, consolidando novos bairros e verticalizando novas áreas da cidade, o êxodo da população para estes novos empreendimentos ocasionou no esvaziamento dos centros, deixando muitas edificações abandonadas, sem receber devida conservação e/ou reciclagem ao longo dos anos.

O resultado disto refletiu diretamente no bairro da Boa Vista, o qual passava pelo momento de modernização nos anos 50 quando o desenvolvimento tecnológico da época, como o elevador, passou a possibilitar o aumento dos gabaritos, permitindo a construção de edifícios cada vez mais altos.

A partir da análise do mapa (ver mapa 4), é possível identificar um grande estoque de edificações e lotes sem uso ou subutilizados, o que passa a atribuir um caráter negativo ao bairro, tornando a caminhada desinteressante e insegura.

Neste estudo, chamou a atenção um edifício com fortes características modernistas, aparentemente um dos primeiros edifícios verticais, porém que hoje encontra-se com o térreo modificado, provavelmente buscando consonar com os demais comércios locais, que possuem grandes portões que ocupam quase toda a área de contato direto com a rua e, quando abertos permitem uma grande permeabilidade, porém fechados inibem o caminhar (ver figura 113).

Figura 113: Térreo do Edifício Batista, R. do Hospício, 187. Fonte: Autora.

88

MAPA 4: VAZIOS NO BAIRRO DA BOA VISTA

Legenda edifícios sem uso edifícios subutiLizados (estacionamento) Lotes sem uso

Lotes subutiLizados (estacionamento) concentraÇÃo de Vazios 0

Fonte: Autora.

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100

250

500

Figura 115: Edifício Batista, R. do Hospício, 187.

Fonte: Autora.

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Além de não apresentar uso algum no térreo atualmente e encontrar-se subutilizado em seus demais pavimentos, possuindo um completamente vedado por alvenaria e outros com aberturas carentes de esquadrias, sendo bastante perceptível seu grau de degradação no ambiente urbano (ver figura 114).

3.1.2. Edifício Batista

A edificação foi projetada, no ano de 1958 pelo engenheiro Luiz Prado, para abrigar o uso de comércio e serviços, e está localizado na Rua do Hospício, nº 187. Utilizou térreo para dispor o comércio em contato direto com a rua, fazendo deste o acesso principal, e o primeiro pavimento para sobreloja, onde a conexão é feita exclusivamente para esses dois pavimentos.

Por um acesso lateral, a edificação conduz aos 5 demais pavimentos, projetados para atender a 2 escritórios por andar, onde um se volta para a rua, com orientação nascente e o outro para os fundos do terreno, no poente.

A construção sem recuos frontais ou laterais, possui apenas um afastamento posterior de 21m que, poderia servir como 44% de solo natural, porém obteve caráter residual na proposta.

O projeto é um dos exemplos que refletem o início da verticalização da cidade do Recife. Apesar das modificações sofridas ao longo dos anos, ainda são perceptíveis seus fortes traços modernistas, como suas marcações, o resquício do elemento diagonal, que previa um pé direito duplo vedado por um painel de vidro e grandes vãos de esquadrias. Consultando o projeto pode-se indicar também o pé-direito duplo, uso do pilotis, plantas livres, elevador e mezanino, características que remetem ao período da Arquitetura Moderna.

91

3.1.3. Estudo morfotipológico do território Para uma análise mais aprofundada sobre o entorno do objeto de estudo, foi traçado um raio a partir do edifício de 400m para definição do território, partindo do princípio abordado por FARR (2013) para cidades sustentáveis, que considera a distância desejável a ser percorrida pelos habitantes para que se atenda a todas as suas necessidades diárias a pé (ver mapa 5).

Como já analisado, o bairro da Boa Vista, apesar de abrigar muitas obras que marcaram época no desenvolvimento da cidade, algumas até classificadas como Imóveis Especiais de Preservação (IEPs), tais como o Antigo Colégio Marista (ver figura 115) e o Teatro do Parque (ver figura 126), fica evidente a negligência de manutenção e restauro destes equipamentos. No território delimitado muitos imóveis e terrenos encontram-se em estado de abandono ou subutilização há anos, com suas fachadas degradadas e estruturas que não refletem segurança e atratividade ao meio urbano.

Figura 115: Antigo Colégio Marista. Fonte: Autora.

Figura 116: Teatro do Parque. Fonte: Site CECI. 116

Disponível em: <http://www.ct.ceci-br.org/ceci/br/noticias/642-plano-de-gestao-da-conservacao-do-teatro-do-parque.html>. Acessado em Maio, 2019.

116

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MAPA 5: VAZIOS/SUBUTILIZADOS

Legenda edifícios sem uso edifícios subutiLizados (estacionamento) Lotes sem uso Lotes subutiLizados (estacionamento)

território Lote em estudo

0

Fonte: Autora.

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50

100

250

Volume Através da análise morfotipológica da área de estudo, observa-se a boa diversidade de formas e disposições de edifícios. Apesar disto, nota-se que não há uma distribuição regular destas ao longo do território, evidenciando as concentrações de tipologias similares em certas quadras.

Percebe-se que nas quadras inferiores, como mostrado no mapa 6, predominam os sobrados (ver figura 117) e casas porta e janela (ver figura 118), que refletem aos primeiros passos da urbanização da cidade.

Já nas quadras superiores ao mapa estão presentes os edifícios de térreo recuado (ver figura 123), caixão (ver figura 124), barra (ver figura 125) e podium (ver figura 126), característicos da arquitetura moderna dos anos 50, onde teve início a verticalização da cidade. Além das casas soltas no lote (ver figura 120) e das galerias (ver figura 127) que refletem o atual desenvolvimento das atividades econômicas na área.

Figura 117: Sobrados. Fonte: Autora.

Figura 118: Casa porta e janela. Fonte: Autora.

Figura 119: Casa geminada. Fonte: Autora.

Figura 120: Casa solta no lote. Fonte: Autora.

Figura 121: Religioso. Fonte: Autora.

Figura 122: Edf. sobre Pilotis. Fonte: Autora.

Figura 123: Térreo recuado. Fonte: Autora.

Figura 124: Caixão.

Fonte: Autora.

Figura 125: Barra.

Fonte: Autora.

Figura 126: Podium.

Fonte: Autora.

94

Figura 127: Galeria. Fonte: Autora.

MAPA 6: TIPOLOGIAS

Legenda sobrado casa Porta e janeLa casa geminada casa soLta no Lote reLigioso edf. sobre PiLotis

térreo recuado caixÃo barra Podium torre gaLeria

Fonte: Autora.

95

gaLPÃo outros território Lote em estudo 0

50

100

250

No mapa de usos (ver mapa 7) é notada a predominância de comércios, usos mistos e serviços, que reflete uma forte característica do bairro da Boa Vista. Entre estes, podem ser identificados importantes equipamentos para a área, como o Atacado dos Presentes (ver figura 128) e os edifícios de uso misto como o Edifício União (ver figura 129), o Edifício Rostand (ver figura 130) e o Edifício Pirapama (ver figura 131).

Apesar disto, por se tratar de comércio atacadista, a maioria de suas atividades se encerram após o término do horário comercial, ás 18h da tarde, deixando o bairro com um aspecto escuro e pouco movimentado a noite, gerando uma atmosfera pouco segura.

Figura 128: Atacado dos Presentes. Fonte: Autora.

Figura 129: Ed i f í c i o União. Fonte: Autora.

Figura 130: Edifício Rostand. Fonte: Autora. Figura 131: Edifício Pirapama. Fonte: Autora.

96

MAPA 7: USOS

Legenda comércio educacionaL misto Vazios/subutiLizados edifício garagem HabitacionaL

serViÇo reLigioso território Lote em estudo 0

Fonte: Autora.

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50

100

250

Implantação, densidade e massas A implantação das edificações no território também se apresentam contrastantes nas quadras superiores e inferiores, devido ao comportamento das tipologias na ocupação do lote, percebido no mapa figura fundo (ver mapa 8).

Parte do território permanece preservando as diretrizes de ocupação do início da urbanização da cidade, preserva-se a proximidade com a rua e com as edificações vizinhas através da ausência de afastamentos frontais e laterais, ocupando quase toda totalidade do lote (ver figura 132 e 133).

Por outro lado, as demais quadras refletem o desenvolvimento da cidade ao longo dos anos (ver figura 134), com equipamentos em maiores proporções, afastamentos diversos ou até soltos no lote, atribuindo uma redução da densidade no local.

Figura 132: Implantação do edifício estudado.

Fonte: Autora.

Figura 133: Croqui volume.

Fonte: Autora.

Figura 134: Croqui da quadra.

Fonte: Autora.

98

MAPA 8: FIGURA FUNDO

Legenda ParceLa edificada ParceLa nร o edificada territรณrio Lote em estudo

0

Fonte: Autora.

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50

100

250

Escala A escala do território percebida no mapa de gabarito (ver mapa 9) destaca a predominância das edifícios térreos e até 5 pavimentos. A medida que se aproxima das áreas mais movimentadas, aumenta-se o gabarito. As pontuais edificações que apresentam maior estatura estão diretamente relacionadas aos usos mistos, presentes próximos à Avenida Conde da Boa Vista, como se vê na análise abaixo do skyline da Rua do Hospício (ver figuras 135 e 136).

Figura 135: Skyline R. do Hospício, margem direita.

Fonte: Autora.

Figura 136: Skyline R. do Hospício, margem esquerda.

Fonte: Autora.

Cores e Texturas No território analisado, assim como ao longo do bairro, não ha uma predominância por cores. A diversidade e a alternância, principalmente presentes nas edificações mais antigas através da pintura, das estampadas dos azulejos portugueses (ver figura145), ou dos elementos decorativos das fachadas, tornam a área um local colorido e interessante de se caminhar quando se apresentam em um bom estado de conservação.

100

Figura 137: Mosaico de azulejos portugueses das fachadas. Fonte: Autora.

MAPA 9: GABARITO

Legenda térreo a 2 PaVimentos 3 a 5 PaVimentos 6 a 12 PaVimentos 13 a 20 PaVimentos +20 PaViementos

território Lote em estudo

0

Fonte: Autora.

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50

100

250

3.2. Legislação O terreno escolhido para a proposta está localizado em uma Zona Especial de Desenvolvimento Econômico (ZEDE), uma área onde se deseja promover a aglutinação de atividades múltiplas, e se classifica como ZEDE I - Centro Principal, que são áreas onde o raio de influência se propaga em dimensões regional e metropolitana (ver mapa 10). Segundo a Lei nº 17.511 (RECIFE, 2008, Art. 135º), os planos específicos para as ZEDE, entre outros objetivos, deve: “[...] f) Reabilitar as áreas e imóveis ociosos ou subutilizados; [...] h) Estimular o uso habitacional, o uso misto e promover programas destinados à habitação social; i) Implantar espaços e equipamentos públicos voltados para a saúde, educação, esportes, cultura, lazer e à inclusão para o trabalho;[...]”

(RECIFE, 2008, Art. 135º).

O edifício se insere na ZEDE Centro Principal - Centro Expandido, que compreende uma parte do Bairro da Boa Vista. Para melhor relação das construções com seu entorno e com os transeuntes, a Lei, em seu anexo 10, estabelece os seguintes parâmetros construtivos:

Tabela 2: Parâmetros urbanísticos da ZEDE - CP - Centro Expandido. Fonte: RECIFE, 2008.

O edifício, em seu último projeto aprovado pela prefeitura, consta a ausência de recuos frontais e laterais da edificação que possui 6 pavimentos, deixando um significativo afastamento de 21m ao fundo do lote, sem presença.

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MAPA 10: LEGISLAÇÃO

Legenda território sPr Lote em estudo sPa ieP zede - centro PrinciPaL - scc zac moderada - ssa2 Fonte: Autora.

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0

50

100

250

No que diz respeito às vagas de estacionamento estabelecidas pela Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS), Nº 16.176 (RECIFE, 1996, Anexo 8), é seguido os parâmetros (tabela 2) referentes aos usos atribuídos. Considerando, as dimensões .atuais da edificação e os usos pretendidos, tem-se:

Tabela 3: Requisitos de estacionamento da ZEC. Fonte: RECIFE, 1996.

No caso do lote escolhido a ausência de estacionamento na edificação já consolidada, tendo toda sua área térrea voltada para a rua de uso comercial, sem recuos laterais ou frontais, a intervenção a favor de vagas de estacionamento prejudicaria a relação do edifício com o transeunte, assim como à paisagem do local.

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3.3. O Edifício 3.3.1. O Projeto edifício batista Arquiteto: Luiz Prado Localizado: Rua do Hospício, 187, Bairro da Boa Vista, Recife -PE Área do lote: 300m² área construída: 1.239,5m² tsn: 44% (131,8m²) Ano: 1958

O projeto do Edifício Batista foi elaborado pelo projetista Luiz Prado no ano de 1958 para construção na Rua do Hospício, no bairro da Boa Vista. Em sua concepção, buscou apropriar-se do lote de estreita conexão com a rua, e que se afunila ao longo do seu comprimento (7,80x46x6,58m), compondo uma área de 300m² no total, de modo consonante às edificações predominantes da época, tais como sobrados e casas porta e janela, as quais não possuíam afastamentos frontais ou laterais, deixando um recuo posterior de 21m, que mais se apresenta como área remanescente do projeto por não possuir qualquer uso, como pode ser visto na planta de locação e coberta e na planta do térreo, apresentadas no diagrama abaixo:

Figura 138:Diagrama de planta de locação e coberta e planta térreo, Edifício Batista. Fonte: Arquivo público, redesenhado pela autora.

105

O projeto do edifício foi concebido para abrigar comércio e serviços.

O zoneamento demonstra que o térreo e o primeiro pavimento foram disposto ao uso comercial, onde a loja possui uma direta relação com a rua e utilizando do pavimento superior como sobreloja (ver figura 139).

Já nos demais pavimentos foram distribuídas as salas de escritórios com banheiros compartilhados entre os usuários na área do hall de circulação vertical. O acesso e fluxo dos pavimentos tipos (3º ao 6º) foi separado dos destinados ao comércio e sobreloja, sendo articulado pelo canto direito do lote, provido de um elevador (com espaço para instalação de um segundo) e uma escada com degraus em leque. Já a circulação vertical comercial está disposta dentro do salão da loja, realizada através de uma estreita escada no mesmo modelo que a de serviço (ver figura 139).

Por fim foi locada a zeladoria junto à casa de máquinas, no último pavimento, sobre a coberta e abaixo do reservatório superior, que comporta até 25.000L. O ambiente dispõe de quarto, sala e um BWC, de repartição confusa, para o zelador (ver figura 140).

Figura 139: Planta do sobreloja e pavimento tipo, Edifício Batista. Fonte: Arquivo público, redesenhado pela autora.

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Figura 140: Planta de zeladoria, Edifício Batista. Fonte: Arquivo público, redesenhado pela autora.

Figura 141: Cortes e fachada, Edifício Batista. Fonte: Arquivo público, redesenhado pela autora.

Baseado na Arquitetura Moderna, a qual deu início à verticalização da cidade do Recife, mais precisamente no Bairro da Boa Vista, o projetista optou por produzir um volume com térreo e mais 6 pavimentos onde a composição gerada pode ser identificada como uma tipologia de edifício barra com o térreo recuado, deixando aparente a estrutura em pilotis frontal, bastante característico do movimento moderno. Uma superfície envidraçada evidencia o pé direito duplo da entrada, destacando a divisão entre os usos. No jogo bem definido de cheios e vazios, marcou-se um ritmo com a utilização nos demais pavimentos planos de vidro e saques de alvenaria (ver figura 141).

107

3.3.2. Rua do Hospício, 187

Atualmente a edificação encontra-se um pouco diferente do seu projeto original, onde na fachada não há presença dos marcantes pilotis ou do plano envidraçado presente nos primeiros pavimentos comerciais projetados por Luiz Prado. No térrreo, o acesso não está bem definido como demonstrava o desenho da fachada, aparentando não ser direcionado e sim por toda frente, havendo somente a divisão para o acesso aos pavimentos superiores na lateral direita. O volume encontra-se todo a nível da calçada, inclusive seu térreo, e com o primeiro pavimento completamente fechado por alvenaria, sem nenhuma permeabilidade onde seria o sobre loja (figura 143).

Os pavimentos onde foram locados os escritórios ainda apresentam panos de vidro, porém os cheios não remetem o destaque projetado, sacando da composição como estaria no projeto, perdendo a força estética do elemento.

O que se vê hoje em dia é um edifício sem vitalidade, com o térreo inativo e a subutilização das demais áreas do empreendimento. Além disso, o prédio encontra-se degradado, como visto no segundo pavimento pela ausência de esquadrias.

fIGURA 142: Localização do edifício em relação à Av. Cond. da Boa Vista.

Fonte: Google Earth alterado pela autora, 2019.

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Figura 143: Mosaico de fotos do EdifĂ­cio Batista.

Fonte: Autora.

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4 110

REFERÃ&#x160;NCIAS PROJETUAIS 111

4.1. RB12 Figura 144: Detalhe da fachada frontal, RB12.

Fonte: Site Triptyque, 2019.144

O edifício RB12, projetado pelo escritório franco-brasileiro Triptyque, foi concebido como forma integrante do projeto urbanístico Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, que prevê uma melhora de vida aos moradores e preservação do patrimônio histórico da cidade.

O escritório recebeu a proposta da NATEKKO, conhecido por suas construções sustentáveis, para intervir em uma edificação dos anos 70, de projeto original do escritório Pires e Santos, onde fosse aplicada a tecnologia chamada de energia positiva, na qual o edifício é capaz de produzir mais energia do que seu consumo diário.

O conceito aplicado foi chamado de Green-retrofit, onde o foco das adaptações e melhorias feitas foi substancialmente visando atender às demandas de sustentabilidade em pauta mundialmente através das agendas ambientais e dos planos urbanos de sustentabilidade.

Para que se fosse possível alcançar estes objetivos, foram utilizadas estratégias de conforto térmico que possibilitaram a reduzir os gastos energéticos com climatização artificial, a gestão de consumo de água para reaproveitamento, o aproveitamento da luz natural e uso de tecnologias avançadas em sua fachada bioclimática (ver figura 144).

Figura 145: Fachada frontal, RB12, Rio de Janeiro, BR. Fonte: Site Triptyque, 2019.145 144 145

Disponível em: < https://triptyque.com/en/project/rb12-2/ >. Acessado em Maio, 2019.

Disponível em: < https://triptyque.com/en/project/rb12-2/ >. Acessado em Maio, 2019.

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Diante de uma estrutura preexistente de 21 andares que, assim como se caracterizam as demais edificações da área, não possui recuos nas delimitações do seu terreno ou respiros na maior parte de sua composição vertical, a intervenção se deu em maior foco na fachada frontal (ver figura 145).

Para a concepção do edifício tomou-se partido de um mapa de incidência solar nas fachadas (ver figura 146). A partir do estudo, foram dispostos na fachada principal vidros intercalados em zigue-zague (ver figura 147), que promovem maior refração da luz e que se intercalam ao longo de todo comprimento com brises de aço inoxidável, dependendo da incidência de iluminação e calor do pavimento, em conjunto com o paisagismo suspenso, objetivando promover um melhor conforto térmico nos espaços internos (ver figuras 148 e 149).

Figura 146: Mapa de estudo de incidência solar na fachada frontal, RB12. Fonte: Site Triptyque, 2019.146

Figura 147: Distribuição de vidros em zigue-zague, RB12. Fonte: Site Triptyque, 2019.147

Figura 148: Ambiente de escritório interno RB12.

Fonte: Site Triptyque, 2019.148

Disponível em: < https://triptyque.com/en/project/rb12-2/ >. Acessado em Maio, 2019.

Disponível em: < https://triptyque.com/en/project/rb12-2/ >. Acessado em Maio, 2019.

148 Disponível em: < https://triptyque.com/en/project/rb12-2/ >. Acessado em Maio, 2019.

146 147

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Figura 149: Fachada frontal e plantas, RB12, Rio de Janeiro, BR. Fonte: Site Triptyque, 2019.149 149

DisponĂ­vel em: < https://triptyque.com/en/project/rb12-2/ >. Acessado em Maio, 2019.

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Figura 150: Teto jardim, RB12. Fonte: Site Triptyque, 2019.150

Em sua lateral, nos andares mais altos onde o edifício já não possui sua fachada colada à edificação vizinha, foram aplicados painéis fotovoltaicos onde, por meio destes, é capaz de produzir sua própria demanda energética. Estes últimos pavimentos foram utilizados para abrigar o sistema de ar-condicionado por viga fria, que funciona a partir do frio que emana.

Por fim, sua cobertura abriga um teto jardim, que também participa do controle térmico no interior do edifício (ver figura 150).

Portanto, o projeto, premiado em 2015 pela Saint-Gobain, que une a intervenção à preexistência e tecnologias sustentáveis dispostas de maneira simples, como o uso de brises horizontais, vegetação em sua fachada, teto jardim, painéis solares, tornou-se um ótimo exemplo de retrofit se mostrando altamente relevante às necessidades atuais.

Figura 151: RB12, Rio de Janeiro, BR. Fonte: Site Triptyque, 2019.151 150 151

Disponível em: < https://triptyque.com/en/project/rb12-2/ >. Acessado em Maio, 2019.

Disponível em: < https://triptyque.com/en/project/rb12-2/ >. Acessado em Maio, 2019.

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4.2. Vegan House Figura 152: Composição de fachada, Vegan House.

Fonte: Site Block Architects, 2019.152

A Residência Vegana, projetada pelo escritório de arquitetura Block Architects, no ano de 2014, surge a partir de uma habitação construída no ano de 1965, localizada no Vietnã. Refletindo o estilo de vida do proprietário vegano e que trabalha no ramo turístico, sendo de costume abrigar forasteiros que estão de passagem pelo país, o conceito utilizado para a renovação foi o retrofit.

O projeto buscou dialogar com a arquitetura vietnamita do ano de construção da edificação, adaptando-a a contemporaneidade e às novas necessidades de uso do cliente, através da reutilização de móveis e objetos acumulados por ele e seus amigos, formulando um ambiente agradável, cultural e biofílico.

Como maior exemplo disto está a envoltória criada composta por janelas coloridas reaproveitadas, que fazem parte da arquitetura histórica local (ver figuras 152 e 153).

Esta provoca um destaque do edifício na vizinhança, compõe sua fachada e envolve o terraço presente na coberta do edifício, que serve de espaço de encontro para receber forasFigura 153: Composição de fachada, Vegan teiros durante sua estadia (ver figura House. Fonte: Site Block Architects, 2019.153 154).

Disponível em: <http://www.blockarchitects.com.vn/projects/vegan-house.aspx>.

Acessado em Maio, 2019.

153 Disponível em: <http://www.blockarchitects.com.vn/projects/vegan-house.aspx>.

Acessado em Maio, 2019.

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Figura 154: Terraço de uso comum, Vegan House. Fonte: Site Block Architects, 2019.154

Com a continuação da composição da fachada de janelas também na coberta, foi possível criar aberturas que permitem o crescimento livre da vegetação interna do terraço (ver figura 155.

Havendo mudança de uso, os ambientes internos foram redimensionados e adicionado vegetação, tornando-os mais agradáveis e biofílicos, tais como a sala, que recebeu um pátio interno onde, mostrado na figura 156 e nas plantas de antes e depois a seguir.

Figura 155: Coberta, Vegan House. Fonte: Site Block Architects, 2019.155

Figura 156: Pátio interno, Vegan House. Fonte: Site Block Architects, 2019.156

Disponível em: <http://www.blockarchitects.com.vn/projects/vegan-house.aspx>.

Acessado em Maio, 2019.

155 Disponível em: <http://www.blockarchitects.com.vn/projects/vegan-house.aspx>.

Acessado em Maio, 2019.

156 Disponível em: <http://www.blockarchitects.com.vn/projects/vegan-house.aspx>.

Acessado em Maio, 2019.

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Figura 157: Plantas baixas de antes e depois do Retrofit, Vegan House. Fonte: Site Block Architects, 2019.157

DisponĂ­vel em: <http://www.blockarchitects.com.vn/projects/vegan-house.aspx>.

Acessado em Maio, 2019.

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O material das paredes e pisos foram preservados, contrastando com as novas de madeira e bambu, integrando a construção nova com a antiga, e dando uma nova roupagem à composição. Dentre as alterações feitas, no diagrama abaixo o arquiteto deixa claro o que foi acrescentado e quais materiais e sistemas foram utilizados de segunda mão para atender a atual função na obra, como as janelas e portas coloridas e a estrutura de steelframe para fachada e coberta, e a telha metálica que resguarda uma parcela do terraço (ver figura 158).

Figura 158: Diagrama de retrofit, Vegan House. Fonte: Site Block Architects, 2019.158

Na reciclagem da residência para que se tornasse uma espécie de hostel, somada ao restyling feito pelo arquiteto através da marcante envoltória de atributos reutilizados e às estratégias de integração do edifício e dos usuários com a natureza através da vegetação presente nos ambienDisponível em: <http://www.blockarchitects.com.vn/projects/vegan-house.aspx>.

Acessado em Maio, 2019.

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tes internos, o projeto mostrou-se relevante para análise, abortando meios simples e de baixo custo de adequação da preexistência às necessidades contemporâneas, mais precisamente do local e dos clientes. Além da criatividade utilizada na reciclagem dos materiais disponíveis, resultando na marca da composição, através dela o arquiteto promove também um controle da insolação no interior do edifício, a passagem da ventilação natural, interatividade com o usuário através da abertura e fechamento que deseja, e um marco arquitetônico na comunidade.

Figura 159: Vista urbana, antes e depois, Vegan House. Fonte: Site Block Architects, 2019.159

Figura 160: Vista do pátio interno, antes e depois, Vegan House. Fonte: Site Block Architects, 2019.160

Disponível em: <http://www.blockarchitects.com.vn/projects/vegan-house.aspx>.

Acessado em Maio, 2019.

160 Disponível em: <http://www.blockarchitects.com.vn/projects/vegan-house.aspx>.

Acessado em Maio, 2019.

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4.3. Edf. Almares Figura 161: Térreo ativo, Edifício Almares. Fonte: Site RMAA, 2019.161

O Edifício Almares, retrofitado pelo escritório Reinach Mendonça Arquitetos Associados no ano de 2012, teve seu projeto original de 1970 renovado de forma integrante ao projeto Alegra Centro, da cidade de Santos, em São Paulo, cujo objetivo foi revitalizar áreas urbanas, e que se estendeu do centro histórico para os demais bairros.

Este, que se encontrava abandonado por seu péssimo estado de conservação, não só foi renovado, como as obras repercutiram por todo seu entorno, inicialmente através da abertura do pavimento térreo para a rua, onde antes se voltava para o interior da edificação servindo de estacionamento.

No novo projeto, o edifício Figura 162: Café, Edifício Almares. Fonte: Site residencial sofreu uma reciclagem RMAA, 2019.162 para compor comércios e serviços.

O café (ver figura 162) e a galeria de arte (ver figura 163) aplicados ao local promoverem a integração do térreo com a vida urbana, gerando permeabilidade física e visual onde Figura 163: Café, Edifício Almares. Fonte: Site antes existiam muros de estacionamento.

RMAA, 2019.163 Disponível em: <https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/reinach-mendonca-arquitetos-associados_/edificio-almares/3683>. Acessado em Agosto, 2019.

162 Disponível em: <https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/reinach-mendonca-arquitetos-associados_/edificio-almares/3683>. Acessado em Agosto, 2019.

163 Disponível em: <https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/reinach-mendonca-arquitetos-associados_/edificio-almares/3683>. Acessado em Agosto, 2019.

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122

A coberta, que abrigava a laje técnica passou a comportar a área de convivência, onde dispõe de um auditório com capacidade para 60 pessoas e um salão de eventos com um mirante para toda zona portuária da cidade, como mostra a figura 164.

O destaque do projeto está por conta de sua envoltória de brises metálicos, que serve como proteção para incidência solar na fachada poente e que envelopa o edifício em pastilhas, seguindo por sua cobertura, passando a servir como pergolado do terraço na coberta (ver figuras 165 e 166).

Figura 164: Salão de eventos, Edifício Almares.

Fonte: Site RMAA, 2019.164

Figura 165: Pergolas da coberta, Edifício Almares. Fonte: Site RMAA, 2019.165

Figura 166: Corte, Edifício Almares. Fonte: Site Archdaily, 2019.165

Disponível em: <https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/reinach-mendonca-arquitetos-associados_/edificio-almares/3683>. Acessado em Agosto, 2019.

165 Disponível em: <https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/reinach-mendonca-arquitetos-associados_/edificio-almares/3683>. Acessado em Agosto, 2019.

166 Disponível em: <https://images.adsttc.com/media/images/592c/13ef/e58e/cee8/3800/06f4/slideshow/ED_ALMARES_SECTION.jpg?1496060883>.

Acessado em Agosto, 2019.

164

123

Figura 167: Planta baixa do térreo, Edifício Almares. Fonte: Site Archdaily, 2019.167

Figura 168: Planta baixa do pavimento tipo, Edifício Almares. Fonte: Site Archdaily, 2019.168

Disponível em: <https://images.adsttc.com/media/images/592c/11b8/e58e/cee8/3800/06ef/slideshow/ED_ALMARES_-_GROUND_FLOOR_PLAN.jpg?1496060334>.

Acessado em Agosto, 2019.

168 Disponível em: <https://images.adsttc.com/media/images/592c/1194/e58e/cee8/3800/06ee/slideshow/ED_ALMARES_-_TYPICAL_FLOOR_PLAN.jpg?1496060298>.

Acessado em Agosto, 2019.

167

124

Para este retrofit, apesar das dificuldades na aplicação novas instalações, reformulação do térreo e da cobertura, além da reciclagem de uso e da nova composição da fachada, conseguiu-se preservar toda a estrutura preexistente do edifício abandonado, gerando menos resíduos na construção civil e menos impactos ambientais.

Figura 169: Planta baixa cobertura.

Fonte: Site Archdaily, 2019.169

Figura 170: Fachada do Edifício Almares. Fonte: Site RMAA, 2019.170

Disponível em: <https://images.adsttc.com/media/images/592c/11b8/e58e/cee8/3800/06ef/slideshow/ED_ALMARES_-_GROUND_FLOOR_PLAN.jpg?1496060334>.

Acessado em Agosto, 2019.

170 Disponível em: <https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/reinach-mendonca-arquitetos-associados_/edificio-almares/3683>. Acessado em Agosto, 2019.

169

125

Diante do fundamental papel já atrelado à reutilização de equipamentos existentes, seja renovando suas características originais ou reciclando o equipamento para novos usos, fica evidente que as melhorias concebidas vão além da escala do edifício, que possuem capacidade de atribuir vitalidade ao entorno e integrar a comunidade local. Além disto, em todos os estudos citados, as edificações repercutiram de maneira positiva também na estética local, sendo um marco para o bairro onde se inserem.

Analisando as estratégias utilizadas para os retrofits, todos se preocuparam em preservar a estrutura existente, mesmo perante a um alto grau de degradação, levando em conta que gerariam menos resíduos da construção civil e teriam um maior aproveitamento do equipamento.

Para melhorar o desempenho das construções, os arquitetos utilizaram de soluções distinta, mas todas eficientes à edificação e seu contexto. Assim como as decisões tomadas a respeito das tecnologias e estratégias a serem utilizadas em cada um deles.

Conceitos relevantes

Projetos RB12

Vegan House

Almares

Reciclagem de um edifício preexistente Preservação da preexistência Repercussão no entorno Uso misto Ampliação Teto verde/Jardim Tecnologias de aproveitamento dos recursos naturais Tabela 4: Síntese de conceitos aplicados nos estudos de caso. Fonte: autora.

126

127

5 128

A PROPOSTA 129

5.1. Diretrizes Projetuais

A partir dos estudos realizados sobre os temas relevantes à renovação arquitetônica sustentável e as análises observadas a respeito do território escolhido, a presente sessão reúne idéias iniciais da proposta projetual, buscando integrar os objetivos traçados à conceituação temática, atendendo às melhores soluções que se apliquem ao território e à preexistência.

1. Reabilitar e aproveitar a estrutura preexistente do lote, gerando menos resíduos sólidos da construção e custos (ver figura 171); 2. Considerar anexar à proposta o terreno vizinho, visto que esta não possui um valor significativo ao entorno, a fim de promover uma integração dos espaços e prevenir um futuro aumento de seu gabarito (ver figura 172);

Figura 171: Croqui edifício existente.

Fonte: Autora.

3. Utilizar do conceito de Restyling, segundo Andrade Junior (2006), para compatibilizar o edifício à contemporaneidade;

4. Inserir uso misto do edifício, promovendo a completude urbana sustentável, segundo Douglas Farr (2013) e formentando a viabilidade econômica com o aluguel dos espaços, através de comércio/serviços, habitação e áreas comunitárias (ver figura 173); 130

Figura 172: Croqui de anexo ao terreno vizinho. Fonte: Autora.

5. Implantar coberta ativa de uso comum dos condôminos (ver figura 174);

6. Considerar a biofilia e elementos de proteção para o tratamento das fachadas, visando um melhor desempenho térmico nos ambientes internos e externos (ver figura 175);

Figura 173: Croqui de zoneamento.

Fonte: Autora.

7. Utilizar tecnologias para aproveitamento dos raios solares e das águas pluviais, além do reuso de águas cinzas;

8. Aplicar ao volume existente estratégias de melhor aproveitamento dos recursos naturais, tais como iluminação e ventilação, através de secções, ampliações e novas aberturas;

9. Utilizar estratégias e materiais que promovam uma atmosfera agradável no interior do edifício, diminuindo as trocas térmicas do meio interno e externo.

131

Figura 174: Croqui de coberta ativa.

Fonte: Autora.

Figura 175: Croqui de jardim vertical.

Fonte: Autora.

5.2. Estudos e Desenvolvimento Volumétrico

O primeiro passo para dar início às modificações previstas propostas foi analisar mais de perto a orientação do terreno e suas individualidades, como orientação solar, afastamentos, saídas de segurança, adequação com a legislação vigente e conforto dos ambientes internos, para que diante destas respostas fossem tomadas as decisões para solucionar as questões necessárias a princípio.

5.2.1. Estudo das Fachadas

Observando a orientação solar aplicada ao terreno (ver figura 176), foi percebido que as maiores aberturas presentes no edifício estão em suas duas extremidades Leste e Oeste, enquanto as demais ao longo do volume se fazem por conta de dois pequenos poços abertos nas fachadas laterais de dimensões mínimas (1,50mx1,50m).

Portanto, 50% dos escritório projetados, voltados para a parte posterior do terreno, sofrem com os efeitos do sol da tarde por suas aberturas principais se voltarem para o poente, contando com duas pequenas aberturas, realizadas através dos poços, para obter os benefícios da ventilação cruzada provenientes das fachadas laterais, Norte e Sul.

Os demais escritórios voltam-se para a rua e dispõem das mesmas aberturas, apesar de se beneficiarem diretamente da ventilação em suas maiores vistas e aproveitarem da iluminação matinal proveniente do Leste (ver figura 177).

Identificada esta problemática, viu-se necessárias algumas modificações volume original a fim de melhorar o desempenho dos ambientes internos para os novos usos.

132

Figura 176: Croqui de estudo do terreno. Fonte: Autora.

Figura 177: Fachada frontal com grandes aberturas e corte com vista para os poços laterais. Fonte: autora.

5.2.2. Estudo volumétrico

Assim, partindo do volume sem afastamentos frontais ou laterais preexistente, sem opções para criar novas aberturas, volta-se à proposta de anexar o terreno vizinho ao lote (ver figura 78).

Com esta tomada de decisão, faz-se possível obter espaço suficiente também para atualização das saídas de emergência conforme as normas técnicas dos bombeiros sem comprometer as áreas úteis do edifício. Também possibilitou ampliar os espaços internos, criar novas aberturas para melhorar o conforto e o desempenho térmico dos ambientes, além de acrescentar um novo volume na área remanescente.

PreSERVAÇÃO DA PREexistêncIa

ESTRUTURA METÁLICA

ANEXO DO TERRENO VIZINHO

DISTRIBUIÇÃO DA MALHA NO TERRENO

OCUPAÇÃO DO TERRENO

DEFINIÇÃO DOS CHEIOS E VAZIOS

Figura 178: Croqui de evolução volumétrica, vistas isométricas. Fonte: Autora.

A princípio foi distribuída, no terreno em conjunto, uma malha quadriculada com dimensões semelhantes à malha estrutural preexistente em concreto. A partir dela, optou-se por erguer a nova estrutura pré-moldada metálica, pela leveza e menor produção de resíduos na oba.

A construção anexa ao volume original do edifício se desenvolve pela parte remanescente ainda não edificada nos fundos do terreno, gerando um novo volume. A partir do esqueleto estrutural formado por módulos de dimensão 3,20mx3,20m, foram vedados alguns destes para compor os cheios e vazios de acordo com sua orientação e necessidade de ampliação dos ambientes internos.

133

5.2.3. Programa e Dimensionamento

Para definição dos usos a serem atribuídos, foi levado em consideração os estudos de caso e as análises territoriais apresentadas, nas quais pode ser percebido a grande quantidade de empreendimentos comerciais e de serviços, que tem seu funcionamento limitado ao horário comercial, tornando o bairro pouco movimentado após as 18h e nos fins de semana, gerando uma baixa atratividade e insegurança ao local.

Visto isso, optou-se por atribuir ao edifício um uso misto, que contemplasse diversas atividades que promovem movimento em todos os turnos e também nos finais de semana.

Para isto foi proposto um bar com atividades noturnas, habitação, hostel e coworking, os quais são capazes de produzir um fluxo frequente de pessoas na área.

A distribuição dos usos na composição foi feita a partir da preexistência e da demanda de cada um deles. Nesta que dotava de um térreo de e sobreloja de ,para atividades comerciais foi dividido para contemplar o bar e o hostel, sendo o primeiro localizado em contato direto com a rua e o segundo na parte posterior de ambos os pavimentos, com acesso lateral pelo terreno anexado.

Devido à demanda do hostel por dormitórios, este também ocupa o segundo pavimento destinado exclusivamente às acomodações dos hóspedes.

Nos demais pavimentos foram utilizados para o uso habitacional, contemplando os quatro andares restantes. Neste, as duas salas de escritório por pavimento deram espaço a dois tipos de moradias distintas, que atendem a públicos diferentes, sendo estas apartamentos e lofts.

A coberta, onde se localiza a casa de máquinas e zeladoria, recebe também um espaço para uso comum dos condôminos e novas instalações prediais, como no caso dos painéis solares e boilers.

Por fim, o novo volume criado foi destinado ao coworking, que dispõe de dois pavimentos para suas atividades (ver figura 79 e 80).

zeladoria sem uso

hostel

zeladoria

habitacional

escritórios

coworking

comércio

bar

Figura 179: Croqui de zoneamento antes e depois. Fonte: Autora.

134

Zonas

Ambiente

Área (m²)

Área da zona (m²)

Comércio

Loja Sobreloja WC

122,51 101,81 3,72

228,04

Serviço

Escritório BWC

628,30 21,70

650,00

Zeladoria

Copa e BWC

25,50

25,50

Circulação

Halls e escadas

123,75

123,75

Instalações

Casa de máquinas

11,16

11,16 1.038,45

Total Tabela 5: Programa e dimensionamento antigo. Fonte: autora.

Zonas

Ambiente

Comércio

Salão Lounge Salão de jogos Área externa Bar/Cozinha WC

Serviço

Área (m²)

Área da zona (m²)

85,25 16,58 19,28 29,21 18,70 8,52

176,91

Hostel Área comum Área externa Controle Acomodações WC Coworking Área comum Terraço Sala de reunião WC

152,23 46,44 40,80 143,86 43,53 97,64 29,95 25,82 11,9

585,46

Apartamento Loft Área comum WC

380,48 247,20 50,90 3,90

709,48

Zeladoria

Copa e BWC

15,06

15,06

Circulação

Halls e escadas

176,66

176,66

Instalação

Lixo e gás Gerador e c. de máquina Lajes de instalações

9,91 12,44 138,68

161,03

Habitação

1.824,60

Total Tabela 6: Programa e dimensionamento novo. Fonte: autora.

135

COBERTURA

PAVIMENTO TIPO (3º AO 6º)

SEGUNDO PAVIMENTO

PRIMEIRO PAVIMENTO

BAR HOSTEL coworking HABITAÇÃO ZELADORIA/ INSTALAÇÕES

TÉRREO

Figura 180: Isométrica explodida com zoneamento. Fonte: Autora.

136

5.2.4. Fluxograma

Diante das modificações propostas e do caráter misto presente no edifício, os fluxos dos diferentes usos foram reorganizados, tornando o controle dos usos necessários mais efetivo. Além disto, aproveitou-se para atualizar o edifício às normas de segurança dos bombeiros, essenciais para conforto e segurança dos usuários, onde o volume da escada passou a ser externo devido às dimensões exigidas.

O acesso do bar se manteve direto com a rua, sendo feita a alteração na conexão com a sobreloja, que passou a ser através de uma nova escada, mais larga, segura e ventilada do que a existente.

Já o acesso dos condôminos, assim como o dos hóspedes, passou a ser feito pela lateral, compartilhando da mesma portaria e circulação vertical, porém contando com um controle eletrônico em suas instalações.

O acesso ao coworking é feito pela mesma lateral do terreno, sendo mais ao fundo (ver figura 181).

Figura 181: Isométrica com acessos e fluxos fluxos. Fonte: Autora.

137

5.3. Estratégias Aplicadas

Após analisar a orientação do terreno, como o comportamento dos ventos e a incidência solar nas fachadas, além do volume produzido resultante, foram aplicados ao complexo algumas tecnologias e estratégias que buscam melhorar o desempenho energético, térmico e o conforto dos usuários, assim como também promover um ambiente mais agradável e biofílico.

A fachada frontal retoma no térreo e no primeiro pavimento o pano de vidro diagonal, proveniente do projeto original para o Edifício Batista, sendo esta uma das várias concepções projetuais que não permaneceram inalteradas.

O saque de alvenaria que contorna parte da fachada principal do edifício foi destacado por atribuir uma tonalidade vibrante, e foi utilizado de suporte para a instalação de painéis de correr com taliscas em madeira, que filtram a incidência solar e podem ser manuseados facilmente pelos usuários em suas dependências, tornando a fachada interativa e variável.

Na fachada lateral foi instalada a estrutura metálica que permitiu ampliar os ambientes internos e deu orIgem a novos, através de vedações em lajes steeldeck e drywall, as quais produzem menos resíduos nas construções civis. Para criar as aberturas, foram aplicados painéis de vidro que, sendo a parte inferior fixa, serve de guarda-corpo, e a parte superior com cortinas de vidro, que permitem a entrada do ar e a permeabilidade visual, além de uma estética leve. As esquadrias ainda contam com jardineiras nos módulos habitacionais, que melhoram o conforto térmico dos apartamentos.

A estrutura metálica também concebe a escada externa, protegida por cabos de aço e abrigada por um teto verde, também presente sobre os novos blocos edificados, promovendo além das melhorias ambientais e microclimáticas, um melhor controle térmico através da coberta e vistas mais agradáveis aos usuários sobre cada volume. Nas varandas das habitações ainda constam jardineiras a disposição dos moradores.

Para proteger a fachada poente posterior, foi aplicado à parede uma estrutura de jardim vertical permeável que protege a fachada da incidência solar, reduz as trocas térmicas dos ambientes e permite a circulação de ar por localizar-se afastada da estrutura do prédio, formando um colchão de 138

Figura 182: Mosaico ECO-Batista de estratĂŠgias utilizadas (01). Fonte: autora.

139

ar, melhorando o microclima local e promovendo um ambiente mais agradável e confortável também ao pátio externo da composição.

Juntamente com o jardim vertical, está disposto um painel de brises horizontais em madeira, que permitem a incidência da luz solar controlada às áreas de serviços dos lofts, que necessitam de uma maior incidência solar do que as áreas comuns, fazendo com que este aquecimento entre no ambiente quando necessário. O controle da ventilação também pode ser feito pela esquadria presente na fachada do edifício.

Na coberta do volume original e do coworking, ainda dispõe de uma ampla área para a instalação dos painéis solares, que suprem às necessidades das áreas comuns do condomínio, reduzindo o custo de energia e, assim também, o valor do aluguel e do condomínio. Também dispõe-se de boilers dimensionados para atender aos apartamentos, lofts e do hostel, para banho.

Figura 183: Croqui de estratégias aplicadas, ECO-Batista. Fonte: autora.

140

Conceitos relevantes

Projeto

Reciclagem de um edifício preexistente Preservação da preexistência Repercussão no entorno Uso misto Ampliação Teto verde/Jardim Tecnologias de aproveitamento dos recursos naturais Tabela 7: Síntese de conceitos aplicados ao projeto. Fonte: autora.

141

142

Figura 184: ECO-Batista, fachada frontal. Fonte: autora.

143

Figura 185: ECO-Batista, vista vĂ´o de pĂĄssaro. Fonte: autora.

144

5.4. Memorial Descritivo

A partir do novo volume criado em conjunto com a obra existente, surgiu o Edifício e Complexo Orgânico Batista (ECO-Batista). As plantas foram desenvolvidas de acordo com cada zona e fluxo sugerido, previamente apresentados.

No térreo, viu-se interessante que a área destinada gerasse vitalidade tanto ao longo do dia quanto a noite, melhorando a segurança do local e promovendo atividades aos condôminos e hóspedes nos diferentes turnos. O bar localizado na parte frontal do terreno, utilizando apenas metade da lâmina antes destinada por completo à loja, dispõe de um salão interno de pé direito duplo (7m) com mesas diversas, balcão de bar integrado com a cozinha de apoio e com o salão, acompanhado por banquetas, dois WCs e um terceiro para portadores de necessidades especiais, além de uma escada que da acesso ao mezanino.

A cozinha do bar, proveniente da estrutura anexa, também serve à área externa coberta através de um passa-pratos, que facilita o acesso direto, podendo, assim, destinar os diferentes ambientes a atividades divergentes, conseguindo atender ambas as demandas de maneira simultânea.

Na mesma lâmina térrea, na parte posterior, está localizado o hostel, que tem seu acesso principal em conjunto com o habitacional, pela lateral do edifício (ver figura 186). Estes possuem seu fluxo vertical compartilhado, contando com senha eletrônica por andar para a privacidade de cada um dos usuários.

O acesso é feito primeiramente através da portaria do habitacional, que possui a total vigilância da escada de emergência, situada logo ao lado, e dos elevadores, localizados já dentro do antigo edifício. O porteiro conta com o wc de apoio situado próximo ao seu local de trabalho e, de frente para o hall dos elevadores, está presente a recepção do hostel, onde as demais atividades necessárias para o serviço de hospedagem podem ser desenvolvidas, além de controlar a porta de conexão interna entre o hostel e o bar, também contando com um wc de suporte.

Neste pavimento o hostel abriga seu refeitório, com mesas internas e externas (ver figura 187), tendo o fluxo controlado pela portaria eletrônica próxima à porta, cozinha integrada e lavanderia comunitária.

145

Na parte externa também estão dispostas redes presas à estrutura metálica, e que se separa da portaria através de uma parede permeável de cobogós em concreto, que possibilita a circulação do ar e nos ambientes.

Embaixo do primeiro patamar da escada externa (2m) foi locado o gerador, prevendo a necessidade em casos de queda de energia.

O lixo e o gás natural estão locados na em outro volume no limite do terreno, com acesso direto para a rua, como exige a lei municipal do Recife.

A lixeira, separada em nichos de 70x70cm com capacidade para 10l cada, soma 100l no total, apesar do cálculo de produção do complexo apontar para a necessidade de apenas metade, devido a coleta no bairro ser feita diariamente(considerando 4,6l por pessoa, sendo 2 por dormitório nas áreas habitacionais e 1 pessoa por 7m² nas áreas destinadas a serviços).

Isto se dá a previsão de eventuais atrasos da coleta, para que não haja transtornos. Já o gás, foi colado próximo, atendendo aos recuos mínimos exigidos dos limites laterais (1m) e frontais (1,5m) do lote, e da projeção da edificação (1,5m).

146

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Figura 186: ECO-Batista, vista acesso lateral. Fonte: autora.

148

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Figura 187: ECO-Batista, vista รกrea externa posterior. Fonte: autora.

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151

No pavimento superior, onde estava situado o sobreloja, também foi compartilhado entre os dois usos.

Na área frontal, onde está situado o mezanino do bar, se distribuem o lounge, o salão superior, que dispõem mais mesas e um WC, além de uma sala de jogos bastante permeável, criada pela estrutura nova, com vistas para a rua.

Já no hostel estão distribuídos sofás, almofadas e outros mobiliários que compõem o espaço de interação social. Nele, o vazio sobre o refeitório é preenchido por uma rede permeável onde o usuário pode deitar-se para interagir ou relaxar, protegida por um vidro que cerca o local para evitar possíveis acidentes indesejados, principalmente com cadeirantes, deficientes visuais e idosos.

O lounge (figura 188) conecta-se à cozinha gourmet com mesa para 12 pessoas, que conta vistas tanto para a parte posterior, quanto para a parte frontal do terreno, dando espaço para possíveis eventos e reuniões dos hóspedes.

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Figura 188: ECO-Batista, vista lounge do hostel. Fonte: autora.

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155

No segundo pavimento, onde iniciavam-se os pavimentos tipo do Edifício Batista, previamente era utilizado para abrigar duas salas de escritório com banheiros compartilhados e um pequeno hall, configurado já como pavimento tipo , foi reformado para ser totalmente destinado às atividades do hostel. Neste foram distribuídas as acomodações divergentes entre si, a fim de atender a diferentes grupos procurem pelo serviço.

Foram projetadas duas suítes com capacidade para três pessoas, acompanhadas por WC privativo, ideal para família viaje junta; três quartos com capacidade para duas pessoas, mais destinados a casais que prefiram privacidade; um quarto com capacidade para quatro pessoas e um alojamento misto com beliches, dividido em acomodações para uma, duas ou três pessoas, dispondo no total de abrigo para quarenta pessoas.

Os banheiros foram dimensionados para comportar a todos, segundo as diretrizes da Código de Edificações do Recife, sendo três toaletes e dois chuveiros masculinos, três toaletes e dois chuveiros femininos e um banheiro completo para portadores de necessidades especiais.

156

Para as divisórias que não receberam tubulação hidráulica, como os banheiros, optou-se por paredes de drywall, caracterizadas por não utilizar água em sua fabricação e produzirem menos resíduos nos canteiros de obra, sendo uma opção mais sustentável para a construção.

Estas possibilitaram também uma menor espessura das paredes e um bom desempenho acústico, através de sua composição interna, que pode variar dependendo da necessidade do uso proposto e do isolamento pretendido.

Foram aplicadas em conjunto com portas de correr, também isolantes acústicas, que estão distribuídas por todos os ambientes, inclusive nos banheiros das suítes.

157

Nos pavimentos tipo do ECO-Batista, iniciados a partir do segundo pavimento tipo da preexistência, ocupados por escritórios e banheiros compartilhados, foram estes 4 destinados a habitação, que optou-se por também variar os estilos de moradia, dispondo de apartamentos de 95m² com 3 quartos, voltados para a rua, e lofts de 61m² voltados para o terreno vizinho, anexado e protegido do poente.

Os apartamentos se configuram por uma cozinha americana integrada com a sala e com a varanda gourmet, que saca do volume e promove aberturas Nordeste para a entrada de iluminação natural e ventilação em todo o imóvel (ver figura 189). A suíte máster e o primeiro quarto, que divide banheiro com o segundo, possuem vistas para a rua e orientação Sudeste, recebendo ventilação natural direta na maior parte do ano. Estas visadas são também protegidas pelos painéis externos de brise que correm e são facilmente manuseáveis.

Além destes ambientes, está presente um lavabo e uma área de serviço com painéis de correr permeáveis, que isolam visualmente a área,

158

mas permite que a ventilação cruzada saia por sua abertura voltada para o Sul.

Já os lofts se constituem de uma proposta bastante diferente. Estes, que economizam em divisórias, possuem a maior parte dos seus ambientes integrados. Dispõe de um banheiro, acessado através do closet, resguardado por armários, um quarto dividido da sala por um móvel de televisão rotátil, a qual se integra diretamente com a sala de jantar e cozinha, havendo apenas uma parede de cobogós separando a área de serviço da sala, que filtram a radiação, tão necessária à lavandeira e dispensável aos demais ambientes, sem que se perca a ventilação.

Dota de ventilação cruzada através dos grandes janelões do quarto e sala, voltados para o Norte, tendo as janelas do closet e da área de serviço como saídas sudeste e sudoeste, respectivamente.

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Figura 190: ECO-Batista, vista interna do apartamento. Fonte: autora.

160

161

Na cobertura, além das dependências já existentes para os zeladores e a casa de máquinas, foi utilizada da área de coberta que não possuia uso algum previamente.

Na região coberta, previamente usada para zeladoria e casa de máquina, foram redimensionadas, possibilitando criar um depósito com acesso às instalações da coberta posterior e à caixa d’água, dois WCs e um hall de acesso para a área comum, localizada na antiga coberta inativa do mesmo nível.

Nesta, na parte frontal de orientação Sudeste, foi criada uma área comum para os condôminos com mesas, área coberta por uma estrutura de coberta retrátil em madeira, que permite o condômino utilizar da forma que preferir, e de um espaço com balcões de apoio e uma churrasqueira , para possíveis eventos (figura 189).

162

Na parte posterior da coberta inativa, assim como a coberta do volume destinado ao coworking, foram dispostas as instalações para a operação dos sistemas sustentáveis do complexo.

Cinquenta e sete painéis solares de dimensões 1x1,65m foram instalados, conseguindo atender à demanda de energia das áreas comuns, gerando uma média total de 500kwh, configurando uma redução de gasto energético beneficial ao empreendimento, pela redução de gastos e maior atratividade econômica, tendo em vista a redução o custo do aluguel

Outro elemento aplicado à coberta, este apenas na área preexistente do edifício, são os boilers (1,65x1,5m) para aquecimento das águas de banho que atendem ao hostel e as habitações. Estes foram calculados destinando 70l por pessoa, sendo duas por dormitório nas dependências habitacionais e uma para cada 7 metros quadrados da parte hoteleira, resultando no total de 4.340l por dia, multiplicado à temperatura de consumo subtraída da temperatura ambiente (que utiliza 25º para Recife, sendo 45º-25º), e o resultado dividido pela subtração da temperatura ambiente da temperatura de armazenamento (50º - 25º), gerando um total de 2.604l de consumo de água aquecida por dia, que estão distribuídos em três boilers de capacidade para 900l cada.

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Ao fundo do lote, o volume formado foi destinado a um coworking.

Este empreendimento, que atende aos condôminos, hospedes e à população presente no entorno possui baixo custo e tem sido bastante procurado como uma alternativa aos home-officers e aos empreendedores que buscam um tipo de estabelecimento mais rentável do que os aluguéis de salas em empresariais. Além de promover a interação e novos contatos aos usuários, possibilita ambientes de reguardo e privacidade, assim como as salas de reuniões disponíveis.

A estrutura apresenta uma área externa arborizada coberta por pérgolas metálicas sobreposta por uma camada translúcida, que resguarda e permite a entrada da luz natural. Em volta de todo o volume está presente uma vegetação que protege da iluminação direta e promove uma sensação de refúgio ao ambiente interno.

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Por fim, o ECO-Batista se mostra um complexo integrado que propõe reativar um equipamento existente subutilizado, gerando vitalidade e atratividade ao bairro através de seus usos e áreas de interação. Além da preocupação em otimizar seus sistemas através da aplicação de estratégias sustentáveis, as quais utilizam dos recursos naturais para seu funcionamento. Logo a proposta atende a melhorias urbanas, reciclagem e ampliação da preexistência, melhorias de desempenho e menor impacto ao meio ambiente.

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Figura 191: ECO-Batista, vista cobertura. Fonte: autora.

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Figura 186: ECO-Batista, fachada posterior. Fonte: autora.

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5.5.

Considerações Finais

Visto que as cidades são os organismos que mais produzem gases poluentes causadores o efeito estufa advindos do nosso modo de vida, a otimização das áreas já consolidadas tornam-se um importante quesito que reflete diretamente em uma melhor relação com o meio ambiente, o qual já se demonstra em estado de alerta.

A partir deste aspecto, vê-se pertinente o estímulo à reciclagem dos equipamentos já existentes diante dos benefícios por eles trazidos dentro de uma escala mais ampla do que a própria edificação. Além dos avanços tecnológicos, os quais já dispõem de uma pluralidade de estratégias que, aliadas à arquitetura, permitem a otimização de sistemas, causando menos danos ao meio ambiente pelo aproveitamento dos recursos naturais renováveis para operar suas funções, resultando em uma menor poluição, criando microclimas e ambientes mais agradáveis a todo o entorno.

Trazendo para a realidade local do Recife e percebendo o caráter vertical que vem ditando os novos empreendimentos da cidade, viu-se pertinente o uso de um edifício modernista, percussor da verticalização na década de 50, que encontra-se subutilizado, para modelo de estudo.

A proposta reflete sobre a integração de diferentes usos voltados para a comunidade, repercutindo sobre o modo de vida e o movimento do bairro, juntamente com a disseminação da aplicabilidade de estratégias simples, eficientes, sustentáveis e tão necessárias atualmente, que reflete em melhorias locais, urbanas e ambientais para toda a humanidade.

180

Figura 192: Fachada verde One Central Park Fonte: Site Unesc. Disponível em: <http://www.jeannouvel.com/en/projects/one-central-park/>. Acessado em Março, 2019.>. Acessado em Março, 2019.

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ANEXOS

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6.1. Plantas de Reforma

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6.2.

Lista de Figuras Figura 1: Jovens invadem a antiga Fábrica Tacaruna...................................8 Figura 2: Fachada do One Central Park, em Sydney, Austrália.....................9 Figura 3: Centro do Recife, anos 70..............................................................12 Figura 4: Boa Viagem, século XX..................................................................12 Figura 5: Avenida Marquês de Recife, 1870.................................................20 Figura 6: Cais Martins de Barros, 1890........................................................20 Figura 7: Mapa da cidade do Recife no século XVIII...................................21 Figura 8: Mapa da cidade do Recife em 1906..............................................21 Figura 9: Parque Treze de Maio, no bairro de Santo Amaro, em 1940.......22 Figura 10: Praça do Derby em 1950.............................................................22 Figura 11: Recife em 1940............................................................................23 Figura 12: Verticalização do centro do Recife no anos 50..........................25 Figura 13: Casas de veraneio na Avenida Boa Viagem, anos 50................25 Figura 14: Inicio da verticalização de Boa Viagem, anos 60, Edifício Holiday .......................................................................................................................25 Figura 15: Centro do Recife, anos 70...........................................................25 Figura 16: Mapa de edificações acima de 20 pavimentos na cidade do Recife, 2003.......................................................................................................26 Figura 17: Bairro do Recife, 2012..................................................................27 Figura 18: Bairro da Boa Vista......................................................................27 Figura 19: Verticalização na Beira Rio nos dias atuais...............................27 Figura 20: Verticalização de Boa Viagem nos dias atuais. Edifício Holiday.................................................................................................................27 Figura 22: Prédio abandonado no Recife.....................................................28 Figura 23: Bairro residencial americano......................................................30 Figura 24: Plano urbano Cerdá de Barcelona, ES.........................................31 Figura 25: Oxford Street, Londres, UK..........................................................32 Figura 26: Buenos Aires, AR..........................................................................32 Figura 27: Núcleo residencial americano.....................................................33 Figura 28: Diagrama ilustrativo de zonas monofuncionais........................33 Figura 29: Núcleo residencial em Miami......................................................33 Figura 30: Miller Park, no Centro de Chattagnooga, EUA.............................34 Figura 31: O rio Cheonggyecheon, Seul, Coréia do Sul...............................34 Figuras 32: Mosaico de fotos do campus da Fundação Nacional de Pesquisa de Singapura, 2013..................................................................................35 191

Figura 33: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, Agenda 2030......36 Figura 34: Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).....................37 Figura 35: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, Agenda 2030......38 Figura 36: Ícone do Retrofit 2050................................................................40 Figura 37: Biblioteca Estadual de Beyazit, em Istambul.............................41 Figura 38: Biblioteca Estadual de Beyazit, em Istambul............................41 Figura 39: Imagens da nova cobertura do pátio interno............................42 Figura 40: Zoneamento do conjunto restaurado........................................42 Figura 41: Corte antes e depois do pátio interno........................................43 Figura 42: Planta baixa antes e depois da biblioteca.................................43 Figura 43: Mercado Municipal de São Paulo, 1933....................................44 Figura 44: Mercado Municipal de São Paulo, interior, 2004.......................44 Figura 45: Mercado Municipal de São Paulo, plantas baixas após a renovação.............................................................................................................45 Figura 46: Alfândega, 1826..........................................................................46 Figura 47: Renovado após incêndio, em 1906............................................46 Figura 48: Paço Alfândega, renovado após reciclado como armazém de açúcar, 1932..................................................................................................46 Figura 49: Paço Alfândega, vista do pátio interno, 2004............................47 Figura 50: Paço Alfândega, renovado após reciclado como shopping center, 2004.........................................................................................................47 Figura 51: Pinacoteca de São Paulo, fachada principal.............................48 Figura 52: Pinacoteca de São Paulo, pátio interno.....................................48 Figura 53: Pinacoteca de São Paulo, plantas baixas e corte. Fonte: Site Archdaily........................................................................................................49 Figura 54: Vegan House, vista do contexto, 1965......................................50 Figura 55: Vegan House, fachada, 1965.....................................................50 Figura 56: Vegan House, vista do contexto urbano, 2014..........................51 Figura 57: Vegan House, fachada, 1965.....................................................51 Figura 58: Museu Cais do Sertão, contraste de elementos, 2018..............52 Figura 59: Museu Cais do Sertão, perspectiva interna, sketch, 2018........52 Figura 60: Museu Cais do Sertão, perspectiva externa, sketch, 2018.......52 Figura 61: Museu Cais do Sertão, vista da margem do rio, 2018..............53 Figura 62: Museu Cais do Sertão, contraste de elementos, 2018..............53 Figura 63: Museu Cais do Sertão, coberta concetiva, 2018.......................53 Figura 64: Estudo das ruínas, Paço Alfândega, 2004.................................54 Figura 65: Estudo das ruínas, Paço Alfândega, 2004.................................54 Figura 66: Nova estrutura do atual Shopping Paço Alfândega..................54 Figura 67: Croqui projeto do Shopping Paço Alfândega, 2004..................55 Figura 68: Ruínas em contraste com a nova estrutura do Shopping Paço Alfândega, 2004............................................................................................55 Figura 69: Ruínas em contraste com a nova estrutura do Shopping Paço Alfândega, 2004............................................................................................55 192

Figura 70: Museu do Louvre, edifício antigo...............................................56 Figura 71: Museu do Louvre, anexo em dissonância..................................56 Figura 72: Museu do Louvre, anexo em dissonância..................................57 Figura 73: Museu do Louvre, novo acesso subterrâneo.............................57 Figura 74: Museu Kensthaus Graz se destaca no sítio histórico de Graz.58 Figura 75: Museu Kensthaus Graz, em dissona das edificações vizinhas...............................................................................................................58 Figura 76: Museu Kensthaus Graz, em dissonância com a preexistência..................................................................................................................58 Figura 77: Museu Kensthaus Graz, maquete de estudo preliminar..........59 Figura 78: Museu do Louvre, anexo em dissonância..................................59 Figura 79: Museu do Louvre, anexo em dissonância..................................59 Figura 80: Fachada renovada do Showroom Organicare, original de 1975, Vietnã.............................................................................................................60 Figura 81: Sistemas de aberturas para ventilação cruzada.......................63 Figura 82: Sitemas de aberturas para iluminação natural.........................64 Figura 83: Incidência solar no brise vertical................................................65 Figura 84: Painéis fotovoltaicos...................................................................66 Figura 85: Sistema de captação de energia solar por painel fotovoltaico...................................................................................................................66 Figura 86: Sistema aberto de aquecimento solar da água.........................67 Figura 87: Sistema de aquecimento da água aberto aplicado na coberta....................................................................................................................68 Figura 88: Sistema de aquecimento da água fechado aplicado na coberta. .......................................................................................................................68 Figura 89: Processo de aquecimento solar da água..................................68 Figura 90: Sistema de aquecimento da água fechado aplicado na coberta com paineis solares......................................................................................69 Figura 91: Sistema de aquecimento da água aberto aplicado na coberta com paineis solares, em detalhe..................................................................69 Figura 92: Diagrama de reuso da água.......................................................70 Figura 93: Diagrama de características das águas cinzas........................71 Figura 94: Diagrama de aproveitamento de água pluvial...........................72 Figura 95: Envoltória em madeira, Japan House, São Paulo......................73 Figura 96: Materiais locais utilizados no Bar da Laje, Vidigal, Rio de Janeiro...................................................................................................................74 Figura 97: Detalhes, Bar da Laje..................................................................74 Figura 98: Envoltória colorida, Hotel WZ Jardins, São Paulo.....................75 Figura 99: Envoltória iluminada com a qualidade do ar, Hotel WZ Jardins, São Paulo.......................................................................................................75 Figura 100: Envoltória iluminada com aplicativo, Hotel WZ Jardins................................................................................................................75 Figura 101: Interação homem-natureza nas construções.........................76 193

Figura 102: Componentes do telhado verde................................................76 Figura 103: Brises verdes, One Central Park...............................................77 Figura 104 Jardim vertical, One Central Park.............................................77 Figura 105: Mosaico de conceitos LEED.....................................................78 Figura 106: Mosaico de tipologias abordadas pelo LEED..........................79 Figura 107: Selos de certificação LEED.......................................................80 Figura 108: Igreja da Matriz da Boa Vista (14)...........................................86 Figura 109: Cinema São Luiz (7)..................................................................86 Figura 110: Edifício Pirapama (9)................................................................86 Figura 111: Igreja de Nossa Senhora do Rosário (11)................................86 Figura 112: Edifício União (3).......................................................................86 Figura 113: Térreo do Edifício Batista, R. do Hospício, 187........................88 Figura 115: Edifício Batista, R. do Hospício, 187........................................90 Figura 115: Antigo Colégio Marista. ...........................................................92 Figura 116: Teatro do Parque. .....................................................................92 Figura 117: Sobrados....................................................................................94 Figura 118: Casa porta e janela....................................................................94 Figura 119: Casa geminada..........................................................................94 Figura 120: Casa solta no lote.....................................................................94 Figura 121: Religioso....................................................................................94 Figura 122: Edf. sobre Pilotis........................................................................94 Figura 123: Térreo recuado...........................................................................94 Figura 124: Caixão.........................................................................................94 Figura 125: Barra...........................................................................................94 Figura 126: Podium.......................................................................................94 Figura 127: Galeria........................................................................................94 Figura 128: Atacado dos Presentes.............................................................96 Figura 129: Edifício União.............................................................................96 Figura 130: Edifício Rostand.........................................................................96 Figura 131: Edifício Pirapama......................................................................96 Figura 132: Implantação do edifício estudado............................................98 Figura 134: Croqui da quadra.......................................................................98 Figura 133: Croqui volume............................................................................98 Figura 135: Skyline R. do Hospício, margem direita................................100 Figura 136: Skyline R. do Hospício, margem esquerda...........................100 Figura 137: Mosaico de azulejos portugueses das fachadas.................100 Figura 138:Diagrama de planta de locação e coberta e planta térreo, Edifício Batista....................................................................................................105 Figura 139: Planta do sobreloja e pavimento tipo, Edifício Batista.........106 Figura 140: Planta de zeladoria, Edifício Batista.......................................107 Figura 141: Cortes e fachada, Edifício Batista..........................................107 Figura 142: Localização do edifício em relação à Av. Cond. da Boa Vista.................................................................................................................108 194

Figura 143: Mosaico de fotos do Edifício Batista.....................................109 Figura 144: Detalhe da fachada frontal, RB12..........................................112 Figura 145: Fachada frontal, RB12, Rio de Janeiro, BR............................112 Figura 146: Mapa de estudo de incidência solar na fachada frontal, RB12.. .....................................................................................................................113 Figura 147: Distribuição de vidros em zigue-zague, RB12......................113 Figura 148: Ambiente de escritório interno, RB12....................................113 Figura 149: Fachada frontal e plantas, RB12, Rio de Janeiro, BR............114 Figura 150: Teto jardim, RB12....................................................................115 Figura 151: RB12, Rio de Janeiro, BR........................................................115 Figura 152: Composição de fachada, Vegan House.................................116 Figura 153: Composição de fachada, Vegan House.................................116 Figura 154: Terraço de uso comum, Vegan House...................................117 Figura 155: Coberta, Vegan House.............................................................117 Figura 156: Pátio interno, Vegan House....................................................117 Figura 157: Plantas baixas de antes e depois do Retrofit, Vegan House.................................................................................................................119 Figura 158: Diagrama de retrofit, Vegan House........................................120 Figura 159: Vista urbana, antes e depois, Vegan House..........................121 Figura 160: Vista do pátio interno, antes e depois, Vegan House...........121 Figura 161: Térreo ativo, Edifício Almares.................................................122 Figura 162: Café, Edifício Almares..............................................................122 Figura 163: Café, Edifício Almares..............................................................122 Figura 164: Salão de eventos, Edifício Almares........................................123 Figura 165: Pergolas da coberta, Edifício Almares...................................123 Figura 166: Corte, Edifício Almares. .........................................................123 Figura 167: Planta baixa do térreo, Edifício Almares................................124 Figura 168: Planta baixa do pavimento tipo, Edifício Almares.................124 Figura 169: Planta baixa cobertura............................................................125 Figura 170: Fachada do Edifício Almares..................................................125 Figura 171: Croqui edifício existente.........................................................130 Figura 172: Croqui de anexo ao terreno vizinho........................................130 Figura 173: Croqui de zoneamento............................................................131 Figura 174: Croqui de coberta ativa. ........................................................131 Figura 175: Croqui de jardim vertical.........................................................131 Figura 176: Croqui de estudo do terreno...................................................132 Figura 177: Fachada frontal com grandes aberturas e corte com vista para os poços laterais........................................................................................132 Figura 178: Croqui de evolução volumétrica, vistas isométricas............133 Figura 179: Croqui de zoneamento antes e depois..................................134 Figura 180: Isométrica explodida com zoneamento................................136 Figura 181: Isométrica com acessos e fluxos .........................................137 Figura 182: Mosaico ECO-Batista de estratégias utilizadas ..................139 195

Figura 183: Croqui de estratégias aplicadas, ECO-Batista.......................140 Figura 184: ECO-Batista, fachada frontal..................................................142 Figura 185: ECO-Batista, vista vôo de pássaro.........................................144 Figura 186: ECO-Batista, vista entrada lateral..........................................148 Figura 187: ECO-Batista, vista externa posterior......................................150 Figura 188: ECO-Batista, vista longe hostel..............................................154 Figura 189: ECO-Batista, vista interna do apartamento...........................160 Figura 190: ECO-Batista, vista cobertura..................................................166 Figura 191: ECO-Batista, fachada posterior..............................................168 Figura 192: Fachada verde One Central Park............................................181 Gráfico 1: Gráfico de crescimento populacional das principais cidades nordestinas ao longo de sua urbanização..................................................24 Tabela 1: Intervenção arquitetônica segundo Andrade Junior..................61 Tabela 2: Parâmetros urbanísticos da ZEDE - CP - Centro Expandido...102 Tabela 3: Requisitos de estacionamento da ZEC.....................................104 Tabela 4: Síntese de conceitos aplicados nos estudos de caso.............126 Tabela 5: Programa e dimensionamento antigo.......................................135 Tabela 6: Programa e dimensionamento novo.........................................135 Tabela 7: Síntese de conceitos aplicados ao projeto...............................141

Mapa 1: Localização do Centro Expandido na cidade do Recife...............84 Mapa 2: Centro Expandido Continental do Recife.......................................85 Mapa 3: Elementos de paisagem do bairro da Boa Vista...........................87 Mapa 4: Vazios no bairro Da Boa Vista.......................................................89 Mapa 5: Vazios/Subutilizados.....................................................................93 Mapa 6: Tipologias........................................................................................95 Mapa 7: Usos................................................................................................97 Mapa 8: Figura fundo....................................................................................99 Mapa 9: Gabarito.........................................................................................101 Mapa 10: Legislação...................................................................................103

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