Foca 18 ok

Page 1

CONTOS IMAGINÁRIOS, PESADELOS REAIS... Páginas 12, 13 e 14

CONFIRA A SITUAÇÃO DAS CICLOVIAS EM S. JOSÉ Página 5

CONHEÇA HISTÓRIAS DE QUE NÃO VIVE SOB UM TETO Página 15

ENTREVISTA COM CLARISSA SALLES, DA TV GLOBO Páginas 21 e 22

REVISTA LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL JORNALISMO FCSAC/UNIVAP - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - ANO 16, EDIÇÃO 2 - 2015


Essa edição é dedicada à Flávia Barreto, uma menina que espalhou sorrisos por onde passou e sempre será uma inspiração para todos por sua dedicação e esforço. Flávia ensinou para nós, comunicólogos, que um sorriso vale mais do que mil palavras. De todos os estudantes de comunicação da UNIVAP.

#FLAVIA ETERNA

coloboradores da edição

JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO (FCSAC) – TURMA 2015 REITOR Prof. Dr. Jair Cândido de Melo DIRETOR DA FCSAC Prof. Dr. Manoel Otelino da C. Peixoto COORD. DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO Prof. Msc. Vânia Braz de Oliveira EDITOR-CHEFE PROF. ESP. Fredy Cunha (Mtb 47292) PROJETO GRÁFICO Alunos do 5º período de Jornalismo CONSELHO EDITORIAL Prof. Msc. Vânia Braz de Oliveira, Prof. Esp. Fredy Cunha e Prof. Esp. Lucaz Mathias Universidade do Vale do Paraíba – UNIVAP Av. Shishima Hifumi, 2.911, Urbanova, São José dos Campos – SP 12.244-000 / Tel.: (12) 3947h-1083, www.univap.br Dúvidas e sugestões pelo e-mail: focaemfoco@univap.br. CAPA: foto shutterstock.com

|2|

FCSAC/UNIVAP ANO 16, EDIÇÃO 1 2014


NESTA 7 EDIÇÃO 8 4 10 12 5 6 15 Dois minutos de ódio

CRÔNICA

quando o agressor é da família

VIOLÊNCIA

Intolerantes à lactose atraem novo mercado

CHOCOLATE

Da Univap para o sucesoo

PROFISSÃO

O desafio cicloviário de São josé

A bela e a fera da vida real

Cidade modelo

Invisíveis

MOBILIDADE LIXO LIMPO

EDITORIAL

UM NOVO VISUAL PROF.º FREDY CUNHA

CAPA

MAZALAS SOCIAIS

16 10 19 20 21

Rotina cronometrada, dieta e saúde

BEM ESTAR

Todo artista de ir aonde o povo está

NOTAS MUSICAIS Ganhar dinheiro no Instagram é possível

REDES SOCIAIS Uma brasiliera estrangeira

PING PONG

Solucão na web

CONSUMIDOR

O Foca 2015 está de cara nova! Por

ceitos que, às vezes, são desconsidera-

uma iniciativa dos alunos, decidimos re-

dos até por jornalistas mais experien-

modelar o visual de nosso jornal para a

tes? Exatamente pelo compromisso de

temporada 2015. Num formato menor,

formar uma nova geração de profissio-

mais semelhante ao tamanho de uma re-

nais de Comunicação responsáveis e

vista, entregamos a você, caro leitor, um

que sempre levem em consideração a

material visualmente mais simpático e

importância de nossa missão de repor-

de fácil manuseio.

tar histórias que podem gerar impactos

Quanto ao conteúdo, seguimos pri-

significativos na vida de muitos.

mando pelos princípios básicos e pri-

Ainda que um ou outro assunto seja

mordiais do bom jornalismo. Apesar de

mais espinhoso e com cunho negativo,

o nosso jornal ser totalmente produzido

nossa intenção é a de informar os nossos

pelos alunos do 3º ano de Jornalismo da

leitores e a de permitir que cada um, a

Univap (com acompanhamento, à mar-

partir de nosso material, tenha a possi-

gem, dos professores), nossa equipe de

bilidade de tomar suas próprias decisões

repórteres já é instruída, desde o princí-

e posicionamentos, munidos de infor-

pio, a seguir, com rigor, o passo a passo

mação de qualidade. É assim que cami-

de um jornalismo de qualidade, que não

nharemos ao longo de mais este ano. E

se cansa de buscar e contar boas e rele-

é assim que desenvolveremos as edições

vantes histórias.

do jornal Foca em Foco 2015.

E por que primamos tanto por con-

Desejamos uma excelente leitura!

FCSAC/UNIVAP ANO 16, EDIÇÃO 1 2014

|3|


CRÔNICA

DOIS MINUTOS DE ÓDIO

conhecidos é como os Dois Minutos

farçado de jornalismo.

de Ódio descritos pelo autor distópico

Nós, espectadores, assim como

em sua obra-prima, “1984” (é sobre um

Winston e seus colegas, gritamos mal-

mundo que conhecemos e adoramos).

dizeres e mandamos ao inferno nossos

Sinto-me como um Winston moder-

Goldsteins. Fazemos isso por puro pra-

no, nós dois podemos vivenciar nossos

zer catártico – vem do âmago da huma-

dois minutos de ódio e gritar contra

nidade. Gostamos de ver o outro sofrer.

uma tela emoldurando o personagem

Não sinta vergonha em admitir, amigo.

vilanesco.

Alguns vão dizer: mas são crimino-

Ficamos estáticos em frente a nos-

sos, eles merecem ter as vidas expostas

sa própria teletela, assistindo aos des-

para que suas vítimas sejam justiçadas.

conhecidos, enquanto a vida deles é

Para vocês, meus amigos, eu digo: o

O ódio move o mundo, sendo a dor

exposta em nome da justiça - ou da di-

mundo não é um filme da Disney, não

alheia – aquela que machuca o outro

versão? Casos violentos e trágicos são

existe bem e mal, o maniqueísmo pro-

sem causar danos aos algozes – um dos

dissecados em plena tarde, para saciar

vem da sua visão egoísta de mundo que

componentes primordiais dessa estrutu-

a vontade carnívora e o desejo impro-

te faz achar ser “uma pessoa de bem”.

ra unilateral e narcisista que compõe o

nunciável pelo sangue e pela morte.

Você é só mais um sádico romano as-

POR MARIA THERESA E RICARDO MIGUEL

homo sapiens pós-moderno.

sistindo homens sendo destroçados por

Não me venha falar em amor, vocês

Bruno, Elize, Nardoni, anônimos que

leões no Coliseu. Você não quer ver jus-

não assistem à televisão? Não veem o

tiveram mais do que os quinze minu-

tiça, quer ver sangue.

sangue jorrar da tela? É deslumbrante e

tos de fama previstos por Warhol ou os

Se soou como um sofista, é por que

extremamente recreativo, até parece um

dois minutos de ódio de Orwell. Eles

sou um. Mas pelo menos eu sei do que

filme do Tarantino – exceto que é real,

ganharam os próprios shows pitorescos

estou falando, vivo há anos sorrindo

pessoas realmente morrem para produ-

e especulativos. Com direito a capítu-

para a televisão e para essas mortes do-

zir aquele espetáculo sanguinário.

los e capítulos do sofrimento de suas

loridas. Gosto disso, assumo que gos-

Vivo há anos nesse mundo, muitos

vítimas sendo explorados sem censura,

to. Por que você não assume que gosta

destes vendo televisão, assistindo aos

por puro entretenimento psicótico dis-

também?

mais distintos programas dos mais diversos gêneros. Porém, nada me deixa mais fascinado que os atuais programas jornalísticos. Não parece jornalismo, é puro entretenimento. Chega a ser divertido assistir aos criminosos sendo publicamente linchados por multidões ferozes e ávidas pelo sofrimento do outro. Peço perdão pelo sadismo mórbido e exagerado, mas gosto de ser sincero com meus amigos. E eu já sinto que somos melhores amigos. Não somos? George Orwell escreveu sobre a necessidade que temos de exteriorizar nossas frustrações contra a televisão. Julgar e criminalizar completos des-

|4|

FCSAC/UNIVAP ANO 16, EDIÇÃO 1 2014

ILUSTRAÇÃO: MAY CAVALCANTI

Meu Emmanuel Goldstein é Suzane,


MOBILIDADE Prefeitura entrega mais de 4 mil metros de ciclovias em 2015 POR GUSTAVO MELLO E PEDRO JUNQUEIRA

O DESAFIO CICLOVIÁRIO EM SÃO JOSÉ

baseado no uso democrático do espaço urbano”, diz a diretora. Para alguns dos ciclistas que utilizam o serviço, a interligação não é o único problema que as ciclofaixas da cidade apresentam. Outra reclamação recorrente é a falta de bicicletários para estacionar e prender as bicicletas em vários pontos da cidade. Má sinalização, falta de educação dos motoristas e pedestres, e faixas que já estão apaga-

FOTO POR PEDRO JUNQUEIRA

das também são queixas constantes dos usuários. PROBLEMAS – Eduardo Pereira, engenheiro, 30 anos, mora no Bosque dos Eucaliptos, na zona sul de São José e relata que a interligação entre a zona sul e o centro é um dos maiores problemas. Segundo ele, a ciclovia termina próxima ao Vale Sul Shopping e, a partir dali, o ciclista que segue sentido centro tem que enfrentar o trânsito por conta própria, correndo riscos ao dividir espaço com motoristas, vendo-se obrigado a usar a pista marginal da Via Dutra para seguir o trajeto. Segundo Eric Sousa, engenheidos quais 28 km foram construídos nos

ro cartógrafo, 27 anos, idealizador do

últimos dois anos. Ainda assim, muitos

mapeamento de ciclovias da cidade, é

A cidade de São José dos Campos

usuários criticam a eficiência do siste-

importante uma reeducação dos moto-

passa, atualmente, por um processo de

ma cicloviário da cidade e apontam vá-

ristas e pedestres, para que haja maior

implementação do sistema de ciclovias,

rias falhas no serviço.

respeito ao ciclista. Para ele, a maioria

Ciclovia na Avenida Andrômeda, zona sul de São José.

o que tem gerado polêmicas e opiniões

Segundo a diretora do Departa-

das pessoas ainda vê a bicicleta como

divididas nos cidadãos. Entre as prin-

mento de Trânsito da Secretaria de

uma atividade de lazer e não como um

cipais reclamações, está a interligação

Transportes joseense, Athanasia Janet

meio de transporte.

dessas ciclovias, para que o trajeto en-

Michalopoulos, essa é uma das priori-

“O primeiro passo é uma mudança

tre diferentes bairros e regiões da cida-

dades no projeto, não apenas expan-

de pensamento da cidade e da prefeitu-

de seja uniforme, tornando a bicicleta

dindo a extensão das ciclovias, mas

ra, para que a bicicleta seja vista como

um meio de transporte mais rápido e,

também interligando as ciclovias já

um meio de transporte, como é o carro,

principalmente, mais seguro para seus

existentes. “O objetivo é ampliar o uso

o ônibus e a moto. Existe muita falta de

usuários.

da bicicleta como meio de transportes e

respeito com o ciclista nas vias de São

De acordo com a Secretaria de

não só como lazer, garantindo seguran-

José e este é o principal causador dos

Transportes do município, a cidade tem

ça para o ciclista em um modelo de mo-

acidentes graves e mortes de ciclistas”,

hoje 68,3 km de pistas para bicicletas,

bilidade urbana moderno e sustentável,

conta o engenheiro.

FCSAC/UNIVAP ANO 16, EDIÇÃO 1 2014

|5|


LIXO LIMPO São José dos Campos se torna referência em coleta seletiva no Brasil

CIDADE MODELO

DIFICULDADES – Seu Rubens, como é conhecido, conta que foi muito difícil implantar a coleta seletiva, porque as pessoas não se preocupavam em ajudar. Conforme os moradores foram vendo que a coleta estava funcionando naquele bairro, começaram a solicitar que passasse por outras regiões da ci-

POR DANIELLE DOMICIANO, IZADORA RIBEIRO E SUELI NASCIMENTO

dade. E, assim, a coleta seletiva foi se expandindo, atendendo hoje cerca de

Uma das primeiras cidades do país

a implantar esse sistema. A partir daí,

a implantar a coleta seletiva, São José

a prefeitura viu o trabalho dele, e deci-

dos Campos se tornou referência em

diu colaborar oferecendo todo o supor-

limpeza pública. Manter a cidade limpa

te como: caminhão, barracão e espaço,

6ª EDIÇÃO DO FÓRUM INTERNACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

é essencial para a saúde da população

deixando ele responsável por toda a

Pelo fato de se destacar na coleta

e para o meio ambiente, por isso a pre-

parte operacional.

95% da cidade de São José dos Campos.

seletiva, São José dos Campos foi esco-

feitura, em parceria com a Urbam (Ur-

“Foi quando reunimos com as ins-

lhida para receber a 6ª Edição do Fó-

banizadora Municipal), executa esse

tituições Etep e escola Saloninho, do

rum Internacional de Resíduos Sólidos

trabalho com sucesso.

Jardim Esplanada (região oeste de São

(FIRS), que será realizado de 10 a 13 de

O processo da coleta teve início em

José), fizemos uma quantidade de fo-

junho, no Parque Tecnológico. O even-

1990, quando foi implantado o sistema

lhetos e nos reunimos na praça Cruzeiro

to é organizado pelo instituto Venturi e

com a coleta porta a porta, utilizando

do Sul. Com os alunos da Etep, saímos

pela Urbam, e seu principal objetivo é a

caminhões compactadores, no qual

da praça e visitamos todos os morado-

busca do desenvolvimento sustentável.

cada região da cidade tem um dia para

res do Esplanada. Peguei um caminhão

Esta é a primeira vez que o Fórum será

a coleta ser realizada. Nas regiões de di-

no lixo que não prestava mais, refor-

realizado fora de Porto Alegre (RS).

fícil acesso existe uma parceria com co-

mamos o veículo e colocamos um sino

Mais informações sobre o Fórum

operativas, que vão até os demais locais

nele, para que, toda vez que tocasse, as

podem ser acessadas no link: www.

para fazerem a coleta, o que também

pessoas levassem o lixo para fora”, dis-

6firs.institutoventuri.org.br/br/forum/

acaba beneficiando os moradores da ci-

se Rubens.

inscricoes.html

dade, gerando mais empregos e renda. Rubens Dalprat, de 82 anos, que trabalha na Urbam há 32, foi um dos criadores da coleta seletiva, a ideia surgiu quando ele caminhava pelas ruas de São José e via a quantidade de material nas calçadas da cidade. Ele se questionava sobre o porquê desses materiais irem para os aterros e sumirem, sendo que os cidadãos poderiam estar sobrevivendo com isso. Até então só existia uma cidade a fazer esse tipo de coleta (Niterói, RJ). Depois, com a ideia de seu Rubens, São José se tornou a segunda cidade do país

|6|

FCSAC/UNIVAP ANO 16, EDIÇÃO 1 2014

“O fórum é importante pelo fato de juntar as melhores cabeças que estão pensando e falando de resíduo e fazer essa troca grande de experiências. Somos hoje uma das cidades modelo na questão de gestão de resíduos no país. Temos muito trabalho ainda sendo realizado e temos o que mostrar. Nada melhor do que a pessoa vir para ouvir e assistir às palestras, e também para vivenciar e ver os resultados na prática” Boanésio Cardoso Ribeiro, diretor-presidente da Urbam


VIOLÊNCIA Um fato assustador nos faz refletir sobre um crime que, muitas vezes, é invisível à sociedade POR NATÁLIA RIBEIRO E LARISSA AMADO

QUANDO O AGRESSOR É DA FAMÍLIA

começou com os xingos e, hoje, sou espancada todos os dias. Minha casa tem só um quarto e à noite, quando quero dormir e ele assistir à televisão, ele não me deixa dormir. Chama-me de inútil e manda calar a boca. Estava com muito medo e foi então que recorri à Delegacia do Idoso, mas por não ter hematomas e nem testemunha, desisti na porta. Tinha medo do que poderia acontecer comigo”, conta Madalena.

Filhos, netos, genros e noras são os

suas contas contribuíram para o início de

MEDO – “Já a orientei a fazer a de-

principais agressores de idosos. A cada

um ciclo de agressões. Estas que partiam

núncia, mas ela se recusa, assim como re-

uma hora, cinco denúncias são registra-

de sua própria filha.

cusa a minha ajuda. Quando orientei as

das no Brasil e, em 50% dos casos, são

Após um acidente doméstico, Marilda

filhas dela sobre o acontecido, ouvi que a

seus próprios filhos os suspeitos. Esses

foi morar com a filha. Alojada no quarto

idosa tem pena do filho e não quer fazer

são os últimos dados da Secretaria de

dos fundos da casa, ela sofria diariamen-

nada que possa prejudicá-lo”, explicou a

Direitos Humanos, da Presidência da

te maus tratos psicológicos, agressões fí-

psicóloga Eugênia Daquina, que acom-

República.

sicas e até abuso financeiro. Marilda não

panha o caso. “Muitas vezes, só é feita a

teve coragem de fazer a denúncia.

notificação compulsória, após a vítima

Segundo estatísticas, o estado de São Paulo é o que mais recebe denúncias, sen-

“Em casos isolados, muitos idosos ao

procurar uma Unidade de Pronto Aten-

do que em São José dos Campos, mais de

sofrer algum tipo de violência e por ter li-

dimento por sofrer uma agressão física

400 idosos foram violentados por seus fi-

mitações específicas se torna uma pessoa

grave”, disse a enfermeira e responsável

lhos e esposas em 2013. Estamos falando

frágil e indefesa em relação ao seu agres-

pela Vigilância às Violências e Acidentes

de mais de 22 mil denúncias em todo o

sor e acaba retirando ou nem fazendo a

da Secretaria Municipal de Saúde de S.

país e podemos contabilizar 125 queixas,

denúncia”, explica a assistente social da

José dos Campos, Júlia de Fátima.

em média, por dia, o que totaliza cinco a

Prefeitura de São José dos Campos, Diva

cada uma hora. De acordo com a prefeitu-

Maria da Silva.

O Ministério de Saúde define maus tratos contra o idoso como “ações únicas

SEM LIMITES – Outro relato é o

ou repetidas que causam algum tipo de

de Madalena*. “Eu sou violentada pelo

sofrimento ou angústia, ou ainda, ausên-

A dependência física ou mental faz

meu próprio filho. Quando ele ficou de-

cia de ações que são devidas pelas limita-

com que o idoso seja alvo de agressores e

sempregado e voltou a morar comigo,

ções do idoso”.

ra de São José, foram recebidas, em 2014, 328 demandas de suspeita de violência.

é responsável por altos índices de morte. Vale lembrar que, além da violência física, também é considerado crime não dar apoio ao idoso que tem limitações para realizar suas necessidades. TRISTE CASO – Foi o caso de Ma-

DENUNCIE

Centro de Referência Especializado de Assistência Social 3909-2633 Conselho Municipal do Idoso 3909-8616 Delegacia de Proteção ao Idoso 3913-1723 Ligue 190 ou 156

rilda*, que após sofrer a perda do marido quando os seus três filhos ainda eram pequenos, teve que aprender a ser pai e mãe FOTO: NATÁLIA RIBEIRO

para sustentar a casa. Com o passar dos anos, suas limitações e dependência para andar, comer, tomar banho e até pagar *os nomes das personagens foram omitidos por questões de segurança FCSAC/UNIVAP ANO 16, EDIÇÃO 1 2014

|7|


CHOCOLATE Sem opções nas prateleiras, consumidores recorrem a doces caseiros POR AMANDA PIMENTEL E GUILHERME PRUDENTE

AtençãoAnalisar sempre os rótulos dos produtos é indispensável para quem tem algum tipo de alergia.

INTOLERANTES ATRAEM NOVO A Páscoa passou e datas como Dia

sem deixar de comer algo gostoso e que

das Mães e Dia dos Namorados também

faça bem ao organismo. “Descobri minha

estão aí. Os supermercados e lojas já es-

alergia à lactose há dois anos. A partir daí,

tão com seus estoques abarrotados de

passei a produzir meus próprios chocola-

chocolates para todos os gostos. Porém,

tes, já que minha mãe fazia para vender.

uma parte da população estará limitada

Porém, com o aumento de pessoas ade-

de provar essas delícias. Segundo dados,

rindo a uma dieta sem propriedades do

40% da população brasileira têm alguma

leite, resolvi entrar neste ‘negócio’ com

intolerância ao leite, que é presente na

ela, produzindo os chocolates especiais”,

maioria dos chocolates industrializados.

explica a nova empreendedora. A mãe,

Pensando nessas pessoas, a empre-

Rita Linhares, se diz entusiasmada com

sária Mariane Linhares, que também é

este novo mercado. “Adoro todo tipo de

alérgica à lactose, desenvolveu junto com

novidade, e conseguir atender a este pú-

sua mãe chocolates especiais sem lactose.

blico, que inclui minha filha já é um gran-

Segundo ela, a ideia foi aproveitar a épo-

de passo. As lojas que vendem este tipo

ca e o momento de reeducação alimentar

de chocolate cobram preços abusivos,

que muitas pessoas estão aderindo, mas

aliás, os chocolates tradicionais já estão super inflacionados.” Uma pesquisa realizada em março deste ano pela ACI (Associação Comercial e Industrial),

FOTO:GUGO GALVANI

|8|

FCSAC/UNIVAP ANO 16, EDIÇÃO 1 2014


À LACTOSE MERCADO de São José dos Campos, constatou que o aumento foi de 10,8% em relação ao do ano passado. ESTÉTICA – Já para outras pessoas, o problema não é a limitação que os ingredientes de um chocolate tradicional oferecem e, sim, a preocupação em manter a boa forma como no caso da publici-

como fazer chocolate sem lactose

tária Lucila Kawoai, que nas horas vagas pratica musculação e Muay Thai. Ela se-

INGREDIENTES

ra para ver se ela está boa para o seu

gue uma dieta que passa longe da lactose

2 colheres (sopa) de óleo de coco

paladar. Caso esteja muito amarga

e do glúten. “Hoje em dia, comparado há

(precisa estar líquido), 2 colheres

ainda, acrescente mais meia colher

alguns anos, temos um mercado mais

(sopa) de cacau em pó, meia colher

(chá) de mel à mistura.

amplo, com opções de chocolates sem de-

(chá) de mel (ou agave se você for ve-

Agora chegou a hora de modelar o

rivados do leite e até a novidade da linha

gano) e sementes de chia (opcional) .

chocolate. E você tem duas opções: utilizar fôrmas de silicone para bom-

fitness, que são chocolates preparados com Whey Protein, ou a alfarroba que

MODO DE PREPARO

bons e cupcakes ou utilizar um prato

tem gosto e cor de chocolate, mas não é.

Misture os três ingredientes em

e pôr em cima dele papel vegetal. Co-

É uma vagem que se extrai a polpa que é

uma tigela e mexa até criar uma tex-

loque a mistura nas forminhas ou no

torrada e moída para se obter o pó, usado

tura pastosa. Experimente a mistu-

prato e aguarde endurecer.

na substituição do cacau. Então, dá para acharmos opções saudáveis.” O mercado para estes chocolates especiais é ainda muito restrito e com elevado preço, mas que tende a crescer

Afinal, o que é lactose?

muito, criando assim variedades de sa-

A lactose é o açúcar do leite e derivados. Esse açúcar quando ingerido sofre

bores e maneiras de se manter saudável

uma digestão por meio de uma enzima chamada lactase. Ela é responsável pela

sem restringir-se das guloseimas. Bas-

quebra da glicose que é absorvida pelo intestino delgado.

ta ficar atento e fazer as melhores esco-

Quando há uma deficiência, ou quando não há essa enzima, ocorre diarreia,

lhas para controlar esses problemas, vi-

flatulência, dores de barriga e inchaço. Essa intolerância pode ser genética ou

vendo feliz e saudável, sem sofrimento

adquirida por outros fatores.

na hora de comer.

FCSAC/UNIVAP ANO 16, EDIÇÃO 1 2014

|9|


PROFISSÃO Ex-alunos de Jornalismo compartilham suas experiências profissionais e o que fizeram para chegar ao topo POR EDUARDA TOLEDO E TOMAS LOURENÇO

Bruno Kelly é fotógrafo freelancer para a agência internacional de notícias Reuters. Formou-se em Comunicação Social – Jornalismo na UNIVAP em 2008, onde participou da TV UNIVAP por dois anos, o que considera o “start” de sua carreira.

DA UNIVAP PARA O SUCES Os cursos de Comunicação Social

nos cursos extracurriculares, especiali-

sempre foram muito concorridos nos

zações ou workshops rápidos e outros

vestibulares, estando sempre entre os

acreditam que a experiência profissio-

top 5 com mais candidatos por vaga.

nal vale muito mais no dia a dia. O que

Apenas no ano de 2013, quase 40

se sabe é que não existe uma receita

mil alunos se formaram em Comuni-

certa para o sucesso, mas sim diversos

cação Social em todo o Brasil, segundo

caminhos que podem te levar a ter êxi-

dados divulgados pelo Inep/Mec (Ins-

to, independente do que deseja, das di-

tituto Nacional de Estudos e Pesquisas

ficuldades, contratempos e desafios.

Educacionais/ Ministério da Educa-

Esses ex-alunos de Comunicação

ção). São, precisamente, 38.216 comu-

da Univap (Universidade do Vale do

nicadores ingressando oficialmente no

Paraíba) descobriram o significado do

grande, e talvez maior, desafio da vida:

sucesso e hoje tem uma carreira profis-

o mercado de trabalho.

sional que sai do convencional.

Como se destacar em meio a tantos profissionais da área? Como escolher a

Foca: Qual foi a sua primeira expe-

carreira certa entre tantas áreas da Co-

riência profissional nesse ramo que teve

municação? Alguns estudantes focam

alguma relevância e que mostrou que você estava no caminho certo, em meio a tantas áreas possíveis do jornalismo? Bruno: Trabalhei como estagiário no departamento de comunicação do Sindicato dos Metalúrgicos quando ainda cursava a faculdade. Essa experiência foi super relevante para minha carreira, pois pude me relacionar com grandes jornalistas e observar como eles se portavam em coberturas de momentos importantes para a região. Foi assim que consegui fazer meu primeiro freela como fotógrafo para uma agência internacional durante uma greve de

ACERVO PESSOAL

| 10 |

FCSAC/UNIVAP ANO 16, EDIÇÃO 1 2014


ACERVO PESSOAL

SO

Wilson Araujo é repórter cinematográfico com extensa experiência profissional pela Vanguarda e TV Globo São Paulo. Formado em Comunicação Social – Jornalismo pela UNIVAP, ganhador do Prêmio Embratel, hoje tem um plano bem diferente para o seu futuro.

trabalhadores da GM. Wilson: Comecei a trabalhar como office boy na Tv Vanguarda em 1991, lá dentro fiz vários cursos, quando fiz 18 anos fui promovido a operador de câmera ,depois fui promovido a auxiliar de externa, dirigia e iluminava as ma-

para chegar onde está agora? Você fez

e pretendo fazer uma especialização o

térias. Quando estava no segundo ano

algum curso ou alguma especialização

quanto antes.

de Jornalismo fui promovido a repórter

para se destacar dos demais?

cinematográfico na Tv Vanguarda.

Bruno: Logo que me formei tomei a decisão de tentar sair da zona de con-

Foca: Como você decidiu seguir essa área tão incomum da comunicação?

Foca: Durante a faculdade alguns

forto e busquei ir a algum lugar onde

Bruno: Desde o inicio sempre me

alunos são desmotivados, seja pelos

poderia instigar mais meu faro jorna-

identifiquei com a imagem e a força

pais ou professores que não apostam

lístico, algo como uma imersão. Foi

que ela tem em provocar emoções nas

na profissão de comunicador, com

quando recebi a proposta de fazer uma

pessoas. Costumo dizer que nós pro-

você aconteceu algo semelhante que te

experiência de três meses no jornal A

fissionais de imagem escrevemos com

levou a pensar em desistir ou mudar

Critica de Manaus. Na época, dois gran-

a luz. A oportunidade de eternizar um

de curso?

des fotógrafos deste jornal, Clovis Mi-

momento é algo que me encanta dia-

Wilson: Durante a faculdade ouvi

randa e Luis Vasconcelos, estavam em

riamente. Cada dia é um novo dia, um

de muitos colegas de profissão que era

destaque no cenário nacional e mundial

novo olhar, uma nova cena, um novo

melhor mudar de ramo,que o profissio-

por terem recebido os prêmios ESSO e

retrato. Fotografia é um eterno apren-

nal do Jornalismo não é bem remunera-

o World Press Photo daquele ano, no

dizado.

do ,trabalha muito,principalmente nos

mesmo momento percebi que seria

feriados ,ouvi também de professores

uma honra e um grande aprendizado

Foca: Pensando além, você pre-

que era melhor trabalhar em assessoria

trabalhar ao lado destes profissionais.

tende experimentar outras áreas da

de imprensa,não ganha muito mas tra-

De três meses acabei ficando por cinco

comunicação?

balha pouco ,e hoje tenho certeza,todos

anos no jornal A Critica, onde puder

Wilson: A partir deste mês não faço

estavam certos e também tenho certeza

realizar grandes trabalhos e cobertu-

mais parte da empresa que trabalhava

que precisava viver o que vivi no jorna-

ras como a Copa das Confederações em

e vou fazer documentários pelo Brasil.

lismo para ser uma pessoa melhor

2013 e Copa do Mundo no ano passado.

Vou ganhar menos, mas vou fazer aquilo

Sempre que posso participo de cur-

que sempre preguei, porque “a vida gos-

Foca: Qual foi o seu diferencial

sos e palestras com outros fotógrafos

ta de quem gosta da vida”.

FCSAC/UNIVAP ANO 16, EDIÇÃO 1 2014

| 11 |


CAPA Quando o conto de fadas se transforma em pesadelo GABRIELLE PRADO E PATRÍCIA STAFFA

A BELA EA FERA DA VIDA REAL *Os nomes das personagens foram omitidos pela reportagem, por questões de segurança

Quem não se lembra da história da Bela jovem que, para salvar seu pai da tirania de uma Fera, entregou-se como prisioneira e descobriu sua grande paixão, transformando a Fera em um príncipe com um beijo de amor verdadeiro? Histórias assim se repetem muito em contos de fadas e clássicos da Disney, mas, na vida real, nem sempre têm um final feliz. A vida amorosa de Mariana*, 20 anos, não foi nada fácil. Apesar da pouca idade, passou por dois relacionamentos destrutivos. O primeiro namoro durou dois anos. Neste período, agressões físicas e psicológicas eram frequentes na vida da jovem. Ao contrair uma DST (Doença Sexualmente Transmissível) do agressor, Mariana entrou em coma, decorrente de uma grave infecção. Ainda assim, o plano era prosseguir com o relacionamento, até porque, segundo a jovem, ela era a culpada por tudo. Após um término conturbado, outro namoro começou. Como sempre, o começo tinha o encanto da novidade e da paixão, até começarem as primeiras agressões com um ano de namoro, que deram abertura para outras piores no decorrer do tempo. Com encontros baseados em boletins de ocorrência, proibição da família, traições e agressões, a vítima acredita que tem sua parcela de culpa nos acontecimentos. Não podemos dar continuidade na história de Mariana, pois o amor ainda é vivo e a jovem preferiu não prosseguir com a história, mas sim com uma possível reconciliação. Já Fernanda* conheceu sua grande paixão no começo da adolescência, aos treze anos. Sentiu o desamparo ao ver seus pais partindo para outro país e ela

| 12 |

FCSAC/UNIVAP ANO 16, EDIÇÃO 1 2014

FOTO: GUIGO MOREIRA

permanecendo no Brasil com seus avós.


15 anos mais velho, seu primeiro amor

mou o celular e expulsou minha mãe da

era muito galanteador e atraente, en-

nossa casa”, contou a vítima.

quanto ela era muito frágil, cedendo aos

As agressões foram se agravando e

encantos. A paixão foi avassaladora, o

Fernanda decidiu divorciar-se e rumar

relacionamento começou a surgir e sem

para a Austrália, uma vez que seus pais

se dar conta, ela já se enxergava uma

residiam neste país.

mulher entregue aos braços do príncipe encantado.

Síndrome de Estocomo

“Ele sabia que a qualquer momento iria sair a decisão da imigração e me

Depois de repetidas crises de ciúmes,

convidou carinhosamente para almoçar

traições e humilhações, o mundo da prin-

e para falar sobre a criança. Eu fui e de-

cesa desabou ao saber que, na verdade, o

pois do almoço ele seguiu rumo à estra-

príncipe era um plebeu. Ela se relembra

da. Eu comecei a ficar nervosa, ele não

de um fato que foi o estopim para seu des-

falava nada e acelerava muito o carro.

pertar: “um dia, estávamos passeando de

Eu só sabia chorar e pedir que ele vol-

carro em frente a alguns restaurantes e

tasse. Imaginei que ele iria me abando-

bares e eu olhei o movimento. Ele freou o

nar na beira da estrada. Mas, não. Ele

carro e começou a gritar comigo ‘desce e

entrou mato adentro e tirou debaixo do

vai procurar quem você está procurando’”.

banco do carro um revólver. Dizia que

Noiva aos 16 anos, o receio da futura

se eu não fosse dele, não seria de mais

infelicidade veio à tona. Seu pai, ao per-

ninguém. Parou o carro e apontou a

ceber o rumo que os acontecimentos es-

arma na minha testa. Ele mantinha uma

tavam tomando, foi contra o casamento,

aparência calma, fria. Eu gritava e cho-

o que resultou em uma agressão física

rava muito. Mas ele não conseguiu ati-

ao patriarca. Após términos e voltas, in-

rar. Nesse momento, ele ficou nervoso,

sistências e perdões uma gravidez veio

agressivo. E para tentar acalmá-lo, eu

como uma esperança de renovação. O ca-

dizia que estava passando uma borra-

samento no civil foi realizado, alimentan-

cha no passado e que queria ele de volta.

do um sonho que já havia se dissipado.

Que eu o amava e até pedi perdão. Por

PESADELO – “Com quatro meses

fim, disse que eu iria para casa arrumar

convivendo juntos, o que era para ser

as roupas e nosso filho e avisar para a

mil maravilhas, na verdade foi um ter-

família que eu estava voltando com ele

ror. Ele saia e passava a noite fora, não

e, dessa vez, para sempre. Depois que

me deixava sair. Tomou a minha chave

ele me deixou em casa, foi a última vez

de casa, cortou o fio do telefone, me to-

que nos viu. Eu dormi em minha cidade

É o nome utilizado a um estado psicológico em que o indivíduo, submetido a um tempo longo de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo amizade e amor pelo seu agressor. Isso pode acontecer com pessoas que passaram por sequestros, mas também com casos de agressões entre casais, maus tratos de idosos, entre outros. NOME - A origem vem do Assalto de Norma- mstorg, que durou seis dias em 1973 na cidade de Estocolmo, capital da Suécia. As vítimas defenderam os sequestradores, em vez de julgá-los ou de procurarem as autoridades.

FCSAC/UNIVAP ANO 16, EDIÇÃO 1 2014

| 13 |


e não amanheci. Fugi com a proteção do meu pai, até receber os passaportes.” Fernanda mora na Austrália há cinco anos e teme voltar à sua cidade natal. Ao ser questionada sobre o novo relacionamento, ela respondeu: “não é o amor da minha vida, mas sim uma pessoa que me ama”.

Casos famosos NATASCHA KAMPUSCH, 2006 Natascha, com dez anos idade, vivia na Áustria em 1998 e desapareceu quando estava a caminho da escola. Oito anos depois, a adolescente conseguiu escapar do sequestrador. A jovem ressaltou que sua vida não foi ruim, apenas incomum. “Minha juventude foi bastante diferente. Mas também evitei diversas coisas, não comecei a fumar ou beber, ou a andar em más companhias”. PATRÍCIA ABRAVANEL, 2001 A filha de Sílvio Santos passou pelo trauma de um sequestro de sete dias. Após ser libertada, Patrícia surpreendeu a imprensa nacional com suas declarações. Ela sempre demonstrava afeto aos sequestradores durantes suas entrevistas. PATRÍCIA HEARST, 1974 A jovem passou por um sequestrou durante um assalto a banco, situação complicadas para qualquer garota. Para a surpresa de todos, após a libertação do cativeiro, a jovem passou a viver e ser cúmplice de seus raptores.

| 14 |

FCSAC/UNIVAP ANO 16, EDIÇÃO 1 2014

LOUCAS DE AMOR No livro “Loucas de Amor” são retratadas histórias de mu-

Foca: Em algum caso você identificou a Síndrome de Estocolmo?

lheres que se apaixonaram e se

Gilmar: O maníaco do parque

envolveram com serial killers e

(caso conhecido no Brasil: maníaco

criminosos sexuais. Algumas das

estuprava e matava as vítimas) foi o

entrevistadas da obra sofriam de

que mais me chamou a atenção. Era

Síndrome de Estocolmo.

Síndrome de Estocolmo porque ela

De maneira receptiva, o autor do livro, Gilmar Rodrigues, acei-

dizia que não tinha medo, ela tinha uma obsessão por ele.

tou ceder uma entrevista ao Foca Foca: O que caracteriza essas

em Foco.

vítimas? Foca: Por que esse tema des-

muito sofrimento, as vítimas tiveram

pertou seu interesse? Gilmar

Rodrigues:

Gilmar: Uma história de vida de

Meu

um relacionamento ruim na infân-

primeiro contato foi lendo a nota

cia, uma convivência familiar instá-

de um jornal sobre a história do

vel. A parte efetiva não é saudável.

maníaco do parque, que foi bem conhecido na época. O maníaco recebeu várias cartas de amor,

Foca: Essa pesquisa mudou sua visão de mundo?

quando eu li aquilo eu pensei: será

Gilmar: Mudou, comecei a ver o

que isso é possível? A partir daí

mundo de outra forma. Dá um certo

resolvi pesquisar sobre o assunto,

desencanto. Por isso, deixo um reca-

pois pra mim era um fenômeno

do para os alunos que fazem jorna-

inacreditável.

lismo: Façam tudo ao contrário do que a vida faz! Defendam o jornalis-

Foca: Qual foi abordagem utilizada?

As mulheres aceita-

ram falar sobre isso? Gilmar: Nem todas. Quando são assassinos em série, os serial

mo de pesquisa, de todos os lados, o jornalismo que aproxima as várias fontes, o jornalismo que busca em livros. Façam matérias com aprofundamento, que gerem discussões.

killers, elas levam um tempo para falar. O mais fácil foram às presidiárias.

*Gilmar Rodrigues é formado em jornalismo e, atualmente, trabalha como roteirista da Globo em programas infantis e de humor.


MAZELAS SOCIAIS Existe uma história atrás de cada morador de rua

INVISÍVEIS

de trabalho que o ameaçava. Após sair da prisão, não encontrou amparo nos familiares e se viu sem suporte de um Estado que não dá oportunidades a ex-detentos. “Ninguém está livre disso”, ressalta, com a voz calma, referindo-se à situação que o levou a morar na rua.

POR FERNANDA NASCIMENTO, MARIA THERESA FERREIRA E RICARDO MIGUEL

Pessoas como Francisco deram origem a uma página com mais de 100 mil

Muitas vezes invisíveis aos olhos e

José dos Campos aponta que a maioria

curtidas no Facebook, o SP Invisível. Vi-

tratados como sub-humanos, eles ocu-

deles teve seus vínculos familiares in-

nicius Lima, um dos criadores da página,

pam as ruas das cidades e vivem às cus-

terrompidos, sucumbiram ao desem-

explicou: “Pensamos em contar histórias

tas do que os pedestres querem dar ou

prego ou têm problemas com substân-

de moradores de rua, uma vez que invisí-

do que o Estado tem a oferecer.

cias psicoativas.

vel não é a pessoa, mas sua história. Mui-

Alguns desses indivíduos têm his-

SEM DESTINO – Francisco de

tos até veem o morador de rua, mas só

tórias que são longínquos relatos de vi-

Jesus, 41 anos, é uma dessas pessoas.

veem o seu ‘hoje’, não veem seu passado”.

das que parecem ser de outras pessoas.

Nunca frequentou a escola, prestou

Sobre o tratamento do Estado com

Porém, são histórias reais de homens

serviço militar, trabalhou em um sítio

os moradores de rua, Vinicius afirmou

e mulheres que, por algum desalento

em São Francisco Xavier e está na rua há

“tem uns programas legais, porém,

do destino, foram parar nas ruas, suas

cinco anos. Ele não mostra resistência

acredito que muitos programas estão

“novas casas”.

em contar sua história, mas está perdido

muito engessados e pecam muito já no

Na Praça da Igreja Matriz, em São

em datas e memórias que pareciam es-

começo por achar que o cara pode sair

José dos Campos, pedestres passam

quecidas. Enquanto fala, mantém o olhar

da rua só pelo trabalho. Acho que o bu-

sem perceber a presença de um senhor

sempre atento aos policiais que estão de

raco é bem mais embaixo do que sim-

sentado, de cabeça baixa. Ele conta

guarda poucos metros à frente dele.

plesmente um problema financeiro.”

uma história que há muito está perdi-

Ex-presidiário, Francisco cumpriu

Ao ver um morador de rua, ligue

da no tempo. Os barulhos do cotidiano

pena de seis anos por homicídio. “Era

para o disque denúncia do COI (153),

fizeram o nome dele ficar perdido entre

ele ou eu”, conta. Em uma briga no últi-

oferecido pela prefeitura de São José

as palavras que se repetiam sem sen-

mo emprego, atacou a facadas o colega

dos Campos, para ajudá-lo. FOTO: FERNANDA NASCIMENTO

tido. Em São José desde 1965, ele não soube precisar há quanto tempo está na rua, mas disse que ainda anseia pelo dia que conseguirá voltar a Fortaleza, sua terra natal. Atualmente, segundo dados do último censo realizado em 2008 pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, há 32 mil moradores de rua no Brasil. Pessoas que vivem à margem da sociedade e do convívio social por diversos motivos. Entre os principais motivos para essas pessoas viverem nas ruas, a Secretaria de Desenvolvimento Social de São

FCSAC/UNIVAP ANO 16, EDIÇÃO 1 2014

| 15 |


BEM ESTAR Engana-se quem pensa que corpo ideal é sinônimo de métodos cirúrgicos e dietas malucas. POR AGDA OLIVEIRA E PALOMA SAMPEDRO

ROTINA CRONOMETRAD DIETAS E SAÚDE Quando se fala em corpo ideal ou corpo perfeito, o que se passa na cabe-

Mas a academia mesmo, só foi en-

tão famoso e conhecido “fechar a boca”.

trar em sua vida quase um ano e meio

Isso era antes da moda fitness invadir o

depois. Ele afirma que o que o ajudou a

pensamento e ritmo de muitas pessoas.

emagrecer dos 13 anos em diante foi a

A proposta reúne o útil ao agradável. É

fase de crescimento, que é quando a pes-

possível auxiliar boa forma, alimentação

soa dá aquela famosa esticada, e ajuda

e saúde. É nessa rotina cronometrada

no processo.

que as pessoas buscam métodos saudá-

“Eu passei dos 84 kg para os 68 kg,

veis, com boa alimentação balanceada,

foram 16 kg perdidos em um ano. No

práticas de exercícios físicos e até mes-

começo, foi só alimentação, eu também

mo superação.

jogava bola, mas foi mais a alimentação mesmo.”

22 anos, estudante de Educação Física

Com 15 anos quando resolveu entrar

da Univap e personal trainer. Ele con-

na academia, ele passou dos 68kg para

ta que nunca foi tão magrinho, mas, a

78kg. Mas a diferença de peso foi trans-

partir dos 11 anos, ele começou a ganhar

ferida para ganho de massa e músculo.

um pouco mais de peso. Entre os 13 e

“Entrei na academia mais por con-

14 anos, ele já estava pesando 84kg. Foi

ta própria mesmo, para melhorar. Eu

quando começou a ficar com vergonha

emagreci, mas ficou aquele corpinho

de seu peso e resolveu começar pelo bá-

meio feio. Queria uma coisa mais boni-

sico: a diminuição da comida.

tinha. Agora, já tenho esse peso de novo

“Eu já não estava muito bem comigo,

(84 kg). Só que é totalmente diferente.

não estava muito satisfeito, aí chegou

Transformei a gordura em músculo e

essa época do interesse das meninas,

cresci uns 20 cm nessa fase, então aju-

do acampamento que costumava ir. An-

dou”, afirmou.

tes de chegar, eu já estava ficando meio

Douglas também conta que no co-

grilado, com vergonha, é uma sensação

meço o processo acabou sendo um pou-

bem ruim. E, realmente, quando che-

co fácil por conta dele sempre estar fora

CRÉDITO DA FOTO

FCSAC/UNIVAP ANO 16, EDIÇÃO 1 2014

Piñero.

ça das pessoas? A resposta é unânime, o

E esse é o caso de Douglas Piñero de

| 16 |

gou, eu fiquei com vergonha”, afirmou


CRÉDITO DA FOTO: PALOMA SAMPEDRO

Douglas Piñero, 84kg hoje

DA, E jogando bola, então não estava perto quando sua mãe resolvia pedir as tão gostosas guloseimas. “Nunca fui um gordinho sedentário, sempre pratiquei exercícios, jogava bola desde os quatro anos de idade, mas sempre tive um peso a mais.” MEDO – A preocupação de voltar a engordar ainda existe por conta de uma

passo fome. Acredito que, hoje, como

é só coisa para marombeiro, e sim para

até melhor do que antes. Carne e prote-

quem quer cuidar da saúde”. Ele ressal-

ína não podem faltar de jeito nenhum.”

ta que está com a sua academia há dois

certa tendência ao efeito sanfona (ema-

PESQUISA – Uma pesquisa divul-

grece e engorda em curto espaço de tem-

gada pelo Ministério da Saúde no início

po). “Essa é uma preocupação sempre

do mês, indica que 33,8% dos brasileiros

“Vejo o aumento na procura da es-

presente. Eu tento comer sempre pouco

praticam algum tipo de atividade física

colha fitness, o que é uma coisa muito

carboidrato e coloco mais proteína na

regularmente, o que representa um au-

positiva para todos, não só pela estética,

minha alimentação, uma vez que ela é

mento de 12,6% nos últimos cinco anos.

mas pela saúde e qualidade de vida, que

essencial.”

O estudo Vigilância de Fatores de Risco

são os pontos principais que englobam

Hoje, ele continua mantendo a sua

e Proteção para Doenças Crônicas por

o mundo hoje, onde a maior queixa é o

rotina de exercícios e alimentação e,

Inquérito Telefônico (Vigitel) aponta

estresse causado pela vida ritmada”, diz

como um bom profissional, faz tudo da

ainda que a prática de exercícios em aca-

ele. O profissional afirma que é impor-

forma mais simples e saudável.

demias foi a que mais cresceu no país.

tante cuidar da saúde e que apesar da dar

anos, mas que já trabalha nesse ramo, um pouco mais de seis anos.

“Atualmente, treino todos os dias.

De acordo com o empresário e pro-

Por conta da correria, só consigo treinar

fessor de Educação Física, Renato

No município de São José dos Cam-

de 30 a 40 minutos, diariamente. Faço

Willians Jr, de Jacareí, o físico ideal está

pos, cerca de 120 academias privadas

a alimentação correta e saudável, aque-

na satisfação do indivíduo com a esté-

são registradas na região com propósi-

la famosa de 3 em 3 horas. Se não como

tica do seu corpo. Com a evolução das

to de atender a procura de alunos com

no horário certo, sinto-me mal”, afirma

pesquisas em prol do condicionamento

interesse de melhorar a estética e como

Douglas. “Como eu gasto muita energia,

físico, elas comprovam que a teoria faz

resultado beneficiar a saúde por meio

tenho que comer um pouco mais para

jus à prática. “A procura aumentou logo

de uma rotina com séries de exercícios

suprir minhas necessidades nutricio-

após a mídia divulgar pesquisas e resul-

acompanhada de uma alimentação nu-

nais. Se eu comer o que comia antes,

tados comprovados que a academia não

tritiva e balanceada.

trabalho, a área fitness é algo rentável.

FCSAC/UNIVAP ANO 16, EDIÇÃO 1 2014

| 17 |


NOTAS MUSICAIS Não é preciso sair do interior para alavancar a carreira POR RAFAEL FREITAS

TODO ARTISTA TEM DE IR AONDE O POVO ESTÁ músicos na pequena cidade de Pirenó-

quência na capital, mas fora essa facilida-

polis, no interior de Goiás. No entanto, o

de resta apenas o marketing e o glamour

sucesso alavancou quando enfim se mu-

de dizer que mora na “cidade grande”.

ACERVO PESSOAL

daram para a cidade de São Paulo.

OPORTUNIDADES – Atualmente,

É notório que a “grande cidade das

o mercado está se ampliando cada vez

oportunidades” abre muitas portas para

mais aqui no Vale. Com o avanço da tec-

os músicos iniciantes, porém há outros

nologia e a facilidade de poder produzir

que seguem o caminho na contramão,

e gravar o disco sem sair de casa, muitos

como é o caso do cantor Peleco, de São

novos nomes surgiram nas paradas de

José dos Campos.

sucesso. O grande desafio que os artis-

A frase que dá título a esta matéria,

Peleco iniciou a carreira artística em

tas da região sofrem é: como conseguir

música interpretada por Milton Nasci-

1990, cantando e tocando bateria nos ba-

atrair um público que admira apenas o

mento em 1981, de tão tocada, tornou-se

res e restaurantes da região. Aos poucos

que vem da capital e que a cada dia está

roteiro e a referência de toda pessoa que

seus trabalhos iam ganhando mais con-

mais disperso?

imagina ser um grande artista. A neces-

sistência e reconhecimento. Durante o

Segundo estudos publicados pelo

sidade de ir para uma cidade de oportu-

trajeto, o cantor percebeu que não havia

Centro Nacional de Biotecnologia dos

nidades, ampla visibilidade e promissor

a necessidade de se mudar para São Pau-

EUA, a capacidade de atenção – o tempo

caminho artístico fez com que jovens que

lo para “alçar voos mais altos”, nem de

em que cada pessoa consegue se concen-

sonham em se tornar artistas abandonas-

ter que procurar por grandes nomes ou

trar em algo até ter a atenção desviada

sem sua cidade natal e migrassem para as

profissionais renomados que pudessem

para outra coisa – caiu em 2013 de 12 se-

grandes capitais, em busca do tão sonha-

auxiliá-lo nessa caminhada. “Nunca me

gundos para 8 segundos.

do estrelato.

pluguei nessa questão. As coisas foram

Apesar das dificuldades e da falta de

O filme “2 Filhos de Francisco” con-

acontecendo naturalmente, sempre achei

mão-de-obra qualificada tecnicamente,

ta muito bem esse caminho de sair do

que São José tinha bons profissionais e

os artistas regionais têm encontrado o

interior e partir para a capital em busca

ainda têm”, afirma o cantor.

“seu lugar ao sol”. Nesse caminho existi-

da carreira artística. Lançado em 2005 e

De fato, São José dos Campos é berço

rão diversos obstáculos, mas nada é im-

baseado na vida da dupla sertaneja Zezé

de grandes nomes da música nacional e

possível. Peleco deixa ainda um recado

Di Camargo e Luciano, o filme conta a

internacional, mas em uma cidade como

para quem quer se aventurar na carreira

história dos irmãos Mirosmar e Emival

São Paulo, o reconhecimento, às vezes,

artística: “faça tudo com amor e, prin-

(que faleceu), conhecidos como Camar-

torna-se ainda maior. Peleco reconhece

cipalmente, com conteúdo, pois o que é

go e Camarguinho, que tiveram muitas

que o acesso à informação e as grandes

bom permanece, já o que não tem conte-

dificuldades em começar a carreira como

oportunidades aparecem com maior fre-

údo torna-se apenas dinheiro”.

| 18 |

FCSAC/UNIVAP ANO 16, EDIÇÃO 1 2014


REDES SOCIAIS Lucrar com as fotografias tiradas no dia a dia é cada vez mais possível e tem se tornado uma profissão de sucesso para os chamados instagrammers. POR GABRIEL NASCIMENTO E PEDRO LUVIZOTTO

GANHAR DINHEIRO NO INSTAGRAM É POSSÍVEL

Criado e lançado há 5 anos, o Insta-

dá pelas postagens e incentivos às ami-

marcas de olho em pessoas famosas na

gram é utilizado por milhões de usu-

gas e, também, rapazes. Muita gente

rede social e que querem vincular sua

ários no mundo todo e se tornou uma

gosta do que eu escrevo: curtem, co-

imagem ao perfil.

das maiores e principais redes sociais

piam, compartilham e isso gera visibi-

para compartilhar fotografias. Além de

lidade”, explica Thyssen.

interação entre os usuários, muitos têm lucrado com esta mídia social.

que carrega milhares de seguidores no

RENTÁVEL – Com toda sua creconquistada

agora,

Instagram é o Blog da Jé (@blogdaje),

ela

da joseense Jéssica Gomez. Com 145 mil

Diversas empresas têm criado apli-

também é responsável por manter a

seguidores (dado também extraído no

cativos destinados exclusivamente às

imagem de empresas e marcas que

dia 16/4/2015), a instagrammer, que en-

vendas nessa rede social, que permi-

patrocinam seus posts

trou na rede social há três

te que os usuários comprem produtos

que aparecem para 454

anos, destaca a principal

pelo celular. O potencial desse tipo de

mil seguidores de sua

vantagem e desvantagem.

investimento é enorme, podendo au-

página (dado extraído

“A maior vantagem é

mentar o faturamento em até 41%, de

no dia 16/4/2015).

acordo com uma pesquisa realizada em

dibilidade,

SUCESSO LOCAL – Outro perfil

conhecer muita gente do

A mulher que de

2015 pelo Instituto Brasileiro de Inteli-

sedentária

a

riamente e palavras que

gência de Mercado (Ibramerc).

malhar quase que 30

me inspiram a continuar!

Não só é possível ganhar dinheiro

passou

bem, receber carinho dia-

horas semanais, con-

A instagrammer Jéssica Gomez

A pior parte é que a liber-

com o Instagram, como existem diver-

ta que na maioria de suas publicações

dade é menor. Você tem sempre que pen-

sas formas de se fazer isso. Um perfil na

aparece marcas de roupas para ginás-

sar mil vezes antes de postar, ver se não

rede social de fotos é como um progra-

tica, comidas, bebidas saudáveis, entre

há a possibilidade de interpretarem erra-

ma de televisão: se tiver audiência, vai

outros itens, tudo isso patrocinado. São

do, etc!”, diz ela.

ter gente querendo investir um dinheiro ali. Como é o caso da blogueira Adriana Thyssen (@blogdadrika), de 35 anos, de Uberlândia, interior de Minas Gerais. Adriana pesava 107kg e, depois de muito sofrer, decidiu adotar uma vida saudável. E é no Instagram que a assistente contábil mostra seus resultados

O Instagram em números Fonte: pesquisa encomendada pela Samsung, na Inglaterra

300mi 8,5K DE USUÁRIOS

LIKES POR SEGUNDO

1K

COMENTÁRIOS POR SEGUNDO

lucrativos. “Acredito que a minha influência se

FCSAC/UNIVAP ANO 16, EDIÇÃO 1 2014

| 19 |


PING-PONG Com um currículo bem diversificado, a jornalista Clarissa Lyra-Salles, correspondente de cinema da Globo News em Nova Iorque, conta sua trajetória (cheio de carimbos no passaporte) até chegar ao link ao vivo da emissora POR ELISA VEECK

UMA BRASILEI ESTRANGEIRA Foca: Onde você cursou jornalismo

giários¨. Inscrevi-me e fiz uma prova de

e outras coisas mais antes de chegar em

conhecimentos gerais. Fui super bem,

Nova Iorque?

mas não passei pra vaga que havia. Segui

Clarissa: Eu nasci no Rio, tenho 36

o conselho de um amigo e liguei no RH

anos e fiz jornalismo na Facha (Faculda-

dizendo que eu continuava interessada.

des Integradas Hélio Alonso). No meio da

É importante mostrar interesse e insistir.

faculdade eu fiz um intercâmbio com uma

Um tempo depois apareceu uma oportu-

faculdade da Espanha. Voltei, terminei a

nidade lá dentro para o Canal Brasil e eu

graduação e fui para Paris - onde traba-

entrei. Aprendi a editar, escrever, fazer

lhei ¨freelando¨ em jornalismo e até com

grade de programação... Foi uma escola!

assessoria de imprensa de estilistas bem conhecidos, como Yves Saint Laurent.

Foca: Como surgiu a oportunidade de produzir a coluna Pré-Estreia no ca-

Foca: Você conhece São José?

nal Globo News?

Clarissa: Já fui muito para São José,

Clarissa: Depois na Globo eu passei

adoro a cidade! Minha família tem gran-

4 anos em Paris. Foi quando trabalhei fa-

des amigos aí. Um deles é a estilista

zendo freelas para radio França-Brasil e

Emannuelle Junqueira.

depois assessoria de imprensa em moda. Quando eu voltei ao Rio, voltei pra Globo-

Foca: Onde foi seu primeiro estágio?

sat, mas senti vontade de fazer uma pós

Clarissa: Foi na rádio Tupi do Rio

e escolhi NY. Eu queria trabalhar, então

antes de ir para Madrid. Eu comecei

avisei aos colegas do Rio que eu poderia

atendendo telefone. Depois fui para pro-

enviar conteúdo de Nova Iorque. Comecei

moções, produção... Na verdade eu mais

a colaborar com canais da Globosat e com

paguei do que recebi (risos). Gastava toda

o G1. Quando eu comecei a fazer cinema

grana para voltar de taxi já que a rádio

para o site, o pessoal do Globo News viu e

ficava entre favelas e à noite não tinha

gostou. Pensaram em fazer a coluna, con-

ônibus por causa do perigo. Mas foi muito

versamos e topei!

bacana. Às vezes é preciso investir. Foca: Como entrou para a Globo?

| 20 |

FCSAC/UNIVAP ANO 16, EDIÇÃO 1 2014

Foca: Como é a sua rotina? Clarissa: Em NY o estúdio fica aqui

Clarissa: No mural da faculdade

no bairro de Tribeca. Eu não vou todos os

tinha um ¨Globo está recrutando esta-

dias, mas sexta é obrigatório, já que entro


RA

Entrevistando a atriz Andrea Riseborough no lançamento do filme Birdman

ao vivo no jornal das 10h. Quando viajo gravamos ou fazemos via “santo” Skype. Foca: Você deve viajar muito para produzir sua coluna de cinema, não é? Clarissa: Sim, muito. Essa época do

NY e é sempre a mesma. Helen Mirren,

na barriga... mas a prática é a melhor

ano (março) é mais calma, mas em ou-

Julienne Moore, Cate Blanchett e Kate

coisa. Hoje já é bem tranquilo.

tubro começa a temporada de prêmios e

Winslet também nunca decepcionam

toda a correria rumo ao Oscar. Vou muito

pela atitude.

para Los Angeles o ano todo. O ritmo é cansativo, mas a troca é incrível. Foca: Já que você entrevista muitos atores, deve ter várias curiosidades so-

Foca: Muito obrigada por esse papo, ligando Nova Iorque a São José dos

Foca: Você entrevista muita gente

Campos. Qual recado você deixa aos es-

que os amantes do cinema adorariam

tudantes da UNIVAP e, principalmente,

conhecer. Tem algum ator que não curte

aos de jornalismo?

falar com a imprensa?

Clarissa: A gente tem que estar liga-

Clarissa: Tem uns atores que são

do no que acontece no mundo em geral

Clarissa: Quando me perguntam:

mais difíceis, mas, vai muito do dia, sabe?

e tem que cavar as oportunidades, sabe?

¨O Tom Cruise é baixinho?¨... Eu digo

Bruce Willis é uma pessoa difícil porque

Muitos como a Joana Calmon são exem-

não, não é tão baixinho. Ele é mais alto

ele não gosta de dar entrevista. É sempre

plos (jornalista ex-correspondente da

que eu. E eu tenho 1,64. E dai me dizem:

um suspense. Mas eu tive sorte nas duas

Globo News na França): não existia a vaga

¨Olha pro sapato dele, tem um saltinho!¨

vezes que o entrevistei.

de correspondente em Paris no canal, as-

bre eles! Conta alguma?

sim como a de outros correspondentes

Encontrei com ele outras vezes e esqueci de olhar (risos). Já o Daniel Radcliffe (de HarryPotter) é bem baixinho mesmo.

Foca: Não bate um frio na barriga

que estão fora. Essas pessoas correram

na hora de entrevistar alguns atores-ce-

atrás, gravaram um piloto, produziram

lebridades?

ou escreveram uma matéria. Não se pode

Foca: E das atrizes, quem você esco-

Clarissa: Eu lembro que uma das

desistir se essa é uma vontade. É impor-

lheria como uma mulher elegante, boni-

primeiras pessoas que entrevistei foi o

tante também não deixar o ego afetar a

ta, gentil...?

Denzel Washington e ai fiquei nervosa.

profissão. Jornalista não é celebridade.

Clarissa: Tem umas pessoas que

A Oprah (apresentadora) foi outra. Está-

Jornalista tem que estar à disposição de

são incríveis. A Uma Turmann é uma

vamos em uma premiere e quando vi ela

qualquer notícia, precisa ter conteúdo,

mulher impressionante. Ela é ainda mais

parou na minha frente. Eu rapidamente

deve provocar, tentar mostrar a realidade

bonita pessoalmente. É superelegante,

peguei o microfone e fiz uma pergunta.

e, sobretudo, fazer refletir! Esse deve ser o

simpática. Já a encontrei na rua aqui em

Repórter tem que ser rápido. Dá um frio

objetivo maior!

FCSAC/UNIVAP ANO 16, EDIÇÃO 1 2014

| 21 |


CONSUMIDOR Consumidores insatisfeitos utilizam a internet para reaverem seus direitos POR ERICK SPROVIERI, FELIPE KYOSHY E LUCAS DE ABREU

Poucos dias depois da queixa, a loja

SOLUÇÃO NA WEB

entrou em contato com a consumidora para solucionar o problema. “Foi muito prático, rápido e eficaz, a reclamação no site surtiu o efeito desejado”, afirmou. Em nota, a loja comunicou que este tipo de atendimento e o encaminhamento do consumidor a uma solução é o procedimento padrão. Afirmou, também, que sempre monitora as redes so-

Reclame Aqui: Os Números Fonte: Reclame Aqui

90K

EMPRESAS CADASTRADAS

ciais e os sites de reclamações, visando eficiência nas resoluções de problemas. 100% - Segundo dados do site Re-

2

APENAS, COM 100% DA RECLAMAÇÕES ATENDIDAS

clame Aqui, a empresa com maior eficácia na solução dos casos é a revendedora de peças automotivas Jocar, com 100% das ocorrências atendidas. O ranking ainda coloca a empresa Net Serviços de Comunicação como a instituição que mais recebeu reclamações nos últimos 12 meses, com 80.171 registros durante o período.

DAS 10 EMPRESAS COM MAIORES ÍNDICES DE RECLAMAÇÕES REGISTRADAS NOS MESES DE MARÇO E ABRIL DE 2015, 5 SÃO DO RAMO DE TELEFONIA

Após a reclamação, o consumidor ainda pode qualificar a empresa e apontar se voltaria ou não a fazer negócio após a resolução do problema. Neste

Atualmente, a internet é a principal

competente para notificar algum pro-

quesito, Cartões Submarino lidera. Se-

ferramenta de uso de todas as pessoas

blema, relatam o caso no site, na qual

gundo o site, 99,9% das pessoas que re-

em todas as partes do planeta. A rapi-

a reclamação fica mencionada na pági-

clamaram da empresa falam em voltar

dez e a praticidade fazem com que todos

na da empresa e outras pessoas podem

a fazer negócio. O site também expõe o

busquem este caminho, sendo também

visualizar e comentar sobre a situação.

ranking das empresas mais reclamadas do dia e da semana.

utilizado para resolver muitos proble-

Um exemplo é o da professora Ali-

mas, como por exemplo, reivindicar o

ne, de 27 anos, que fez uma compra

O diretor do Procon de Jacareí, Ru-

direito do consumidor. Um dos princi-

nas Lojas Renner em um shopping de

berci Batista de Morais, aprova o site

pais canais utilizados é o site Reclame

São José dos Campos. A consumidora

Reclame Aqui e incentiva a população

Aqui que recebe diariamente milhares

não se satisfez com a posição dada pelo

utilizar essa ferramenta. “É um canal

de relatos de consumidores que procu-

vendedor da loja física, que se recusou

que tem ajudado muito os consumido-

ram solução para algum problema em

a trocar a peça de roupa que tinha com-

res na hora de decidir pela compra, mes-

relação à compra, aos serviços.

prado dias antes. “Então fui procurar

mo não sendo um órgão oficial. Este site

A ferramenta foi criada no início dos

meus direitos”, disse ela. Em seguida,

trabalha de forma conciliadora entre os

anos 2000, cresceu com a internet e ga-

expôs toda a situação na página da em-

reclamantes e empresas”, disse ele.

nha muita força a cada ano e virou uma

presa nas redes sociais e se cadastrou

O Procon de Jacareí tem conseguido

verdadeira referência na área. Muitos,

no site Reclame Aqui para formalizar a

resolver cerca de 80% das reclamações

antes mesmo de procurar um órgão

reclamação.

pleiteadas a favor do consumidor.

| 22 |

FCSAC/UNIVAP ANO 16, EDIÇÃO 1 2014


LAVAR O CARRO COM MANGUEIRA: 600L DE ÁGUA EM 30 MIN

ECONOMIA DE ÁGUA, ESCOLHA O MELHOR CAMINHO:

UMA TORNEIRA PINGANDO PODE DESPERDIÇAR 16 MIL LITROS DE ÁGUA POR ANO.

UM BANHO DE CHUVEIRO ELÉTRICO, DE 15 MIN, CONSOME 94 LITROS DE ÁGUA.


CADA DESCARGA GASTA, EM MÉDIA, 9L DE ÁGUA

UMA MÁQUINA DE LAVAR ROUPA (5KG) GASTA 135 LITROS POR CICLO.

RESERVATÓRIO

GAME OVER! SUA PROCURA FOI PELO RALO.

ÁGUA NÃO É BRINCADEIRA, REVEJA SEUS HÁBITOS.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.