Favelização x verticalização: A arquitetura como organismo social

FAVELIZAÇÃO x VERTICALIZAÇÃO:

A ARQUITETURA COMO ORGANISMO SOCIAL

FAVELIZAÇÃO x VERTICALIZAÇÃO:

A ARQUITETURA COMO ORGANISMO SOCIAL

FAVELIZAÇÃO x VERTICALIZAÇÃO:

A ARQUITETURA COMO ORGANISMO SOCIAL

BANCA EXAMINADORA

ABSTRACT The study starts from the investigation between the two main urban phenomena that define the Brazilian metropolis in contemporary times: slum and verticalization. Considering Patrik Schumacher’s concept of autopoiesis in architecture, the role of discipline is studied in relation to the spatial demands of contemporary society. The scenario of specialization of the proposal is the Campo do América Community, where the favelization x verticalization conflict reaches extreme levels. The intention is to propose an architecture conscious of the socio-spatial context in which it is inserted, aligned with the tendency to the dense and multifaceted urban model that has adaptability and responsiveness. Thus, removals are suggested based on health and urban connectivity criteria.

Above the existing housing fabric, it is proposed new housing that obeys a partially constructed organicist spatial distribution, which allows the intervention of future residents (self-construction) and has as its main design criterion the free circulation of air (from the scale of indoor environments). to urban).

The typology of the residential tower is rethought and implemented in a manner connected to the set of existing and proposed dwellings. And, as an integrating point of the new urbanity, a sports and cultural center is proposed, which intensifies the Campo do América program.

Keywords: architecture, favelization, verticalization, contemporaneity, housing.

SUMÁRIO

1. JUSTIFICATIVA ...................................................................................................................................... 10 2. OBJETIVOS DE PESQUISA .................................................................................................................. 12

3. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA ........................................................................................................ 13 4. REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL .............................................................................................. 14

5.0. REFERENCIAL PROJETUAL .............................................................................................................. 32 L’ARCHITECTURE MOBILE

6.0. ANÁLISE DA ÁREA DE INTERVEÇÃO ............................................................................................... 44

7.0. PROPOSTA URBANÍSTICA ................................................................................................................ 52

8.0. PROPOSTA ARQUITETÔNICA ........................................................................................................... 74

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................ 90 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................... 92

1. JUSTIFICATIVA CONCEITUAÇÃO

“A foto da favela de Paraisópolis”.1

¹ Fonte: Tuca Vieira. Disponível em: <https://tucavieira.com.br/A-foto-da-favela-de-Paraisopolis>. Acesso em: abril de 2019.

PROBLEMATIZAÇÃO

INTENÇÃO

2

Expressão cunhada por Herbert Spencer, na senda do darwinismo, para qualificar a sociedade. A sociedade, enquanto organismo social, seria marcada pela evolução, pela diversificação e pela especialização crescente das respetivas parcelas. Spencer utiliza pela primeira vez o conceito em janeiro de 1860, depois da publicação por Darwin de The Origin of Species, de 1859. Aí compara as sociedades feitas pelos homens aos organismos constituídos por células. Adota o evolucionismo quando considera que os organismos sociais, começando por pequenos agregados, vão, progressivamente aumentando e complexificando-se, com o aumento da dependência mútua entre as diversas parcelas. Neste sentido, procura determinar as leis da evolução dos organismos sociais, indicando o princípio da adaptação e o princípio da evolução. Alerta para o perigo do Estado poder interferir no evolucionismo do processo orgânico, quando tem intervenção na atividade dos cidadãos.”

Fonte: Politipédia. Disponível em: <http://www.politipedia.pt/organismo-social/>. Acesso em: maio de 2019.

2. OBJETIVOS DE PESQUISA 2.1. OBJETIVOS GERAIS

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

3. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

4. REFERENCIAL TEÃ&#x201C;RICOCONCEITUAL

Diagrama do referencial teรณrico-conceitual.

4.1. PELA AUTONOMIA DA ARQUITETURA

3

Fonte: Patrik Schumacher. Disponível em: <https://www. patrikschumacher.com/Texts/The%20Autopoiesis%20of%20 Architecture_Introduction%20to%20Vol%201.htm>. Acesso em: junho de 2019.

comunicação,

“A arquitetura (assim como as outras disciplinas de desenho) é um sistema autopoiético separado (dos outros sistemas sociais descritos por Niklas Luhman) na sociedade funcionalmente diferenciada, com seu domínio universal e exclusivo de competência soberano em relação aos outros domínios universais e exclusivos de competência dos outros sistemas autopoiéticos funcionais.”

SCHUMACHER, Patrik. The Autopoiesis of Architecture: A New Framework for Architecture. 1. ed. Chichester: John Wiley & Sons Ltd, 2011. p. 26, tradução nossa.

4

“A necessidade social de um ambiente construído constantemente atualizado - inevitável em uma sociedade que se expande e se transforma de modo relativamente rápido é o primeiro atrativo evolucionário para a cristalização da arquitetura e assim seletor para sua posterior evolução. A teoria da autopoiesis da arquitetura identifica, portanto, a inovação do ambiente construído da sociedade como o principal aspecto da função social da arquitetura.”

SCHUMACHER, Patrik. The Autopoiesis of Architecture: A New Framework for Architecture. 1. ed. Chichester: John Wiley & Sons Ltd, 2011. p. 37, tradução nossa.

5

domínio de competência exclusivo:

Architecture (together with the other design disciplines) is a separate (from the other social systems described by Niklas Luhman) autopoiesis function system within functionally differentiated society, with its own universal and exclusive domain of competency set against the universal and exclusive domain of competency of the other autopoietic function systems. 4

uma relação mais harmonizada entre o homem e o meio.

The societal need for a permanently updated built environment inevitable in a society that expands and transforms relatively rapidly is first the evolutionary attractor for architecture’s crystallization and then the selector for its further evolution. Thus the theory of architectural autopoiesis identifies the innovation of the built environment of society as a defining aspect of architecture’s societal function. 5

a partir da demarcação clara do seu domínio de competência.

sistema social autopoiético,

4.2. O ESPAÇO: SISTEMAS DE OBJETOS + SISTEMAS DE AÇÕES

inseparabilidade entre sistemas de objetos e sistemas de ações

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: Técnica e tempo. Razão e emoção. São Paulo: EDUSP, 2006. p. 65.

AGAMBEN, Giorgio. “O que é o Contemporâneo?” In: O que é o Contemporâneo? e outros ensaios; [tradutor Vinícius Nicastro Honesko]. Chapecó, SC: Argos, 2009.

7

CORTI, Marcelo. “Crise das matrizes espaciais. Reflexões a partir de um livro de Fábio Duarte.”.

Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/04.039/3166>. Acesso em: junho de 2019.

8

e heterogeneidade espacial na organização metropolitana, com a extrema homogeneidade das partes individuais.

4.3. SOBRE A URBANIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA

4.4. SOBRE A FAVELIZAÇÃO a atualização arquitetura

constante

necessidade do discurso

de da

“A contemporaneidade, portanto, é uma singular relação com o próprio tempo, que adere a este e, ao mesmo tempo, dele toma distâncias; mais precisamente, essa é a relação com o tempo que a este adere através de uma dissociação e um anacronismo.” 7

Planeta Favela

a coexistência de uma marcada fragmentação

É desmistificada, assim, a idéia de terra gratuita e desmercantilizada nas favelas,

4.4.1. ORIGENS

Fonte: Jornal O POVO. Fortaleza, capital da miséria e do mocambo. 30 de abril de 1963.

Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural. Disponível em:<http:// enciclopedia.itaucultural.org.br/obra3329/retirantes>. Acesso em: abril de 2019.

Fonte: ALDIGUERI, Camila Rodrigues. Metamorfose da terra na produção da cidade e da favela em Fortaleza.

306f. Tese (Doutorado). Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, 2017.

“1930 marcou o início da ereção de mocambos em F ortaleza. Naquele ano chegaram à ‘cidade grande’ as primeiras levas de sertanejos que iriam edificar barracos nos arrabaldes, coisa até então não existente. Desde então foi o fenômeno aumentando progressivamente, como um maligno câncer. Hoje, decorridos 33 anos, com a cidade contando 720 mil habitantes, somam-se 160 mil favelados, isto é, cerca de 1/3 do total de pessoas. A proporção apontada pelas pesquisas é de um favelado em cada três habitantes. Isso espraiado por todos os bairros estendidos pelos recantos mais anti-higiênicos, caracterizando pela indigência e anulação das condições normais da vida de qualquer ser humano.” 9

Retirantes. Cândido Portinari,

4.4.2. A GEOMETRIA DO CONTROLE12

“Blocos estreitos e monolíticos de Pruitt-Igoe.”

Fonte: Nikos A. Salingaros, David Brain, Andrés M. Duany, Michael W. Mehaffy & Ernesto Philibert-Petit. Habitação social na América Latina: geometria do controle.

Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/913584/ habitacao-social-na-america-latina-geometria-do-controle>.

Acesso em: junho de 2019.

12

Fonte: United States Geological Survey. Disponível e m:<h t t p s://c om m on s .w i k i m e d i a .or g/ w i k i/ Fi l e:P r u i t t Igoe_1968March03.jpg>. Acesso em: maio de 2019.

13

Fonte: MARICATO, Ermínia. Autoconstrução, a arquitetura possível. In: MARICATO, Ermínia (org). A produção capitalista da casa (e da cidade) no Brasil industrial. São Paulo. Editora Alfa-Ômega, 2ª ed., 1982, p. 71-93.

14

o predomínio de uma geometria rígida e mecânica, que padroniza tanto os edifícios individuais quanto os espaços urbanos.

por parte do morador,

é por meio da autoconstrução que a população excluída dos processos centrais resolve o problema da habitação.

4.5 SOBRE A VERTICALIZAÇÃO

possibilidade de conectar essas estruturas e padrões socioespaciais,

um estado evidenciado da interferência pura e essencialmente rudimentar do capital na produção do espaço,

4.4.3. A POSSIBILIDADE DA AUTOCONSTRUÇÃO 14

sentidos

favorece a construção dos de identidade e apropriação

“Fueled initially by the thoughtless energy of the purely quantitative, Bigness has been, for nearly a century, a condition almost without

thinkers, a revolution without program. […]

1. Beyond a certain critical mass, a building becomes a Big Building.

Such a mass can no longer be controlled by a single architectural gesture, or even by any combination of architectural gestures. This impossibility triggers the autonomy of its parts, but that is not the same as fragmentation: the parts remain committed to the whole.

2. The elevator, with its potential to establish mechanical rather than architectural connections - and its family of related inventions render null and void the classical repertoire of architecture.

Issues of composition, scale, proportion, detail are now moot. The “art” or architecture is useless in Bigness. […]

4. Through size alone, such buildings enter an amoral domain, beyond good or bad. Their impact is independent of their quality.

5.

Together, all these breaks with scale, with architectural composition, with tradition, with transparency, with ethics - imply the final, most radical break: Bigness is no longer part of any urban tissue.

It exists; at most, it coexists. […]” 15

Fonte: KOOLHAAS, Rem. Bigness (or the problem of large), in: Small, Medium, Large, Extra-Large. New York: Monacelli Press, 1995. p. 499.

15

Fonte: HISSA, Marina Cavalcante. Operações urbanas consorciadas: o caso na implantação de shoppings centers em Fortaleza. Marina Cavalcante Hissa. – Recife, 2017.

16

Fonte: SILVA, José Borzacchiello da. Quando os incomodados não se retiram: uma análise dos movimentos sociais em Fortaleza. Fortaleza: Multigraf Editora, 1992.

17

cria uma condição de coexistência entre o edifício e o tecido urbano, num estado de isolamento com profundos impactos na dinâmica socioespacial da cidade.

4.5.1. LEGISLAÇÃO CONTEMPORÂNEA: AS OPERAÇÕES URBANAS CONSORCIADAS (OUCs)

o aumento no nível de especificidade da intervenção e a possibilidade de exploração de um processo multi-autoral de produção do espaço.

4.6. A FORMA DA CIDADE: A EVOLUÇÃO URBANA DE FORTALEZA

pressupostas relações entre esses dois processos.

A concentração da população operária, a transformação dessa área na mais promissora concentração industrial do Estado, e o posterior surgimento de favelas foram os maiores motivos para que a burguesia que se instalara com suas confortáveis e belas residências no bairro de Jacarecanga, em sua maioria, e, em menor escala no bairro do Benfica, no início da expansão da cidade, elegesse outro espaço onde pudesse se instalar, distante de indústrias e da “presença incômoda” de operários. Assim surge a Aldeota […]. 17

Plano de Sabóia Ribeiro - 1947

A intensificação do processo de verticalização, no Brasil, coincide com a intensificação processo de favelização:

Fonte: ARAGÃO, Francisco Edilson Ponte. Evolução Urbana de Fortaleza. Disciplina de Ateliê VII. Universidade de Fortaleza, 2019.

18

Fonte: SANTOS, Luara Martins de Oliva. Segregação: Impacto social gerado pela verticalização das cidades.

V Congresso em Desenvolvimento Social. Universidade Estadual de Montes Claros, 2016.

19

segregação da população urbanos,

um processo nos espaços

no mecanismo da fragmentação urbana, característica chave da urbanização contemporânea.

4.7. O CAMPO DO AMÉRICA

O Campo do América.

Fonte: PINHEIRO, Abel Táiti Konno. Estratégias de intervenção urbanística no Campo do América. Trabalho final de graduação. Universidade Federal do Ceará: Fortaleza, 2007.

20

5.0. REFERENCIAL PROJETUAL

Trajetรณria da arquitetura.

5.1. YONA FRIEDMANN: L’ARCHITECTURE MOBILE

L’Architecture Mobile La Ville Spatiale

Fonte: Hisour. Disponível em: <https://www.hisour. c o m / p t / p o s t - w a r - m o d e r n - a r c h i t e c t u r e - 2 8 0 3 8 />.

Acesso em: junho de 2019.

21

Fonte: ArchDaily.

Disponível em: <https:// w w w. archd ail y.com.br/br/91188 3/o sdesenhos-mais-representativos- einspiradoresde-yona-friedman>.

Acesso em: junho de 2019.

22

“A Cidade Espacial é um esqueleto estrutural de multicamadas sobre palafitas que podem ser flexivelmente ajustados quando desejado. A estrutura é suportada por colunas (palafitas) colocadas em um intervalo de 40 a 60m em que comportam os acessos e as redes de equipamentos. A base da grelha é um módulo de 6x6m que pode acomodar todos os tipos de funções. […] No esqueleto, todos os tipos de unidades residenciais e de trabalho podem ser montados. Nos espaços entre as unidades, o espaço é livre, arranjado de tal forma a permitir que a iluminação natural alcance o chão embaixo. Os habitantes serão livres para decidir a aparência de suas habitações. Para conseguir uma combinação equilibrada que serviria para evitar conflitos, ele criou um modelo de comunicação. Ele projetou um programa de computador com métodos de escolha para permitir que os futuros habitantes da Cidade Espacial pudessem criar e posicionar os espaços de moradia como quisessem, chamado de Flatwriter. O programa deveria permitir que o habitante conseguisse sucesso no autoplanejamento e que os construtores entendessem a habitação pretendida, sem a necessidade de um arquiteto. Uma Cidade Espacial pode ser montada sobre áreas menos utilizadas em uma cidade, como, por exemplo, ferrovias expressas.

O objetivo é permitir a expansão da cidade dentro de seus limites sem demolir edifícios existentes.”

Fonte: FRIEDMAN, Yona. Principles Ville Spatiale. Disponível em: <http://www.yonafriedman.nl/?page_id=396>. Acesso em: junho de 2019. Tradução nossa.

23

Fonte: Museum of Modern Art - MoMA. Disponível em: <https://www.moma.org/collection/works/104695? artist_ id=8109&locale=en&page=1&sov_ referrer=artist>.

Acesso em: maio de 2019.

24

Fonte: FRIEDMAN, Yona. Mobile architecture: 10 principles of spatial urbanism. Disponível em: <http:// www.yonafriedman.nl/?page_id=351&wppa-album=9&wppaoccur=1&wppa-photo=51>. Acesso em: junho de 2019.

Tradução nossa.

25

A Ville Spatiale is a multilayered structural skeleton (grid) on stilts that can be flexibly adjusted when desired. The structure is supported by columns (stilts) that are situated at an interval of 40-60 meters and which houses the accesses and facility networks. The base of the grid is 6×6 meter module that can accommodate all kinds of functions. […]

In the skeleton all sorts of units for housing and work can be fitted in.

In between there is free space, arranged so, that natural light can reach the ground underneath.

Inhabitants will be free to decide how their dwelling should look.

To get to a balanced combination that would serve to avoid conflicts he invented a model for communication. He designed a program of methods of choice for future inhabitants of the Ville Spatiale to enable them to create and position the living space they wanted, a so called Flatwriter. This program should enable the inhabitant to succeed in self-planning and make it possible for constructors to directly realize the dwellings without the use of an architect.

A Ville Spatiale can be fitted over less used areas in a city, for instance railroad complexes.

The goal is to be able to expand the city

within its boundaries and without demolishing the existing buildings. 23

Spatial City Project (Perspective). Yona Friedman (1958-59).24

PrincĂ­pio 1:

PrincĂ­pio 2:

Princípio 3:

Princípio 4:

Princípio 5:

Princípio 6:

Princípio 7:

Princípio 8:

Princípio 9:

Princípio 10:

Fonte: Cronologia do Pensamento Urbanístico.

Universidade Federal da Bahia. Disponível em: <http:// w w w. c r o n o l o g i a d o u r b a n i s m o. u f b a .b r/ a p r e s en t a c a o . php?idVerbete=22>. Acesso em: junho de 2019.

26

Fonte: Cronologia do Pensamento Urbanístico.

Universidade Federal da Bahia. Disponível em: <http:// w w w. c r o n o l o g i a d o u r b a n i s m o. u f b a .b r/ a p r e s en t a c a o . php?idVerbete=22>. Acesso em: junho de 2019.

27

5.2. METABOLISMO26

adaptabilidade, flexibilidade, multifuncionalidade, e imprecisão.

“Metabolism: A Proposal for a New Urbanism”

Plan for Tokyo: Reorganization:

Toward

a

Structural

Plan for Tokyo: Toward a Structural Reorganization.

Kenzo Tange, discurso no CIAM de Otterloo, 1959:

“Tóquio cresce, mas não há mais terra, por isso tendemos a crescer em direção ao mar... As pessoas se deslocam diariamente ao centro da cidade e devem regressar logo, pela tarde, a suas casas, situadas fora da cidade.

O tempo que o homem médio necessita para esta viagem é de uma hora. (...) Neste projeto, o arquiteto pensa no futuro da cidade. Dividiu-a em dois elementos, um permanente e o outro transitório. (...) O elemento estrutural é concebido como uma árvore - elemento permanente - com as unidades de habitação como folhas elemento temporários - que caem e voltam a brotar segundo as necessidades do momento. Dentro dessa estrutura, os edifícios podem crescer, desaparecer e voltarem a crescer, mas a estrutura permanece.” 28

Fumihiko Maki, Masato Otaka, Kiyonori Kikutake, Kisho Kurokawa e Noboru Wakazoe, 1960:

Fonte: Oscar Newman (Ed.), CIAM’59 in Otterloo, Londres, 1961, p.186, apud BANHAM, Reyner. Megastructure: urban futures of the recent past. London: Thames and Hudson, 1976. p.47 28

Fonte: Metabolism 1960: A proposal for a new urbanism apud THOENES, Christof et al. Teoria da arquitetura: do renascimento aos nossos dias. Tradução Maria Boléo. Lisboa: TASCHEN, 2003. p.776 29

Fonte: JACQUES, Paola Beresntein Jacques. Breve histórico da Internacional Situacionista – IS (1). Disponível em: <http:// www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/03.035/696>.

Acesso em: junho de 2019.

30

“Consideramos a sociedade humana como um processo vivo (...) Não pensamos que o metabolismo significa uma simples aceitação de processos naturais e históricos, procuramos sim favorecer o desenvolvimento metabólico ativo da nossa sociedade por meio das nossas propostas.” 29

5.3. INTERNACIONAL SITUACIONISTA30

Constant Nieuwenhuis, 1959: CIDADE PARA OUTRA VIDA

rapidamente cidades inteiras, erguem-se cemitérios de cimento armado onde grande parte da população está condenada a levar uma vida muito enfadonha. Ora, para que servem as incríveis invenções técnicas do mundo atual se faltam condições para delas tirar proveito, se não conduzem ao lazer, se há carência imaginação?

Desejamos a aventura. Como é difícil encontrá-la na Terra.

Há quem a procure na Lua. Apostamos antes de tudo e sem numa mudança aqui na Terra. Nossa proposta é de nela criar situações, situações novas. Queremos derrubar leis impedem o desenvolvimento de atividades eficazes para a vida e a cultura. Estamos no limiar de uma nova era, imperativo esboçar já a imagem de uma vida mais feliz e de um urbanismo feito para dar prazer.

OUTRA

“A crise do urbanismo se agrava.

A construção de bairros, antigos e modernos, está em evidente desacordo com os mo de comportamento estabelecidos e, mais ainda, com os novos modos de vida que buscamos.

O resultado é a ambiê morna e estéril que nos cerca.

Nos bairros antigos, as ruas transformam-se em auto-estradas, os lazeres são comercializados e deturpados pelo turismo. O relacionamento social torna-se impossível. Os bairros recém construídos apresentam dois temas dominantes: o trânsito de carros e o conforto residencial. São a minguada expressão da felicidade burguesa, esvaziada de qualquer preocupa lúdica.

Diante

da

necessidade

de

construir

Nosso campo de ação é portanto a rede urbana, expressão natural da criatividade coletiva, capaz de compreende forças criadoras que se libertam com o declínio de uma cultura baseada no individualismo.

Julgamos que as a tradicionais não terão vez na criação da nova ambiência em que queremos viver.

Estamos inventando técnicas novas; examinamos as possibilidades que as cidades existentes oferecem; fazemos maqu e mapas para as cidades futuras. Estamos conscientes da necessidade de aproveitar todas as invenções técnicas e sabe que as construções futuras que desejamos precisarão ser suficientemente maleáveis para corresponder a uma no dinâmica da vida, criando nosso ambiente em relação direta com modos de comportamento em constante mudança.

Nosso conceito de urbanismo é portanto social. Opomo-nos à concepção de uma cidade verde, onde aranha-céus isolados devem necessariamente reduzir o relacionamento direto e a

Fonte: Cronologia do Pensamento Urbanístico Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/ obra3329/retirantes>. Acesso em: abril de 2019.

31

Fonte: SCHUMACHER, Patrik. In Defende of Parametricism.

Londres, 2015. Disponível em: <http://patrikschumacher.com/ Texts/In%20Defense%20of%20Parametricism.html>. Acesso em: junho de 2019.

32

“O parametricismo é a resposta da arquitetura aos desafios e oportunidades da era informacional (pós-fordista), assim como o modernismo foi a resposta da arquitetura à era mecânica (fordista). Os desafios que a sociedade informacional pós-fordista propõe à arquitetura têm origem na nova diversidade e interconectividade de todos os processos sociais. A arquitetura precisa encontrar maneiras interconectar espacialmente as diversidades, interligando processos sociais em aglomerações legíveis de alta densidade.” Fonte: SCHUMACHER, Patrik. Parametricism - A New Global Style for Architecture and Urban Design.

Londres, 2008.

Disponível em: <https://www. p a t r i k s c h u m a c h e r . c o m / Te x t s / P a r a m e t r i c i s m % 2 0 %20A%20 New %20 Global%20St yle%20for %20 Architecture%20and%20Urban%20Design.html>. Acesso em: junho de 2019. Tradução nossa.

33

ação comum dos homens. Para que exista uma relação estreita entre ambiente e comportamento, a aglomeração é indispensável.

Quem pensa que a rapidez dos deslocamentos e as possibilidades de telecomunicação vão dissolver a vida em comum das aglomerações não conhece as verdadeiras necessidades humanas. Contra a idéia de uma cidade verde, que a maioria dos arquitetos modernos adotam, lançamos a imagem da cidade coberta, onde o traçado urbano das vias expressas e dos prédios separados foi substituído por uma construção espacial contínua, alteada do solo, que conterá não só grupos de habitações, como também espaços públicos (permitindo modificações de uso segundo as necessidades do momento).

Como todo trânsito, no sentido funcional, passará por baixo ou pelos terraços superiores, a rua é suprimida. Os inúmeros espaços atravessáveis compõem a cidade formam um espaço social complicado e vasto. Não se trata de um retorno à natureza nem da ideia viver num jardim, como faziam outrora os aristocratas solitários; vemos nessas imensas construções a possibilidade vencer a natureza e de sujeitar à nossa vontade o clima, a iluminação, os ruídos, nesses diversos espaços.”

Nova BabilĂ´nia: As partes altas da cidade.

5.4. PARAMETRICISMO32

Parametricism is architectureâ&#x20AC;&#x2122;s answer to the challenges and opportunities of the (post-fordist) information age, just as modernism was architectureâ&#x20AC;&#x2122;s answer to the (fordist) mechanical age.

The challenges that post-fordist information society poses to architecture issue from the new diversity and intense interconnectedness of all social processes.

Architecture has to find ways to spatially network divers, interlocking social processes in legible, high density agglomerations. 33

Esses novos elementos possibilitariam, portanto, composições dinâmicas que respondem e influenciam contextos urbanos

promovendo continuidades dentro de complexos contextos urbanos.

“O modelo apresenta a interarticulação entre torres cruzadas e blocos de perímetro, bem como a afiliação ao tecido adjacente. A correlação da largura global com a altura global também pode ser observada.” Fonte: SCHUMACHER, Patrik. In Defende of Parametricism. Londres, 2015. Disponível em: <ht tp://patrikschumacher.com/Texts/In%20Defense%20 of%20Parametricism.html>. Acesso em: junho de 2019.

Tradução nossa.

34

5.5. REFLEXÕES

Global Maya Model.

“The model features the interarticulation between cross towers and perimeter blocks as well as the affiliation to the surrounding fabric. The correlation of global width to global height can also be observed.”34

6.0. ANÁLISE DA ÁREA DE INTERVENÇÃO 6.1. ZONEAMENTO

Fonte: Prefeitura Municipal de Fortaleza. Plano Diretor Participativo. Fortaleza, 2009 35

6.2. ESTUDO DE MOBILIDADE

6.3. ESTUDO DE USO E OCUPAÇÃO

6.4. RELAÇÕES DE VIZINHANÇA

desconetividade entre o tecido urbano interno e externo

7.0. PROPOSTA URBANÍSTICA 7.1. REESTRUTRAÇÃO URBANÍSTICA

O tecido resultante mantém as características essenciais da ocupação original, ao passo que privilegia a permeabilidade e a salubridade urbana.

7.2. PONTOS CENTRAIS INTERNOS

a barreira favelização x verticalização é diluída

7.3. PONTOS DE REPULSÃO

As edificações altas existentes, portanto, são entendidas como pontos de repulsão do desenho dos novos eixos.

7.4. EIXOS DE ADENSAMENTO

a intevenção urbana deve buscar a intensificação das condições atuais,

7.5. INTENSIFICAÇÃO PROGRAMÁTICA

ponto integrador da nova urbanidade.

7.6. UNIDADES HABITACIONAIS AUTOCONSTRUÇÃO

ESTÁGIO CONSOLIDADO - 3Q

ESTÁGIO INTERMEDIÁRIO - 2Q

ESTÁGIO INICIAL - 1Q

PLANTAS UNIDADES HABITACIONAIS AUTOCONSTRUÇÃO

7.7. ESTUDO DE MASSAS AUTOCONSTRUÇÃO

EMPILHAMENTO SIMPLES

BARREIRA VISUAL

EMPILHAMENTO INCLINADO

PERMEABILIDADE

7.8. ESTUDO DE MASSAS - TORRE

VAZIO INTERNO

VERTICALIZAÇÃO

REVOLUÇÃO

MODULAÇÃO

SUBTRAÇÃO

7.9. IMPLANTAÇÃO GERAL

The challenges that post-fordist information society poses to architecture issue from the new diversity and intense interconnectedness of all social processes.

Architecture has to find ways to spatially network divers, interlocking social processes in legible, high density agglomerations. The opportunities that the information age offers are the new computationally supported information processing, design, engineering and fabrication methodologies that can be brought to bear on architecture’s new challenges.

sistema integrador de habitação urbana,

hibridização dos padrões arquitetônicos e urbanísticos existentes.

IMPLANTAÇÃO GERAL

50

100

PERSPECTIVA AÉREA - INSERÇÃO URBANA

7.10.

ELEVAÇÃO GERAL E CORTE TRANSVERSAL DO CONJUNTO - INSERÇÃO URBANA

ELEVAÇÃO GERAL DO CONJUNTO INSERÇÃO URBANA

CORTE TRANSVERSAL DO CONJUNTO INSERÇÃO URBANA

7.4.

8.0.RECORTE PROPOSTA

ARQUITETÃ&#x201D;NICA

10

20

7.4. PARTIDO ESTRUTURAL 8.1.

8.1.1. TORRE (MOLDADA in loco)

8.1.2. HABITAÇÕES AUTOCONSTRUÇÃO (PRÉMOLDADA)

CÉLULA ESTRUTURAL METÁLICA AUTOPORTANTE COLUNA CENTRAL ELEMENTO DE TRANSIÇÃO

PILAR

10

20

8.2. PAVIMENTO TÃ&#x2030;RREO

5

10

10

20

8.3. PAVIMENTO INTERMEDIÁRIO

5

10

10

20

8.4. PAVIMENTO SUPERIOR

5

10

10

20

8.5. CORTE DO CONJUNTO

10

20

8.6. CORTE APROXIMADO - TORRE

8.7. CORTE APROXIMADO - HABITAÇÕES AUTOCONSTRUÇÃO

5

10

5

10

PERSPECTIVA VISTA A PARTIR DA RUA NUNES VALENTE

PERSPECTIVA VISTA A PARTIR DA PRAÃ&#x2021;A CENTRAL

9.0. CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS

“O que é o Contemporâneo?”

Metamorfose da terra na produção da cidade e da favela em Fortaleza.

O Espaço Urbano: Novos Escritos sobre a Cidade.

The next city: new technologies and the future of the built environment.

Além das design, nas artes e na arquitetura.

formas:

introdução

matrizes

espaciais:

ao

pensamento

contemporâneo

no

Planeta favela.

Crise

das

arquitetura,

cidades,

geopolítica,

tecnocultura.

Sociedade pós-capitalista.

Cidades para pessoas.

Morte e vida de grandes cidades.

Três textos sobre a cidade.

Bigness (or the problem of large), Morfologia urbana e desenho da cidade.

A imagem da cidade.

A produção capitalista da casa (e da cidade) no Brasil industrial.

Brasil, cidades: alternativas para a crise urbana.

A concepção estrutural na arquitetura.

A natureza do espaço: Técnica e tempo. Razão e emoção.

A urbanização brasileira.

The Autopoiesis of Architecture: A New Framework for Architecture.