Opinião Por Paulo André Jorge Germanos
O desafio
cultural da vida em condomínios
Q
uem já soma mais de 50 anos
condomínios significa adotar um novo
parte das pessoas envolvidas. Não
de idade tem sempre aquele
padrão de conduta. Grandes ou pe-
se conhecem “escolas de síndicos” e
clássico comentário ao olhar a
quenos, condomínios são verdadeiras
nem de “moradores em edifícios”.
cidade: pensar que há poucos anos
comunidades, cujos habitantes tiveram
O aprendizado, muitas vezes
existiam apenas sítios no seu bairro.
de aprender a dividir o domínio de
sofrido, teve de ocorrer na prática.
Agora, é esse montão de prédios...
seu espaço com os vizinhos (do lado,
Mas, nos últimos anos, síndicos e ad-
de cima e debaixo, no elevador, no
ministradoras se valem do Secovi-SP
playground, salão de festas etc.).
para orientar todos os procedimentos
Verdade verdadeira. A vida urbana atropelou o tempo e, nessa trajetória, deu um jeito de acomodar nos condo-
No intervalo de duas gerações, as
inerentes à vida condominial. Por meio
mínios verticais milhões de pessoas
relações de vizinhança e de interde-
de cursos, publicações especializadas,
que passaram a morar nas cidades.
pendência das famílias tiveram de ser
eventos e outras iniciativas, o Sindicato
Para se ter uma idéia de como
alteradas, processo que implicou uma
proporciona consistente serviço de
esse processo foi rápido, basta
nova idéia de civilização e, notadamen-
apoio aos moradores e aos profis-
lembrar que, há poucas décadas, os
te, de civilidade, pois, como nunca, o
sionais que atuam na área, incluindo
moradores de condomínios eram a
respeito ao próximo e o pleno atendi-
zeladores e funcionários. Atualmente,
minoria da população, mesmo nas
mento de valores básicos da educação
esforço da Universidade Secovi é de-
grandes cidades.
se tornaram imperativos.
dicado à formação profissional dessas
Embora no Rio de Janeiro já
Tivemos de aprender a nos orga-
existissem edifícios residenciais em
nizar e a conviver com as figuras do
Esse é um processo que tem de
boa quantidade, apenas na segunda
síndico, do zelador e dos funcionários
continuar indefinidamente. Afinal, a ten-
metade do século XX se intensificou
que prestam serviço a várias famílias,
dência é de mais condomínios serem
a construção de condomínios em ci-
das administradoras, e de todos que
produzidos para atender à demanda
dades como São Paulo. Hoje, temos
direta ou indiretamente oferecem al-
por habitações nas grandes cidades.
mais de 80% da população vivendo
gum tipo de atendimento aos condomí-
É fundamental, portanto, que todos
nas regiões urbanas.
nios. Novos hábitos e mesmo atitudes
estejam devidamente preparados
pessoas e empresas.
Isso exigiu a especialização de
culturais tiveram de ser assimilados
para desempenhar corretamente suas
grande gama de empresas e profis-
e praticados; hábitos que alteraram
funções, inclusive os moradores, que
sionais dedicados à incorporação e
inclusive os orçamentos familiares. E
devem reconhecer e valorizar os pro-
construção e, naturalmente, à admi-
tudo isso ocorrendo sem que houvesse
fissionais que zelam por sua segurança
nistração condominial. Afinal, viver em
qualquer preparação ou estudo por
e bem-estar.
Paulo André Jorge Germanos é diretor-conselheiro e ex-presidente do Secovi-SP
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