News VI Congresso Internacional em Ciências da Longevidade Humana

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CONGRESSO NEWS VI CONGRESSO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS DA LONGEVIDADE HUMANA DO GRUPO LONGEVIDADE SAUDÁVEL VI WORKSHOP DE NUTRIÇÃO BIOQUÍMICA FISIOLÓGICA

I WORKSHOP DE NUTRIGENÔMICA

28 DE OUTUBRO DE 2017

Por uma saúde longeva

“S

e pudermos tornar o corpo mais firme, as artérias e todo muscular, tendo um custo menor do que a utilização do horo resto ficará melhor”, ressaltou o presidente da Inter- mônio do crescimento (GH). Outros tratamentos em que a national Hormone Society (IHS), Dr. Thierry Hertoghe, administração de insulina, associada com as terapias tradidurante seu ciclo de palestras nesta sexta-feira (27). “Um dia cionais, tem se mostrado eficaz é para pessoas com queimaseremos capazes de reduzir o envelhecimento por completo”, duras graves, HIV e anorexia. prevê. O médico falou sobre a relação entre hormônios, A Timosina Alfa-1 também esteve em foco. Ela estimula o peptídeos e a idade fisiológica e apresentou à plateia estudos sistema imunológico e pode ser uma grande auxiliar no trarecentes que vêm traz inovações no campo das Ciências da tamento de doenças crônicas, como sinusites e laringites, Longevidade Humana. aumentando a resistência contra infecções e na melhoria da A testosterona bioidêntica foi o primeiro tema abordado. qualidade de vida para quem sofre de doenças autoimunes, De acordo com Dr. Hertoghe, ela tem adquirido preferên- como pacientes portadores de HIV que apresentam baixos cia na Europa, pois apresenta baixa toxicidade, menos índices de CD4-CD8 e linfócitos T. efeitos colaterais que outras testosteronas e não provoca oscilações de humor. Os efeitos da suplementação com progesterona para os homens foi o assunto seguinte. O corpo masculino produz cerca de 1,5 a 3 mg por dia. Com o avançar da idade, os níveis caem, prejudicando o equilíbrio de diversos outros hormônios, como o estradiol, o cortisol, a aldosterona e até aqueles ligados ao controle do estresse. Retomar o controle da progesterona pode melhorar a fertilidade masculina, retardar ou até interromper a progressão da calvície, combater a obesidade abdominal e a ginecomastia, além de ter efeitos reversivos na varicocele e no envelhecimento físico em geral. Dr. Hertoghe destacou ainda que a administração via supositórios pode ser mais eficaz, principalmente para a proteção da próstata. Para ele, uma das causas de envelhecimento prematuro é a deficiência de insulina, Os hábitos também interferem em necessária para a absorção de aminoácidos, todos esses tratamentos. É importante, proteínas e outros nutrientes. “Quando a segundo o presidente da IHS, combinápessoa consome açúcares, o corpo reage -los com dietas ricas em proteínas e jogando mais insulina no sangue, mas nem aminoácidos e baixo teor de açúcar, além sempre é suficiente, tornando o sangue de exercícios físicos, para que o resultaespesso. Nos idosos, a toxicidade é em dodo seja o ganho muscular e não de gorbro, já que eles naturalmente produzem dura. Hortaliças de fácil digestão ou menos insulina. Um dos efeitos disso é que sopas são mais adequados para o conThierry Hertoghe a energia acaba não circulando corretamensumo noturno para que a comida não se te pelo corpo e a pessoa fica cansada e os acumule, causando inflamações gástrimúsculos não ganham massa, ficam fracos”, explica. Segundo cas, gases e outros desconfortos. No que se refere ao equilío médico, um sinal da deficiência em pessoas jovens são brio hormonal e abdômen, ele diz que hipotireoidismo e a flacidez nas nádegas e acelerada perda muscular, após um deficiência de testosterona podem ser as causas de distensão tempo sem se exercitar. Ele ressalta que o tratamento com na parte superior do abdômen, insulina na parte média e insulina pode ser usado como auxiliar no ganho de massa testosterona e progesterona na parte baixa.

“Um dia seremos capazes de reduzir o envelhecimento por completo”


Em defesa do médico

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á cerca de um ano à frente do Departamento Jurídico da Sociedade Brasileira para Estudos da Fisiologia (SOBRAF), o Dr. Jackson Domênico – cujo escritório é um dos mais conceituados do país devido a seus resultados – esteve presente no primeiro dia do VI Congresso Internacional de Ciências da Longevidade Humana. Dr. Domênico, que já presta consultoria aos associados da SOBRAF, adiantou que nos próximos seis meses também fará a defesa administrativa dos médicos membros junto aos seus conselhos representativos, regional ou federal. “A defesa técnica correta é responsável pelo sucesso de um processo”, assegura. “O CFM é muito resistente em relação a novidades. Contudo, deveria ser o órgão que mais estimulasse a inovação e as boas práticas”, comentou a respeito das Ciências da Longevidade Humana. De acordo com o Dr. Domênico, muitos processos são motivados pela exposição do médico e não em relação ao conteúdo de sua prática. Ele reforça exemplificando que o médico pode levar o seu trabalho ao conhecimento público através da informação com um artigo, por exemplo.

Terapêutica eficazes

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nvelhecer é inflamar”. As palavras são do médico Hugo Maia Filho (CRM-BA 5239), que falou sobre terapêuticas eficazes para longevidade e qualidade de vida no simpósio satélite no primeiro dia do evento. Ele abordou os mecanismos celulares que regulam o envelhecimento saudável

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e sistemas como AMPK, enzima que interage com os hormônios, agindo na inflamação subclínica e regulando o consumo energético da célula. Ele ressaltou que nos últimos anos, houve um avanço para prescrever substância e hormônios por métodos não invasivos, tornando-se o gel, atu-

almente, o método mais importante para permear droga ou hormônio ajustando a dose de acordo com a necessidade do paciente. “A dose hormonal muitas vezes precisa ser ajustada, aumentada ou diminuída, e o gel é um facilitador”, defende. Outra vantagem, apontada em pesquisa, é relativa a absorção pela pele ser mais eficiente. “Após 24 horas, a aplicação de uma determinada dose foi 62,6% maior que a via oral”, apresentou o médico, ressaltando que as administrações transdermal e vaginal têm menos efeitos colaterais. Estudos de permeação da mucosa vaginal suína mostrou que ingredientes ativos como resveratrol e piroxican, por exemplo, apresentam um percentual permeado em relação a dose aplicada de quase 90% e 60%, respectivamente, em 24 horas, frente à pele. O médico ressaltou a relação direta entre inflamação e envelhecimento. “A maior parte das drogas que aumenta a longevidade, como metformina, vitamina D, testosterona, entre outras, ativam o AMPK. “Estudo comprovou que diabéticos viveram 15% mais do que não diabéticos porque tomaram metfomina”, assegura.


Personalização de tratamentos N

a primeira sessão científica do I Workshop de Nutrigenômica da Multigene, intitulada Nutrigenética e epigenética, o professor Marcelo Sady Ladeira falou sobre a relação entre alimentação e genótipo. “A genética serve como ponte para se trabalhar com mais precisão em nutrição, com tratamentos personalizados”, disse. De acordo com as características de cada indivíduo, uma mesma dieta tem efeitos diferentes nos organismos. “A dieta cetogênica não é adequada para todos. Dependendo do genótipo, ela pode aumentar o risco de resistência à insulina, diabetes e hemoglobina glicada”, exemplificou. Portadores do alelo E4 do gene APOE, quando o consumo de gordura saturada ultrapassa 10% da dieta, têm mais chances de desenvolver Doença de Alzheimer. Justamente por causa dessas diferenças, a avaliação genética dos pacientes pode ser fundamental para a obtenção de melhores resultados em tratamentos. Um estudo mostrado por Ladeira concluiu que mulheres portadoras do alelo C47T do gene que codifica a manganase superóxido dismutase e que consumiam menos frutas e vegetais e menos vitamina C do que a média apresentam maior risco de câncer de mama. “A presença

Dermogenética e envelhecimento

desse alelo T é muito comum. Canela, curcumina e resveratrol aumentam a expressão da enzina, a resposta antioxidante”, explicou. O professor salientou ainda que, de cada cem casos de câncer de mama, dois a seis estão associados a mutações herdadas dos genes BRCA1 e BRCA2. “Pode-se usar ômega-3, curcumina e resveratrol para aumentar a expressão do alelo funcional, para compensar a mutação”, afirmou. Em quadros de alopecia, quercetina, alcaçuz e resveratrol inibem a ação da aromatase, o que retarda a evolução da doença. “A genética é só um componente do quebra-cabeça, não é uma sentença. A palavra-chave é ajuste. Mas, para isso, é preciso genotipar o paciente”, destacou Marcelo Ladeira.

À tarde o professor falou também sobre O uso da genética para a melhoria da saúde da pele. Alguns indivíduos ficam com a aparência envelhecida mais rapidamente do que outros, ainda que expostos aos mesmos fatores ambientais. Isso se deve à expressão de determinados genes em cada pessoa, conforme explicou o médico. A boa notícia é que há ferramentas que podem adiar o envelhecimento cutâneo. “Precisamos que os genes se expressem de maneira equilibrada”, destacou. Para isso, existem tratamentos orais e tópicos. O gene STXBP5L, quando tem sua expressão aumentada, leva à degradação do colágeno. O ajuste pode ser feito com uso de antioxidantes como chá verde, zinco, resveratrol e vitaminas que desaceleram o fotoenvelhecimento e favorecem a diminuição das rugas. No caso do gene COL1A1, é a expressão reduzida dele que prejudica a produção de colágeno. Para elevá-la, o consumo de uma cereja por dia já é suficiente, ensinou Marcelo Ladeira A celulite é associada ao aumento da expressão do gene ACE. Para regular isso, ativos tópicos, como cafeína 3,5%, e orais, como péptidos de colágeno bioativos, são recomendados.

Vitamina D contra o câncer de mama

Avaliação hepática

Estudos realizados nos Estados Unidos e no Canadá indicaram que a suplementação de vitamina D3 ajuda na prevenção do câncer de mama. Mas, na aula Uso da vitamina D no tratamento de câncer de mama, a farmacêutica bioquímica Lisangela Cristina de Oliveira explicou por que essa recomendação não é válida para todos os pacientes. “A presença do polimorfismo Fok I produz uma VDR com menos três aminoácidos na cadeia polipeptídica e menor afinidade pela vitamina D. Isso diminui a absorção do nutriente. Nos indivíduos que têm esse polimorfismo, não adianta suplementar”, esclareceu. Devido a seu caráter hidrofóbico, a vitamina D não chega sozinha ao núcleo celular. Daí a importância do receptor VDR, uma proteína expressa nas células humanas. “Alterações genéticas influenciam o metabolismo da vitamina D, que hoje sabemos que é um esteroide também”, disse a professora Lisangela.

A influência da epigenética nos processos de limpeza e suplementação do fígado foi o tema da aula Nutrigenética e detoxificação, ministrada pela nutricionista Sandra Matta. Segundo ela, perfis genéticos são extremamente úteis para o tratamento de hepatopatias. “É possível observar se o polimorfismo está favorável ou desfavorável. São informações importantes para definir protocolos”, disse. Sandra Matta alertou sobre a necessidade de tornar tal análise uma rotina nos consultórios: “Vejo muita gente dar um primeiro olhar para o perfil genético e depois esquecê-lo, mas ele continua valendo”. A nutricionista também falou sobre a relevância de manter uma alimentação equilibrada: “quem não come bem não consegue obter uma qualidade corpórea capaz de proporcionar bons resultados a tratamentos”.

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Alimentação para autistas

Longevidade e composição corporal

O autismo se caracteriza pela dificuldade de comunicação verbal e não-verbal, interesse restrito, comportamentos repetitivos e dificuldade de interação social, mas também produz alterações de sono, problemas na imunologia e dificuldades gastrointestinais. Por isso, além de terapia e inclusão, alimentação adequada e suplementação são essenciais para o sucesso do tratamento. É o que defende a Dra. Simone Pires (Cremesp 87574), que ministrou a palestra Genômica nutricional aplicada ao autismo. Pacientes com alterações de MTHFR podem ser estimulados com potássio, vitaminas B12 e C e manganês. “Para alterações de ACAT 102, o ideal é uma dieta de baixa gordura e uso de probióticos e vitamina B12”, recomendou a médica. Lítio e MB12 devem ser administrados nos casos de alteração de MTRR. Em relação ao Detox CYP1A2, a melhor estratégia terapêutica é estimular o organismo com brócolis, repolho e cardamomo e evitar a ingestão de cominho, toranja e cúrcuma.

A palestra Composição corporal para a saúde, qualidade de vida e longevidade foi ministrada pelo engenheiro Márcio Pinho e o médico Carlos Alberto Werutsky (Cremesp 171766), nutrólogo pela Associação Brasileira de Nutrologia. Os palestrantes abordaram indicadores de saúde e métodos de bioimpedância, destacando a precisão tecnológica de aparelhos multifrequenciais e segmentares com oito eletrodos. “Longevidade pede qualidade de vida, que implica monitorar a adequada proporção entre massa magra e gorduras segmentares. Ter o peso controlado, por si só, não é um fator de saúde. É preciso levar em conta a composição corporal”, sublinhou Dr. Werustky. O médico fez um alerta para mulheres jovens que têm o peso normal, mas com baixa massa muscular e, consequentemente, alto percentual de gordura. A tendência é que a diferença se acentue após a menopausa, o que não é saudável.

Perfil genético de atletas

Genética e obesidade

A palestra Atleticogenética – Ferramentas da genética para otimização da performance atlética e redução de lesões foi ministrada pela professora Priscila Machado. A nutricionista defendeu o entendimento do perfil genético para facilitar as periodizações corretas dos treinos, o planejamento nutricional e prescrição de suplementos para atletas. “Genes estão associados tanto à performance esportiva quanto à resposta inflamatória oriunda da atividade física. Não se deve interpretar gene por gene em um exame, e sim fazer uma análise combinatória e multifatorial deles. Se o indivíduo tem características melhores para exercícios de força muscular e velocidade, não é que ele esteja impossibilitado de praticar modalidades de endurance, mas terá mais dificuldade”, disse Priscila. O gene ACE, por exemplo, codifica a enzima conversora de angiotensina.

Falando sobre Variáveis genéticas envolvidas nos processos de obesidade, a Dra. Carla Barbosa Nonino explicou porque alguns indivíduos perdem mais ou menos peso que outros: “Os polimorfismos podem interferir tanto no aparecimento da obesidade como nas diferentes respostas aos tratamentos propostos”. Pesquisas conduzidas por ela na USP apontaram que portadores do gene UCP1, quando tinham o alelo mutado, mesmo obesos, apresentavam menos acúmulo de gordura e menor risco de diabetes. Estudos sobre polimorfismos no PLIN1 mostraram que pessoas com esse alelo mutado homozigoto obtiveram emagrecimento mais satisfatório fazendo refeições mais tarde do que o padrão. “Muito se fala em horário, fracionamento de porções, jejum intermitente. Está na hora de mudar a cabeça e propor tratamento diferenciados para cada pessoa”, resumiu.

Prevenção é a chave

U

m dos principais nomes ligado às Ciências da Longevidade Humana no Brasil, Dr. Ítalo Rachid (Cremesp 114612) é categórico ao afirmar que grande parte das doenças do envelhecimento não deveriam existir. Baseado nessa premissa, o médico deu a aula “O uso da Genética na Modulação do Processo Inflamatório”. “A idade avançada está associada ao aumento dos níveis de inflamação no corpo. Doenças da velhice não passam de processos inflamatórios descontrolados e não diagnosticados”, disse Dr.

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Rachid, sobre o inflammaging (ou inflamaenvelhecimento). Segundo ele, o problema reside no fato de a medicina tradicional, com sua abordagem curativa, atuar no controle dos efeitos dessas reações orgânicas. Por outro lado, as Ciências da Longevidade agem na prevenção, para proporcionar maior qualidade de vida aos indivíduos. O ideal é unir as duas medicinas! Ambas têm importância na vida das pessoas. O exame de inflamograma é útil para a detecção dessas inflamações. “Ele rastreia parâmetros de riscos e, com o ma-

peamento genético, possibilita a identificação de polimorfismos que aceleram ainda mais os processos inflamatórios crônicos subclínicos”, explicou. “Com a epigenética, chegaremos ao ponto de silenciar genes desfavoráveis e ativar outros favoráveis ao envelhecimento”, aposta Dr. Rachid.

Publicação oficial do Grupo Longevidade Saudável • www.longevidadesaudavel.com.br Produção gráfica e editorial: SB Comunicação • www.sbcomunicacao.com.br Fotos: Gazeta Views • Edição: Cristina Miguez • Textos: Camilla Muniz e Cristiane Crelier As informações veiculadas nas palestras são de responsabilidade dos palestrantes.


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