LONA - Streaming - Edição 1013

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LONA Reitoria José Pio Martins Pró-reitoria Roberto Di Benedetto Coordenadoria de Integração da Escola de Comunicação e Design Marcelo Catto Gallina Coordenadoria do Curso de Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira

O LONA é o jornal-laboratório do curso de Jornalismo da Universidade Positivo. O veículo integra a Rede Teia de Jornalismo. Acompanhe o curso de jornalismo pelas redes sociais. Caso tenha dúvidas sobre o curso, entre em contato.

Professores-orientadores Felipe Harmata Katia Brembatti Editores-Chefes LuanFernandes Victória Gobbo Equipe de Reportagem Jonathas Bertaze,Maria Cassilhas,Beatriz Portz de Paula,Vanessa Baena Zava Nogueira, Natália Frutuoso,Eloíza Marques, Valeska Macedo,Brenda Niewiorowski,Guilherme Maneira e Leandro Bernardi

EDITORIAL O Streaming está cada dia se tornando mais presente, seja em premiações cinematográficas ou na casa das pessoas. E é uma forma de assistir filmes e séries sem sair de casa, e com um preço acessível. Então pensando neste crescimento do Streaming , este Lona é dedicado a mostrar tudo que este mundo digital de filmes e séries tem a oferecer.


Amazon Prime Video é o streaming mais procurado na Pandemia Com aumento de 30%, a plataforma chegou a mais de 150 milhões de assinantes, batendo concorrentes de peso Por Jonathas Bertaze e Maria Cassilhas

De acordo com a pesquisa realizada pela NZN Intelligence, o streaming com o maior número de contratação durante a pandemia no Brasil, é a Amazon Prime Video. A plataforma teve um crescimento de 30% de assinantes, batendo Netflix com 24%, Globoplay com 7% e Telecine e HBO Go com 4%. O Prime Video, é um streaming da Amazon que tem crescido cada vez mais, que ocupa o 13° lugar no ranking das empresas que mais lucram no Mundo. Atualmente, em números divulgados pela própria companhia, a plataforma possui mais de 150 milhões de assinantes, ficando apenas atrás da Netflix, com 182 milhões. Uma das diferenças entre as duas concorrentes, são os valores das mensalidades, o prime vídeo possui um plano que reúne também o streaming de música, além de fretes grátis na loja da Amazon, com um valor de R$ 9,90, considerado bem mais abaixo de seu rival, com os planos de R$ 21,90 (básico) e R$

45,90 (premium). Juliana Romão, de 28 anos, é analista fiscal na Amazon. Para ela, o Prime Video cresceu muito pelo fato da Amazon ser uma empresa conhecida no Mundo digital, por trabalhar com e-commerce, computação em nuvem e inteligência artificial, passando uma credibilidade maior ao usuário. “Exceder a expectativa, colocar o consumidor em primeiro lugar, o investimento no atendimento e a obsessão pelo cliente faz a empresa ter um crescimento contínuo nos últimos anos. Estamos sempre à frente do mercado, inovando e encorajando os funcionários a simplificarem e testarem coisas novas”, diz. A analista conta que as divulgações na TV aberta e nas redes sociais também impactam diretamente na procura pela pela plataforma. Os principais benefícios estão na divulgação da marca, engajamento da audiência, crescimento das vendas e dos números de clientes e o aumento do tráfego no

(Reprodução/Google)

site.

res pelo marketplace, conseguindo ganhar em outros áreas também”, diz a analista que acredita que o valor da mensalidade seguirá sendo mais acessível, dizendo que o Prime Video foi uma forma de entrada no mercado brasileiro, pois mesmo estando no Brasil há mais de 6 anos, as pessoas começaram a utilizar e conhecer mais os outros serviços, por causa do streaming. Juliana disse também sobre a série Utopia que foi lançada em setembro de 2020, mas que foi cancelada após a primeira temporada. A série contava a história de uma pandemia que assolou o Mundo, mas que tinham as esperanças de terem a vacina para sobreviver.

Juliana disse que durante a pandemia, foi o momento que o streaming mais cresceu nos últimos anos: “Tivemos um aumento de 30% no número de assinantes, devido as pessoas ficarem mais em casa, começaram a procurar outras formas de se divertirem em família e aproveitarem o aconchego do lar que é o melhor lugar para ficarmos nesse momento”, conta. Ela diz que o valor da mensalidade considerado baixo em relação a seus concorrentes é benéfico a companhia e atrai mais usuários a plataforma: “O valor não é considerado um prejuízo a empresa, pois ganhamos muito mais com as vendas e “Em relação a série atraímos fornecedoUtopia, a paralisação


da série se deve ao fato de não ter tido um efeito como esperávamos entre o público”, conta. No Brasil, a plataforma apresenta mais de 2 mil filmes e 300 séries no catálogo, outra atração que contribui para o crescimento da plataforma, são os realitys shows. “Além dos realitys brasileiros e internacionais exclusivos na Amazon, também temos séries e filmes produzidas e também exclusivas da companhia, isso faz muitas pessoas assinarem o streaming para acompanhar essas atrações, pois é o único jeito delas assistirem”, diz Juliana.

(Pixabay/Prime)

O assinante da plataforma e educador físico Anderson Damascena, de 36 anos. O usuário disse que assinou a Amazon Prime Video como uma forma de diversão para a família: “Temos o costume de todas às sexta-feiras sentarmos no sofá com uma pipoca e termos um momento bem divertido em família. É bem legal, pois pelo fato da semana ser corrida, é um momento muito bom de descansar a mente”, diz o educador que é assinante da plataforma há 3 anos e conta o porquê assinou a ferramenta: Como gostamos de ver filmes e séries, buscamos uma plataforma com uma grande quantidade e qualidade.

(Pixabay/Streaming)

(Pixabay/Prime)


Disney+ alcançou a marca de 100 milhões de assinantes e pode passar a Netflix O novo streaming tem aumento no número de assinantes e fica mais próximo de alcançar a pioneira Por Beatriz Portz de Paula e Vanessa Baena Zava Nogueira

Em março de 2021 a Walt Disney Company divulgou dados que mostram a ascensão da Disney+ no mundo dos streamings. Com apenas 16 meses desde seu lançamento, a plataforma atingiu a marca de 100 milhões de assinantes globais, número que a Netflix (maior empresa concorrente) demorou uma década para conquistar. A previsão é que a empresa do Mickey Mouse ultrapasse o número de assinantes da “vermelinha” em até anos. Rayssa Gabriely Vieira da Silva de 24 anos escreveu o artigo “A Onda do Streaming atinge o Consumidor Brasileiro”. Nele, ela demonstra um estudo feito com comparações, pesquisas e seus resultados sobre qual o tamanho do público que consome plataformas de streaming. Em entrevista, Rayssa Gabriely conta que conforme o crescimento das plataformas de streaming, ele pode vir a passar os valores

(Reprodução/Beatriz Portz)

dos consumidores de sessões de cinema (em tempos normais), pois as plataformas facilitam a vida do consumidor e oferecem uma gama de serviços que não é oferecido no cinema e ainda cita o exemplo da Disney+ que lança seus filmes tanto na plataforma quanto no cinema. De acordo com a Ampere Analytics, empresa especializada em análises de mercado, o Disney+ deve ultrapassar a Netflix, em número de assinantes, até 2025. O relatório aponta que com a integração dos serviços da Hulu e do ESPN Plus (empresas que agora fazem parte do grupo Disney) a plataforma deve ultrapassar a Amazon Prime Video (segundo maior streaming do mundo) até 2024, ficando mais próximo de alcançar a Netflix.

Além da junção com as duas novas plataformas, existem outros motivos do crescimento acelerado do Disney+, um deles é a quantidade de conteúdo exclusivo que a plataforma possui. A empresa é a única no mundo a ter todos os conteúdos do seu conglomerado de empresas, contendo desde filmes e séries da própria Disney, até produtos da Pixar, Marvel, Star Wars, National Geographic, entre outros. Além disso, ela colocou todos os seus filmes: dos mais antigos, da época de 1960, até atualmente. “Além disso, a marca Disney tem um grande poder de encantamento do consumidor, que remete aos consumidores ser uma marca séria e de confiança” acrescenta Rayssa

Gabriely. A Netflix foi pioneira nessas plataformas digitais e abriu as portas para outras empresas crescerem nessa área. A entrevistada acredita que daqui a 5 anos a empresa terá que ser inovada ou acabará por ser apenas mais uma dentro do segmento. “É fato que a pandemia acelerou a migração dos consumidores para as plataformas de streaming, porém se formos pensar no cenário anterior a pandemia, eu vejo que o fator preço é um dos impulsionadores de tal migração”, conclui a especialista. Fazendo uma comparação, o plano mensal básico do Netflix é R$21,90 com apenas uma tela. Já o Disney+ fica em R$27,90 e todas as assinaturas permitem utilizar o serviço em até 10 telas diferentes. Em relação aos catálogos, ambas têm quase o mesmo número de filmes disponíveis. Fernanda Letítia, de 24 anos, admi-


(Disney/Divulgação)

nistradora da página do Instagram “Café e Pipoca”, conta que o Disney+ cresceu tão rápido por conta de ser um conteúdo para toda a família: “Todo mundo ama Disney e a onda da Marvel está muito grande, um streaming onde todo o conteúdo é voltado pra família, pega bastante isso, fora os filmes antigos que são super nostálgicos.”

(Disney/Divulgação)

Além de todos esses motivos para o crescimento extremamente rápido do Disney+, a plataforma teve como estratégia fazer um alto investimento em parcerias com outras empresas. Ao chegar no Brasil, em novembro de 2020, a empresa se juntou com marcas como o Banco Bradesco, Mercado Livre e até com

o streaming brasileiro GloboPlay para atrair os olhares dos consumidores com promoções e serviços extras já na estréia da plataforma. Com todas essas estratégias de marketing o Disney+, mesmo tendo sido lançada há pouco tempo, está crescendo em um ritmo muito acelerado, se tornando, em apenas 16 meses, a maior concorrente da

Netflix. Com isso, ainda não se sabe o futuro da Netflix, mas atualmente a plataforma conta com mais de 200 milhões de consumidores. Com o crescimento da nova concorrente, é muito provável que passe o recorde da pioneira.


Mulheres lideram produção e audiência de podcasts brasileiros sobre crimes reais Em meio à multiplicação de conteúdo do gênero true crime nas plataformas de streaming, 12 de 16 produções foram criadas por mulheres. Por Natália Frutuoso e Eloíza Marques

Dentre 16 podcasts brasileiros sobre crimes reais, 12 são produzidos e apresentados por mulheres. No ano passado, o Spotify publicou que “true crime é um tópico quente entre as ouvintes”: no intervalo de 2018 e 2019 o gênero cresceu 16% entre o público feminino da plataforma. Dados de 2021 dos podcasts Café com Crime e 1001 Crimes sustentam os levantamentos do serviço de streaming, 70% das ouvintes dessas produções são mulheres. A psicóloga forense Juliana Barbosa e Silva define o true crime, “Diferentemente das histórias de ficção, a ideia desse tipo de entretenimento é narrar episódios de crimes verdadeiros, expondo detalhes do criminoso e suas ‘razões’, do modus operandi, do perfil da vítima”,

(Repredução/Banco de imagem)

bem como desdobramentos. O formato mais adotado por podcasts da categoria é a narrativa de casos criminais em episódios únicos. Há, ainda, aqueles que adotam uma abordagem seriada para aprofundar a história de um determinado crime

(Reprodução/Banco de imagem)

real. Para Stefanie Zorub, criadora do podcast Café com Crime, as plataformas de streaming favorecem a multiplicação do conteúdo sobre o tema – “Lancei o Café Com Crime em 2018 quando não encontrei nenhum outro podcast brasileiro sobre true

crime disponível. Infelizmente, 5 episódios depois, eu parei a produção e fiquei 2 anos sem atualizar. Em 2020, logo após a pandemia iniciar, voltei a produzir e, para o meu espanto, encontrei mais de 10 podcasts, sobre crimes, ativos”. Bruna de Oliveira, que lançou o 1001 Crimes em 2019, concorda com Stefanie, “no ano passado explodiu, toda semana tinha podcast novo. Eu só acho que esteja ganhando mais espaço agora, porque é mais fácil de produzir conteúdo hoje em dia, porque qualquer pessoa que tenha um celular em casa vai conseguir gravar um podcast, editar e lançar”, diz Bruna. Segundo o perito criminal Fábio Salvador, da Polícia Federal, “a atração da humanidade pelo crime, pelo mórbi-


do, é atávica; ocorre em todas as sociedades. Não sou psicólogo, mas acredito tratar-se de uma tendência a pulsões instintivas motivadas pelo medo, pela culpa e mesmo pelo erótico que envolve o mundo das ocultações”. A psicóloga explica que apesar de “os estudos que analisam os impactos da diferença de gêneros em determinado comportamento serem bastante complexos, alguns especialistas apontam que a preferência da mulher [por true crime] pode estar relacionada à sua própria segurança e a percepção subjetiva de necessidade em aprender mais sobre pessoas que cometem crimes, especialmente aqueles das quais elas são o público alvo”. Em pesquisa sobre true crime conduzida por profissionais da Universidade de Illinois em 2010, 71% das participantes mulheres escolheram histórias que mencionassem métodos para escapar de situações parecidas. Flora Thomson-Deveaux, diretora de pesquisa da Rádio Novelo – que produz podcasts como o Boletos Pagos, com Nath Finanças, e o Foro de Terezina para a Revista Piauí –, comenta que, dentre os podcasts não recorrentes da produto-

(Infográfico/Eloíza Marques e Natália Frutuoso)

ra, o Praia dos Ossos “é outra escala. Foi um sucesso muito grande”. Praia dos Ossos trata do assassinato da socialite ngela Diniz, cometido por seu companheiro Doca Street em 1976. O público também é majoritariamente feminino, mas, ao contrário de podcasts como o Café com Crime e o 1001 Crimes que costumam atingir faixas etárias de 23 a 34 anos, Flora afirma que o Praia atinge pessoas mais velhas, que se lembram da época em que o assassinato de Angela foi objeto de atenção midiática. Ainda, de acordo com Flora, embora trate de um caso real, a produção não é sobre “o crime pelo crime”, e complementa, “o me-

lhor true crime vai muito além de quem fez, e como. O melhor true crime vai falar sobre o porquê e por que a gente reagiu da maneira que reagiu [ao crime], é um palco privilegiado no qual podemos observar muitas facetas da sociedade em que aquele ato ocorreu”. Bruna também acredita ser esse o seu papel com o 1001 Crimes “a gente não tem como falar desse assunto sem dar um contexto social,

(Pixabay/Podcast)

os crimes não acontecem num vácuo”. Ela finaliza a questão com um chamado, “Acho que as pessoas que produzem conteúdo de crimes reais têm de parar de ter medo [de opinar], porque se não a gente é basicamente um Datena, que é só sensacionalismo, querendo lucrar em cima de uma tragédia. Ou se não a gente é só uma página na Wikipedia, que só conta uma história sem ter um viés de jornalismo”.


Big Brother Brasil e Mídias Sociais influenciam consolidação do Globoplay como maior plataforma de streaming do país O serviço de streaming é o futuro do Grupo Globo e pode chegar ao mercado internacional, afirma especialista em marketing digital. Por Natalia Frutuoso e Eloíza Marques

O casamento entre o BBB21 e as redes sociais tem sido a receita do sucesso do Globoplay, aponta Maura Martins, editora do portal Escotilha e doutora em Comunicação. A jornalista dá ênfase ao Twitter, onde internautas têm comparado vídeos brutos, sem cortes, para questionar a edição oficial da Globo. Ela explica que, desse modo, a narrativa do reality não se constrói somente na TV: “A promessa do pay-per-view [acesso às múltiplas câmeras da casa do BBB a qualquer momento] claro que é trazer esse real não editado, ou seja, trazer um programa fora da edição da Globo o BBB pode ser considerado como uma forte estratégia de marketing para o Globoplay”. É o que afirma Guilherme Ravache, colunista do portal Notícias da TV e consultor digital. Para ele, além do reality da Globo ser uma marca forte, existente há 19 anos, o custo de produção, se compara-

(Reprodução/Globoplay)

do com o de filmes, séries e novelas [conteúdo tradicional de streaming], é relativamente baixo. Em 29 de março de 2021, o Globoplay registrou o recorde de acessos simultâneos – 2,5 milhões, a grande maioria para assistir ao reality, segundo o colunista Maurício Stycer. A plataforma de streaming do Grupo Globo é a maior em número de usuários no Brasil, de acordo com levantamento da Fundação Getúlio Vargas, divulgado pela Revista Exame em outubro de 2020, são cerca de 20 milhões de assinantes.

Contudo, a quantidade de acessos simultâneos tem sido um desafio para os servidores do Globoplay – as quedas em momentos de pico têm gerado reclamações nas redes sociais. Não é só o Globoplay que exibe melhores resultados devido ao sucesso do BBB21, o reality trouxe para a Globo as maiores audiências da última década na TV aberta, como ocorreu no dia 28 de março em que registrou 26 pontos de audiência: o maior público observado aos domingos desde 2010, noticiou o Extra a partir de dados do Painel Nacional de Televisão.

A pandemia é outro elemento que influenciou o consumo dos serviços de streaming e do Big Brother Brasil. Refletindo sobre as edições 20 e 21, Maura Martins afirma que “o nível de engajamento das pessoas tornou esse evento televisivo ainda mais valioso num contexto em que a gente não tem muito o que fazer além de consumir mídias, seja na internet, seja na televisão, seja em outros meios poder assistir o reality de onde quiser por um valor menor do que o do pay-per-view na televisão por assinatura está dentre as vantagens de acompanhar o Big Brother Brasil pelo Globoplay”, relata Luciana Oliveira, administradora da página do Twitter @ DeOlhoBBBrasil, com mais de 26 mil seguidores. Ela acompanha o programa desde a primeira edição e o comenta no Twitter desde 2011. O reality passou a ser transmitido pelo Globoplay em 2019. Até então a Globo disponibilizava o acesso ao pay-per-view exclu-


(Reprodução/arquivo próprio)

sivamente por meio da TV por assinatura com pacotes que custavam até R$ 288,00. A assinatura da plataforma de streaming da Globo custa R$ 22,90/mês em 2021. Para a comentarista Luciana, “A edição fragmenta uma conversa de uma hora em um minuto e muita coisa que acontece no pay-per-view é omitida”. A fã de Big Brother Brasil fala, também, sobre polêmicas na rede social, “É muita briga pesada [entre torcidas, no Twitter], até com ameaças. Se faltam

com respeito eu bloqueio. No BBB18 começou a tal ‘guerrilha virtual’ com fake news pesadas pra destruir X participante, uma covardia”. Nessa linha, Maura Martins aponta a interferência do público na edição do programa que vai ao ar na TV Globo diariamente, “de apropriação dos memes que surgem nas redes sociais dentro do programa, a tentativas de esclarecimento de coisas que foram ditas no pay-per-view, apenas, e foram polemizadas nas redes sociais”.

A tamanha repercussão do BBB21 nas redes sociais motivou a publicação de um artigo na revista norte-americana Variety, que abordou os debates identitários suscitados pelo programa em torno de temas como feminismo e racismo. Sobre isso, Dra. Maura afirma que a seleção de participantes diversos para o Big Brother é intencional, pois “quanto mais representatividade houver no elenco, mais pessoas diferentes vão acabar se engajando e entrando em torcidas”. A possibilidade do marketing crossmedia

com a TV Globo [distribuição do mesmo conteúdo, adaptado conforme o usuário e engajamento desejado, em canais midiáticos diferentes] é também uma forma de estímulo à audiência, pontua Ravache. O especialista em marketing digital conclui, “Em uma palavra, para a Globo, o Globoplay é futuro. É uma marca que, inclusive, poderá atuar como produtora de conteúdo e vender para o mundo todo”.


Produções brasileiras aumentam em 350% na Netflix Brasil ocupa o segundo lugar em assinantes da plataforma no mundo. Por Valeska Macedo e Brenda Niewiorowski

A quantidade de produções brasileiras publicadas no catálogo da Netflix aumentou em 350% em comparação ao primeiro trimestre do ano passado. Esse aumento ocorreu em reflexo ao alto crescimento de assinantes durante a pandemia, que chegou a 37 milhões de novos telespectadores em 2020, segundo dados da empresa. O streaming adicionou em sua plataforma 22 novos produtos ao longo dos três primeiros meses do ano. Em 2020, a Netflix atingiu 200 milhões de assinaturas globalmente, e no Brasil, ela conta com mais de 17,9 milhões de assinantes, segundo a Comparitech, empresa de redes virtuais. O serviço de

(Reprodução/Brenda Niewiorowski)

streaming aposta em produções locais de três maneiras: encomendando um conteúdo original da plataforma, licenciando um filme já pronto e em catálogos, ou então fazendo uma pré-compra de um filme brasileiro independente quando ele está na fase de roteiro. Ainda conforme a empresa, o país ocupa o segundo lugar no ranking de assinantes da Netflix em todo o mundo.

João Ricardo Karam, diretor de cinema e youtuber do canal Raio Filmes acredita que as parcerias da Netflix com filmes nacionais são muito positivas para o Brasil. “As produções passam a ter chance de atingir outros países ao redor do mundo, fazendo com que os conteúdos brasileiros sejam mais valorizados, e gerando consequentemente mais oportunidades para o mercado brasileiro”.

Segundo Karam, essas produções provavelmente não teriam a mesma repercussão no cinema. Recentemente, a Netflix deixou de contar com o suporte completo da Disney e Marvel, pois eles passaram a criar seus próprios serviços de streaming e tiraram seus conteúdos da plataforma. Como consequência disso, o streaming passou a investir e a produzir seus próprios produtos. A primeira produção original da Netflix brasileira foi a série 3%, em 2016, que fez sucesso tanto no Brasil quanto fora dele — a produção atingiu 75% da sua audiência em outros países. Desde então a plataforma continua produzindo conteúdos próprios, como a


comédia nordestina Cabras da Peste, um filme original da Netflix, lançado no dia 18 de março deste ano. Desde que entrou no streaming, a produção se mantém no top 10 dos filmes mais assistidos do Brasil e também de outros 19 países como Portugal, Chipre, Luxemburgo, Uruguai e Espanha, segundo o site FlixPatrol. O crítico de cinema Marden Machado explica que com os novos streamings acontece um círculo virtuoso no país, pois há uma alta produção de conteúdos causada pela maior visibilidade que as produtoras conseguem nas plataformas, e um aumento da oferta de produtos para o público. “Isso é algo benéfico para todo mundo, pois aumenta a valorização do nosso país, mostrando histórias com nossa linguagem e nossa temática” destaca. O filme Socorro, Virei uma Garota!, produzido pela produtora independente Camisa Listrada, foi comprado neste ano pela Netflix. Desde que entrou no streaming, no dia 22 de março, a obra ficou

no ranking dos 10 conteúdos mais assistidos no Brasil pela plataforma — diferente da audiência que a produção audiovisual teve em 2019, quando Segundo o diretor Leandro Neri, a obra não foi divulgada como poderia ter sido quando estreou. Agora, o cineasta se anima com a quantidade de visualizações que a produção recebeu: “O filme poderia ter sido mais reconhecido quando foi lançado nos cinemas. Agora que ele está na Netflix e que o público dele o encontrou, ele tem se mantido no top 10 e isso é sensacional”, explica. Neri também dirige Carnaval, o próximo original Netflix que será publicado em maio deste ano. O diretor afirma que a plataforma tem um certo padrão de organização e divulgação que faz com que os filmes sejam produzidos mais facilmente e de forma mais rápida. Nesse cenário, uma pesquisa do The State of Mobile 2020 mostrou que o Brasil é o terceiro país que mais consome streaming no mundo, atrás apenas dos EUA e da Índia. Isabelle dos Santos, maquiadora de 25 anos, assiste diariamente a plataforma.

(Reprodução/ Valeska Macedo)

“Eu sempre valorizei a produção brasileira. A ideia de que filme e série brasileiros são ruins é coisa do passado, e a Netflix teve um papel importante nessa mudança. Além do fato de que as produções do top 10 são sempre bem indicadas, tanto que eu tô sempre acompanhando o ranking para assistir”, conta. Dois filmes do streaming foram eleitos pela

(Pixabay/Netflix)

Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) como um dos 10 melhores filmes longa metragem brasileiros em 2020. Entre eles, estão A febre e Emicida: AmarElo. O primeiro filme é de 2019 e foi comprado pela Netflix, já o segundo é um documentário de produção original da plataforma. Democracia em Vertigem, outro filme original Netflix, foi indicado ao Oscar como melhor documentário em 2020.


A influência do maior streaming de música no Mundo Com mais 155 milhões de assinaturas, o Spotify lidera o ranking entre as plataformas musicais no Mundo. Por Jonathas Bertaze e Maria Cassilhas

De acordo com a assessoria da plataforma, o Spotify domina em números de assinantes no Mundo, com mais de 300 milhões de usuários, sendo 155 milhões de assinantes, seguido por Amazon Music, Deezer, Youtube Music e Tidal. Ultrapassando 30 milhões de canções, diversos músicos têm utilizado a plataforma como uma oportunidade de iniciar ou até mesmo expandir sua carreira, fazendo esse número crescer cada vez mais. Nesse período de pandemia, muitos artistas acabaram aumentando o engajamento devido ao maior acesso pelos usuários da plataforma, o que acabou fazendo populares muitos artistas pequenos. Essa ferramenta é um serviço de streaming que tem como destaque as músicas, mas também tem variedades de podcasts e serve

(Reprodução/Juliele)

também para descobrir novos estilos e artistas. Márcio Couth, de 38 anos, é cantor e compositor gospel em Porto Velho/RO e já alcançou mais de 850 mil reproduções no Spotify. Seu estilo musical é pop rock, mais conhecido como “worship” no meio evangélico, o artista diz ter escolhido esse tipo de música, pois além de gostar muito, também apresenta muita emoção e sentimento. Para Márcio, sua iniciativa de colocar suas músicas na plataforma, foi por ter

passado a era do CD. “A primeira vez que eu coloquei algumas músicas na plataforma, foi meio estranho, pois estava naquela fase de transição. As pessoas perguntavam: - cadê o seu CD? E eu tinha que explicar toda a história para elas, dizendo que o CD está ultrapassado, não será mais comercializado e não é mais rentável”, diz. O cantor conta que já recebeu bons retornos financeiros da plataforma e que é filiado da empresa CD Baby, responsável pelas postagens de suas músicas no aplicativo.Com a pandemia da Covid-19,

o cantor afirma que foi o melhor momento dele no mercado de streaming: “As pessoas procuraram mais essas canções espirituais, que a aproximavam mais de Deus, mas também por eu ser um nome novo nas plataformas. Então, eu ainda não sei diferenciar se esse excesso de ouvintes foi pelo desespero ou se é somente porque gostaram das minhas músicas”, conta. O músico diz que a maior dificuldade no Spotify, é se destacar no meio de tantos outros artistas e fazer com que o público goste e se identifique com suas criações. O compositor destacou também a importância do aplicativo para as outras plataformas, como o Youtube. Ele diz ter muito mais acessos no Youtube, mas que o Spotify faz levar muito mais gente para a plataforma audiovisual. Com todas as suas experi-


ências, Márcio Couth deixou uma dica para quem está iniciando no aplicativo: “Postem conteúdos de qualidade para ser criativo, sempre testando novidades e postando. A ideia é que você uma hora se encontre, quanto mais trabalhos fizer, terá mais alcance e melhor você irá ficar”, diz. O cantor de forró em Manaus/Am, mais conhecido como Maykinho Feras, Maycon Carvalho Alvarenga, de 36 anos, disse que a iniciativa de inserir suas músicas no Spotify, foi por ser um aplicativo que abrange todo país e fácil de publicar, ele conta que mudou muito sua carreira, pois pessoas de outros estados escutaram suas canções. Maykinho disse que recebeu retorno financeiro do ser-

(reprodução/Spotify)

viço e que agora na pandemia o número de ouvintes cresceu mais ainda, mas teve que investir financeiramente para ter um alcance maior. “Você precisa acreditar no aplicativo, pois é muito bom e dá retorno”, diz o cantor manauara que pensa em usar a ferramenta para crescer profissionalmente. Juliele da Silva Almeida, de 29 anos, é cantora e compositora gospel de Manaus/AM e seu estilo musical é o worship. A cantora teve a iniciativa de colocar suas músicas no Spotify, pelo aplicativo dar informações, como a de ouvintes e reproduções no seu canal, e também por serem produzidos poucos CD ‘s físicos hoje em dia. A artista conta que conseguiu alcançar o objetivo pela plataforma, que

(Reprodução/Marcio Couth)

era alcançar um número maior de pessoas: “É legal saber quando as pessoas estão salvando suas músicas, colocando em playlists pessoais, isso tudo me deixou bem feliz”, relata. A cantora diz que teve dificuldades para conseguir postar suas criações no aplicativo, pois precisava investir financeiramente para fazer marketing e

(reprodução/Maykinho Feras)

conseguir um alcance maior na plataforma de streaming. Juliele sugeriu para quem está começando a usar o Spotify como um meio de mostrar seu trabalho, que procure alguém que entenda a plataforma: “Minha dica é você procurar uma agência ou uma equipe que te assessorem nesta questão, ou você mesmo ler e estudar para não dar cartucho em vão”, diz.


Série documental ‘O Caso Evandro’ será lançada semanalmente no Globoplay Expectativas de sucesso impulsionam a plataforma de streaming a planejar segundo projeto de mesmo gênero com a equipe de O Caso Evandro. Por Natália Frutuoso e Eloíza Marques

(Globoplay/Divulgação)

“Assim que terminar o primeiro episódio, o público vai ficar louco, querendo ver o segundo. Todos os episódios têm um gancho muito forte para o próximo”, é assim que Aly Muritiba, um dos diretores de O Caso Evandro, define a série documental que foi lançada no dia 13 de maio. A diretora Michelle Chevrand complementa que “os episódios terão reviravoltas do início ao fim”, assim como o caso que inspirou a trama. Todavia, os capítulos não serão lançados de uma só vez. São sete episódios sobre o caso Evandro

e um extra sobre o desaparecimento de Leandro Bossi. Os seis capítulos iniciais serão disponibilizados em dupla nas três primeiras semanas. Nas semanas seguintes, os capítulos 7 e 8 serão publicados individualmente. A pretensão do Globoplay é garantir o burburinho nas redes sociais e a retenção de assinantes, em uma estratégia semelhante à adotada pela plataforma Disney+ com as séries da Marvel. A data de estreia,

foi 9 dias após o fim do BBB21, também é estratégica – “A gente ia estrear em março, mas resolveram atrasar por conta do Big Brother, eu acredito que seja para reter os assinantes”, afirma Chevrand. A adaptação do podcast Projeto Humanos de Ivan Mizanzuk é, para Muritiba, a primeira produção audiovisual 100% brasileira do gênero true crime. O diretor explica que a série da Netflix, Bandidos na TV, trata de um caso brasileiro,

mas foi produzida pela BBC, ao passo que as demais séries do Globoplay – sobre João de Deus e Marielle Franco – “são reportagens jornalísticas. Elas, inclusive, foram feitas pelo departamento de jornalismo da Rede Globo para o Globoplay, não são true crime mesmo”. Michelle compartilha sua expectativa para o lançamento de Caso Evandro “a quarentena favoreceu esses canais [serviços de streaming], porque o público está consumindo mais. O grande teste do Globoplay [no gênero true


crime] foi a estreia da série. A gente ainda não tem esse feedback, eu e o Aly estamos acreditando nesse super sucesso”. Eles também apostam que os serviços de streaming buscarão produzir mais séries brasileiras do gênero true crime após o debute de Caso Evandro. A depender da receptividade do público, o Globoplay deve encomendar uma nova série do gênero, que já está em fase de negociações. O projeto, cujo tema ainda é secreto, adotaria o mesmo formato de Caso Evandro e seria desenvolvido pela mesma equipe. O assassinato de Evandro Ramos Caetano – que perdura sem resolução definitiva desde quando ocorreu em 1992, em Guaratu-

(Reprodução/Globoplay)

ba/PR – é classificado como um Cold Case [caso frio], segundo o perito criminal Fábio Salvador, da Polícia Federal, “em casos antigos retomados, apenas as provas técnicas sobram perenizadas, uma vez que as memórias são voláteis, as declarações mudam de tempos em tempos, testemunhas falecem e interesses diferentes podem se sobrepor à verdade dos fatos”. A quarta temporada do Projeto Humanos, podcast que originou a série, tem 36 episódios com, em média, mais de uma hora de duração, em que o jornalista Ivan Mizanzuk narra com detalhes as questões que cercaram a morte do menino Evandro. A temporada tem mais de 5 milhões de plays e o Projeto Humanos é o maior

podcast de storytelling brasileiro, de acordo com o site de Mizanzuk. Os diretores da série apontam o porquê de a produção audiovisual ser mais breve do que o podcast, e ressaltam que menos tempo não é sinônimo de menos informação. Segundo Aly, devido ao recurso da imagem ao contar a história, o projeto audiovisual não precisa de descrições reiteradas para formar uma cena na cabeça do público – “Ao invés de descrever uma pessoa, eu mostro a pessoa, ao invés de ler o trecho de uma entrevista dada pela pessoa, eu mesmo entrevisto a pessoa, então isso facilita muito, no sentido de que a gente consegue condensar mais a informação”. Por sua vez, Michelle

comenta a preocupação com a construção de uma adaptação que faça sentido para todos. “É um cuidado que a gente teve: de dialogar com o público maior e não só [com] os fãs do Podcast. A série tem esse papel. É muito importante a gente pensar nas pessoas que nunca ouviram, então, de fato, é para o público geral, não tem restrição”. Outro recurso utilizado na produção foi “a climatização, que é uma espécie de dramatização, sem necessariamente texto lido por atores, para tentar dar ao espectador o clima do que teria sido ou o crime, ou a investigação, ou o julgamento. Então, bem na linha de certos true crime de sucesso ingleses, ou americanos, a gente também tem uma boa dose de quase ficção dentro desse projeto documental”, conclui Muritiba.


Filmes de plataformas de streaming foram os que mais tiveram indicações no Oscar de 2021 Netflix, Prime Vídeo, Disney + e Apple TV são as plataformas que receberam indicações para o Oscar deste ano. Por Beatriz Portz de Paula e Vanessa Baena Zava Nogueira

Ocorreu uma mudança temporária das regras gerais e fez com que os filmes de plataformas de streaming ganhassem destaque na premiação. Com o filme Mank, de David Fincher, sendo o mais indicado do ano, a Netflix se qualificou como o estúdio com mais indicações, com 35 no total. A Amazon Studios teve 12 indicações e ficou como a segunda empresa mais indicada. No total, as empresas de streaming acumularam 50 indicações nesta edição da cerimônia. De acordo com as regras dos anos anteriores do Oscar, para um filme ser qualificado ele precisa ser exibido, no mínimo, 7 dias nos cinemas do condado de Los Angeles, com ao menos 3 sessões no dia. Porém, com os cinemas fechados, essas regras foram alteradas para a edição de 2021, permitindo que filmes que estre-

(Reprodução/Pexels)

aram em drive-ins, e longas que pretendiam ser lançados nos cinemas, mas foram impedidos e, portanto, disponibilizados diretamente em formato digital, concorram.

(Reprodução/ Beatriz Portz)

As plataformas de streaming tiveram destaque na lista de indicados ao Oscar 2021. A premiação, que aconteceu no dia 25 de abril, teve suas regras alteradas por conta da pandemia

e se mostrou diferente dos outros anos, indicando mais filmes de plataformas streaming do que lançados diretamente no cinema. Em conversa com Carlos Sena, fã de cinema e administrador da página no Instagram: “1 Filme por Dia”, ele conta que, nos últimos anos, começou a assistir aos filmes indicados e que esse ano, por conta de vários estarem disponíveis em plataformas streaming, achou mais fácil de achar os indicados: “Nesse ano os streamings tem ajudado bastante, se não der para ver todos da lista pelo menos os principais filmes das principais categorias têm como ver.” A indicação de filmes de plataformas de streaming sempre causou muita polêmica em Hollywood. Em 2019, o diretor Steven Spielberg deu uma declaração na qual se mostrou contra a indicação


desses longas para o Oscar, acreditando que os mesmos deveriam ser indicados para o Emmy Award (o maior prêmio atribuído a programas e profissionais de televisão). Letícia Nunes do Nascimento dos Santos, que trabalha na área de produtos digitais e podcasts da Globo no Rio de Janeiro, escreveu um artigo sobre “Streaming e a Temporada de Premiações” em fevereiro de 2020, quando a pandemia havia começado. Em entrevista, ela comenta o posicionamento de Spielberg: “Eu acredito que essa visão e esse posicionamento têm muito a ver com a proteção econômica do cinema”. Ela

(Reprodução/Pexels)

esclarece que a defesa do diretor seria motivada pela diminuição dos valores arrecadados na bilheteria. “Ele fala que essas produções de streaming deveriam concorrer ao Emmy e não ao Oscar. Então qual seria o critério? Eu acho que esses critérios não estão bem estabelecidos.” finaliza ela. A administradora da página de cinema “Ponte Cinematográfica”, Lara Pacini de 23 anos, comenta sobre o rumor do fim do cinema por conta da inserção do streaming dentro de grandes premiações: “Eu acho que os filmes de plataformas streaming fazem parte do cinema, mas não acredito que o

cinema físico vá chegar ao fim, a experiência de uma sala de cinema é algo insubstituível”. Braulio Lorentz de 37 anos, que trabalha atualmente como editor de Pop & Art no G1 (portal de notícias da Globo), conta sobre ver os filmes indicados: “Uma grande dificuldade e o que vai ser diferente dos outros anos na parte de cobertura é não poder ver a maioria dos filmes no cinema.[...] E também, por conta da pandemia, muitas das críticas e dos filmes que estamos vendo não foram vistos nas cabines (sessões de pré-estréia para jornalistas).” O jornalista ainda comentou que o Oscar 2021 trouxe indicações

diversificadas de filmes de outros países. Infelizmente o Brasil não foi indicado a nenhuma categoria esse ano. Mas as esperanças eram grandes! O filme Bacurau (2019) era a grande aposta do país inscrito para concorrer nas demais categorias, mas não poderia concorrer ao Melhor filme Internacional pela data do seu lançamento. O Oscar de 2021 aconteceu no dia 25 de abril, às 21:00 do horário de Brasília e foi 100% presencial para os indicados, apresentadores e seus acompanhantes. Foi possível acompanhar ao vivo no canal fechado TNT, no Globoplay e no site do G1.


Twitch aumenta em 120% os viewers e atinge mais de dois milhões de telespectadores mensais Influenciadores digitais estão vendo a Twitch como uma nova forma de comunicação e antigos usuários estão voltando a utilizá-la Por Guilherme Maneira e Leandro Bernardi

Os criadores de conteúdo e influenciadores digitais estão descobrindo uma nova forma de se comunicar com seu público, a Twitch, que em 2020 bateu seu recorde de telespectadores mensais, passando da casa dos dois milhões. A plataforma que tem como maior oferta as transmissões ao vivo de games, tem conseguido atrair cada vez mais público e produtores de conteúdo pela facilidade em assistir e a praticidade em transmitir. No ano de 2020 com a necessidade de ficar em casa, os serviços de streamings como o YouTube, Facebook e Twitch cresceram rapidamente, com recordes sendo batidos por principalmente brasileiros, tendo dentro das dez lives mais assistidas do ano, sete representes nacionais, com Marília Mendonça no topo, atingindo uma marca histórica de 3,31 milhões de acessos simultâneos no dia oito de abril de 2020. No Twitch Brasil te-

rador de Rainbow Six Siege pelo canal R6esportsBR, qeP utilizou a plataforma para alavancar sua carreira, “minha única forma de fazer meu marketing e propagar o meu trabalho era pela a Twitch”. Assim como qeP as pessoas sonham em trabalhar com algo que gostam, a Victória “Viic” (Reprodução/Fliker) Rodrigues formada em mos inúmeras pessoas telespectadores simul- Jornalismo e pós gradufazendo lives simultâneos com a marca ada em gestão de marketâneas, seja tanto de de 393 mil pessoas, ting e mídias sociais, jogos quanto apenas mas acabou sendo sempre se interessou por conversando com ultrapassado por esportes e sonhou em seu público. Dentro Gabriel Lessa conhe- ser atleta. Tem expedos modos e temas cido como “BAK”, que riencia em rádio, TV, de transmissões uma em uma transmissão impresso e assessoria de pessoa que se destaca reuniu 511mil pessoas imprensa, cobriu a Copa é o Alexandre Borba simultâneas. do Mundo de 2014 no Chiqueta mais conheAmbos os recorBrasil, as Olimpíadas cido como “Gaules”, des foram realizados Rio 2016 e até desfile de que segundo o The durante transmissões carnaval, porém, viu na Esports Observer em de campeonatos de Twitch e nos esportes 2020 foi o segundo e-Sports, que atraem eletrônicos uma oportustreamer do mundo grande audiência pelo nidade de trabalhar com com mais horas assis- duelo das equipes, e os games que sempre tidas dentro da Twit- remete a transmissão jogou desde pequena, ch, foram 128 milhões de um esporte tradi“eu sempre gostei muito, de horas, atrás apenas cional, que contém tive o convite da Ubisoft do canadense “xQc” uma equipe de repór- (desenvolvedora de gacom 147. Até feverei- teres, narradores e mes) e entrei num munro de 2021 detinha comentaristas, assim do que me apaixonei [...] também o primeiro como Ricardo “qeP” eu vendo a consolidação lugar no Brasil de Fugi, atualmente nar-


do mercado me fez realmente focar nisso pois vi que tinha futuro”, atualmente Viic trabalha como comentarista de Rainbow Six Siege, também pelo canal R6esportsBR. Com o mundo dos games cada vez mais se fortalecendo, surgiram novos streamers, o André “tiburci0” Rossetto foi um deles, ex jogador profissional de Counter Strike Global Offensive, Tiburcio perdeu o contato com os fãs pois estava há seis meses longe das transmissões e viu as lives como uma forma de reencontro com seu público. Em sua volta para a Twitch sempre buscou se aproximar

(Reprodução/Léo Sang)

(Reprodução/Léo Sang)

do público dando dicas de como aperfeiçoar suas habilidades. A plataforma da Twitch deixa disponível aos streamers uma possibilidade de passar “replays” de suas lives passadas, essa prática é

chamada como “rerun”, a ação de reprisar as transmissões possibilita o público interagir sem a presença do produtor de conteúdo, “O rerun aproxima muito o público que está assistindo por algum

motivo, seja por querer aprender ou dar risada”. Desde o início da pandemia da Covid-19 as plataformas de streaming estão em ascensão, entre elas está a Twitch, com um aumento no seu público atingindo mais de dois milhões de telespectadores mensais. A plataforma se destaca em vários aspectos, tanto para os consumidores quanto para os streamers, que elogiam o chat das transmissões e as maneiras de se comunicar. Os produtores de conteúdo prezam pelo suporte e apreciam a boa comunicação e relacionamento entre eles e a plataforma.


Como é feito e quais são os resultados do conteúdo atemporal nas plataformas de streaming Produções sem prazo de validade para serem consumidas estão presentes na maioria das plataformas de streaming, desde os artistas no Spotify e Netflix até educadores no YouTube e sites independentes. Por Guilherme Maneira e Leandro Bernardi

Segundo o HootSuite, cerca de 720 mil horas de vídeos são carregadas por dia no YouTube, o que mostra que os criadores de conteúdo buscam se reinventar pela demanda de conteúdo atual e imediato, que o mundo de hoje pede. Mas existe uma parcela de produtores que usam outra estratégia, e postam conteúdo atemporal. Quando falamos sobre o que é temporal ou atemporal, temos que saber o significado das expressões. O tempo em si começa a ser contado quando o universo começa, no Big Bang, e teoricamente para de ser contabilizado quando termina, logo nem a expressão “tempo” pode existir fora desse período. A expressão “temporal” significa algo passageiro, e quando classificamos algo como atemporal, pode se dizer que aquilo durará até o fim do universo.

(Reprodução/Alex Sandro)

Saindo do significado científico da palavra, podemos usar a expressão “atemporal” no sentido figurado, como na maioria das vezes é usado no nosso dia a dia, e é como vamos classificar a arte cinematográfica, por exemplo. A diretora, roteirista, professora de roteiro e pesquisadora Ana Johann, que atuou como diretora

ma sistematizada (...) existe uma pesquisa feita em Hollywood que 30% dos roteiros é jogado no lixo.” E complementa citando os motivos: “Você pode até usar todos os ingredientes, reunir os maiores atores, gastar milhões, mas mesmo assim tem filmes que são um fracasso de bilheteria, mas claro que quanto mais possibilidades, melhor. É muito diferente fazer um filme com (muito) dinheiro e assim você tem tempo pra fazer a e roteirista no filme melhor cena possível”. “A Mesma Parte de Nas produções de Um Homem” lançado Ana, segundo a mesem janeiro de 2021, ma, quando escreve na 24ª Mostra de não é pensado em Cinema de Tiradenproduzir tendências, tes, o maior evento e sim em possíveis brasileiro de cinema incômodos durante a contemporâneo, acre- direção, porque não dita que no cinema visa apenas o lucro, é possível fazer uma pois acredita em uma produção atemporal, remuneração razoável porém, depende de para todas as pessoas. alguns fatores. “É A plataforma do Youmuito difícil fazer Tube é utilizada por um conteúdo clássico pessoas de diferentes e atemporal de foridades e com diferen-


tes objetivos. Segundo o Hootsuite a plataforma tem mais de 1 bilhão de horas assistidas por dia de diferentes temas, e as videoaulas tem sido cada vez mais consumidas com o crescimento constante dos jovens na internet e também com o fator do ensino remoto em decorrência da pandemia. O professor Leandro Piccini, formado em História pela UFMS, Professor Piccini como conhecido no YouTube, tem um canal voltado para aprender técnicas de estudo. Piccini diz ter parte de seu conteúdo atemporal, como as técnicas de aprendizagem que fazem parte de processos do corpo humano, como a memorização que acontece com a repetição, e exemplifica dizendo: “(...) se isso for entendido vai ser atemporal”. A ideia inicial e os métodos de ensino do professor se baseiam em “trazer a aprendizagem com o conceito da neurociência e psicologia”, e afirma que está ligado a aprendizagem, não a educação. Em relação as plataformas que Piccini usa para

(Reprodução/Alex Sandro)

divulgar seu trabalho, conta que pelo YouTube seu conteúdo ganha público lentamente. “Os vídeos vão ganhando visualizações com o tempo (...) exceto nas redes sociais que é uma coisa muito pontual” Já o Professor Marcos Aba formado em Administração, Licenciatura em Matemática, Química e Física tem um canal com atualmente com mais de 3,1 milhões de inscritos no YouTube, e diz ser um dos pioneiros da plataforma no ramo de videoaulas. “Comecei no YouTube por acaso, tentando ajudar um amigo que tinha dificuldades em divisão, na época (2010), (...).

Fiz uma aula pra ele, tentei publicar nesse sistema estranho e deu certo”. Por ter uma graduação em administração, Marcos diz sempre estar a par do que acontece à volta. “Com a aparição de novos professores, com novas técnicas e abordagens, tive que contratar inúmeros professores para incrementar o Canal, ao longo desses 11 anos de YouTube”. A gastronomia também é uma forma de conteúdo atemporal, ela aparece em diferentes plataformas de streamings e com diferentes receitas. No YouTubeBR existem diversos canais de churrasco devido a

nossa cultura, um destaque neste ramo é o Tadeu do Canal Rango com mais de 350 mil inscritos, “inicialmente o canal tinha a ideia de fazer vários tipos de receitas, mas tive que fazer a opção de ir no rumo das carnes, do churrasco, para melhorar o conteúdo e acabei me deparando com o American Barbecue, que futuramente seria o foco do canal”, se tornando uma das referências brasileiras na área. Tadeu também falou sobre o processo de produção dos seus vídeos, e como vê seu conteúdo, “As receitas evoluem junto com o canal e as técnicas. Com elas evoluindo, as antigas não ficam obsoletas, mas faz parte da minha evolução aprimorar as receitas, então algumas são regravadas, o que não excluem as antigas pois se forem feitas também irão funcionar” A intensificação da produção de conteúdo e o consumo exacerbado talvez seja comum para determinadas pessoas, mas diversas outras conseguem ir na contramão e colher os frutos disso.


Brasil lidera ranking em consumo de pirataria no mundo

Em um intervalo de três meses, 2 bilhões de acessos são efetuados em plataformas de conteúdo pirata. Por Valeska Macedo e Brenda Niewiorowski

Segundo estudo feito pela empresa Nagra/Kudelski Group, o Brasil lidera em consumo de pirataria online no mundo, o que, atualmente, prejudica a indústria cinematográfica. A distribuição ou comercialização dos produtos audiovisuais realizados sem a autorização é considerada crime contra os direitos autorais dos proprietários. Desde o compartilhamento de links para o download de um filme até a venda de uma assinatura que oferece inúmeros conteúdos de maneira ilegal, a pirataria segue presente entre os brasileiros. Séries de grande sucesso como Friends, Anne With An E, This is Us e WandaVision estão presentes em diferentes plataformas, e, para acessar esses conteúdos, é necessária a assinatura em todos os streamings, o que resultaria em uma conta de R$ 117,50; mais que 10% do salário mínimo. “Não tenho condições de assinar todas as plataformas.

(Reprodução/Governo Federal)

A cada mês, vou alternando de streaming com base nos filmes que quero ver. Quando não consigo assinar, eu procuro em sites”, explica um estudante de comércio exterior. O acesso a conteúdos piratas cresceu em 33% durante a pandemia, conforme dados da Muso, empresa norte-americana que pesquisa sobre o assunto. Outro motivo compartilhado por telespectadores para assistir filmes e séries de forma ilegal é o acesso ao conteúdo antes mesmo de eles serem lançados em suas plataformas oficiais. É a realidade

de uma brasileira, que preferiu não se identificar: “Assisto os novos episódios de Grey’s Anatomy em outros sites porque até chegar em outras plataformas demora bastante, daí assim fica mais fácil”, conta. Os riscos de consumir pirataria são altos. Por ser um delito no Brasil, o consumo da pirataria pode levar à prisão no país. A violação dos direitos de autor tem uma pena de três meses a um ano, ou multa. Além disso, baixar um filme de maneira ilegal aumenta a possibilidade de ser infectado por vírus e malwares, que abrem

acesso a dados pessoais, bancários, redes sociais e e-mails do internauta. “Antes de eu conhecer os streamings, acessava direto em sites de filmes. Um dia, meu computador ficou infectado de vírus por causa disso e tive que restaurar tudo”, diz um comerciante de Curitiba. Eduardo Carneiro, coordenador de combate à pirataria da Agência Nacional de Cinema (Ancine), afirma que a ilegalidade de filmes e séries está em alta no país, principalmente em tempos de pandemia. O coordenador destaca que a consequência da pirataria de conteúdos audiovisuais se reflete na receita que deixa de ser gerada, na renda que deixa de ser oferecida aos empregados formais, nos empregos que deixam de ser gerados e que provavelmente são perdidos. E que todo esse recurso serve para alimentar o crime organizado. Segundo um


relatório apresentado em 2018 pelo Instituto IPSOS, as perdas com pirataria representam quase R$4 bilhões por ano. Os sites de torrent (sites que permitem baixar grandes arquivos de maneira simplificada) não são ilegais, mas quando compartilham conteúdos produzidos por direitos autorais, a situação muda. Entre 2019 e 2020, 450 desses sites foram bloqueados pela Operação 404 por operarem ilegalmente. Essa operação foi criada para combater os crimes da internet, e além de barrar sites, ela também apreendeu bens de luxo que foram adquiridos com o dinheiro da pirataria e deteve envolvidos em flagrante. Geralmente as pessoas que coordenam a pirataria baixam os conteúdos e os armazenam em outros países. Essa

(Pixabay/Pirataria)

(Pixabay/Pirataria)

infraestrutura internacional dificulta as operações policiais, ficando mais complicado de rastrear, identificar a autoria e processar os envolvidos. Dos 253 endereços de IP que foram bloqueados ano passado, apenas 30 deles estavam hospedados no Brasil. Alguns brasileiros persistem em burlar o sistema, utilizando uma forma de rede privada que

zava um dos sites que foi bloqueado. Ele, que anualmente acompanha o Oscar, assina 6 streamings diferentes e também recorre a sites ilícitos para assistir filmes que não se encontram disponíveis de forma legal. Segundo o entrevistado, antigamente a pirataria se justificava pelos filmes não serem encontrados online facilmente, mas que hoje isso mudou e os streamings oferecem uma grande variedade não mostra seu local de de materiais. “Eu só origem. baixo filmes quando os Os agentes que atu- conteúdos não estão disam na Operação 404 poníveis nas principais seguem monitorando plataformas. Não gosto os sites que foram blo- de ver filmes de maneira queados para verificar ilegal, mas alguns filmes se eles continuam sem raros eu só encontro funcionar, ou se houve assim. O site filmes cult alguma alteração de que eu acessava saiu do nome de domínio ou ar, mas tem outros dois número de IP com a que eu continuo acestentativa de burlar a lei. sando. Eles vivem sendo A equipe de reportabloqueados, mas logo gem conversou com voltam a funcionar”. um cidadão que utili-


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