A Sexualização da Mulher Amarela

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A L I U ZA X E

O ÇÃ

AS

UM MANUAL DE CONSCIENTIZAÇÃO

DA MULHER

AMARELA


Aline dos Santos, Ana Ribeiro, Júlia Almeida e Renata Naka

UM MANUAL DE CONSCIENTIZAÇÃO

A SEXUALIZAÇÃO DA MULHER AMARELA Trabalho final desenvolvido para a disciplina de Comunicação e Gênero, do curso de Comunicação Social - Produção Editorial, ministrada pela Profª Drª Milena Carvalho Bezerra Freire de Oliveira-Cruz da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................... 3 SAIBA DE ONDE VEM O SEU FETICHE ............................. 6 REFLITA SOBRE O QUE VOCÊ CONSOME ....................... 10 RECONHEÇA SUAS ATITUDES E LUTE CONTRA ELAS 24 INFORME-SE ........................................................................................ 27 NOTAS ...................................................................................................... 31 CONTEÚDOS CITADOS E MAIS ............................................... 33 GLOSSÁRIO .......................................................................................... 35 REFERÊNCIAS .................................................................................... 36


INTRODUÇÃO

A filósofa Carole Pateman, em seu livro O contrato sexual, de 1993, discorre sobre como o pacto original é tanto um contrato sexual quanto social: é social à medida que cria o direito político dos homens sobre as mulheres e é também sexual porque atua no estabelecimento de um acesso sistemático do homem ao corpo feminino. A partir disso, entendemos como o patriarcado legitima a dominação masculina e viabiliza violências físicas, verbais e simbólicas contra mulheres. 1Um dos mecanismos mais comuns de opressão de gênero é a objetificação. Esse, por sua vez, é a base para outra opressão: a sexualização. Nesse sentido, o indivíduo feminino perde sua função ativa de sujeito para assumir a passividade de objeto de contemplação masculina. .Além de encarar essa violência em suas relações cotidianas, as mulheres são obrigadas a lidarem com a erotização de seus corpos em meios de comunicação e produtos culturais. Peças publicitárias, 3


comerciais, filmes, revistas, entre outros, utilizam de parâmetros, como corpo magro, seios fartos, bumbum avantajado, pose, vestimenta, expressão facial, movimento dos lábios e contato visual, para criar um padrão de beleza a ser seguido e despertar o desejo em homens. Assim, podemos concluir que ser mulher e viver em uma sociedade patriarcal pressupõe lutar constantemente contra opressões. 1Dentro de um grupo amplo e diverso de mulheres, devemos nos atentar para entender que, dependendo de suas características, elas serão objetificadas e sexualizadas de maneiras distintas. Isso acontece porque esses processos violentos são compostos por hierarquias raciais, etárias e de tipos de corpos. Este manual se atém à sexualização de mulheres amarelas, objetivando suscitar reflexões a respeito deste assunto. Entretanto, esperamos que com ele as pessoas também consigam, de alguma forma, refletir sobre a erotização de outros corpos. .Antes de mais nada, é válido ressaltar que consideramos a definição de pessoas amarelas oriunda do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), isto é, pessoas de origem oriental¹: japonesa, chinesa, coreana, etc. (IBGE, 2010). Além disso, é importante pontuar que quando usamos o termo “asiático/a” neste manual, nos referimos estritamente aos asiáticos-amarelos (tanto pessoas que nasceram em países leste-asiáticos, quanto amarelos-brasileiros), visto que a Ásia é um continente 4


continente enorme que compreende vários países e diversas etnias². .Agora, a partir do entendimento de que as narrativas e imagens veiculadas na mídia podem disseminar ideias que ajudam a perpetuar uma cultura conservadora e preconceituosa, enxergamos a necessidade de elaborarmos este manual para auxiliar na desconstrução de estereótipos relacionados às mulheres amarelas. Venha conosco nessa jornada refletir sobre a sua representação e a sexualização!

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SAIBA DE ONDE VEM O SEU FETICHE A objetificação, a sexualização e a fetichização de mulheres amarelas está intrinsecamente relacionada à colonização e às guerras. Como exemplo de um dos atos abomináveis cometidos contra asiáticas está o “Massacre de Nanquim” ou “Estupro de Nanquim” em que, durante uma invasão do Japão à China na Segunda Guerra Sino-Japonesa, milhares delasforam violentadas, torturadas e tiveram os seus corpos destrinchados e abandonados pelas ruas. As que sobreviveram foram transferidas aos “postos de conforto” - localizados no Japão, China, Filipinas, Indonésia, Malásia Britânica, Tailândia, Birmânia, Nova Guiné, Hong Kong, Macau e na até então Indochina Francesa - tornando-se “mulheres de conforto” ou “mulheres de alívio”. Esses termos são utilizados para se referir às mulheres e meninas de países dominados pelo Império Japonês - como Coréia, China, Filipinas, Tailândia, Vietnã, Malásia, Taiwan e Indonésia - que foram obrigadas a se prostituir em bordéis militares japoneses durante a Segunda Guerra Mundial. Sugermimos 6


Sugerimos aqui o filme sul-coreano I Can Speak (2017) sobre uma sobrevivente dessa prática, considerado pelo historiador Yuki Tanaka como o maior, o mais elaborado e um dos mais agressivos sistemas de tráfico de mulheres que já existiu. ..Outra prática muito comum que evidencia a objetificação e a violência de gênero contra mulheres amarelas é a amarração chinesa dos pés. Iniciada por volta do começo do século X e abolida somente em 1911, esse ato de mutilação feminina pretendia diminuir o tamanho dos pés de meninas quando elas atingiam a idade de 5 a 6 anos, quebrando-os, dobrando-os e, por fim, enfaixando-os. A amarração dos pés simbolizava status e beleza, como também era utilizada para a obtenção de um “bom casamento”. Esse fenômeno tornou-se atração nos Estados Unidos após Afong Moy ser levada por comerciantes americanos até o país em 1834. Por cinquenta centavos, em um museu em Nova Iorque, era possível vê-la rodeada por adereços chineses, comendo com "kuàizi" ou "kuai-tzu", respondendo perguntas por meio de um intérprete e, eventualmente, andando pelo ambiente para que pudesse exibir suas amarras. Aqui, cabe destacar que as pessoas amarelas - e todas as não-brancas sempre foram vistas como o Outro e, assim, elas são colocadas em um lugar de exotismo e sua dor é posta como atração. .Desse contexto dominador e violento, surgem os estereótipos veiculados em produtos comunicacionais 7


comunicacionais e culturais que sexualizam, assim como objetificam mulheres amarelas. Neste primeiro momento, vamos nos atentar apenas à figura conhecida como "gueixa" ou "china doll". Mineko Iwasaki, inspiração do romance Memórias de uma gueixa, de Arthur Golden, moveu um processo contra o autor por ele ter revelado sua identidade e por tê-la representado de forma equivocada. Iwasaki desaprovou a ideia passada na obra de que gueixas são prostitutas de luxo, quando na verdade são artistas. 1Este estereótipo é bastante comum na representação de asiáticas por homens brancos, em que a gueixa é apresentada como obediente, passiva, servil, submissa e extremamente sensual. Ademais, ela é tratada como objeto sexual para o consumo, fantasia masculina e satisfação dos desejos ocidentais. A gueixa também é entendida como dependente do homem com quem se relaciona e, por isso, podemos fazer uma ligação como “white savior”, termo utilizado para colocar pessoas brancas como “salvadoras” de pessoas racializadas. Isso porque quando essa mulher está no lugar de dependência em relação à figura masculina branca, ela coloca a sua vida e a sua sobrevivência em suas mãos, ou seja, o homem se torna o responsável por cuidar dela e salvá-la. Um ótimo exemplo de representação da mulher amarela como dependente do homem branco é o conto Madame Butterfly. O autor estadunidense John 8


Luther Long constrói a narrativa, que virou ópera, peça e filme, a partir de uma delicada, erótica e exótica gueixa que se apaixona por um tenente dos Estados Unidos. Cansada de esperar pela volta do amado, a personagem submissa tira sua própria vida. .Inspirado na ópera de Madame Butterfly, o muiscal musical Miss Saigon, de 1989, substitui a gueixa pela prostituta vietnamita, que vive uma "história de amor” com um soldado americano durante a Guerra do Vietnã. Apresentamos aqui apenas alguns exemplos de como as mulheres amarelas são vistas e sexualizadas por homens brancos e como essa ideia foi disseminada no Ocidente. Essa visão imensamente colonizadora, que ainda persiste em 2022, põe a mulher asiática como objeto sexual para satisfazer os desejos da figura masculina, tal como para ser dominada e conquistada.

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REFLITA SOBRE O QUE VOCÊ CONSOME ..Como vimos, ser mulher é ser silenciada por diversos tipos de violência, direta ou indireta, vividos no seu cotidiano. A opressão, a objetificação, a invalidação e a sexualização, assim como outras agressões relacionadas ao gênero, acontecem em todos os países do mundo, não respeitando fronteiras. Assim, não podemos ignorar a relação entre gênero e raça. As mulheres racializadas carregam o peso de serem mulheres e não-brancas. Como Cecilia Inamura de Moraes pontua no texto publicado no Medium, Mulheres de Desconforto, o feminismo negro traz importantes debates em relação às manifestações de violência de gênero direcionadas a mulheres brancas e negras. Já o feminismo amarelo: especialmente em território brasileiro, ainda enfrenta um obstáculo primário, que é o reconhecimento de mulheres amarelas enquanto mulheres racializadas, cujas experiências, embora não se comparem às vividas por mulheres negras, carregam em si um problema de discriminação racial. (MORAES, 2019)

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Importante dizer que a criação de um feminismo dentro do feminismo, como bem esclarece Laís Miwa Higa na matéria ELAS, AMARELAS da Revista Trip, Não se trata de fragmentar ainda mais os feminismos, mas de organizar espaços de identificação, principalmente no compartilhamento de experiências vividas em corpos mergulhados em estereótipos. (SAYURI, 2017)

Como foco do manual, temos a mulher amarela, que, mesmo que tenha sido sexualizada e abusada por homens amarelos em seus países de origem — afinal, vivemos em um mundo sexista —, não sofria, primeiramente, com a carga de fetichização e estereotipização racial. Entretanto, ressaltamos que, por mais que as pessoas amarelas sejam racializadas e passem por problemáticas envolvendo diretamente a sua cor, não podemos, de forma alguma, comparar as experiências e a história desse grupo com a de minorias marginalizadas, como negros, indígenas, marrons, ciganos, pois, ainda assim, as mulheres amarelas, por exemplo, ocupam um lugar de privilégio quando colocadas ao lado de outras nãobrancas. A partir do momento em que a branquitude começa a enxergar figuras femininas asiáticas, ela cria sua própria fantasia sexual e coloca sobre elas a expectativa de serem de tal maneira, como a fala da ativista e artista Ingrid Sá Lee para o documentário O Perigo Amarelo Nos Dias Atuais mostra: 11


A construção da imagem asiática no Ocidente, eu consigo criar esse paralelo com a boneca. Ela sempre foi tida como uma boneca exótica, que você pode adquirir. A mulher asiática, ela representa a feminilidade, a submissão. (MORAES, 2019)

Essa visão se perpetua tanto nas relações pessoais dos brancos (quando dizem que só se interessam por asiáticas), quanto na forma como eles representam a mulher amarela na mídia. Em outra passagem, o texto Mulheres de Desconforto reforça: A forma como a mulher asiática é representada na indústria de entretenimento (incluindo a pornografia), tida como exótica, submissa, hiperfeminina, infantilizada, influencia muito em como a sociedade nos vê. Um é produto do outro. (MORAES, 2019)

Segundo o teórico Edgar Morin, uma cultura tem pontos de apoio imaginários à vida prática e pontos de apoio práticos à vida imaginária. Ou seja, os produtos que consumimos são espelhados no modo como agimos e vivemos, ao mesmo tempo que somos influenciados por eles. Nesse sentido, preconceitos e representações inadequadas que colocam o corpo da mulher amarela como objeto são frequentemente vistos nas produções culturais. Traremos, a seguir, alguns exemplos que fomentam essa visão. PORNOGRAFIA O primeiro exemplo da representação fetichizada da mul 12


da mulher asiática é o mais óbvio: a pornografia. Todas as mulheres são sexualizadas em vídeos pornográficos, afinal, eles foram precisamente criados, inicialmente, para o prazer do homem hétero. Entretanto, ao direcionarmos a análise para mulheres amarelas, percebemos que os estereótipos construídos e disseminados por muito tempo são significativamente reforçados nesse tipo de conteúdo. A pornografia coloca a mulher amarela como alguém infantil e fofa, que veste roupas escolares, o que Cecilia Inamura de Moraes enfatiza como sendo uma forma de alimentar o fetiche por estudantes asiáticas criado, por exemplo, em animes: Devido a uma série de fatores, o imaginário sexual desenvolvido com base nessas representações vem ganhando espaço, reforçando o fenômeno da Yellow Fever e configurando uma realidade de crescente insegurança a mulheres amarelas, inevitavelmente relacionadas a essas representações. (2019)

Conseguimos visualizar melhor tudo isso quando constatamos que em 2021, o termo mais procurado no Pornhub, um dos mais famosos sites de pornografia, foi “hentai” que se refere a desenhos orientais com teor sexual, e a segunda foi “japanese”. As palavras “korean”, “chinese”, “anime” e “asian” também estão no ranking de termos mais pesquisados.

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Figura 1 - Termos mais procurados no site Pornhub

Fonte: Pornhub (2021)

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.Assim, visto que a pornografia é uma ferramenta de normalização do machismo e do fetichismo racial, faz-se extremamente necessário a reflexão acerca do consumo deste tipo de produto cultural, já que, normalmente, o pornô é o primeiro contato de teor sexual que jovens têm. Precisamos ampliar a conversa com as crianças e com a sociedade como um todo a respeito dos prejuízos que a relação entre homem e mulher em vídeos e filmes pornográficos traz para a criação e formação, tanto de meninos, quanto de meninas. Pornografia não é educação sexual! ANIME Uma forma mais “discreta” de satisfazer os desejos dos homens e colocar a mulher amarela em uma posição de objeto sexual é mostrando partes de corpos tendenciosamente desenhados e enquadrados em primeiro plano em animes como Enen no Shouboutai, no qual esse tipo de cena não tem nada a ver com o contexto da narrativa e, muitas vezes, os rostos nem aparecem. Figura 2 - Cena de Enen no Shouboutai

Fonte: Twitter (2020)

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Outra característica muito presente nas figuras femininas de animes e mangás é o papel de suporte para os homens, como Ino e Tenten de Naruto. Ainda, observa-se que os criadores desses produtos recheados de polêmicas escolhem situações e personagens a serem retratadas intencionalmente para promover fetiches, como por exemplo cenas de abusos sexuais - normalizados e usados com comicidade - e as chamadas lolis - menores de idade ou mulheres que aparentam e/ou ajam como menores de idade que são sexualizadas. Este último também é considerado um gênero e, juntamente com o gênero shota, quase foi banido pela ONU, que divulgou em 2019 uma diretriz que visava proibir todas as mídias que contivessem abuso sexual de crianças, ou seja, a Organização das Nações Unidas considerou esses dois gêneros como pornografia infantil. ..Além disso, a expressão otaku se tornou popular no Brasil nos últimos anos e se refere a quem admira a cultura leste-asiática: os animes, os mangás e… as mulheres. Assim, percebemos que muitos animes e mangás reforçam a ideia da mulher submissa, coadjuvante, fetichizada e é preocupante a quantidade de jovens de todas as partes do mundo que consomem esses conteúdos desde pequenos. Como a pornografia, e como qualquer outro produto cultural, esses desenhos e séries também influenciam na formação dos indivíduos e na maneira como os homens vão enxergar e tratar a mulher amarela. 16


.........Mas como vou lutar contra essa sexualização se não sou eu que produzo? Eu tenho que parar de assistir todo e qualquer anime? Realmente, é difícil alcançarmos o cerne do problema, já que essas histórias e personagens são criados lá no Japão e, para piorar, são os japoneses os maiores consumidores disso tudo, mas podemos nos atentar mais em como as mulheres estão sendo retratadas, refletir sobre e questionar publicamente. Não necessariamente abolir esses materiais da sua vida, mas consumir com responsabilidade e com a consciência de que aquilo está errado. O importante é debatermos e cada vez mais enxergarmos o quanto os produtos que gostamos podem ferir e invalidar as mulheres. E outra, o site Garotas Geeks fez uma lista em 2017 com muitos animes e mangás que representam as mulheres de forma responsável e nos quais suas tramas não giram em torno do personagem masculino, como Shangri-La, Kobato, Princess Tutu e Guerreiras Mágicas de Rayearth. CINEMA E TV .........A maior indústria de cinema do mundo, Hollywood, adora colocar tailandesas, cambojanas e vietnamitas como prostitutas e strippers e representar mulheres sudeste-asiáticas como lindas e burras ou também profissionais do sexo. Não estamos aqui menosprezando tais profissões, pelo contrário, achamos 17


achamos dignas, porém, quando apresentadas em determinados contextos, só servem para reforçar padrões pré-definidos e sexualizar personagens. .........A representação estereotipada, presente em grande parte de filmes e programas de TV que retratam mulheres amarelas (quando retratam), faz com que haja a naturalização e internalização “da posição dessas mulheres na sociedade”, isto é, faz com que, para o público, seja normal, natural, óbvio que a mulher amarela seja objetificada e fetichizada, representada de forma superficial e sexualizada. Podemos retratar asiáticas como escravas sexuais ou noivas compradas pela internet, porque, afinal, quem iria questionar este padrão imposto pelas telas no nosso cotidiano? A profissional de Relações Internacionais já antes citada neste manual, Cecilia Inamura de Moraes, fez um estudo com relatos inéditos e anônimos de jovens autodeclaradas amarelas. De 566 entrevistadas, 86,7% consideram que o corpo da mulher asiática é erotizado na cultura pop e 68,2% já viveram episódios de abuso e assédio relacionados à sua ascendência. Um exemplo da cultura pop que erotiza a mulher amarela é a novela Malhação - Sonhos, na qual a única função da personagem de Danni Suzuki é entrar no meio dos casais da série, representando uma aventura sexual. De certa forma, ela é reduzida ao 18


ao seu corpo e ao que ela pode oferecer com ele, não tendo nenhum outro traço de personalidade senão seu poder de sedução. Figura 3 - Roberta, personagem de Danni Suzuki, na Malhação Sonhos

Fonte: Gshow (2021)

....Outro exemplo bastante famoso é Katana, personagem da série de quadrinhos e filmes Esquadrão Suicida, da Marvel. Leste asiática, ela não só é representada de modo fetichista, mas também traz um estereótipo de personalidade conhecido como “dragon lady”, no qual uma mulher amarela usa da sensualidade como arma e insinuação de ferocidade, sendo apresentada como um instrumento. A dragon lady é misteriosa, exótica e ameaçadora. Esse elemento é frequentemente visto em filmes de ação e aventura.

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Figura 4 - Katana, personagem do Esquadrão Suicida

Fonte: Purebreak [s.d.].

Peni Parker, personagem de Homem Aranha no Aranhaverso, também apresenta características que, como vimos, ajudam a sexualizar e fetichizar mulheres amarelas, como por exemplo a infantilização e o uso de uniforme escolar. Ela também possui estereótipos que escancaram como os não-amarelos enxergam pessoas asiáticas e seus descendentes: Peni é fofa, pequena, inteligente, hacker e solta palavras em japonês aleatoriamente. Até parece que a única função da personagem é ser amarela.

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Figura 5 - Peni Parker de Homem Aranha no Aranhaverso

Fonte: Meleka Pop (2019)

Vale destacar que outro fator que contribuiu para a hipersexualização das pessoas amarelas foi o boom mundial que o K-Pop teve nos últimos anos. Entretanto, por mais que tanto os artistas homens, quanto mulheres sejam exotificados pelo Ocidente, percebe-se que a presença midiática dos grupos femininos é construída, a partir das danças, das vestimentas e dos clipes musicais, para gerar uma visão fofa ou sexy, o que contribui na objetificação e fetichização das asiáticas, enquanto que a imagem dos grupos masculinos se desprendem um pouco mais de estereótipos e da posição de um “ser exótico”. Recomendamos a leitura do artigo A Representação Feminina no K-Pop e seus Reflexos nos Padrões de Consumo e Comportamento Social para aprofundar mais a reflexão acerca do assunto. Estes são apenas alguns exemplos de como a estereotipização pode influenciar na sexualização da mulher 21


mulher amarela e satisfazer a fetichização racial. Para além dessa visão que erotiza os corpos asiáticos, a mídia pratica várias micro agressões e preconceitos contra esse grupo de pessoas, os quais não cabe nos aprofundarmos aqui. .Entretanto, é válido observar que ainda vemos poucos atores amarelos ocupando espaços no cinema e na televisão brasileira. E quando ocupam, é, muitas vezes, por exemplo, neste lugar de estrangeiro, de diferente, de exótico, como no filme Made In China (2014), estrelado por Regina Casé, em que somente no trailer já se percebe um show de preconceitos. Além disso, produtores escolhem pessoas brancas para interpretar descendentes de leste-asiáticos como se não houvesse atores o suficiente ou bons o bastante para os papéis, como no caso da novela global Sol Nascente (2016). Aqui, consideramos válido divulgar e recomendar o projeto de IGTV #LiveBrasileirosComBrunaAiiso no qual a atriz Bruna Aiiso troca ideias com artistas amarelos e aborda temas como essa “falta” de intérpretes. ...A conversa sobre a representação nada representativa no audiovisual brasileiro (e em produções hollywoodianas) é longa e precisaríamos de um outro manual só para falarmos sobre isso, mas a reflexão é a mesma de quando pensamos nos produtos de cinema e TV que sexualizam mulheres amarelas. ...Precisamos prestar mais atenção no que consumimos 22


consumimos e quais são as pessoas presentes nestes espaços culturais. E, novamente, a solução não é simplesmente pararmos de assistir determinado filme ou série, mas sim refletirmos sobre o porquê de vermos sempre a mesma representação de pessoas amarelas em diferentes tipos de mídia. É refletirmos o porquê de não vermos esse grupo na nossa novela favorita. Será que não tem ator amarelo no Brasil? ....Meninas descendentes de asiáticos-amarelos precisam crescer se enxergando nas revistas, nos filmes, nas novelas, nas séries, nos jogos, nos livros, nas redes sociais. Não de forma sexualizada, mas de formas reais. Elas precisam olhar para o mundo e enxergar que elas possuem uma beleza, não exótica, mas única.

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RECONHEÇA SUAS ATITUDES E LUTE CONTRA ELAS Além do papel da mídia na criação e manutenção de estereótipos, como os de gueixa, china doll e dragon lady, há uma problemática que interfere muito mais na vida das mulheres amarelas do que sua representação midiática: a fetichização contribui expressivamente para a violência sexual. .........Mas o que se enquadra como fetichização? Por que dizer "sempre quis namorar uma japa¹" é uma frase problemática? Por que o Yellow Fever é problemático? Fetiche, segundo o dicionário, referese a 1) um objeto, corpo (ou parte dele) ou comportamento que provoca excitação sexual, que pode ser erotizado para satisfazer os desejos de alguém e 2) um objeto que se cultua por supostamente possuir um valor mágico ou sobrenatural, objeto com características mágicas. Juliana Sayuri traz em sua máteria da Uol Como O Antigo Fetiche Por Mulheres Asiáticas Persiste na Pornografia que, portanto, dizer que tem fetiche em asiáticas, por exemplo, destaca “o recorte racial da fetichi 24


fetichização, que retrata mulheres amarelas como delicadas e tímidas, mas, ao mesmo tempo, misteriosas e fãs de sexo selvagem” (2020). Juliana também começa o texto da matéria ELAS, AMARELAS chamando para um exercício: Feche os olhos e imagine uma mulher de ascendência asiática.² Uma mulher de pele pálida e delicada, olhos puxados e lábios finos, que se movimenta num corpo sem violão, de peito pequeno e quadris estreitos. Exótica – uma mulher quase branca, dizem. Tímida, que ri com as mãos nos lábios. Submissa, que nem sequer se abala com “brincadeiras” sobre sua vagina “na horizontal”. (SAYURI, 2017)

.........Isso as coloca na posição de um objeto que provoca excitação sexual e coloca seu corpo como passível de ser erotizado para satisfazer os desejos de alguém. Essa ideia pode resultar em abusos e assédios, já que a mulher amarela está disposta a corresponder ao fetiche dos homens, não é mesmo? Como Fabiane Ahn publicou em seu Facebook, ainda segundo a matéria da Revista Trip, a mulher amarela está pronta para ser fetichizada, certo? Porque mulheres de cor são fetiches. Em setembro de 2021, o artista amarelo Rick Akira postou um vídeo em sua conta do Instagram com a legenda “Devido ao interesse e dúvida das pessoas, fiz um vídeo explicando por que fetichizar minorias raciais é racismo e por que isso é tão normalizado”. Nele, Rick fala de forma didática e com uma linguagem acessível sobre a problemática de ter fetiche 25


fetiche em pessoas racializadas. Vale a pena conferir! Com tudo que vimos até aqui, já entendemos o quão errado é fetichizar corpos, especialmente de pessoas não-brancas, e como já estamos atrasados em respeitar as mulheres nas representações midiáticas e nas relações pessoais do cotidiano. Sem contar que todos esses assuntos que discutimos neste manual também afetam, e muito, a autoestima e o sentimento de pertencimento das mulheres amarelas. ..........Só para deixar claro mais uma vez, NÃO FETICHIZE CORPOS AMARELOS! .....Quando vir uma mulher amarela em algum produto midiático e sentir atração, se pergunte de onde esse sentimento vem. Pense duas vezes - ou mais - antes de dar match em uma pessoa apenas por ela ter ascendência asiática, e, se der, não mande mensagens como “nunca fiquei com uma japinha, você vai ser a primeira” ou “tenho muita curiosidade em saber como é beijar uma oriental”. “Ah, mas então não posso gostar de pessoas amarelas?” Claro que pode, desde que esse gostar esteja ligado a complexidade e individualidade da pessoa e que transcenda a pura e simples objetificação destes corpos.

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INFORME-SE

A partir dos exemplos dados, vemos que presenciamos e reproduzimos muitos dos estereótipos e contribuímos, consequentemente, para a fetichização da mulher amarela. Reconhecer esses atos é muito importante, mas nossa conscientização não deve parar por aí. Apesar de recente, a discussão acerca do assunto tem ganhado um espaço significativo, principalmente nas redes sociais. Aqui, indicaremos alguns conteúdos que consideramos válidos de serem acessados. .No meio acadêmico, temos alguns artigos que discorrem sobre o tema como o Fetichização da mulher leste asiática e de suas dispersões transnacionais: o papel do design em sua conscientização e resistência que ilustra e exemplifica alguns dos estereótipos retratados na mídia. E o modo como as mulheres são retratadas nos animes é comentado em Representação Feminina em Animações Japonesas e sua Problematização:

feminina 27


uma Análise do Podcast Otaminas. .O último artigo sugerido analisa as falas de alguns episódios do podcast Otaminas que traz uma “visão feminina do mundo otaku” como diz na descrição do seu programa e achamos interessante, especialmente, os episódios Mulheres são bem representadas nos animes? - Otaminas #002 e Estupro como recurso narrativo - Otaminas #18. ..Para aqueles que gostam de podcast, também separamos outros episódios: Fetiche Racial e Yellow Fever (com Ana Hikari e Léo Hwan) do KPapo, um podcast voltado para o mundo kpoper; Pare de nos fetichizar! (feat. Aya Pitaya) do Yellow Board, um programa sobre as vivências amarelas; e Prosa #35: Preconceito Amarelo e Fetichização Asiática do Cantinho da Prosa, um podcast sobre assuntos diversos. .No episódio citado da Prosa, uma das convidadas é a Bruna Tukamoto, criadora de conteúdo que fala sobre questões do cotidiano como maquiagem e que dá bastante destaque ao preconceito amarelo no seu perfil. Recomendamos um de seus vídeos para o Instagram, que fala sobre a Fetichização da mulher amarela!. Outra pessoa que vale a pena conferir e que já foi citada anteriormente é a Ing Lee, uma artista que criou o Selo Pólvora, um coletivo de mulheres com ascendência asiática, e que fez uma arte sobre a fetichização da gueixa. .Muitas matérias também abordam o tema da sexualização como o Desejo, estereótipos e fetiche racial 28


racial do blog Outra Coluna, um canal de informação e diálogo sobre o racismo que foca na luta asiática e no apoio às minorias não-brancas, como descrito no seu subtítulo: “Resistência Asiática e Solidariedade Antirracista”. Outra matéria interessante é Feminismo asiático: mulheres lutam contra erotização e racismo no Brasil, em que três descendentes do leste asiático deram seus relatos sobre suas vivências enquanto mulheres, amarelas e brasileiras e suas participações neste viés feminista. ..........Vale ressaltar que esperamos que a reflexão gerada por este manual consciente não se restrinja apenas à sexualização da mulher amarela. O tema é apenas mais uma parte do preconceito amarelo, que se disfarça de elogios, brincadeiras e micro-agressões. Com conteúdos vindos do leste asiático cada vez mais comuns no nosso dia a dia, é quase impossível você não conhecer uma pessoa que não assista a um anime, ou a um dorama, ou que não seja fã de algum grupo de K-pop, por exemplo. A disseminação de conteúdos de um país e cultura diferente é muito importante e boa para uma sociedade mais diversa, mas, ao mesmo tempo, pode aflorar e difundir alguns estereótipos. Assim, além das indicações já citadas, sugerimos para quem quer acompanhar mais as discussões acerca de ser uma pessoa amarela brasileira e a visibilidade asiática, o canal Yo Ban Boo e os perfis Somos Amarelas, Amerelitude, Somos Brasileiros, Meu Segundo Nome, Brasilidades Asiáticas, Coletivo Oriente-se 29


Oriente-se, Leo Hwan, Karina Kikuti, Laís Ezawa, Kendy Higashi, Hase, Miwa, coletivo labibe yumiko, Ana Hikari, Victor Han e tantos outros. Consideramos essencial trazer aqui, novamente, que ser amarelo é pertencer a uma minoria, mas uma minoria privilegiada em vários sentidos. A luta asiática-amarela deve dar suporte aos demais movimentos e praticar a solidariedade anti-racista negra e indígena, como bem prega o blog Outra Coluna. Que a militância amarela saiba reconhecer o seu espaço, mas “sem gritar mais alto que pautas mais urgentes”, como conclui Gabriel Yukio Goto em seu texto no Medium. .........Desta forma, por último, mas não menos importante, temos uma sugestão que não trata apenas do assunto discutido neste manual, mas que traz reflexões sobre diversos tipos de preconceitos raciais, que é o Ensaios sobre racismo: pensamentos de fronteira, disponibilizado gratuitamente para que todos possam ler e refletir. Diversos conteúdos foram citados por aqui, mas é possível encontrar muito mais pela internet a fora. O foco deste manual foi a sexualização da mulher amarela, mas nada impede que você procure saber quais as lutas enfrentadas diariamente por outros indivíduos. Te incentivamos a procurar materiais e discursos de minorias, sejam elas distantes ou próximas da sua realidade. . Procure. Explore. Ouça. 30


NOTAS

INTRODUÇÃO 1. Não é adequado usarmos o termo “oriental” apenas para nos dirigirmos aos amarelos, já que ele se refere ao o que é originário da localização geográfica Oriente, ou seja, Arábia Saudita, Iraque, Iêmen, Rússia, Índia, Tailândia e Austrália também são alguns dos países orientais. Entretanto, pensemos sobre o uso desta palavra: o “Oriente” é uma invenção do Ocidente. Edward W. Said faz uma análise sobre essa ideia em seu livro Orientalismo, “Durante os séculos XIX e XX, supunhase que o Oriente e tudo que nele havia era, se não patentemente inferior ao Ocidente, algo que necessitava de um estudo corretivo pelo Ocidente”. Então, ao chamarmos os amarelos, por exemplo, de orientais, estamos validando essa invenção que prega uma relação de poder e dominação na qual o povo europeu é superior a outras culturas e destrói tradições e histórias que não pertencem a ele. [VOLTAR] 2. Sobre asiáticos marrons, sugerimos a matéria Invisibilidade Marrom, de Ariel Strauss. [VOLTAR]

RECONHEÇA SUAS ATITUDES E LUTE CONTRA ELAS 1. Este termo pode ser considerado pejorativo quando utilizado para se referir a alguém amarelo, pois coloca todo esse grupo como iguais, ignorando as diferenças de traços entre pessoas dos diferentes países leste-asiático. Além disso, chamar uma pessoa

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1. pessoa amarela de “japa” apaga a sua identidade e individualidade, como se ela não tivesse um nome e fosse resumida a seu fenótipo. Bruna Tukamoto discorre um pouco sobre as problemáticas dessa palavra em seu vídeo recente. [VOLTAR] 2. Costumamos imaginar uma pessoa amarela quando pensamos em uma pessoa com ascendência asiática, contudo devemos nos desprender dessa ideia leste-centrista. Sobre o assunto, sugerimos o texto de Ariel Strauss. [VOLTAR]

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CONTEÚDOS CITADOS E MAIS ARTIGOS A Representação Feminina no K-Pop e seus Reflexos nos Padrões de Consumo e Comportamento Social Fetichização da mulher leste asiática Mulheres de desconforto: o consumo da imagem da mulher amarela Representação Feminina em Animações Japonesas e sua Problematização: Uma Análise do Podcast Otaminas

DOCUMENTÁRIO O Perigo Amarelo Nos Dias Atuais

LIVRO Ensaios sobre racismo: pensamentos de fronteira

MATÉRIAS 70 anos depois, um novo sistema de “mulheres de conforto” Algumas coisas que podemos fazer para combater o leste e nipo-centrismo racismo

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Como O Antigo Fetiche Por Mulheres Asiáticas Persiste na Pornografia Desejo, estereótipos e fetiche racial Elas, Amarelas Feminismo asiático: mulheres lutam contra erotização e racismo no Brasil Invisibilidade Marrom Foda-se a sua nipo-descendência Mulheres de Conforto - Filme “I Can Speak” Melhores animes e mangás representativos para garotas geeks!

PODCASTS Estupro como recurso narrativo - Otaminas #18 Fetiche Racial e Yellow Fever Mulheres são bem representadas nos animes? - Otaminas #002 Pare de nos fetichizar! Prosa #35: Preconceito Amarelo e Fetichização Asiática

REDES SOCIAIS Arte de Ing Lee - fetichização da gueixa Perfil da Bruna Aiiso, responsável pela #LiveBrasileirosComBrunaAiiso Vídeo da Bruna Tukamoto sobre "fetichização da mulher amarela!" Vídeo da Bruna Tukamoto sobre “japa” Vídeo do Rick Akira sobre fetichização

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GLOSSÁRIO

1. Kuàizi ou Kuai-tzu: são uma espécie de talheres típicos da cultura chinesa usados nas refeições; com formato de duas varas iguais e longas, os objetos são feitos de materiais como bambu e plástico, entre outros. [VOLTAR] 2. Yellow Fever: refere-se a atração e/ou fetiche exclusivo por pessoas amarelas. [VOLTAR] 3. Hentai: desenhos, como animes e mangás, pornográficos. [VOLTAR] 4. Anime: animações oriundas do Japão. [VOLTAR] 5. Mangás: histórias em quadrinhos japonesas. [VOLTAR] 6. Shota: termo japonês que se refere a um complexo relativo à sexualidade, onde um adulto sente-se atraído por um garoto mais novo e vice-versa. [VOLTAR] 7. Otaku: palavra usada para definir as pessoas que se interessam por e consomem produtos culturais japoneses, em especial os animes e mangás. [VOLTAR] 8. K-Pop (Korean Pop): gênero musical Pop que surgiu na Coréia do Sul. [VOLTAR]

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美和

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