Tema: Arquitetura como agente de transformação na qualidade de vida dos usuários do ambiente de saúde Questão de pesquisa: Como elaborar projetos com fatores de humanização que tornem a arquitetura parte do processo terapêutico? Justificativa: o tema torna-se de grande importância visto a evolução do ambiente de cuidados com a saúde, que atualmente busca envolver uma vasta gama de profissionais para melhora atender o paciente, nesse aspecto a participação do arquiteto é fundamental para criar a conexão do espaço e usuário, articulando um programa complexo de forma sensorial e humanizada como parte do processo terapêutico Objetivo geral: mostrar como a arquitetura humanizada se integra no processo terapêutico através da influencia de elementos sensoriais Objetivos específicos: mostrar os benefícios trazidos através da arquitetura
REFERENCIAL TEÓRICO E PROJETUAL
Atualmente, a arquitetura hospitalar está trazendo uma nova visão sobre a relação entre seus usuários e espaços, iniciou uma busca para reinventar a forma como pacientes, funcionários, acompanhantes e prestadores de serviços ocupam essas áreas, uma busca em criar ambientes terapêuticos e humanizados, proporcionando bem-estar físico e emocional
Segundo Toledo (2008), a palavra humanização está diretamente ligada a resposta do projeto ao atender condições que se apropriem dos aspectos térmicos e ambientais, implantação e relação com o entorno, a correta distribuição de seu programa e facilidade na manutenção e adaptação dos seus ambientes, relacionando uma vasta gama de profissionais desde gestores, arquitetos, e principalmente os usuários do local
O desafio do arquiteto é criar espaços destinados a saúde diferenciados e dinâmicos Na imagem 01, circulação do Centro Oncológico Kraemer, é possível perceber a relação entre a circulação da edificação com o ambiente externo, criando uma conexão com o entrono e ao mesmo tempo preservando as necessidades e restrições internas, consegue assim articular ferramentas para criar soluções técnicas e funcionais, como o aproveitamento da luz natural e ao mesmo tempo trabalha o lado sensorial criado pelo paisagismo exterior
Seguindo o mesmo pensamento, Toledo (2006) defende que a arquitetura dos estabelecimentos de saúde são parte integrante do processo terapêutico, onde cada detalhe do ambiente compõe um todo, desde cores, escolha de materiais e acabamentos, até mesmo o efeito sensorial e psicológico das cores e a qualidade de ambientes dotados de iluminação natural
Na imagem abaixo, é possível observar a articulação forma para criar aberturas que favoreçam a entrada de luz natural ao jardim interno, e ao mesmo tempo cria uma relação próxima com o pedestre ao criar marquises que protegem do sol e ao mesmo tempo o aproxima da edificação Imagem 05 – Corte esquemático Centro Primeiros Socorros Ballarat
PÉ-DIREITO DUPLO (ÁTRIO) TÉRREO / AMBIENTE ESTAR MARQUISE
Fonte: : Archdaily com adaptação do autor. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/774665/centromedico-comunitario-ballarat-designinc . Acesso em 05 set. 2018 Imagem 06 – Materiais de acabamento interno
Fonte: : Archdaily Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/774665/centro-medicocomunitario-ballarat-designinc Acesso em 05 set. 2018
Na imagem 06 é possível identificar o uso de materiais inusitados em ambientes de saúde, como a madeira e tijolos brancos, tornando um ambiente e acolhedor, como centro principal de convivência do projeto
A arquitetura possui um papel fundamental na forma como as pessoas se relacionam com os espaços, é uma verdadeira união de técnica com diversos estudos pragmáticos e ao mesmo tempo possui um fator predominante de sutileza e sensibilidade Insere-se nos pequenos detalhes e cria cenários que protagonizam diversas cenas influenciadas por aspectos muitas vezes imperceptíveis, mas foram pensados para propor a melhor interação física e sensorial
Dentro dos aspectos que relacionam o homem com o espaço, os ambientes hospitalares possuem características próprias e que muitas vezes causam sensações negativas Espaços hospitalares são espaços que servem para promover cuidado e bemestar, principalmente com o aumento da expectativa de vida Esses espaços devem estar cada vez mais próximos das pessoas, não apenas para realização de exames, ou procedimentos invasivos, ou apenas ambientes de consultas, o espaço hospitalar deve estar preparado para receber pessoas que prezam por seu bem estar, que precisam de apoio, de sentir-se seguro De forma sucinta, precisa se reinventar e estar cada vez mais adaptado as necessidades da sociedade, precisa ser, além de um lugar de cuidados com a saúde, um lugar de aprendizado e busca por qualidade de vida
Através das análises teóricas e projetuais, será possível desenvolver um projeto com a intenção de criar uma atmosfera sensorial, através da articulação de técnicas e funções inerentes a edifícios de saúde e pesquisa
Como foi defendido por Dobbert (2010), a utilização de espaços verdes será fundamental para criar um ambiente humanizado, através do dinamismo que a paisagem pode se modificar com as estações do ano, trazendo inconscientemente ao usuário do espaço a ideia de transformação e adaptação
A articulação entre os ambientes também deve ser de grande importância, visto que definem linhas de circulação e relação com o todo, e geram espaços de convivência e permanência, interligando os diferentes setores do programa, como na imagem 11 é possível identificar os eixos de circulação principal, que criam a dinâmica de encontro entre
Conhecer as necessidades dos usuários, desde sua permanência até atividade que se realizará no ambiente é fundamental para solucionar da melhor forma as questões técnicas e adaptá-las de forma humanizada para proporcionar bem-estar físico e psicológico Ciaco (2010) utiliza o termo utente para designar usuários, tornando-os o centro de todo planejamento programático, desde de o primeiro contato com o local até questões imperceptíveis como segurança através das articulações arquitetônicas, como define na citação abaixo
Em termos de humanização dos ambientes hospitalares, antes de se analisar qualquer questão relacionada à arquitetura, é de fundamental importância entender-se que um dos elementos mais importantes do conjunto é o utente e que tudo que se objetiva a fazer em relação a qualidade do atendimento, da arquitetura, de recursos de segurança etc é voltado para o utente (CIACO, 2010 p 45) Imagem 02 – Área de radioterapia com jardim zen
Fonte: Archdaily Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/789274/kraemerradiation-oncology-center-yazdani-studio-ofcannondesign. Acesso em 05 set. 2018
Na imagem 02 é possível observar a adaptação de um espaço com características técnicas especificas (por ser um espaço de radioterapia), com a humanização através da criação de um jardim zen, proporcionando uma atmosfera que minimize os efeitos psicológicos e físicos do paciente, ou seja adaptou as necessidades do usuário com as necessidades técnicas de contenção da radiação
Os ambientes humanizados possuem além de matérias e aspectos de conforto ambiente possui uma articulação diferente, como esclarece Pinto (1996 apud CIACO, 2010 p 63) a flexibilidade do espaço está ligada ao conceito de evolução, pois é essa flexibilidade que permite sua evolução de forma natural, ligadas principalmente a questões práticas As mudanças na sociedade podem tornar as soluções atuais não suficientes para questões futuras, por isso as técnicas construtivas desses equipamentos devem ser flexíveis e adaptáveis conforme as necessidades que surgem, sem perder seu conceito e unidade organizacional
Imagem 07 – Planta baixa laboratórios/Centro de Pesquisa do Sul da Austrália
Imagem 08 – Integração entre os níveis/Centro de Pesquisa do Sul da Austrália.
Imagens 04 e 05 - Fonte: Archdaily Disponível em: https://www.archdaily.com/533388/southaustralian-health-and-medical-researchinstitute-woods-bagot?ad_medium=gallery Acesso em 13 set. 2018
Na imagem 07 pode-se observar uma planta desenvolvida para uso laboratorial, ao mesmo tempo que necessita de espaços técnicos de armazenagem e contenção, possui espaço articulável e planta mais livre, e pode ser moldado de acordo com a necessidade dos profissionais, criando espaços de convivência e democráticos
Com a análise da imagem 08 é possível compreender a forma como a integração das plantas acontece nos diferentes níveis como forma de estimular o intercambio de informações através de espaços comuns, gerando áreas de convivência unidas por um grande átrio central
Umas da etapas que criam a atmosfera humanizada no projeto é o paisagismo, Dobbert (2010) defende a função paisagística como um dos aspectos que devem estar presentes desde as etapas iniciais de projeto, ainda transfere a
âmbito grande importância, pois ressalta o dinamismo que a paisagem vegetada pode trazer a
muitas vezes racional, e deve ser trabalhado para criar percursos e áreas de atividades que façam parte do processo terapêutico, promovendo bem-estar dos pacientes,
clínico e demais usuários Imagem 03 Esquema Percursos ajardinados Eixo Vegetado Permanência
Fonte: : Archdaily com adaptação do autor. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/774665/centromedico-comunitario-ballarat-designinc . Acesso em 05 set. 2018
Criar ambientes de saúde humanizados requer uma vasta gama de relações interdisciplinares e coleta de dados, pois suas atividades requerem características especificas, como a variante de permanência
As imagens mostram um exemplo contemporâneo de resolver as questões do microclima criado nos ambientes internos, e servem de referência para adaptar ao local onde a edificação será inserida como articulação da forma, técnica e função relacionadas com as condições climáticas do país e economia onde estará implantado
térmico e luminoso da área interna Imagem 10 – Relação com elemento metálico e luminosidade.
Fonte: : Archdaily Disponível em: https://www.archdaily.com/533388/south-australian-health-and
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
os espaços e ao mesmo tempo conecta as áreas de convivência, gerando os principais acessos e relacionando com o a articulação dos setores Imagem 10 – Eixos de circulação, Centro Oncológico Kraemer
LEGENDA EIXO PRINCIPAL
Fonte: Archdaily com adaptação do autor Disponível em: https //www archdaily com br/br/789274/kraemerradiation-oncology-center-yazdani-studio-of-cannondesign Acesso em 05 set 2018
Como apontado por Ciaco (2010), alguns aspectos serão de grande importância, desde questões técnicas e funcionais, como racionalização da circulação e setorização dos programas dentro de grupos como forma de prevenção hospitalar, proporcionando ambientes flexíveis com adequação a questões no microclima dos ambientes internos integrados como a presença paisagística, através da relação exterior e interior para que os conceitos de humanização possam ser atendidos adequadamente
A conexão do edifico com o exterior será uma forma de trazer adequação técnica e ao mesmo tempo como agente de integração, como apontado por Brasil (1995), assim, o uso de percursos e ambientes de permanência no lote podem conduzir o pedestre a adentrar no projeto, visto o fluxo de pessoas observado no local onde será inserido e ao mesmo tempo criam espaços de apoio para as instituições adjacentes
BRASIL Ministério da Saúde Secretaria de Assistência a Saúde Série Saúde & Tecnologia Textos de Apoio à Programação Física dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde Sistemas de Controle das CondiçõesAmbientais de Conforto Brasília, 1995
CIACO, Ricardo Jose Alexandre Simon A arquitetura no processo de humanização dos ambientes hospitalares 2010 150 f Dissertação (Mestrado – Área de Arquitetura, Urbanismo e Tecnologia) Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo – São Carlos, 2010
DOBBERT, Léa Yamaguchi Áreas verdes hospitalares – percepção e conforto 2010 121 f Dissertação (Mestrado) Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz –Piracicaba, 2010
TOLEDO, Luiz Carlos Feitos para curar Arquitetura Hospitalar e Processo Projetual no Brasil Rio de Janeiro :ABDEH, 2006
Feitos para cuidar: a arquitetura como um gesto médico e a humanização do edifício hospitalar 238 f Tese (Doutorado – Programa de Pós Graduação em Arquitetura) Universidade Federal do Rio de Janeiro - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Rio de Janeiro, 2008