Semiologia Médica

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SEMIOLOGIA MÉDICA – Princípios, Métodos e Interpretação

Quando se ausculta a face posterior do tórax, o doente deve tomar uma posição que proporcione uma maior área auscultável: mãos colocadas na cintura, cotovelos afastados do tórax e pescoço ligeiramente flectido. Quando se ausculta a face anterior, o doente deve projectar os ombros para trás, e quando se ausculta os flancos, deve pôr as mão na cabeça. Deve utilizar-se o diafragma do estetoscópio, visto este permitir a audição de sons mais agudos do que a campânula, excepto nas fossas supraclaviculares, a que este não se adapta, tornando necessário o uso da campânula.

Nota importante – Deve-se efectuar a auscultação de toda a superfície do tórax, não esquecendo os flancos, escavados axilares e fossas supra-claviculares, sempre auscultando sequencialmente pontos simétricos, de acordo com o representado na Figura 3.13.

Cada achado auscultatório deve ser caracterizado tendo em conta a sua localização topográfica, a situação na inspiração ou expiração, e a sua modificação com a tosse ou mudanças posicionais. De uma forma geral, podem auscultar-se sons normais e sons anormais. Estes últimos podem depender de uma anormal transmissão de sons normais (ruídos de transmissão), ou de sons gerados por processos patológicos (ruídos adventícios).

Murmúrio vesicular – é um som suave, grave, audível durante toda a inspiração e apenas na fase inicial da expiração, não se identificando nenhuma pausa entre a inspiração e a expiração. Este tipo de som ouve-se nas porções periféricas do pulmão, isto é, afastadas dos brônquios principais. Ruído brônquico – é um som mais agudo e intenso do que o murmúrio vesicular, sobretudo na fase expiratória, e que apresenta uma pausa entre a inspiração e a expiração. Ouve-se sobre o manúbrio. A sua audição em zonas mais periféricas é possível se houver consolidação pulmonar. Ruído broncovesicular – depende da sobreposição dos dois ruídos anteriores. Tem igual intensidade na inspiração e expiração. Ouve-se na face anterior do tórax, junto ao brônquios principais (nos primeiro e segundo espaços intercostais), e na face posterior, entre as omoplatas.

Sons anormais

1. Fervores São sons breves, não musicais, descritos como o barulho produzido pelo sal quando crepita numa frigideira quente, ou como o ruído produzido pelo esfregar de cabelos entre os dedos, junto ao ouvido. Os fervores devem-se à súbita igualização da pressão em territórios em que há colapso das pequenas vias aéreas (bronquíolos terminais e alvéolos), pela abertura destas. É possível que em alguns casos possam depender também do borbulhar do ar através de secreções fluidas, sobretudo nas vias aéreas de maior calibre (traqueia e grandes brônquios). Podem ser ouvidos tanto na inspiração como na expiração. Podem dar a sensação auditiva de “finos” ou “grossos”, e podem ser raros ou profusos.

Sons normais

Os sons normais são produzidos pela passagem de ar em regime de turbulência nos brônquios lobares e segmentares. O parênquima pulmonar transmite de forma desigual as várias frequências, privilegiando as frequências mais baixas (sons mais graves); também a parede torácica actua como filtro, facto com maior importância nos indivíduos obesos. Na auscultação de um indivíduo normal, podem identificar-se três tipos de sons:

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Os fervores inspiratórios precoces têm origem em vias aéreas de maior calibre, são em regra pouco numerosos, não se es-


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