Semiologia Médica

Page 12

Aparelho Respiratório

© LIDEL – EDIÇÕES TÉCNICAS

longitudinal, o que acarreta a maior obliquidade das costelas) e pícnico (de predomínio transversal, com costelas quase horizontais). As deformações torácicas devem ser procuradas, pois podem determinar perturbações ventilatórias significativas. Deve identificar-se a presença de tórax em quilha (com projecção do esterno para a frente) ou de pectus escavatum (retracção esternal). Estas duas deformações não costumam ter implicações funcionais, a menos que sejam muito marcadas. Os sulcos de Harrison são depressões lineares das costelas inferiores dependentes de contracções diafragmáticas particularmente poderosas sobre costelas normais (asma grave em crianças muito jovens), ou de contracções de força normal em indivíduos com raquitismo. O tórax em tonel ou tórax enfisematoso (Figura 3.4) caracteriza-se pelo diâmetro anteroposterior aumentado; deve-se à insuflação pulmonar, e encontra-se nos doentes com enfisema pulmonar ou com formas graves de asma brônquica. Outro sinal presente nesta situação é a diminuição da distância entre a fúrcula esternal e o maxilar inferior, devido a condições em que o aumento do diâmetro anteroposterior do tórax é obtido pela horizontalização das costelas e, portanto, pela subida do esterno. As alterações da coluna vertebral devem ser procuradas. Cifoses, escolioses ou cifoscolioses muito marcadas, primárias ou secundárias, podem comprometer a função ventilatória. Assimetrias torácicas podem ainda ser devidas a processos pulmonares ou pleurais que alterem o volume de um pulmão.

Figura 3.4. Tórax em tonel, com aumento do diâmetro anteroposterior (seta).

Também no decurso das inspirações deve ser procurada a tiragem, que designa a retracção inspiratória dos espaços intercostais ou dos escavados supraclaviculares ou supra-esternal. No decurso de uma inspiração normal, a expansão da caixa torácica determina uma diminuição da pressão intratorácica, que leva a uma rápida entrada de ar pelas vias respiratórias, pelo que a pressão intratorácica nunca é muito negativa em relação à pressão atmosférica. No caso de obstrução localizada ou generalizada das vias aéreas, o débito máximo de ar através das vias aéreas está diminuído, pelo que a pressão negativa gerada pela expansão do tórax não é compensada pela entrada de ar nos pulmões; sendo assim, a manutenção de uma pressão negativa importante determina que as partes moles (deformáveis) entre as costelas e nos escavados supraclaviculares e supra-esternais bombeiem (se encurvem) para o interior da caixa torácica. As cicatrizes podem corresponder a cirurgias das partes moles, sem implicações na função pulmonar, ou a operações com amputação de parênquima (e, portanto, com restrição pulmonar subsequente), ou em que o manuseamento da pleura levou à formação de aderências entre os dois folhetos pleurais e, secundariamente, a perturbações da expansibilidade pulmonar.

Nota importante – Todas estas alterações da conformação torácica devem ser procuradas não só na expiração, mas também durante a inspiração profunda, visto que as anomalias da expansibilidade se podem revelar apenas no decurso de inspirações profundas.

37


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.