Segurança Contemporânea

Page 27

245

16

Cibersegurança André Barrinha e Helena Carrapiço

Introdução A cibersegurança tem, nos últimos anos, assumido uma relevância crescente na agenda de segurança internacional. As principais potências do sistema internacional têm dedicado uma significativa importância e recursos a esta questão. Para os EUA, a cibersegurança é hoje uma prioridade estratégica, sendo de prever que gastem acima de 30 mil milhões de dólares em 5 anos1. Em 2012, Barack Obama advertiu, no Wall Street Journal, que o aumento de ciberataques relativamente às estruturas de base dos Estados se tinha tornado inevitável2. Em 2015, esta inevitabilidade é agora entendida como uma ameaça sem precedentes3. Já para a China, a cibersegurança é uma questão fundamental no que diz respeito à sua segurança, mas também ao seu desenvolvimento económico e tecnológico. Nas palavras do Presidente chinês, Xi Jinping, “sem cibersegurança não há segurança nacional, sem tecnologias de informação não há modernização”4. De acordo com um dos responsáveis pela política de cibersegurança no atual governo britânico, é um risco ignorarmos as ameaças do ciberespaço5. O antigo Secretário de Defesa norte-americano, Leon Panetta, foi mais longe, ao alertar para a possibilidade de um “ciber-Pearl Harbour” num futuro próximo6, numa alusão ao ataque surpresa japonês às forças americanas estacionadas no Havai, que se veio a revelar decisivo para a entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial. Para muitos, estas são reações claramente exageradas num contexto em que os ataques provenientes do ciberespaço com impactos reais têm sido extremamente limitados7. Para outros, a questão não está nas consequências até agora visíveis de ciberataques, mas sim no seu potencial disruptivo8. Para outros ainda, o ciberespaço pouco traz de novo relativamente ao que a tecnologia já oferecia nos anos 60, 70 e 80. Na opinião de Beitz e Stevens, “o ciberespaço altera muito mas não muda tudo”9. 1 Bendiek, Annegret (2012). “European Cyber Security Policy”. SWP Research Paper, n.º 14, pp. 1–8. 2 Obama, Barack (2012). “Taking the Cyberattack Threat Seriously”. Wall Street Journal, July 19. 3  Daniel, Michael (2015). What You Need to Know about President Obama’s New Steps on Cybersecurity, White House

Blog, January 14.

© PACTOR

4  Kan, Michael (2014). “China Ramps Up Cyber Security, Strives to Become ‘Internet Power’ ”. PC Advisor. Disponível em:

http://www.pcadvisor.co.uk/news/security/3504472/china-ramps-up-cybersecurity-efforts-strives-to-become-internetpower/. 5  Maude, Francis (2013). “Cyber Security Information Sharing Programme”. Transcript of Speech, Chatham House, March 27. 6  Mulrine, Anna (2011). “CIA Chief Leon Panetta: The Next Pearl Harbor Could be a Cyberattack”. Christian Science Monitor, June 9. 7 Rid, Thomas (2012). “Cyber War Will Not Take Place”. Journal of Strategic Studies, 35:1, pp. 5–32. 8 O’Harrow Jr., Robert (2013). Zero Day. The Threat in Cyberspace, New York: Diversion Books, pp. 2–38. 9  No original: “cyberspace alters much but it does not change everything”. Betz, David & Stevens, Tim (2011). Cyberspace and the State. Toward a Strategy for Cyber-Power, London: Routledge, p. 12.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.