Respeitável Público – Projeto de Reativação da Praça Franklin Roosevelt na Cidade de São Paulo

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Então quando nós chegamos (agente ficou muitos anos trabalhando na Europa), agente acabou escolhendo ficar na Praça Roosevelt. Nós ficamos seis meses procurando um espaço, e nós não queríamos ir para Vila Madalena, nem para Pinheiros, nem para nenhum desses bairros. Agente achava que nós tínhamos que ficar em uma região de fácil acesso para a cidade inteira, e quando agente viu a Praça, agente viu uma oportunidade de um local incrivelmente poderoso do ponto de vista urbanístico. É como se fosse um coração da cidade e que estava moribundo, caindo aos pedaços. E agente se instalou no numero 212 da Praça. Para você ter uma idéia, quando agente chegou na Praça, o prédio onde agente instalou a sala do Espaço Satyros 1 era um hotel de travestis de prostituição. Os travestis tinham seus quartos, seus apartamentos pequenos, e eles recebiam clientes nesse hotel. No hotel houve vários casos policiais, inúmeros, e inclusive suicídios por excesso de drogas... Muita coisa. E o prédio, dois anos antes em 1998, tinha sido fechado porque o dono do hotel não estava pagando o aluguel do prédio inteiro e foi despejado pela policia. Em 1998-99 o Corsário também foi interditado pela policia. (Rodolfo começa a desenhar a praça para melhor pontuar os locais sobre os quais fala)

Quando agente chegou, isso aqui, onde hoje é o Extra e antes tinha sido a Baiúca (3) era um lugar invadido por sem-tetos. (...) Esse aqui, que tinha sido o Corsário, estava fechado; o Satyros 1 que é onde nós chegamos, o espaço que nós ocupamos, é a parte térrea de onde tinha sido o hotel de travestis; a padaria foi fechada por causa de um assassinato: o filho do dono da padaria tinha matado o amante da namorada dele. Onde era o Satyros 2 estava fechado; antes, do lado do Satyros 2 tinha um prédio só de travestis; aqui, onde é o Pet Shop (8) era um bar de travestis; aqui na esquina o Galharufa estava fechado, tinha a Casa de Prostituição Kilt (9) funcionando a pleno vapor. A Nestor Pestana estava normal.

Esquema feito pelo diretor

Quando nós chegamos na Praça, em Dezembro de 2000, existiam dois pequenos teatros que já estavam funcionando na Praça onde eram o Bijou e o Oscarito. No lugar do Oscarito tinha um teatro chamado Studio 184 (1997), e no Bijou... não me lembro na época, mas hoje se chama Teatro do Ator. Qual era a programação do Teatro do Ator (que é a mesma programação até hoje): eles abriam um espaço para apresentações dos seus alunos no final de semana. E o Studio 184 fazia espetáculos que entravam em cartaz. Era mais ou menos assim que funcionava.

O prédio do Satyros 1 é aqui (2) . Aqui tinha sido Baiúca (3), e aqui do lado, onde é uma loja de material elétrico hoje, foi no passado o Corsário (4). Onde era o Baiúca é o Supermercado Extra hoje. O Satyros 1 tinha sido um hotel de travestis. Onde é os Parlapatões tinha sido uma padaria que também tinha sido fechada mais ou menos nesse período (5). 1998 eu acho que é um ano bem crucial na história da praça. Onde é o Satyros 2 (6), na década de 1980 era uma boate bem famosa, e nessa esquininha aqui do lado do Cultura Artística ficava o Galharufa, um café-teatro (7).

Então a Praça era escura, porque os traficantes jogavam pedras nos postes, nas luzes, para deixar a Praça escura. Então por mais que os moradores pedissem, no dia seguinte que eles chegavam a Praça sempre ficava escura, e era essa a situação da Praça. E essa área aqui toda tinha moradores de rua e tal, e o estacionamento embaixo da praça funcionava. T.F.G. – Até determinada hora do dia? R.G.V. – Não, 24 horas. T.F.G. – Porque de Sábado à noite e de madrugada quando se passa por aqui lá tem

Esquema feito pelo diretor

que eles estavam em uma miragem, em uma ”Ilha da Fantasia” rodeada de esgoto.


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