Paulo Freire: contribuições para o ensino, a pesquisa e a gestão da educação

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Esperança e educação no pensamento de Paulo Freire: perspectivas emancipatórias da ação dialógica Bianco Zalmora Garcia1

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teoria freireana da ação dialógica - na perspectiva utópica da superação historicamente possível de contextos desumanizantes - fundamenta a práxis libertadora em suas interfaces política e educacional. Essa fundamentação, constituída a partir da dialogicidade radicada na experiência vital do ser humano, apresenta duas interfaces indissociáveis: epistemológica e ética. Para Paulo Freire, o ser humano - situado no mundo e com o mundo, interagindo nele - está em permanente devir. Impulsionado por sua curiosidade, ao fazê-la cada vez mais crítica, torna-se capaz de realizar sua vocação ontológica de ser mais. Assim, à medida que vai se reconhecendo e se assumindo como sujeito, na interação solidária com outros sujeitos, no conhecimento crítico da realidade em que está inserido, o ser humano projeta-se para os horizontes utópicos da liberdade impregnados de substantividade democrática, a partir do aqui e agora do contexto cotidiano em que atua, e é instigado a transformá-lo, por seu comprometimento, responsabilidade e solidariedade intersubjetiva, na e pela práxis. Seu engajamento pressupõe (e exige) decisão, opção, ruptura nas vicissitudes históricas e sociais que o condicionam sem, no entanto, determiná-lo. Aqui se revela a inquietação ética do ser humano. 95


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