Paulo Freire: contribuições para o ensino, a pesquisa e a gestão da educação

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­­­­­­­­­Paulo Freire: um pot-pourri através de sua obra

Os resultados daquela pesquisa seriam postos à disposição de todas as escolas e universidades, com o objetivo de promover uma mudança dos currículos em todos os níveis de ensino. Parece-me que ninguém escreveu sobre aquela página de Educação como Prática da Liberdade. Além disso, o método de alfabetização em si não foi a preocupação principal dele. Claudius Ceccon, na entrevista do Pasquim (1978), fez uma pergunta sobre “o método Paulo Freire tão falado no mundo inteiro”. E Freire (1978, p. 8) respondeu: Eu tenho até minhas dúvidas se pode se falar de método. E há, há um método. Aí é que está um dos equívocos dos que, por ideologia, analisam o que eu fiz procurando um método pedagógico, quando o que deveriam fazer é analisar procurando um método de conhecimento e, ao caracterizar o método de conhecimento, dizer “mas, esse método de conhecimento é a própria pedagogia”. Entendes? O caminho era o caminho epistemológico.

Aliás, a resposta a todos os reducionismos deve ser dada a partir de uma hermenêutica honesta de a Pedagogia do Oprimido, que não é um livro de “pedagogia” no sentido tradicional da palavra, mas sim um projeto de transformação global da sociedade, visando a uma civilização na qual não houvesse mais nem opressores nem oprimidos. E é nesse sentido que eu já escrevi: Pedagogia do Oprimido não significa apenas um livro, o mais importante de Paulo Freire. [...] a Pedagogia do Oprimido já não pertence mais a Paulo Freire, porque se transformou num grande projeto coletivo, repensado, recriado e reconstruído continuamente, por milhares de educadores, por milhões de pessoas, em todos os quadrantes da terra, em escolas, universidades, movimentos sociais e organizações comunitárias (ANDREOLA, 1999, p. 43). 58


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