Contato Imediato

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Contato Imediato

Elle S.

Doze Eu estava furiosa com Thomas . E assim que tive certeza de que ele estava fora de vista, trancado no banheiro e com o chuveiro ligado, corri para a minha mala e puxei o meu pijama mais grosso, feito de flanela xadrez e que não revelava mais que meus pés, pescoço e pulsos. Não queria que Thomas tivesse motivos para me provocar mais do que ele já estava fazendo. O que ele fazia com uma freqüência realmente assustadora. Coloquei meias para evitar que ele tivesse alguma tara com os meus pés também e me enrolei no edredom, encarando a porta com uma fúria que vinha do fundo do meu peito. Thomas achava muito engraçado ficar brincando comigo daquela maneira, o que eu não achava nem um pouco divertido. Eu não suportava perder o controle sobre meus pensamentos e desejos como acontecia cada vez que eu era abordada pelas egoístas pretensões de Thomas . Mas a quem eu queria enganar, eu sabia que o que estava me deixando furiosa não eram as investidas dele e sim as minhas reações tão imprudentes a ele. O beijo ainda não saia de minha mente, assim como a alucinação que eu tivera no carro e isso me deixava quente a ponto de querer tirar as meias e o pijama, mesmo estando em meio a novembro e seu frio de congelar veias. Eu me odiava por estar tão derretida por Thomas . Eu havia prometido a mim mesma que não iria, nunca mais, nem ao menos ter pensamentos românticos com outros homens que não fossem Johnny Depp, apto a me dar apenas um relacionamento platônico. Nada que não fosse platônico estava fora de minha vida. E de repente surge um alien sabe-se lá de onde e perturba todos os meus sistemas e bagunça todos os meus planos. Com os olhos ainda fixos na porta do banheiro, temendo o momento em que ela seria aberta e revelasse Thomas , o sono e o cansaço foram me vencendo. Enquanto o sono vinha vagarosamente e abatia a raiva que eu estava sentindo, eu imaginava Thomas saindo do banheiro apenas com a toalha cobrindo a parte de baixo de seu corpo e com gotas de água quente escorrendo pelo seu corpo, enquanto ele caminhava quase em câmera lenta em direção à minha cama, deitando-se ao meu lado e segurando o meu cabelo com carinho, puxando minha cabeça para mais perto da dele e beijando-me. Claro que aquilo era parte de um sonho. Um sonho que não deveria se realizar. E conforme o cansaço me vencia com mais força, o meu sono foi ficando mais pesado e cheguei àquele estágio onde não consegue sonhar com nada a não ser um negro intenso em frente aos seus olhos, apenas te descansando. Quando finalmente acordei, espreguicei-me com gosto, jamais me lembrando de ter ficado tão relaxada em minha vida. Imediatamente me lembrei de que tinha dormido na mesma cama que Thomas e virei-me depressa para o outro lado, dando de cara apenas com os lençóis amarrotados e frios. Thomas havia dormido ali, mas isto fora há um bom tempo. Sentei-me e cobri-me com o edredom até o pescoço. Afinal, nunca se sabia. Olhei ao redor e procurei por Thomas , aguçando os ouvidos para saber se ele estava no banheiro. Mas nada. Tudo o que eu pudera escutar fora a minha respiração.

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