

Cine Escola Rangel
SUMÁRIO
01
INTRODUÇÃO
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO 1.2. OBJETIVO DO PROJETO 1.3. JUSTIFICATIVA 1.4. PREMISSAS 1.5. METODOLOGIA 02 CINEMAS DE RUA E DEMOCRACIA 2.1. O CINEMA E O LUGAR 2.2. CINEMA E OS DIREITOS HUMANOS 03 SALVAGUARDA DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO: CONCEITOS, TEORIAS E MÉTODOS 3.1. PATRIMÔNIO, DEFINIÇÕES E FUNDAMENTOS 3.2. LEGISLAÇÃO FEDERAL, MUNICIPAL E ESTADUAL 04 SOBRAL, CULTURA E CINEMA 4.1. SOBRAL, UM BREVE PANORAMA HISTÓRICO 4.2. SOBRAL E CINEMA 05 REFERENCIAIS PROJETUAIS 5.1. PINACOTECA DE SÃO PAULO 5.2. CASARÃO DA INOVAÇÃO CASSINA 5.3. CINE 32 06 O PROJETO
6.1. DIAGNÓSTICO URBANO 6.2. A ESCOLA TÉCNICA DE COMÉRCIO DOM JOSÉ DE 1873 6.3. VISITA TÉCNICA AO EDIFÍCIO 6.4. O PROGRAMA 6.5. ESTUDO PRELIMINAR
07 08 09 09 11 11 13 14 16 19 20 23 27 28 30 33 34 37 39 43 44 46 48 50 25
01/INTRODUÇÃO
PERSONA (1966) DIR. INGMAR BERGMAN

FIGURA 01 - Planta da Cidade de Sobral.
Detalhe da prancha Estrada de Ferro do Sobral. Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, Cartografia, Localização: ARC. 025,02,017

1.1 Contextualização
Sobral é uma cidade localizada no interior do Ceará, a 200km da sua capital, Fortaleza, e é conhecida, entre outras características, por ser uma cidade com rica herança histórica e por ser um polo econômico, cultural e educacional no interior do estado. Além de abrigar mais de 210 mil habitantes (IBGE, 2020), a cidade possui ampla oferta de comércio e serviços para mais de 50 municípios vizinhos, atraindo diariamente uma grande quantidade de pessoas através de migração pendular que reafirma o seu grande potencial atrativo principalmente para o centro da cidade.
uma sede da Universidade Federal do Ceará, além de diversas faculdades particulares, Sobral possui uma expressiva população jovem atuante dentro das atividades artísticas, políticas e sociais urbanas.
grandes salas comerciais de cinema.
Entende-se o acesso ao cinema não apenas como garantia constitucional de direito à cultura, mas também como forte instrumento democrático de valorização identitária e por ser um veículo de formação de conhecimento e de potencial transformador dentro de uma sociedade, é imprescindível, portanto, que o seu alcance seja contemplado por todas as camadas sociais.
Sendo também considerada um polo universitário por dispor da Universidade Estadual do Vale do Acaraú (UVA) e também de
Desde a década de 20 até meados da década de 90, Sobral abrigou grandes cinemas e casas de espetáculos que permeiam a memória dos habitantes da época, como o Cine Theatro São João, o Cine Eldorado, o Cine Alvorada e, principalmente, o Cine Rangel.
Diante desse cenário, houve uma crescente redução de um público mais vulnerável economicamente dentro das salas de cinema e uma enorme desvalorização do cinema nacional, onde muitos lançamentos frequentemente se dão em festivais internacionais e acabam por não serem distribuídos no Brasil por falta de rentabilidade.
Historicamente, o Cinema teve um papel fundamental no desenvolvimento cultural, político e social da cidade e foram sendo gradativamente esquecidas com a chegada das
1.2.
Objetivos do projeto
Fundamentado em uma análise sobre a importância dos cinemas de rua enquanto
espaços de resistência social e política, o estudo sobre a cidade de Sobral e seus aspectos urbanos e comunitários, e o desenvolvimento da problemática a respeito da preservação do patrimônio histórico arquitetônico e audiovisual; o presente Trabalho de Conclusão de Curso tem como objetivo principal a produção de um projeto de arquitetura Cine Escola Rangel a ser desenvolvido no antigo edifício do século XX, a antiga Escola Técnica de Comércio Dom José, tombado municipalmente e estadualmente no pleno perímetro de tombamento federal da cidade. Este projeto busca, portanto, i) trazer uma nova dinâmica de reuso do patrimônio construído, através de um diálogo entre preexistência e novo, ii) a diversificação do programa de um cinema de rua tradicional, estruturado em uma parte pedagógica e outra parte de produtora de cinema, ii) com base numa visão urbana da dinâmica de usos da cidade, funcionando como um braço no circuito cultural e educativo existente da cidade e suprindo a demanda de
ensino e exibição de audiovisual de maneira pública, além de afirmar a preservação de um edifício histórico tombado no centro da cidade.
1.3 Justificativa
Localizada em uma posição estratégica ao norte do estado do Ceará, com atrativa riqueza cultural, sendo uma cidade universitária com um fluxo intenso de milhares de pessoas diariamente, Sobral tem um potencial turístico e artístico muito elevado se comparada com outras cidades do mesmo estado.
Reconhecendo a importância direta do turismo cultural e criativo para o crescimento de uma cidade como Sobral, temporadas de eventos e festivais são instrumentos importantes para valorizar a expressão comunitária, difusão de ideias e saberes, apoio a comunidade de artistas e desenvolvimento econômico de um local.
Atualmente, a maioria dos grandes festivais de cinema no país acontecem no eixo sulsudeste do país, como o Festival do Cinema de
0 75 150km
MAPA 01 - Localização de Sobral no Território do Ceará. Elaborado pela autora. 2022.


0 10 20km
Gramado, Festival do Rio, Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, entre outros; contudo cabe destacar o Cine PE e o Cine Ceará como fortes representantes do Nordeste brasileiro, afirmando que há público para eventos como estes na região.
Atualmente, há uma demanda na cidade do ensino técnico e teórico a respeito do audiovisual, além de espaços que acolham grupos de estudos de cinema independente ou apenas os antigos cinéfilos da cidade que costumavam frequentar as antigas casas de cinema. Além disso, faltam salas de cinema e auditórios equipados adequadamente que sejam acessíveis e que consigam abrigar mostras e festivais de cinema ou exibir produções locais, além de que faltam nos espaços de cinema atuais da cidade um foco maior em distribuição e formação cultural e diálogo mais intenso com a vida urbana, enquanto espaços de discussão e afirmação dos direitos sociais.
o ensino do audiovisual para pessoas de baixo poder aquisitivo e a exibição de peças audiovisuais, abrigando grandes eventos de festivais que atraia turistas e gere emprego, além de fomentar a indústria local e nacional de cinema pode agregar enorme valor de uso a um edifício histórico que se encontra em desuso no centro da cidade.
1.5. Metodologia
MAPA 02 Centro de Sobral, CE. Elaborado pela autora. 2022.
A criação de um edifício que combinasse
1.4. Premissas
Embasadas nessas reflexões discorridas anteriormente, encaminha-se as seguintes premissas a serem comprovadas neste trabalho:
I) O cinema é um enorme expoente cultural e artístico dentro de uma cidade e tem potencial transformador em uma sociedade;
II) O patrimônio histórico edificado melhor assegura sua preservação através do uso; III) Sobral, enquanto cidade com rica expressão cultural, é capaz de abrigar um equipamento de eventos, ensino, pesquisa e distribuição de Cinema.
O presente trabalho se estrutura em quatro momentos principais. O primeiro deles é teórico sobre i) A análise sobre a importância de cinemas de rua enquanto espaços de apropriação urbana que promovem a cultura e lazer das mais variadas classes econômicas; ii) Um recorte teórico e se embasa na análise teórica de fundamentos, teorias e cartas patrimoniais e do entendimento de que o uso promove a preservação de um espaço arquitetônico; e iii) A pesquisa sobre Sobral enquanto cidade com enorme riqueza patrimonial que merece ser preservada e que guarda uma memória afetiva relacionada ao cinema que vem sendo apagada ao longo dos anos.
Em seguida, prevê um levantamento de dados sobre o contexto urbano e suas dinâmicas espaciais, legislação e condições climáticas; e então uma avaliação mais aproximada do edifício
e do terreno de intervenção com levantamentos de mapa de danos, plantas, fachadas, registros com fotos para melhor aplicação dos objetivos propostos anteriormente.
Em segundo momento, o estudo de projetos de referência para tomar como base de desenvolvimento do projeto final, observando o partido arquitetônico, como se relacionam com a preexistência, volumetrias, materiais, fluxos, estratégias projetuais e programa arquitetônico.
Por fim, o projeto de um Complexo de Cinema e Audiovisual no terreno estudado, com uma parte de ensino, pesquisa e preservação do patrimônio audiovisual e outra parte direcionada para exibição de curtas, médias e longa-metragens, além de espaços de exibição e discussão a respeito de cinema, planejado de forma a ser confortável e convidativo e respeitar o patrimônio edificado, criando um novo equipamento urbano artístico de resgate e ao mesmo tempo gerador de emprego e pesquisa, que deve funcionar enquanto palco de discussões políticas e culturais de grande importância dentro do contexto histórico atual.
02/CINEMAS DE RUA E DEMOCRACIA
O BANDIDO DA LUZ VERMELHA (1968) DIR. ROGÉRIO SGANZERLA
O cinema é uma cultura urbana. Nasceu no final do século XIX e se expandiu com grandes metrópoles do mundo. O cinema e as cidades cresceram juntos. (WENDERS, Win. A paisagem urbana. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, n. 23, Rio de Janeiro, 1994, p. 181.)

2.1. O Cinema e o Lugar

Desde o seu surgimento no fim do século XIX, o Cinema se mostra enquanto arte com múltiplas possibilidades de linguagens, identidades, expressões e signos. É a mais nova entre as Grandes Artes e para além de caráter recreativo, apresenta inestimável potencial de formação de pensamento crítico e criativo, reconhecimento e preservação sociocultural, inclusão social e preservação das liberdades coletivas e individuais.
exibição de filmes enquanto novos edifícios eram construídos especialmente para essa finalidade.
No início da década de 90, essa inquietação aumenta com a expansão do consumo, mas os cinemas de rua foram massivamente desocupados em razão das grandes salas de cinemas comerciais em complexos comerciais, como shoppings centers.
Esse processo foi sistêmico em grandes centros urbanos do país inteiro em decorrência de processos de especulação imobiliária e crises de mercado, onde as poucas salas de cinema de rua que sobreviveram acabam por abranger um público mais alternativo que busca filmes fora do circuito comercial de cinema.
não havia um local específico para a exibição de filmes. Nos Estados Unidos, as primeiras imagens em movimento eram transmitidas em feiras, parques de diversões e em espetáculos de magia porque o público ainda tinha grande estranhamento com a experiência. Em seguida, teatros começaram a abrigar também a função, assim como os dimme museums (museus de dez centavos), centros de entretenimentos estadunidenses.
Por volta de 1915, o entretenimento chega à burguesia como forma de expansão de mercado, e se verticaliza em palácios cinematográficos, espaços mais higienizados e sofisticados e a tentativa em transformar o cinema em um ambiente familiar e luxuoso, seguindo a decoração de interiores de óperas, grandes teatros e hotéis, foi importante propaganda para a ocupação desses novos lugares.
O século XX no Brasil e no restante do mundo é marcado pelo grande entusiasmo de consumo audiovisual nas grandes metrópoles. Grandes casas de espetáculo abriram espaço para a
Contudo, o que antes costumava ser um lazer popular e diversificado, se tornou mais elitizado e com exibições majoritariamente estrangeiras de grandes produtoras hegemônicas e de grandes bilheterias.
Quando surgiu, por volta do fim do século XIX,
Posteriormente, no início do século XX, a sétima arte se popularizou cada vez mais principalmente entre as camadas mais desfavorecidas de operários, principalmente imigrantes que viviam em guetos e que não tinham total domínio da língua, podiam facilmente aproveitar os primeiros filmes mudos. Nesse período, grandes galpões foram ajustados para a projeção das películas cinematográficas e eram conhecidos como nickelodeons (combinação entre nicke - níquel, a moeda de cinco centavos de dólar, valor do ingresso; e -odeon, do termo grego “teatro”, o espaço).
Essa dinâmica foi importante para alavancar a indústria cinematográfica e crescer exponencialmente a produção de filmes. Com isso, surge o cinema falado - o vitaphone - que provocou um crescimento exponencial até a chegada da Grande Depressão na década de 30 nos Estados Unidos.




Então nos anos 80, a Indústria chega a um novo declínio, que se agrava com a chegada dos videocassetes e posteriormente dos DVDs, pois a possibilidade de reassistir e copiar as obras causou uma nova crise na indústria do cinema que precisou se rearranjar e causou impactos massivos principalmente no período em que os filmes se mantinham em cartaz.
Com a chegada dos aparelhos televisores na década de 50, houve uma nova reorganização da estrutura audiovisual. A partir da possibilidade de consumo de filmes dentro da própria casa, ir ao cinema se tornou um exercício de imersão e a preocupação em trazer um ambiente que possibilitasse um consumo ideal de filmes se fez mais presente. Em Salas de cinema em São Paulo, o autor e jornalista Inimá Simões discorre que o ápice do cinema de rua ocorre na década de 60, junto a nova ascensão do cinema hollywoodiano, quando os aparelhos televisores ainda não eram tão acessíveis para o grande público e ir ao cinema era uma atividade cotidiana na sociedade brasileira.
A partir da chegada de salas de cinemas dentro de centros comerciais, promovidas por problemas de deslocamentos, especulação imobiliária e inseguranças urbanas, as antigas salas de cinema nos centros das grandes metrópoles têm tendência ao desaparecimento.
Em busca da potencialização do lucro em detrimento de espaços de socialização, as salas de cinema se tornaram um espaço ainda mais isolado que as próprias casas dos espectadores (SOBROSA, 2011). Esse novo formato determina um ritmo intensivo de consumo, onde a fruição se torna mero produto e reduz e limita todas as potencialidades artísticas que o cinema pode alcançar.
O cinema é um sistema de signos no qual a realidade de um “homem que fala” é expressa não por um símbolo, mas por esse mesmo “homem que fala”. [...] o espectador “reconhece” esse homem (jovem ou menos jovem, milanês ou napolitano, idiota ou inteligente, operário ou pequeno-burguês, etc. etc.) através do mesmo código com o qual ele reconhece um homem análogo da realidade. (PASOLINI, 1969).
e harmonia social. Além disso, a defesa da diversidade e do acesso à cultura é intrínseca para a manutenção dos direitos humanos.
O Cinema, assim como a Literatura, Dança, Teatro, Música e todas as grandes artes desenvolvem linguagens e identidades de povos que são fundamentais para garantir a livre circulação de ideias, valores, tradições e crenças e promovem intercâmbio de culturas imprescindíveis na formação de uma sociedade livre e democrática.
Estado tem papel fundamental no direito de assegurar o acesso, usufruto, criação às obras culturais, além de participação política sobre as decisões culturais (CHAUí, 2008).
2.2. Cinema e Direitos Humanos
Segundo Platão, cidadão é aquele que pode participar das coisas comuns. Seja elas governar ou ir ao teatro, o direito de participação política e fruição artística sempre foi intrínseco à ideia de democracia.
Segundo a Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural, produzida pela Unesco em 2002, o pluralismo cultural é uma necessidade diante da diversidade social para garantir paz
O cinema é um exercício de experiência, invenção e percepção. Por ser uma arte de caráter fundamentalmente sensorial, imagético, dinâmico, ilusório e criativo, talvez seja uma das Artes que mais dialoga com uma contemporaneidade excessivamente digital. Apesar disso, o público presente nas salas de cinema no Brasil refletem a desigualdade econômica do país, fruto do mercado cinematográfico privado do país que acaba por delimitar os filmes que são exibidos e os preços cobrados por sessão. Dentro desse cenário, o
Hoje, talvez o maior desafio da sociedade contemporânea seja garantir a democratização dos meios de comunicação e consumo enquanto forma de possibilitar que classes desfavorecidas não apenas possam usufruir e confrontar toda a prática estética e política que o cinema pode proporcionar, como também participar da sua criação e concepção. Garantir uma descentralização da produção e consumo de uma arte tão pautada em visões de mundo é positivo não apenas para o corpo social, quanto para o próprio Cinema em si.
03/SALVAGUARDA DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO
O HOMEM MOSCA (1923) DIR. FRED NEWMEYER; SAM TAYLOR
3.1. Patrimônio: definições e fundamentos
Vários foram os teóricos que propuseram ideias a respeito desse campo e em consequência muitas foram as cartas patrimoniais produzidas em grandes congressos ao redor do mundo, buscando pontos de convergência para melhor tratar dessas questões.
ciclo de vida natural da mesma.
Estudar e entender as questões patrimoniais na arquitetura e no urbanismo não é um exercício simples. Trata-se de uma matéria de caráter multidisciplinar e complexa da ciências humanas. Tratando dessas questões, as ideias a serem estudadas a partir de uma visão crítica onde não há certo ou errado, os conceitos a serem estudados não se anulam, mas se sobrepõem a partir do seu caráter histórico, social e político
Apesar dos esforços em tratar o estudo e prática sobre patrimônio histórico enquanto matéria racional e científica, sabe-se que todo tipo de intervenção sugere parcialidade e ação crítica por parte do interventor. (SPAGNESI, 2007).
O estudo do restauro, conservação e intervenção em monumentos históricos tombados se deu principalmente no fim do século XIX, no decorrer do século XX e XXI e perdura até os dias atuais.
John Ruskin (1819-1900), crítico de arte inglês em introduz o discurso crítico no contexto da Revolução Industrial a partir do seu livro “As setes Lâmpadas da Arquitetura”, onde aborda a lâmpada da memória, onde compara a edificação histórica com a sensação de ler e ouvir uma história. Para Ruskin, apenas a conservação é uma prática ética, enquanto a restauração era uma forma de destruição da obra. Segundo o pensador crítico, as marcas do tempo são parte da obra e qualquer ato de restauro falsificaria o
Em contraponto a Ruskin, Viollet-le-Duc (1814-1879), em meados dos ano 30, em um período pré-Revolução Francesa, valorizava o novo em detrimento do antigo. Para le-Duc, a restauração estilística era uma forma de buscar a perfeição formal de um edifício. O arquiteto foi um dos primeiros a defender a importância da arquitetura em dimensão cultural, social e econômica. As técnicas de construção eram muito valorizadas por ele, onde buscava elaborar uma nova arquitetura de caráter científico capaz de reconhecer e identificar signos dos estilos e regularizar as práticas de restauração.
“A maior dificuldade consiste, em primeiro lugar, em saber avaliar com justeza a necessidade ou a oportunidade da intervenção, em localizá-la, em determinar sua natureza e importância. Uma vez admitido o princípio da restauração, esta deve adquirir sua legitimidade. Para isso, é necessário e suficiente fazer que seja reconhecida como tal. O caráter pertinente, adventício, ortopédico do trabalho refeito deve ser marcado de forma ostensiva. Ele não deve, em nenhuma hipótese, poder passar por original”. (CHOAY, 2001, p.166)
constitui a única certeza. Se difere das ideias de Ruskin por não dar juízo de valor ético, mas é a partir de um olhar historiador sobre a realidade das construções. Além disso, é importante salientar que Riegl aborda de forma sistêmica e detalhada a questão dos valores documentais de um monumento.
Segundo Choay:
aparência fresca e intacta dessas obras. Ela “deriva de uma atitude milenar, que atribui ao novo uma incontestável superioridade sobre o velho (...). Aos olhos da multidão, só o que é novo e intacto é belo” (CHOAY, 2001, p.169)
Na Itália, Camillo Boito (1835-1914), engenheiro, arquiteto e historiador da arte, defendia que qualquer tipo de intervenção nas obras de arquitetura deveriam ter identificação, ou seja, se mostrar aparentes em relação à preexistência. Boito acreditava que a restauração era um “mal necessário”, como diz Choay:
Então, Alois Riegl (1858-1905), filósofo, jurista e historiador austríaco, que pensava o monumento a partir dos seus valores e matéria. É conhecido por descrever um novo valor, chamado de “ancianidade”, que fala sobre as marcas que o tempo imprime nos monumentos e provocam um sentimento estético de passagem entre as criações humanas. Segundo ele, a degradação
A ausência de valor de uso é o critério que distingue do monumento histórico tanto as ruínas arqueológicas, cujo valor é essencialmente histórico, quanto à ruína, cujo interesse reside fundamentalmente na ancianidade.
Quanto ao valor artístico, Riegl o decompõe em duas categorias. Um deles, o dito “valor artístico relativo”, refere-se à parte das obras artísticas antigas que continuou acessível à sensibilidade moderna. O outro, chamado de “valor de novidade” (Neuheitswert), diz respeito à
Por fim, cabe destacar as ideias de Cesare Brandi, em seu livro Teoria do Restauro, nega a reconstrução das partes faltantes de uma obra ou qualquer tipo de falsificação. Segundo ele, a restauração não deve assumir caráter nostálgico nem apagar as marcas do tempo, mas agir em prol da obra e das intervenções futuras.
Qualquer alteração deve se mostrar clara e todo o valor estético e histórico são equivalentes não apenas em seu sentido original, como em todas as fases que a obra possuiu ao longo do tempo.
A Carta de Veneza (1964), redigida na Segunda Conferência de arquitetos e técnicos de monumentos históricos, amplia o conceito de patrimônio para além das grandes obras, mas manifestações culturais menores que
produziram alguma espécie de impacto cultural na sociedade na posterioridade. Se diferenciando da Carta de Atenas, tem um caráter mais racional e científico e se aproxima das idéias de Cesare Brandi. Se posiciona de forma clara contra qualquer tipo de produção de falsos históricos, ressaltando a importância de deixar marcado qualquer tipo de intervenção em uma obra.
da Organização das Nações Unidas para a educação, ciência e cultura em Paris para definir medidas técnicas, administrativas e jurídicas a serem direcionadas em bens patrimoniais. Tem foco principalmente no patrimônio cultural e natural.
caráter urbano de entorno e todo o contexto é levado em consideração a respeito de tomada de decisões.
“Deve-se projetar para a posteridade, um edifício capaz de envelhecer com nobreza e valor estético, capaz de evocar” (ALOISE, 2015: 15)
Em 1972, a Carta do Restauro foi publicada pelo Ministério da Instrução Pública da Itália. Direcionada para uma Europa pós-Segunda Guerra Mundial, demarca os conceitos entre conservação e restauro, uma vez que conservação implica a não-intervenção direta dentro dos objetos de salvaguarda, enquanto o restauro deve ser fundamentado para garantir o melhor uso e apropriação das obras históricas. Descreve as instruções sobre como restaurar vários produtos artísticos, sejam livros, pinturas, esculturas, edificações, entre outros.
Então, em 1980, a Carta de Burra trás contrapontos com relação a Carta de Veneza a respeito de conservação, preservação e restauração. De acordo com o documento, são admitidas intervenções enquanto conservação a fim de prolongar o tempo de vida útil de determinada obra, em prol de sua manutenção cultural.
Em 1995. a Carta de Brasília se aprofunda em questões sobre autenticidade e se posiciona a favor do novos usos de elementos e técnicas em obras patrimoniais, desde que não sejam intervenções que comprometam a essência e autenticidade de uma edificação, como é o caso de intervenções de “fachadismo”.
Posteriormente, foi realizada a Conferência
A Carta de Washington, publicada em 1987, durante o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS), trata principalmente sobre medidas políticas, jurídicas, financeiras e administrativas sobre como lidar com o patrimônio urbano e políticas públicas de gestão às causas patrimoniais. O patrimônio arquitetônico passa a abordar o
Nos anos 2000, um dos documentos mais recentes retoma as questões da Carta de Veneza, a chamada Carta de Cracóvia, salientando principalmente a ênfase nas causas sociais dentro das questões de salvaguarda do patrimônio material e imaterial, e passa a englobar as obras e monumentos como parte da comunidade local e a sua inserção nas práticas de conservação.
Em resumo, ao se tratar a respeito de teóricos e discussões sobre a salvaguarda de bens e
monumentos históricos, dos teóricos mais conservadores aos mais intervencionistas, principalmente no campo da arquitetura e urbanismo, apontam a necessidade da conservação preventiva de um monumento através do seu uso. É através da permanência das atividades humanas, da necessidade de manutenção de um lugar através de atividades ou sentimento de pertencimento naquele lugar que se criam laços necessários para garantir meios da preservação daquela obra. É dever do arquiteto e urbanista através de projetos que conectem os edifícios novamente às dinâmicas urbanas da contemporaneidade, reintegrando-os aos novos contextos humanos, com respeito e comunicação entre a sua história e materialidade.
3.2. Leis Federais, Estaduais e Municipais
documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
Segundo o artigo 216 da Constituição Federal de 1988, descreve como patrimônio cultural brasileiro: o os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV as obras, objetos,
A lei federal através do Decreto-lei nº 25, de 30 de novembro de 1937 estabelece que os estados brasileiros e o Distrito Federal podem criar seus próprios sistemas de organização e leis em proteção aos bens de natureza material e imaterial e destinar recursos para o financiamento de projetos e programas culturais para a manutenção desses bens.
O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional que surgiu em 1936 e é o órgão responsável pelo cumprimento das leis de preservação e conservação relacionadas ao patrimônio cultural, atuando
junto às administrações estaduais através da administração, estruturação e incentivo que buscam facilitar o acesso da população e
cumprimento de leis.
No dia 12 de agosto de 1999, através da lei N° 019/95, o Centro Histórico de Sobral foi tombado enquanto patrimônio nacional pelo o Conselho Nacional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, órgão maior do colegiado do Iphan. Através de uma pesquisa realizada para a prefeitura da cidade por um escritório especializado para delimitar a área de tombamento, através de um exame cartográfico, histórico e arquitetônico, com fotos, desenhos e justificativas de tombamento, entregues ao Iphan em 1997. Assim, não apenas imóveis de caráter histórico são tombados, mas também todo o seu entorno incluindo a malha viária e todo o desenho urbano da região abrangida. Assim, quaisquer novos projetos de construções ou reformas dentro da área delimitada que entrem em desacordo com o desenho histórico da cidade podem ser embargadas pela prefeitura. Em Sobral, reside o órgão do o Conselho
Municipal do Patrimônio Cultural criado em 2017, sancionado pela lei N° 1697, que junto à administração municipal, é responsável pelos assuntos relacionados ao Patrimônio Histórico do município, bem como sua salvaguarda, estabelecimento de critérios para novos bens tombados, tomar decisões a respeito de intervenções em imóveis protegidos, entre outras funções.
De acordo com o zoneamento atual da cidade estabelecido através da lei Nº 60, de 18 de julho de 2018, toda a poligonal de tombamento fica contida dentro da Zona Especial de Interesse do Patrimônio Histórico e Cultural (ZEIP), que estabelece os parâmetros urbanísticos para as edificações contidas dentro do perímetro. Segundo essa lei, no artigo 27P: Novas construções ou reformas em edificações locadas na ZEIP obedecerão a Legislação Municipal, Estadual e Federal, devendo o projeto de construção ou reforma, com ou sem demolição, com ou sem acréscimo, ser submetido à apreciação prévia dos órgãos
competentes, incidindo nesta área a legislação específica do IPHAN para tombamento de conjuntos arquitetônicos e urbanísticos.
04/SOBRAL, CULTURA E CINEMA
A CHINESA (1967) DIR. JEAN-LUC GODARD
4.1. Sobral, um breve panorama histórico

vila em 1773 e dispunha de alguma liberdade político administrativa, podendo ter Casa de Câmara e Cadeia e um Pelourinho. Por conseguinte, é promovida a cidade no ano de 1841.
Sobral pode ser estudada a partir de quatro ciclos determinantes no seu desenvolvimento, sendo o primeiro deles o Ciclo do Gado, no séc. XVIII, então o Ciclo Comercial e do Algodão, no séc. XIX; e por fim o Ciclo Industrial, no séc. XX. Sobral surge do povoado Caiçara, localizado em uma posição estratégica no ponto médio do rio Acaraú, durante o período de expansão da criação de gado no interior do Nordeste, onde surgem as primeiras povoações no interior do estado do Ceará. A Fazenda Caiçara logo se tornou fornecedora intra-regional e abastecia estados como Paraíba e Pernambuco e a partir da instalação de diversos ruralistas, a Igreja instalou o seu Curato (ROCHA, 2017).
A partir do enfraquecimento do comércio do charque, a cidade inicia o cultivo do algodão no séc. XIX, além de outros insumos como o café, dando início ao Ciclo do Algodão, que trouxe significativo desenvolvimento urbano. Tais atividades agrícolas beneficiaram as práticas comerciais na cidade que levou a uma nova burguesia comercial instalar-se na cidade. Naquele período, Sobral já se destacava como um dos maiores polos comerciais do estado, segundo Eduardo Girão quando diz:
Sobral convergiam os negócios do vale do Acaraú e os sertões de Santa Quitéria e Crateús. Tributários de Quixeramobim eram os sertões da Mombaça, e em torno de Granja gravitavam os lugarejos da Serra Grande e da hinterlândia norte-piauiense. (GIRÃO, 2000, P. 340)
intervenção deste trabalho. Já no fim do séc.
XIX, e início do séc. XX, instala-se a indústria têxtil da cidade, representada pela CIDAO (Companhia Industrial de Algodão e Óleos) e pela Fábrica de Tecidos, esse período ocorre em paralelo à criação da Diocese de Sobral, de suma importância para a sua estruturação urbana, dá início ao Ciclo Industrial.
Banco Popular, em 1927, o Colégio Sobralense, em 1940, entre outros. (ROCHA, 2003).
Dom José também foi importante figura popular e mesmo após o seu falecimento em 1959, deixou muitos registros e documentos sobre Sobral naquele período, de imensurável valor histórico.
FIGURA 05 - Planta da Cidade de Sobral. Detalhe da prancha Estrada de Ferro do Sobral. Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, Cartografia, Localização: ARC. 025,02,017

O pequeno povoado é elevado à condição de
Fortaleza polarizava Aquiraz, Cascavel, Maranguape, Canindé e as serras de Baturité e Aratanha. Aracati atraía os núcleos démicos do baixo Jaguaribe, e Icó dominava o Cariri, os sertões dos Inhamuns e os do sul do Piauí. Para
Outro ponto marcante desse momento histórico é a criação da Estrada de Ferro em 1882, que ligava Sobral a Camocim e que foi braço direito do comércio da cidade por interligar-se com outras regiões do estado. (ROCHA, 2003). As profundas transformações socioeconômicas se espelham no desenho urbano da cidade, que se mostrou através da construção de novas igrejas, as casas térreas foram substituídas por casarões e sobrados e aos poucos o traçado urbano da cidade que foi se mostrando mais reto e regular.
Esse período é de suma importância para o presente trabalho, visto que nele ocorreu a construção do edifício a ser estudado, a Escola Técnica de Comércio Dom José, edifício de
Durante esse período histórico, cabe ressaltar a importância da Igreja no desenvolvimento da cidade, que era detentora do poder de lógica urbanística de Sobral, sendo importante agente de transformação territorial e estrutural. Várias foram os equipamentos construídos a partir do patrocínio da Diocese, que teve sua instalação em 1915. Aqui, destaca-se a figura de Dom José Tupinambá da Frota, primeiro bispo de Sobral, (homenageado pela Escola Técnica de Comércio, que recebe seu nome), pela construção de inúmeros edifícios importantes a partir do patrocínio da diocese, tais como o Colégio Sant’Ana, antigo Palácio Episcopal, de 1916, a Santa Casa de Misericórdia, em 1925, o
Atualmente, Sobral é uma cidade de grande importância na região norte do estado, pelo seu grande potencial atrativo de emprego, serviços, educação e lazer. Abrigando mais de 200 mil habitantes (IBGE), seu maior desenvolvimento está concentrado no setor secundário e terciário, que potencializam os fluxos pendulares na cidade entre mais de 50 municípios vizinhos.
FIGURA 06 Fotografia da vista aérea da cidade: Rio Acaraú, Sobral. Autor desconhecido. IBGE, 2017.
4.2. Sobral e Cinema
Por volta da década de 50, a elite agrária de Sobral passou a construir seus sobrados no centro da cidade, dedicando-se também a atividades comerciais que reestruturaram a dinâmica urbana. A partir de então, houve um grande adensamento populacional que causou grandes conflitos entre as diversas camadas sociais e os espaços em que ocupavam.
e Teatro Glória (em torno de 1920). Poucos anos depois, os primeiros cinemas de Sobral nasceram dentro de casas de Teatro, como é o caso do Cine Theatro São João.


Desse modo, um dos lugares mais importantes onde eram estabelecidas novas práticas e laços sociais eram os teatros, arte que até hoje se mostra expressiva na dinâmica cultural da cidade. Entre o meio do século XX e o início do séc. XIX, é marcante o surgimento de quatro casas de teatro na cidade: Teatro Apollo Sobralense (1867), Theatro São João (1880), Theatro dos Democratas (por volta de 1910)
O cinema surge enquanto alternativa barata aqui no Brasil também, como dito anteriormente no Capítulo 2. Entretanto, o teatro costumava ser um lugar de elite e alta burguesia. Esse conflito de classes é muito bem estabelecido dentro da própria estrutura espacial dos teatros, onde os lugares mais altos e mais vistos eram historicamente destinados a figuras de grande destaque social em um território. No caso do Theatro São João, por exemplo, com a platéia central, duas galerias laterais elevadas e um balcão elevado, onde as pessoas de mais alta classe econômica e social respectivamente ocupariam.
salas de cinema da cidade: Em 1926, Sobral viu acenderem-se as primeiras lâmpadas elétricas. Assim, a febre dos cinemas pôde chegar à cidade com o cine Teatro São João, em 1928, depois o Cine São José (atrás do Colégio Sant’Ana), Cine Éden, Cine Glória e Cine Rangel (1952). Objetos e técnicas foram ocupando o espaço urbano de Sobral à medida que as novidades eram trazidas de outros centros mais desenvolvidos. (JUNIOR, Paulo R. A.. 2005)

Aqui, cabe destacar um marco histórico importante a respeito do audiovisual na cidade: o primeiro cinema falado, em 1931, onde surge o Cine Eldorado, antes Cine Theatro Glória, com os aparelhos mais modernos da época (vitafone e movietone), trazidos para Sobral pelo empresário e arquiteto Falb Rangel, homenageado neste trabalho. Até então, todos os filmes eram exibidos com o auxílio de uma grande orquestra do Sr. José Lins. (BEZERRA, Ana P. G., 2020).
“Grande Hotel”, a famosa Sorveteria Hollywood, implantou a Rádio Imperador na cidade, entre outros muitos negócios que administrou em vida, além de ser arquiteto e ter construído o Arco de Nossa Senhora de Fátima, que se tornou grande monumento simbólico de Sobral, entre outros marcos arquitetônicos da cidade. O empresário inaugurou o Cine Rangel, ainda mais moderno em 1952, e segundo Luciana de Moura Ferreira, a chegada do Cine Rangel enfraqueceu o Cine São João que recebia os filmes posteriormente e com cortes. Segundo a autora, os filmes chegavam primeiro no Cine Alvorada e Cine Rangel, poucos metros depois, para então serem exibidos no Cine São João.
de cinema surgem e desaparecem no território de Sobral.
A partir desse conflito social e do crescimento da popularidade do cinema entre a sociedade sobralense, surgiu a necessidade de construção de casas de cinema. Assim surgiram as primeiras
Falb Rangel, sendo um homem de negócios, tinha diversos empreendimentos em Sobral, como o primeiro hotel de luxo da cidade, o
Apesar disso, o teatro e a praça nunca perderam sua força social de encontro dos sobralenses. Infelizmente, o mesmo não pode ser dito das casas de cinema citadas anteriormente. Nos anos 80, o Cine Rangel teve sua fachada derrubada e suas atividades foram interrompidas. Em seguida, o Cine Alvorada fecha as portas na década de 90 e a partir de então pequenas salas
Apenas em 2003, o Cine Renato Aragão, que funciona até o presente ano desde trabalho, abre as portas com 3 salas de cinema e foi o único da cidade até o ano de 2015, com a chegada do primeiro shopping center da cidade. O Multicine Cinemas é atualmente o maior cinema da cidade e também o mais oneroso, com 5 salas de cinema e ocupa um pavimento inteiro do edifício. Há também, por iniciativa da secretaria municipal de cultura, um programa chamado “Cine Falb Rangel” que exibe filmes fora dos circuitos comerciais da cidade com ingressos gratuitos em uma sala de auditório improvisada dentro da Casa de Cultura. O projeto a ser desenvolvido busca dar estrutura e base para que esse programa ganhe força e gere empregos dentro e fora do território de Sobral, além de manter viva a memória da sétima arte que foi tão importante no crescimento cultural dos seus habitantes.
05/REFERÊNCIAS PROJETUAIS
PLAYTIME TEMPO DE DIVERSÃO (1967) DIR. JACQUES TATI

5.1.PINACOTECA DE SÃO PAULO
ANO 1905/ original 1998/ intervenção AUTOR Francisco de Paula Ramos de Azevedo/ arquiteto inicial Paulo Mendes da Rocha/intervenção LOCALIZAÇÃO São Paulo, SP
Originalmente projetada para se tornar o Liceu de Artes e Ofícios no final do século XIX, o projeto apenas foi concluído em 1905, quando a instituição da Pinacoteca do Estado de São Paulo foi criada sendo o museu mais antigo do estado. Seguindo rigoroso estilo neoclássico, o edifício em planta perfeitamente simétrica organiza salas em torno de dois pátios laterais e um átrium central. Resolvido em três pavimentos, as circulações horizontais costumavam contornar o pátio enquanto que as circulações verticais ficavam nas extremidades do edifício.



Paulo Mendes da Rocha, um dos mais importantes arquitetos modernistas brasileiros, também foi um dos maiores críticos ao projeto inicial da Pinacoteca de Sâo Paulo. Suas principais intervenções visavam dar maior fluidez e flexibilidade nos fluxos e no programa do edifício, pois segundo ele é importante em um programa de museu que o visitante tenha autonomia e escolha seus próprios percursos.
Ao deslocar a entrada para a lateral sul do edifício, em uma varanda existente, o arquiteto resolveu um problema de estrangulamento que havia anteriormente com a Avenida Tiradentes. Agora, o edifício possui acesso mais facilitado através da Estação da Luz e a antiga entrada foi transformada em um belvedere.
Outras intervenções importantes no projeto foram a retirada das esquadrias que se ligavam com o pátio, a construção de passarelas metálicas e a instalação de elevadores nos pátios centrais, além de uma enorme claraboia. Segundo o arquiteto, a principal motivação para essa intervenção era resolver um problema de umidade e falta de luz que havia nessa região do edifício, que agora está mais protegida da chuva e se integra mais fortemente com os corredores.
Ao abrir os espaços internos e construir múltiplas formas de acesso aos demais pavimentos, Paulo Mendes da Rocha conseguiu dar mais transparência e legibilidade aos fluxos
FIGURA 12 - Planta Baixa - 1°
Pavimento. Pinacoteca do Estado de São Paulo. Archdaily, 2015.
FIGURA 13 - Planta Baixa - 2
Pavimento. Pinacoteca do Estado de São Paulo. Archdaily, 2015.

FIGURAS 14 e 15 Pinacoteca do Estado de São Paulo. Fotografias de Nelson Kon, Archdaily, 2015.
da edificação, que antes eram muito labirínticas. O arquiteto deixou evidente todas as marcas de intervenção evidentes através do uso do aço, por ser um material maleável, versátil estruturalmente e leve. Além disso, a marca dos antigos andaimes foram mantidas, bem como as fachadas como foram construídas há mais de 100 anos atrás e todas as intervenções que sofreu ao longo desse período, dado seus devidos pontos de restauro e revitalização dos materiais.

FIGURA 16 Corte Longitudinal.
Pinacoteca do Estado de São Paulo. Archdaily, 2015.



5.2.CASARÃO DA INOVAÇÃO CASSINA
ANO
1896/ original 2020/ intervenção AUTOR Laurent Troost Architectures/ intervenção LOCALIZAÇÃO Manaus, AM
FIGURA 17 - Casarão Inovação Cassina. Fotografias Joana França, Laurent Troost, Alex Pazuelo Archdaily, 2022.
Construído em 1899 e batizado com o nome do proprietário italiano Andrea Cassina, o antigo edifício Hotel Cassina localizado no centro de Manaus, próximo a praça da República. Antes frequentado pelos grandes ricos da cidade, o Hotel perdeu força com o declínio do comércio da borracha, que ocasionou o declínio das atividades comerciais e afastou a população do grande centro da cidade, reduzindo consideravelmente a segurança pública da região.
Ao incorporar a ruína enquanto aspecto intrínseco do projeto, o escritório desenvolve um projeto que se baseia na manutenção da paisagem existente e no valor da relação entre o edifício e o entorno.
Apesar do edifício originalmente se organizar em dois pavimentos, na proposta de intervenção os arquitetos resolveram aumentar para quatro a fim de conseguir abrigar todo o programa proposto no concurso.
Desde então, o edifício se tornou uma ruína no grande centro de Manaus e um desafio para os arquitetos e urbanistas da cidade. Então em 2020 a prefeitura abre um concurso para proposta de intervenção no Cassina e o escritório Laurent Troost Architectures ganha o concurso trazendo uma proposta de intervenção muito mais amigável que a antiga proposta de verticalização aprovada pelo Iphan em 2018.
Com bastante uso do aço e vidro para contrastar com o edifício existente, os arquitetos afastaram a área de ocupação da fachada, criando vários jardins internos que proporcionam condicionamento ambiental.



FIGURAS 18 Corte esquemático da intervenção. Casarão Inovação Cassina. Archdaily, 2022.
ANO 2012/ projeto AUTOR ENCORE HEUREUX Architectes LOCALIZAÇÃO
Auch, França
5.3.CINE 32
FIGURAS 19 e 20 - Casarão Inovação Cassina. Fotografias Joana França, Laurent Troost, Alex Pazuelo Archdaily,
FIGURA 21 - Cine 32. Fotografias Sebastien Normand, Adelaide Maisonabe, Nicola Delon. Archdaily, 2022.

FIGURA 23 - Perspectiva explodida. Cine 32. ENCORE HEUREUX, 2022.
Localizado no centro de Auch, na França, adaptando-se em em um antigo quartel espanhol, o Cine 32 é um cinema que inova na criação do seus espaços por tratar cada volume de auditório como galpões com tamanhos diferentes, trazendo a imagem de cinemas de bairro, contrária das grandes salas de cinema comercial.
Com a fachada fazendo ligação formal entre as antigas casas de cinema, mas que incorpora a identidade gráfica do artista francês bonnefritte, os arquitetos também buscaram valorizar as circulações e halls enquanto espaços de permanência, criando cenários que trazem imersão na experiência de ir ao cinema

como muito maior que apenas ver filmes, mas também como um lugar de descoberta e de pertencimento.
As cinco salas de exibição de tamanhos diferenciados buscam proporcionar certa independência e flexibilidade nas exibições de acordo com uma quantidade de público e o tipo de exibição, acabam sendo muito mais efetivas e econômicas que salas padronizadas que precisam de um público mínimo para trazer lucro ao estabelecimento.
Os materiais escolhidos são bem brutos e crus, como concreto e madeira com pouco ou nenhum acabamento, que além de cumprirem com um orçamento limitado, trazem uma sensação de bastidores de um filme.
Além das salas de cinema, o edifício também possui salas de oficina e um grande bar que se relaciona com a praça externa, diversificando os usos do edifício e possibilitando maior tempo de permanência entre os seus visitantes.

FIGURA 22 - Planta do Pavimento térreo. Cine 32. Archdaily, 2022.


FIGURA 24 Bar e pátio externo. Cine 32. Fotografias Sebastien Normand, Adelaide Maisonabe, Nicola Delon. Archdaily, 2022.
FIGURA 25 Circulações internas. Cine 32. Fotografias Sebastien Normand, Adelaide Maisonabe, Nicola Delon. Archdaily, 2022.
06/O PROJETO
ONDE FICA A CASA DO MEU AMIGO? (1987) DIR. ABBAS KIAROSTAMI

6.1.DIAGNÓSTICO URBANO
poligonal de tombamento edifício de intervenção
MAPA 04 - Localização do Edifício de Intervenção, Centro de Sobral, CE. Elaborado pela autora. 2022.



0 100 200m
Técnica de Comércio, foi possível perceber que as paredes espessas, as pequenas aberturas e o grande espaço entre o piso e a coberta atuam de forma muito positiva no condicionamento ambiental das salas e são medidas que foram aproveitadas na intervenção do projeto.
MAPA 06 - Zoneamento de Sobral. Google Earth. 2022.
Sobral, cidade de clima tropical quente semiárido, com baixas médias pluviométricas anuais, é uma cidade que proporciona desconforto térmico constante em seus habitantes. Projetar em uma cidade como essa é um desafio quando não se recorre ao uso imediato de ventilação ou refrigeração ativa.
Durante a visita técnica ao edifício da Escola
Localizando-se em uma região do centro muito marcada pela forte presença de edifícios históricos, praças, comércios e serviços, além de amplo fluxo de pessoas.
O terreno de intervenção se insere dentro de duas Zonas urbanas de Sobral: a ZEIP (Zona Especial de Interesse do Patrimônio Histórico e Cultural), que compreende a zona de perímetro do sítio histórico de tombamento e a ZCE (Zona Central de Entorno), que também possui forte caráter histórico, mas de edificações que foram descaracterizadas com o tempo pela forte atividade humana na região e por falta de medidas protetivas com essas edificações.
0 200 400m












MAPA 03 - Poligonal de Tombamento, Centro de Sobral, CE. Elaborado pela autora. 2022.

0 100 200m




MAPA 05 - Equipamentos de Cultura e Educação do Entorno do Edifício de Intervenção, Centro de Sobral, CE. Elaborado pela autora. 2022.
Com grande proximidade entre o Campus
poligonal de tombamento edifício de intervenção edifícios de cultura e educação praças e áreas verdes ECOA (Escola de Comunicação, Cultura,Ofícios e Artes)




Teatro Apolo Casa do Capitão Mor
UFC (Universidade Federal do Ceará Colégio Maria Imaculada Colégio Sant’Anna Museu de Ciências de Sobral Palácio de Ciências e Línguas Estrangeiras
Sobral da Universidade Federal do Ceará e com o ECOA (Escola de Cultura, Ofícios e Arte), além da Margem Esquerda do Rio Acaraú, essa é a região mais boêmia da cidade, muito frequentada por jovens e é onde costuma ocorrer os maiores eventos artísticos da cidade. Em um terreno com grandes vazios devido ao uso de estacionamentos e contendo um edifício histórico em desuso, formou-se um cenário propício para permitir que o edifício fosse preservado a partir de novos usos.
6.2. A Escola Técnica de Comércio
Dom José de 1873
Diante o cenário de grande expansão econômica ao final do século XIX e no início do século XX em Sobral, além da expansão da malha ferroviária no interior do estado que beneficiou esse processo, em agosto de 1921 foi fundada a Associação dos Empregados do Comércio de Sobral. Encabeçada por Paulo Aragão e Oriano Mendes, a Associação, dentre outras finalidades, tinha como objetivo a melhoria das condições trabalhistas, devido a grandes conflitos que os empregados tinham com seus empregadores. O início do período republicano no Ceará foi marcado por grande preocupação com a modernização das cidades e práticas higienistas e assistencialistas. Em Sobral, o ensino técnico antes reconhecido enquanto prática assistencialista, agora assumia caráter de ferramenta da classe trabalhadora. Em Sobral, o ensino técnico só passou a ser uma realidade

após a criação da constituição da Associação dos Empregados de Sobral, em 1930, que contemplava não apenas os trabalhadores como seus filhos.
Então, no início da década de 30, Paulo Aragão e Manuel Francisco das Chagas receberam a doação do Dr. Menezes Pimentel e compram o edifício da escola no ano de 1934 e se oficializa como Escola de Comércio Dom José.
O prédio marca um período histórico da cidade de profundo desenvolvimento econômico e reconhecimento da educação enquanto instrumento transformador de uma sociedade.
(1970), a associação deve imensa importância pois:
“(...) criou um ambiente de respeito aos auxiliares do comércio e indústrias facilitando-lhes os conhecimentos indispensáveis das técnicas modernas dos negócios foi verdadeiramente, a percursora dos novos métodos de ensino comercial no Brasil e veio a ser estabelecimento a modelar no gênero.”

(PONTE, E. A. S. R., 2019, p. 137, apud CASTELO, 1970).



prestar serviços e fechou as portas. Poucas coisas funcionaram dentro do edifício, onde foi alugado para a prefeitura e para outros comerciantes mas, no presente momento deste trabalho, encontra-se fechado e parcialmente deteriorado com marcas do tempo, em consequência do desuso.
A Escola funcionou sob incentivos governamentais, mas era mantida pela Associação dos Empregados do Comércio e formou inúmeros contabilistas, contadores, e diversos técnicos de comércio que receberam uma educação verdadeiramente moderna para a época e que em muito contribuiu para o desenvolvimento de Sobral. Segundo Castelo
Enfim, no ano de 1980, a escola deixou de
Através do mapa 04, é possível perceber que a poligonal do Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Sobral, definido pelo Iphan em 1999, atravessa uma parte do edifício e só o abrange parcialmente. Através das plantas e fachadas, é possível perceber que isso se dá principalmente porque a parte que se encontra fora da poligonal condiz com uma expansão da Escola Técnica de Comércio, um setor administrativo, e sua fachada mostra um processo de modernização se comparada com a fachada da esquina.
PLANTA BAIXA - TÉRREO 1.hall 2.circulação 6. cozinha 8. banheiros 11.área livre 40. secretaroa/escritório 45. almoxarifado 62. sala de aula 70. sala de reuniões 72. lanchonete
FIGURA 27 Planta baixa da Escola Técnica de Comércio Dom José, Sobral, CE. Base cartográfica do IBNI-SU, Iphan. 2005.
parede existente parede derrubada/ parcialmente derrubada
FIGURA 26 Escola Técnica de Comércio Dom José, Sobral, CE. Acervo Imagético de Silveira Rocha, 1945.
6.3. Visita técnica ao edifício
FIGURA 29 Esquadria da Escola Técnica de Comércio Dom José, Sobral, CE. Fotografia da autora. 2022.
No dia 31 de outubro de 2022, foi realizada uma visita técnica ao edifício para entender melhor espacialmente e avaliar o estado físico da edificação em comparação com a base cartográfica do IBNI-SU de 2005.
O edifício está fechado há muitos anos e serviu de usos diversos para a prefeitura após o fechamendo da Escola, mas encontra-se atualmente com várias marcas de deterioração por conta do desuso, como destelhamento, infestação de cupins, algumas paredes ruíram e parte da fachada desabou recentemente.


Apesar disso, ainda assim o edifício preserva boa parte de sua integridade física e algumas características como a maior parte das paredes principais, os ladrilhos da entrada, as bandeirolas metálicas das portas internas, alguns móveis entre outros documentos.








FIGURA 28 Ladrilhos da entrada da Escola Técnica de Comércio Dom José, Sobral, CE. Fotografia da autora. 2022.



Apesar disso, o desabamento de parte da fachada é um indicativo de que o edifício tem sua estrutura física ameaçada pelo desuso e, consequentemente, falta de manutenção.
FIGURA 30 Fachada Anahid Andrade
FIGURA 31 Fachada Idelfonso Cavalcante
FIGURA 32 - Fachada Joaquim Ribeiro Fotografias da autora. 2022.
6.3.MAPA DE DANOS
entaipamento descaracterização parcialmente demolido cabeamento pixo ou grafite umidade


FACHADA JOAQUIM RIBEIRO ESCALA 1:400
FACHADA IFELFONSO CAVALCANTE ESCALA 1:400
FACHADA ANAHID ANDRADE
ESCALA 1:400

6.4. PROGRAMA
01. Memorial da Escola Técnica de Comércio Espaço para restauro e exibição dos antigos mobiliários, documentos e fotografias do edifício de intervenção
02. Hall de entrada Espaço livre para entrada e saída de alunos, servidores e visitantes da es cola
03. Cantina Espaço agradável para refeições, con versas e trabalhos
04. Banheiros Masculino e feminino
05. Salas de aula Espaços equipados para aulas teóricas
06. Pátio Espaço livre e arborizado para laz er, estar e projeções de filmes no turno da noite
07. Costura Sala para produção, ajustes e arma zenagem de figurinos
08. Marcenaria Sala equipada para fabricação, arma zenagem e montagem de cenários
09. Sala de atuação Sala para prática e treino de aulas de interpretação e práticas corporais
10. Ateliê Salas para organização de trabalhos em grupo
11. Escultura para animação Sala de trabalho para criação e aprendizado de esculturas para ani mação
12. Foyer Local amplo e convidativo para receber pessoas para o cinema
13. Bilheteria Distribuição dos ingressos dos filmes
14. Bomboniere Espaço para venda de comidas e bebidas consumi das em cinemas
15. Antecâmara Espaço para controle de luz e som entre o foyer e as salas de exibição
16. Salas de exibição Salas equipadas e com tratamento acústico para exibição de peças audiovisuais
17. Biblioteca Espaço de leitura e estudo
18. Salas de estudo Espaços flexíveis para estudos em grupo
19. Cinemateca Espaço para armazenagem, restauro e estudo de filmes
20. DML Depósito de materiais de limpeza
21. Oficinas/Multiuso Salas flexíveis para atividades diversas 22. Hall de estar Espaço amplo e agradável para descanso, socializações ou espera 23. Coordenação ped agógica Salas para reuniões e atendimentos com os professores sobre os trabalhos realizados 24. Cineclube Espaço para os alunos discutirem e as sistirem filmes de forma independente 25. Edição de imagens Servidores de computadores para realização de trabalhos de edição 26. Sala de segurança DÁrea de monitoramento de imagens 27. Serviços Vestirários e armários para os servidores 28. Diretoria Sala da direção da Cine Escola 29. Administração Espaço para a equipe de administração da Cine Escola
30. Copa Espaço para refeições e estar dos ser vidores 31. Secretaria Espaço para o atendimento dos alunos e visitantes 32. Sala dos professores Sala de descanso e estudo dos professores
33. Curadoria Equipe responsável pela organização de eventos e das exibições do Cinema
34. Café Espaço tranquilo e agradável para refeições dos visitantes do cinema 35. Sala técnica Sala técnica para equipamentos de projeção e monitoramento das exi bições
36. Diretor Espaço para coordenação de filmagens
37. Estúdio de decupagem Espaço de planejamento e montagem dos filmes
38. Animação 2D/3D Espaço para desenhos e produções de animaçoões
39. Estúdio de som Sala isolada acusticamente para edição e criação de sons, músicas e dublagens
40. Laboratório analógico Espaço a prova de luz para revelação de rolos de filmes ou fotografias analógicos
41. Estúdio cine matográfico Pequeno estúdio para filmagens de cenas internas pedagógico espaços abertos cinema administração serviços
PLANTA DE IMPLANTAÇÃO ESCALA 1:300


PLANTA
20
PAVIMENTO TÉRREO
01.Memorial da Escola Técnica 02.Hall de entrada 03.Cantina 04.W.C’s 05.Sala de aula 06.Pátio 07.Costura 08.Marcenaria 09.Sala de atuação 10.Ateliê 11.Escultura para animação 12.Foyer 13.Bilheteria 14.Bomboniere 15.Antecâmara 16.Sala de exibição 17.Biblioteca 18.Sala de estudo 19.Cinemateca 20.DML


existentes intervenção
21 21 21 21 21 04 04 04 04
26
27
24 23 23
25
22 22
27 28 29 30 31 32 33 34 35
36 37 38 39 40 41
PLANTA BAIXA - 1° PAVIMENTO ESCALA 1:150
1° PAVIMENTO 04.W.C’s 21.Oficinas/multiuso 22.Hall de estar 23.Coordenação Pedagógica 24.Cineclube 25.Edição de imagem e som 26.Sala de segurança 27.Serviços 28.Diretoria 29.Administração 30.Copa 31.Secretaria 32.Sala dos professores 33.Curadoria 34.Café 35.Sala técnica 36.Diretor 37.Estúdio de decupagem 38.Estúdio de animação 2D/3D 39.Estúdio de som 40.Laboratório analógico 41.Estúdio cinematográfico
existentes
entrada da escola pátio e passarelas da escola foyer do cinema pilotis do bloco de administração


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