CAMADAS INTRÍNSECAS
Em uma contemporaneidade de demasias, Patrícia Nakamura se radica no Porto e pauta sua produção na sutil retirada deste excesso - a lapidar o papel e a alma -, não na busca pela incólume pureza, mas ao visar a tórrida aventura da vida.
Aliar o kirigami à cosmovisão africana, ao clima latino-americano e a formas moçárabes, expressa a pluralidade de influências nas obras e mostra um caráter cosmopolita, fruto de sua passagem por dezenas de países.
Como um macramê de técnicas, Patrícia amarra ao papercutting a fotografia, o bordado e a pintura. Lança assim, uma produção dialética que semeia-se pelo caminho.
A exploração de suportes é, por si só, um salto no abismo, e em Camadas Intrínsecas é usada como trampolim, ao sustentar uma produção ainda mais profunda, que convida o observador a mergulhar dentro de si em uma série que tensiona a barreira do sensível.
Tiago Mazza - Crítico de Arte