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FILOSOFIA BÁSICA Prof. Leonides da Silva Justiniano O problema do conhecimento Das tantas definições que podem ser aplicadas ao ser humano, talvez a que mais lhe seja conveniente diga respeito à sua característica investigativa – a curiosidade!! O ser humano é, enfim, um animal que indaga, que questiona, que tem sede de saber! Para as pessoas, as coisas não estão simplesmente aí, não são “dadas”. As coisas têm um significado além, devendo, portanto, serem decodificadas, interpretadas. O mundo, a vida, as próprias pessoas são um enigma, um mistério... Afinal, o que é a vida? Já dizia o poeta Gonzaguinha: “Mas e a vida? E a vida o que é, diga lá, meu irmão... É a batida de um coração? É uma doce ilusão? Há quem diga que a vida da gente é um nada no mundo... ...É o sopro do Criador...” Também nós podemos ser um mistério para nós mesmos, jamais desvendado. Podemos não problematizar nossa existência. Ou podemos não assumir o desafio de viver. Foi o que afirmou Saint Exupèry: “Aquele que passou pela vida em brancas nuvens, nunca sentiu a dor da despedida e a alegria do reencontro, o calor de uma lágrima e a felicidade de um sorriso, foi espectro de homem, não foi homem, passou pela vida, mas não viveu.” Seja em busca de segurança, seja em busca de domínio, o desvendamento do mundo, dos mistérios da vida, dos mistérios do ser, impulsiona o ser humano, cada vez, mais, na jornada do conhecimento, na conquista dos instrumentos da razão. Mas, como tudo deve ter uma finalidade, não basta o conhecimento pelo conhecimento: deve haver uma finalidade. A finalidade, o destino do ser humano... Qual será? A história da humanidade, de uma certa forma, é a história de suas idéias, de suas buscas, de suas descobertas, de seu crescente domínio dos fenômenos da natureza. Diante de algo hermeticamente fechado sobre si mesmo, ou frente a um objeto ou animal que procede de forma inovadora, o ser humano se coloca as mais variadas questões: Que é? Como pode? Para quê? Por quê?? Aliás, frente a si mesmo a pessoa se coloca em situação de curiosidade. Existem questões que estiveram e certamente sempre vão estar presentes na vida das pessoas; estas, as chamadas “questões existenciais”, envolvem a todo e cada ser humano em ao menos um momento de sua vida. E elas fazem eco às indagações dos primeiros antepassados sapiens: • De onde vim? • Quem sou eu? • Que é isto, a vida, que me envolve? • Para onde vou? É a partir destas questões, que ao menos uma vez em todo o tempo da vida se colocou a cada um dos seres humanos, de um modo ou de outro, em uma linguagem mais figurada ou mais racionalmente formulada, que brotou, de certa forma, a Filosofia. Porém, a Filosofia pode ser considerada um momento segundo, pois a sua sistematização é decorrência da evolução e suplantação de um tipo de pensamento elementar, fantasioso, ainda que sedento da verdade – o pensamento mítico. O pensamento mítico é uma dos tipos de conhecimento humano, e não o mais rigoroso. Mesmo assim, deve-se deixar patente, é uma forma de conhecimento. Então, conhecimento, o que é? Para discutir o conhecimento e a verdade Sendo definido como animal racional, os temas do “conhecimento” e da “verdade” são bastante significativos para o ser humano. Afinal, é por sua capacidade de “conhecer” as coisas que as pessoas se distinguem, incomensuravelmente, dos outros seres. Nessa busca de conhecer, o que se procura é a verdade das coisas (dos seres). Todavia, há que se questionar: que é conhecer? E, igualmente, que é a verdade? De acordo com o Aurélio1, “conhecer” vem do latim cognoscere, que significa “ter noção, conhecimento, informação, de; saber”; “ser muito versado em; conhecer bem”; “travar conhecimento com”; “ter conhecimento de causa; ter experimentado”; “distinguir, reconhecer”; “apreciar, julgar, avaliar”... Já o “conhecimento”, derivado do verbo “conhecer”, significa “ato ou efeito de conhecer”; “idéia, noção”; “informação, notícia, ciência”; “prática de vida, experiência”; “discernimento, critério, apreciação”; “processo pelo qual se determina a relação entre sujeito e objeto”; “a apropriação do objeto pelo pensamento, como quer que se conceba essa apropriação: como definição, como percepção clara, apreensão completa, análise, etc.”; “a posição, pelo pensamento, de um objeto como objeto, variando o grau de passividade ou de atividade que se admitam nessa posição”. 1
Dicionário Aurélio – Século XXI – versão eletrônica: versão 3.0, 1999.
Filosofia – Uma Breve Introdução
Leonides da Silva Justiniano