Torre de Moncorvo na rota da Faiança a partir do século XVI

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Torre de Moncorvo na rota da faiança a partir do Séc. XVI Arnaldo Duarte da Silva*

1 – INTRODUÇÃO

Em 2004, foi adquirida a habitação com o nº 14, na rua Dr. Campos Monteiro, outrora rua da Misericórdia (fot. 1), em Torre de Moncorvo, para aí ser instalado o Núcleo Museológico da Fotografia do Douro Superior (fot. 2). Apesar dos inúmeros condicionalismos colocados ao seu licenciamento, o sonho materializou-se, nunca esmorecendo o entusiasmo que nos movia, antes, foi sendo reforçado

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por episódios de verdadeira descoberta, como sucedeu aquando da retirada da parede, ao nível do rés-do-chão, do alçado tardoz (fot. 3).

Este momento confrontou-nos com a presença de milhares de fragmentos de peças de cerâmica, entre outros objetos de interesse patrimonial. A retirada de terra e dos objetos aí exumados foi

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precedida de alguns contactos, no sentido de que especialistas procedessem, nesta primeira fase, a uma intervenção arqueológica, o que não veio a verificar-se por falta de técnicos, entre outros aspetos. Avançámos, então, com a retirada dos inertes do dito espaço.

O acervo da cerâmica encontrado, comporta a fabricada em Bisalhães, concelho de Vila Real; a cerâmica vermelha de produção dos centros oleiros do Felgar e do Larinho (esta recolhida em duzentas caixas); louça de importação, alguns fragmentos de porcelana da China, identificados como sendo da Dinastia Qing, período de Kangxi, compreendido o seu fabrico entre 1662 e 1722 e um fragmento de um pequeno prato, com a identificação de um friso

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de gregas em ouro e contorno a preto e vermelho, do período Qianlong, datado de 1736 a 1795, e a que suporta o presente trabalho, enquadrada na tipologia de faiança. __________________________ * Professor do 1º Ciclo; diretor e proprietário do Núcleo Museológico da Fotografia do Douro Superior

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Este importante e diversificado espólio, constituído por fragmentos de malgas, pratos, covilhetes, salseiras, púcaros, bules, molheiras, travessas, cantarinhas, alguidares, bacios de noite, entre outros, pode contribuir, e até ser determinante, para fazer leituras relevantes da utilização deste tipo de louça no interior do castelo da vila de Torre de Moncorvo.

Para compreendermos as verdadeiras motivações que nos conduziram ao estudo desta temática, há que recuar ao ano de 2004, e à reconstrução de uma casa, com o nº19, situada na Praça Francisco Meireles (fot.4). Foram aí recolhidos fragmentos de louça, nomeadamente, os que se enquadram na observância da cor azul de

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cobalto e nos mais diversos motivos e padrões, com destaque para os decorados com contas. Nesta insólita descoberta, foram inventariados 301 fragmentos de faiança, pouco mais de uma dezena em porcelana, assim como centenas de fragmentos de cerâmica comum e algumas peças completas. Entre estas, verificou-se a existência de um grande prato (fot. 5) sobre o qual se concluiu, após a devida colagem, remontar a épocas de produção do Séc. XVII, nomeadamente, pelo fator expressivo dos elementos botânicos estilizados, pintados a roxo vinoso e azul de cobalto. O prato tem cerca de 35 cm de diâmetro e é fabricado em pasta branca e esmaltado. No centro, apresenta um bobo da corte, de imponente porte e sorriso largo, unhas exuberantes e com

Fot. 5

um pássaro na mão esquerda (fot. 6). Revela ser habilidoso na forma como o segura, excluindo a possibilidade de se tratar de um falcão. Possui um chapéu algo bizarro e roupa drapeada. Ostenta uniforme militar com espada à cintura. A máscara de comédia, colocada no chão, é de teatro improvisado (fot. 7), própria de épocas ou momentos de

entretenimento.

Observam-se,

ainda,

crisântemos

muito

estilizados. O fundo é rematada por dois filetes concêntricos, pintados

Fot. 6

das mesmas cores. A aba está decorada com enrolamentos abertos, envoltos em linhas da cor vinoso e ladeado por decoração de linhas paralelas, parecendo borboletas, tendo à sua frente triângulos compostos de riscas. O bordo é boleado e no seu tardoz o esmaltado é arrepiado. De realçar que o roxo vinoso se encontra a contornar o bobo a azul, determinante para, segundo elementos comparativos

Fot.7

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(MONCADA: 2008. 46) se poder datar do terceiro quartel do século XVII (1650-1675). Está decorado, com exceção da figura humana e do pássaro, sob a influência da porcelana da China.

Ainda, e do mesmo local, destaca-se a taça pintada a azul de cobalto com covo acentuado e decorada com elementos florais no bojo (fig. 8). Apresenta, no centro, arabescos com olho, representando um pavão, e rodeia-se de dois filetes concêntricos. A aba é composta por duplo filete e o bordo boleado. É faiança de fabrico espanhol, mais concretamente de Talavera de La Reina, segundo comparação com peça exposta no Museu Nacional de Arte Antiga, e data do século XVIII.

Fot. 8

Tendo apresentado as razões fundamentais para o gosto pelo estudo e a preservação de achados arqueológicos de cerâmica, nomeadamente, a que se enquadra na tipologia da faiança, o presente trabalho é apresentado em quatro etapas fundamentais. A primeira faz a introdução à investigação e remete o interesse desta temática para outros achados arqueológicos, em contexto de demolição de uma habitação. A segunda faz uma abordagem, devidamente fundamentada, do contexto histórico da habitação, e a terceira reflete a metodologia utilizada aquando da escavação, assim como a referência aos suportes científicos, enquadrados na investigação do tema da faiança. Já na quarta etapa, esta relacionada com a caracterização e classificação das faianças, houve a preocupação de fazer o levantamento dos motivos, padrões decorativos e cronologia do fabrico das peças, procedendo-se, assim, à sua identificação, caracterização e classificação. Finalizamos com um registo conclusivo, em paralelo com o elenco de hipóteses e o desejo de dar continuidade a esta investigação, não só do espólio do espaço em estudo, mas de tantos outros na zona mais antiga de Torre de Moncorvo (fot. 9).

Fot.9

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2 - CONTEXTO HISTÓRICO DA HABITAÇÃO

Feita a pesquisa nos registos do Arquivo Distrital de Bragança, a primeira venda da casa foi feita por Adelina Camila Galo a Cândida Augusta Gouveia, no dia 9 de Julho de 1927. Por sua vez, esta vendeu-a no dia 6 de Fevereiro de 1942 a Augusta Serra Campos, descrita como “uma casa de construção antiga para habitação, com altos e baixos e quintal contíguo”1. No dia 3 de Julho de 1952, foi comprada por Maria da Conceição Campos Silveira de Sousa, tendo sido alugada a Francisco Garcia, taxista de profissão (fot. 10), que cimentou o logradouro, com 10 cm de argamassa pobre nos 12

m2,

Fot.10

correspondentes à sua área, em meados

da década de sessenta do século XX.

Arnaldo Duarte da Silva e Ilda Maria Pando da Silva adquiriram-na no dia 21 de Outubro de 2004, tendo iniciado as obras de requalificação e transformação, em meados do 2007, para aí instalar o Núcleo Museológico da Fotografia do Douro Superior.

Fot.11

A casa situa-se na zona medieval do Castelo de Torre de Moncorvo (fot. 11) e distava das suas duas torres cerca de 30 m. O rei D. Dinis concedeu carta de Foral a esta povoação em 1285, tendo sido a muralha mandada construir entre 1285 e 1295, segundo os achados arqueológicos exumados resultantes da intervenção no castelo de Torre de Moncorvo, em 2001 (CHÉNEY e CARVALHO: 2005. 254). D. Manuel I outorgou

Fot.12

nova Carta de Foral, em 1512. A poucos metros, do lado norte da rua, havia um solar da família Carneiro de Vasconcelos, datado do século XVIII, denominada Casa do Cacau (fot. 12), com capela, com a evocação do Sagrado Coração de Jesus (fot. 13), construída no século XVII. Os seus proprietários dedicavam-se ao negócio de especiarias, sedas e linho, entre outros produtos. Presentemente, no seu lugar encontrase um grande parque de estacionamento. Na rua Nova ainda se encontra o solar dos Vasconcelos, (em ruína), com capela datada de 1714.

Fot.13

________________ 1

Arquivo Distrital de Bragança “ Escritura de venda que faz Cândida Augusta Gouveia a S. Augusta Serra Campos, nesta

vila”, p.18.

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A Igreja da Misericórdia, situada a uma dezena de metros foi mandada construir no século XVI (fot. 14).

A casa em questão era constituída por rés-do-chão e 1º andar. Logo à entrada, havia um pequeno quarto e, mais ao fundo, uma entrada para a loja, designada “a do burro”. No piso superior, dois quartos, um corredor e uma cozinha tradicional com chupão em chapa de ferro e lava loiça em xisto, e ainda um logradouro destapado e nivelado com uma camada de cimento. Na parede contígua à casa onde nasceu o escritor Adriano de Campos Monteiro, em abandono e completa ruína, estavam aplicados uns azulejos brancos que serviam de cenário de fundo para a arte fotográfica do arrendatário. Fot. 14

A demolição interior trouxe-nos duas preciosas informações. Por um lado, a demolição do muro tardoz da “loja do burro” permitiu ter acesso a um aterro que havia sido cimentado na data supra referida e, por outro, verificou-se que a casa tinha ligação, através da porta, ao nível do 1º andar, com a casa nº 12, uma das características das judiarias. A porta, em época indeterminada, foi tapada com ripas em madeira e argamassada em barro, designada esta técnica construtiva de tabique. A casa fazia, também, ligação, através do quintal, com a Sinagoga na Judiaria. Já nos inícios de 1500, um cristão-novo, de nome o Vasco Pires, o do Castelo, teve a responsabilidade de gerir os dinheiros para a construção da Igreja da Misericórdia (ANDRADE e GUIMARÃES: 2012. 8). Os seus descendentes, nomeadamente o seu neto, Manuel Isidro, com grande ligação aos negócios em muitos locais das rotas migratórias da expansão marítima portuguesa (ANDRADE e GUIMARÃES: 2012. 7), foi preso nas masmorras da Inquisição em Lisboa, tendo-lhe sido servida a comida numa palangana (prato de faiança de grandes dimensões).

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3 - A METODOLOGIA

Desde o início da exumação das terras e recolha do respetivo espólio (fot. 15), se pode constatar que a qualidade e a quantidade das cerâmicas eram motivo, mais que suficientes, para se utilizarem metodologias de intervenção esclarecidas ao nível dos cuidados a ter na escavação e no devido acondicionamento. Daí, termos recorrido a autores como Luís Sebastian, Ana Sampaio e Castro, Alexandra Fot.15

Gradim, Miguel Cabral de Moncada, Joana Leite, Maria das Dores

Cruz, José Queirós, Paulo

Tadeu

de Souza

Albuquerque e Rafael Salina Calado, entre muitos outros, para fundamentarmos esse processo.

Sentiu-se que o estudo estratigráfico não fora rigorosamente cumprido (fot. 16), proporcionando o melhor enquadramento para a boa investigação, tendo ficado

Fot.16

hipotecada a sua cientificidade, no sentido mais erudito da palavra. E só não ficou na totalidade, porque o gosto pelos motivos encontrados na faiança tornou-se fascínio e este só poderia ser compreendido à luz da sua melhor recolha e inventariação.

Todo o espólio foi retirado de acordo com os registos do contexto estratigráfico da exumação, sendo colocados em sacos de plástico. Estes foram acondicionados de forma a protegê-los de qualquer impacto externo e, posteriormente, foram lavados e agrupados segundo características comuns (fot. 17). Alguns foram colados, dando lugar a peças quase completas. Para além do espólio já referido, também se recolheram moedas, fíbulas em bronze, falos em xisto, pias, bases de colunas, cantaria siglada, ferramentas agrícolas e lascas de moscovite, entre outros objetos de interesse patrimonial. Fot.17

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4 - O CONJUNTO DE FAIANÇA – CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÂO

Até ao século XVI a louça utilizada ao serviço das refeições era, quase exclusivamente, feita de argila vermelha. A encontrada, em resultado das escavações e exumação de material cerâmico, revela uma grande mudança nos costumes na aquisição de louça com outra qualidade, revelando poder aquisitivo do proprietário da habitação ou dos próximos. A grande surpresa residiu nos achados ao nível do corte efetuado a 40 cm da base e em praticamente toda a sua área, com a recolha de uma louça branca, esmaltada e muito fragmentada. Logo se aventou a hipótese de que estaríamos em contacto com as primeiras aquisições em louça esmaltada da habitação. Mas não. Passados cinco anos, desvendou-se a maior descoberta para o achado. Após se contabilizarem 14 fundos de faiança de massa branca, e ainda, uma malga quase completa, 14 cm de boca, depois de colada, com as letras S e o F sobreposto no fundo interior (fot. 18), não restam quaisquer dúvidas que estamos perante louça conventual, pertencente e adquirida pelo Convento de São Francisco de Torre de Moncorvo (fot. 19). Para poder

Fot.18

confirmar esta leitura, nomeadamente em documentos escritos, foi consultado o Registo de cartas, provisões de rendas, alvarás, sentenças, petições e testamentos- 15381752, pertencente ao Arquivo Histórico da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo, com a abreviatura AHTM, pasta 480, LV1, tendo sido verificado que não houve referências à aquisição de faiança ou até da sua existência. Por outro lado, segundo registos no trabalho de investigação de Carlos d`Abreu e Paula Machado, intitulado O património

Fot.19

do Convento de São Francisco de Torre de Moncorvo aquando da supressão das Casas Religiosas (1834), na “ Nomeação dos objetos do Refeitório, Cozinha, Infermaria, e mais mobília comum”, segundo o declarado pelo padre guardião do extinto Convento, aquando do arrolamento dos bens, há a referência a “ oito pratos de malgo e seis tigelas do mesmo”. Na falta de elementos que pudessem cimentar a ideia de que os frades mandaram fabricar a sua própria louça com marca própria do Convento, analisou-se a caligrafia da supra citada pasta, respeitante à compra do terreno para aí ser construído o Convento de São Francisco. Concluiu-se que a marca desenhada e pintada a castanho com óxidos de manganês, em malgas, teria sido ideia dos frades, salvo melhor opinião, pelo facto das letras, nos registos consultados, serem 7


extraordinariamente parecidas com as usadas no fundo interior das peças. Também Luís Sebastian e Ana Sampaio, num desenho de malga apresentado no estudo, paginado a partir da pág.100, intitulado A componente de Desenho Cerâmico na Intervenção Arqueológico no mosteiro de S. João de Tarouca, mostra um S e um F sobrepostos e com um pequeno círculo à direita no patamar inferior, descentrados no fundo externo da peça, mencionado na página 110, concluindo que se trata de uma marca de fabrico.

Sendo pertença do Convento a dita louça malegueira, urge colocar a questão da presença na zona intra muros do castelo. Entre as respostas possíveis apontamos a que se liga ao facto dos frades darem “ o caldo” aos pobres e doentes do Hospital do Espírito Santo, localizado a poucas dezenas de metros da habitação. Os modelos das malgas são simples, despojadas de decoração (MONCADA: 1998. 33), sendo comumente conhecida por tradicional, podendo recuar, atendendo às suas características, à segunda metade do século XVI. O fabrico deste tipo de louça branca arrastou-se desde o Séc. XVI ao XIX (CALADO: 2005. 30).Trata-se de uma cerâmica simples com barro da cor amarelado ou rosado e coberta por um vidrado branco opaco. A justificar a datação julgada como a mais adequada, há que realçar que os fragmentos foram encontrados num plano estratigráfico inferior àqueles onde estavam

muitos

outros

caracterizados,

sobretudo, pela decoração caligráfica (fot. 20), sendo possível acreditar que as malgas de uso no Convento de São Francisco tenham sido destinadas a esta comunidade religiosa e feitas para serem utilizadas aquando dos inícios da sua fundação, em 1569 (REBELO:1992. 19), sendo

Fot.20

abrigo de frades franciscanos até meados do século XIX. De realçar ainda que no ano de 1796, o Convento pertencia à Ordem dos Capuchos da Conceição e tinha 13 religiosos (REBELO: 1992. 20). Se, por um lado, a faiança veio substituir as peças de cerâmica vermelha no uso doméstico, por outro é aceitável aventar a hipótese de que, e fruto da grande existência de fragmentos e peças em barro vermelho, em todos os planos estratigráficos, fabricadas na região, em registo de oleiros do Larinho desde 1645 e do Felgar na data de 1648, segundo (RODRIGUES e REBANDA: 1996. 7), é de prever que muitas louças encontradas foram fabricadas nesses centros oleiros até à

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década de 60 do século XX (fot. 21).

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No entanto, como as finas e requintadas peças em faiança exumadas eram privilégio de grupos muito restritos, sendo adquiridas por gente com muito dinheiro, comprovamos que os 836 fragmentos de que dispomos, atribuindo a sua produção ao penúltimo quartel do século XVI, se relacionam com esses grupos sociais detentores de poder para adquirirem tão rara louça. Dentro deste tipo de fabrico, ainda se encontraram três

Fot.22

grandes fragmentos de tigela, com uma espiral fechada no fundo, ao centro, e parede com bordo decorado com um filete e ponteados no lábio, pintados a azul de cobalto (fot. 22).

Pertencente, ainda, ao primeiro ciclo da produção (1600-1625), segundo (MONCADA: 2008. 54), encontrou-se 1 fragmento com decoração geométrica, pertencente a uma tigela ou taça decorada a azul de cobalto no fundo e paredes do interior e no tardoz, com dois filetes verticais, separados por linhas horizontais. É neste enquadramento cronológico que podemos situar uma grande indústria em Torre de Moncorvo, e que levou à criação da Real Feitoria do Cãnhamo, em 1617, por Filipe II. A sua presença permite-nos compreender a entrada de faiança nestas terras em virtude das trocas comerciais. As relações entre Torre de Moncorvo e os grandes centros do litoral, assentaram no envio de cordas, produzidas com o cânhamo no Vale da Vilariça, e na compra de louças vidradas, decoradas com motivos e padrões muito apelativos. A Feitoria foi crucial para Torre de Moncorvo, pelo facto de se ter feito um contrato, com a Coroa, já no ano de 1610, para a

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transformação dos linhos da Vilariça em cordame, para apetrechamento dos navios com destino à Índia e às regiões da Costa. A Feitoria foi extinta pelo Alvará de 25 de Fevereiro de 1771, publicado pelo Marquês de Pombal.

Com data provável de fabrico de 1625 até 1650, dispomos de um

Fot.24

fragmento de grande prato, este com 36 cm de diâmetro, covo, com aba e parte do centro. Na aba observa-se um rolo de papel envolto em cordões (fot. 23), o que configura ser da decoração tipo aranhão, confirmada, de forma mais nítida, por outro (fot. 24). É um fragmento de tigela em que o bordo interior, junto ao lábio, está pintado um filete a roxo vinoso. Na parede exterior observam-se dois pêssegos ou romãs com ramagem utilizando o azul

Fot.25

de cobalto e o roxo vinoso. Ainda, do mesmo período, junta-se um fragmento de tigela constituído por parte de base e bojo (fot. 25). Este, no exterior do bojo é decorado com pêssegos ou romãs com ramagem e está pintado a azul de cobalto e roxo manganês, sendo limitado por dois filetes. 9


Seguindo a cronologia do fabrico da faiança (MONCADA: 1988. 11), contabilizaram-se fragmentos de 2 tigelas e de 37 pratos, com decoração por rendas, atribuindo o seu fabrico entre os anos de 1625 e 1700. Segundo a análise do padrão todos são pertença de peças individuais.

O fragmento da tigela esmaltada (fot. 26)) contém parte do fundo e do bojo. A decoração do bojo é composta por uma cadeia de rendas pintadas em azul claro, com tinta espessa no remate do borboto e da franja, e o fundo

Fot.26

apresenta, pelo menos, dois círculos concêntricos. O bordo é rematado com um filete, pintado a azul cobalto, junto ao lábio. O seu tardoz não tem qualquer tipo de decoração.

Já os 13 fragmentos encontrados e decorados por contas, de datação de fabrico de 1650 a 1700, formaram quatro grandes partes de pratos. Um deles, com 20 cm de

Fot.27

diâmetro, (fot. 27), é pintado a azul claro e escuro e roxo vinoso. No centro, dois círculos concêntricos e elementos florais. A aba é decorada com faixa de grupos de seis contas, envoltas em semicírculos e é rematado com dois filetes junto ao bordo. O tardoz não é decorado.

Ainda parte de um prato, com 18 cm de diâmetro, de

Fot.28

forma circular e fabricado com pasta branca, esmaltado, com arrepios no seu tardoz, e marcas do trempe (fot. 28). Ao centro, flores estilizadas a azul de cobalto contornadas com cor castanha e circunscrito por um filete a azul. O covo é pouco acentuado e está emoldurado por duas listas a azul. A aba é plana e é decorado com contas, num total de seis em cada pirâmide e envolvidas por semicírculos, alternados na sua orientação, a manganês. O bordo é boleado. Este tipo de decoração remete-nos para uma datação de finais do século. XVII, segundo (CALADO: 1992. 42).

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Um outro conjunto, de 489 fragmentos e algumas peças quase completas, decoradas segundo a decoração caligráfica, tal como os exumados na Quinta da Anunciada Velha, em Tomar, (MONCADA: 1998. 123), no Mosteiro de S. João de Tarouca (SAMPAIO e SEBASTIAN: 2003. 554) e no Aldeamento Carmelita de N. Sra. Do Desterro de Granació, Nordeste do Brasil (ALBUQUERQUE: 1991-

Fot.29

2001), também se encontraram no logradouro da habitação intervencionada, ainda que com padrões diferentes.

Dos fragmentos selecionados, destaca-se um prato de pequenas dimensões, 20 cm de diâmetro (fot. 29) quase completo, com reminiscências de gordura e incrustações de terra. Está decorado por uma faixa designada de caligráfica a roxo vinoso e ladeado por dois filetes a azul de cobalto. No tardoz observam-se marcas do trempe.

Fot.30

Ainda, três fragmentos de prato, colados, (fot. 30), fabricado em pasta branca, rodado e com forma circular, com 20 cm de diâmetro. O centro é decorado com um pequeno círculo pintado a azul de cobalto e o covo é pouco acentuado O fundo interior é decorado com dois filetes concêntricos a azul de cobalto e traços a manganês, dividindo o círculo maior em sete pequenas reservas. A faixa da aba é inclinada e está decorada com elementos caligráficos, arabescos ou carateres, e é ladeada com dois filetes a azul de cobalto. O bordo é boleado e está definido por um filete a azul de cobalto.

Um outro fragmento de prato é de pequena dimensão (fot. 31), de covo pouco fundo, forma circular, com cerca de 20 cm de diâmetro, é fabricado em pasta branca e esmaltado e decorado a azul claro e roxo vinoso. Ao centro, espiral fechada envolta em faixa de decoração caligráfica, circunscrita por círculos concêntricos. A aba é inclinada e tem uma faixa de

Fot.31

carateres ladeada por círculos concêntricos. O bordo é boleado e o tardoz tem marcas do trempe. Para ultimar este padrão, atente-se à última imagem (fot. 32), em que o esmalte é brilhante, de covo pouco acentuado e tendo ao centro uma espiral fechada em tons de azul claro, envolto por duas circunferências concêntricas e uma faixa de carateres ou arabescos apoiados no último filete. A aba é ricamente adornada por uma faixa de carateres em

Fot.32

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cadeia, ladeada por filetes concêntricos. O bordo é boleado e o tardoz apresenta irregularidades no esmalte.

Já num nível à cota média do espaço intervencionado,

recolheram-se

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fragmentos de faiança, alguns de grande dimensão (fot. 33). Encontrou-se um com características semelhantes ao publicado no livro Cerâmica, da coleção Fundação Manuel Cargaleiro, pág.73, onde se pode observar um fragmento de prato com policromia a verde e manganês. Data do terceiro quartel do século XIX e é de forma circular, de pasta vermelha e com marcas de trempe. O covo é pouco

Fot.33

acentuado e a aba é levemente côncava. É preenchida por ramo de flores em forma de cachos dispostos em simetria e alternância das cores definidas por um eixo vertical. O bordo é definido por um duplo filete a roxo manganês (fot. 34). Entre os demais fragmentos de pratos, palanganas e bacias de barbear, entre outras, observa-se uma decoração específica, suportada em desenho livre e na estampilha. Destacam-se as flores, a pena de pavão, linhas ondulantes irradiando do centro e a cercadura. A sua grande diversidade é apoiada na definição

dos

seguintes

grupos:

Pré-ratinho;

Decoração irradiante; Figuração humana; Flores; Vegetação exuberante, Covo despojado; Decoração

Fot.34

fracionada; Figuração zoomórfica e Arquitetura.

Ainda, e seguindo um enquadramento cronológico baseado na publicação da investigação A louça inglesa do Séc. XIX: Considerações sobre a terminologia e metodologia utilizados no sítio de Florêncio de Abreu, São Paulo, encontraram-se fragmentos do tipo VI, (ARAÚJO e CARVALHO: 1992. 83) de fabrico inglês, com a marca de Joh Meir & Son, com data de fabrico compreendido entre 1837 e 1897 e alguns de prato Davempot, com decoração “ Blue Feather Edget” e período de fabricação entre 1780 e 1830, e um fragmento de prato, modelo “ Oriental”, com data de fabrico entre os anos de 1815 e 1850. 12


Já os modelos e padrões mais recentes, começaram a ser fabricados na Fábrica de Miragaia, cuja produção se iniciou em 1775 e terminou em 1852. A partir de 1827 até 1840, a produção é do tipo inglês com pintura a azul sobre decalque (fot. 35). A tigela do nosso conjunto (fot. 36) está decorada com motivos de cantão popular a tons de azul e foi produzida na primeira metade do século XIX. Pode verificar-se que os oleiros portugueses reinterpretaram o padrão do salgueiro, onde contam a história de amor de

Fot.35

dois jovens chineses, podendo ver-se o palácio do Mandarim, os tracinhos verticais e uns semicírculos a representarem a água e as nuvens. A origem do motivo teve a sua origem no louça inglesa do Willow Pattern ( padrão do salgueiro).

Os 320 fragmentos com decoração cantão popular são significativos na sua dimensão. Tigelas decoradas, após

Fot.36

a colagem de alguns fragmentos, cifram-se em 4 e taças contabilizam-se 3.

Numa estratigrafia mais superficial, aproximadamente de meio metro até à base construtiva, contaram-se 4433 fragmentos e algumas peças quase completas. Atendendo à decoração das abas (fotos 37 a 40) identificaram-se 147 com bordaduras diferentes e ainda 155 fundos, sendo uma tarefa razoavelmente fácil a identificação da louça ao nível da sua proveniência, pelas particularidade dos motivos, padrões, cores e formas. Podemos estar em face de uma produção das Fábricas da Miragaia, Bandeira, Fervença, Estremoz, Darque (Viana do Castelo), Massarelos, Sacavém, Coimbra e Alcobaça, entre muitas outras.

Fot.37

Fot.38

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Fot.39

Fot.40

Em dois dos fundos dos pratos, apareceram as letras C e W entre o medalhão coroado, correspondentes às que surgem nas peças produzidas na Fábrica de Louça de Massarelos a partir de 1936, segundo o Dicionário de Marcas de Faiança de Filomena Simas e Sónia Isidro, 1996. Estão, ainda, num prato com a decoração do tipo cavalinho ou estátua, de um período de fabrico compreendido entre 1912/1920. Também se identificaram dois fundos de tigelas decoradas com o motivo pavão ou Asiatic Pheasants, em verde e rosa. De realçar que a Fábrica de Louça de Massarelos foi fundada no século XVIII. Em 1936 foi vendida à Companhia das Fábricas de Cerâmica Lusitânia.

Da Fábrica de Louça de Sacavém, uma tigela apresenta o motivo estátua estampado a verde sobre o vidrado do período Gilman, de fabrico compreendido entre 1905 e 1930. Um outro fundo apresenta motivos geométricos a castanho, com datação de produção entre 1930 e 1970. De realçar que as marcas são diferentes ao nível do retângulo da fivela, do número de furos e do seu remate.

Por uma questão de prioridades na investigação, a correspondente a este conjunto de fragmentos ficará para outro momento mais oportuno, sendo abordada a faiança produzida em Portugal a partir dos inícios do século XIX (fotos 41 a 44), mais precisamente do início da laboração das fábricas de Fot.41

Fervença, no ano de 1824, e da Bandeira, no ano de 1835.

Fot.42

Fot.43

Fot.44

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5 - CONCLUSÃO

De um modo geral, as faianças encontradas com elementos decorativos e características diferentes direcionam-nos para épocas e locais distintos no seu fabrico. Estas, maioritariamente de serviço de mesa, abarcam épocas muito precisas. Se, por um lado, as mais antigas podem recuar ao século XVI, já as últimas podem ser perfeitamente datadas da primeira metade do século XX. Há, portanto, um período cronológica de quase 500 anos de depósito de inertes e de louças de uso doméstico, em contexto familiar, no Núcleo Medieval de Torre de Moncorvo.

Numa estratigrafia mais inferior, ao nível da base do rés-do chão, como foram encontradas placas de moscovite para decoração de louça de prestígio, alguma até brunida, assim como barro cru e milhares de fragmentos e malgas completas em cerâmica tradicional, é de todo credível pensar-se que houve, nos tempos mais recuados, por volta do século XVI, um centro de produção de olaria local, talvez nas proximidades do quintal da habitação, com forte inclinação para a casa contígua nº 15, por haver uma maior quantidades de cinzas localizadas junto à parede divisória. Como determinante para arvorar esta hipótese, é importante contextualizar a localização dos quintais das habitações com ligação de caminho pedonal a partir da Igreja da Misericórdia com a Rua Nova.

As faianças em apreciação, remetem-nos para uma época inicial da produção destas em Portugal, sendo determinante e importante para o presente estudo os 5885 fragmentos e algumas peças quase completas, sendo caracterizadas de acordo com a tipologia de fabrico e a sua decoração. A organização dos fragmentos foi disposta de acordo com a cronologia utilizada, em parte, do livro Faiança Portuguesa, Séc. XVI a Séc. XVIII, de Luís Cabral de Moncada, 1998, da seguinte maneira:

Decoração tradicional - ( 1575-1675) - 836 fragmentos Decoração geométrica – ( 1600- 1625) – 1 fragmento Decoração pré- aranhão ( 1625 – 1650) – 2 fragmentos Decoração aranhões – ( 1650- 1700) – 6 - fragmentos Decoração de rendas – ( 1625- 1700) – 39- fragmentos Decoração de contas – ( 1650- 1700) – 12- fragmentos Decoração caligráfica – (1675 – 1725) – 489 - fragmentos Faiança ratinha, último quartel do Séc. XVIII até ao Séc. XX – 157 fragmentos Diferentes tipos de faiança a partir do séc. XVIII – 4343 – fragmentos. Este conjunto, ainda em estudo, aponta para uma utilização de objetos de uso doméstico com cronologias bem distintas. 15


Estando Torre de Moncorvo no auge construtivo no século XVI, nomeadamente, com as obras da Igreja Matriz, da Igreja da Misericórdia e do Convento de S. Francisco, é justo projetar a ideia que nestas terras houve, pelas mais diversas justificações, um centro aglutinador de gente a laborar nas várias construções, o que fortalece a possibilidade de contactos com centros oleiros espalhados pelo país, justificando, em parte, o grandioso espólio de faiança recolhido. Não é por demais salientar que os franciscanos de Torre de Moncorvo mandaram inscrever a vinoso as iniciais da ordem em malgas e pratos de uso no refeitório do convento. Também, e não esquecendo o contributo dos habitantes do castelo, principalmente, os que se dedicavam aos negócios, os cristãos novos, e outros, foram importantes para as trocas comerciais com as outras regiões, nomeadamente, com a venda de cordame, produzido a partir a linho cãnhamo cultivado no vale da Vilariça, sendo eles determinantes na aquisição da louça esmaltada, esta com características de superior qualidade para o uso doméstico.

E foi precisamente este tipo de louça que possibilitou o início de uma grande investigação que deve insistir na prossecução dos seus objetivos até à apresentação das peças mais interessantes, sob o ponto de vista artístico, na Sala de Arqueologia a instalar no Museu do Ferro. Também prioritária é a continuação da intervenção científica no estudo dos acervos em depósito, provenientes do espaço onde está instalado o Núcleo Museológico da Fotografia do Douro Superior (fotos 45 a 47) e do da casa da N. Sra. Dos Remédios (Fot. 48), propriedade de Paulo Patoleia, com 397 fragmentos de faiança, com acentuada predominância da decoração por rendas.

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Fot.46

Fot.45

Fot.47

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Fot.48

Por todas estas evidências, é justo afirmar que Torre de Moncorvo teve contacto com as primeiras faianças produzidas em Portugal e que estas estiveram na sua rota até meados da década de sessenta do século XX.

Torre de Moncorvo, 25 de Maio de 2013

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