Book final cepihs 2 25 09 2012

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A clausura dos conventos dos Remédios, da Conceição e da Penha de França

Os aspetos materiais deveriam ser igualmente cuidados, até porque da saúde financeira da instituição dependia a prossecução das obrigações espirituais. As provisoras, refeitoeiras, roupeiras, depositárias e enfermeiras completavam a diversidade de cargos exercidos nos claustros. As abadessas eram providas eleitoralmente, de três em três anos. No entanto, no convento de Nossa Senhora dos Remédios essa prática só se observou a partir de 1599, após a morte da primeira abadessa que ocupara aquele cargo vitaliciamente13. A rotatividade da ocupação do cargo procurava evitar a constituição de redes de poder que de alguma forma se pudessem instalar nos cenóbios. Não obstante, nos conventos de Nossa Senhora dos Remédios e de Nossa Senhora da Penha de França, houve situações em que as preladas desempenharam o cargo por um período mais longo do que aquele que estava estabelecido, tendo os próprios arcebispos contribuído para esse facto ao permitirem que determinadas abadessas continuassem a exercer o cargo para além do período determinado. Cabia-lhes, após o ato eleitoral, a administração espiritual e material da comunidade. O rigor com que esta última responsabilidade era exercido podia cimentar a base de sustentação da casa e a falta dele punha em causa a sua sobrevivência. Os rendimentos dos cenóbios por nós estudados foram múltiplos e de natureza diversa. Em primeiro lugar figuravam os rendimentos deixados pelos fundadores das instituições, que se constituíam em património imóvel e as respetivas rendas associadas. Os dotes compunham uma importante fonte de receita, bem como o rendimento proveniente das operações financeiras, como o empréstimo de dinheiro a juro e a compra de padrões de juro. As propriedades doadas ao convento, por religiosas ou seus familiares, ou aquelas que foram adquiridas pela comunidade, contribuíam com as rendas associadas à sua exploração14. Noutros institutos religiosos são conhecidas situações idênticas, nomeadamente em Santa Maria de Cós. Veja-se Cristina Maria André de Pina Sousa e Saul António Gomes, Intimidade e encanto. O mosteiro Cisterciense de Sta. Maria de Cós, Leiria, Edições Magno, 1998, pp. 90-91. 14 Sobre a natureza das fontes de receita dos cenóbios em estudo confira-se Ricardo Silva, Casar com Deus..., op. cit., pp. 163-237. 13

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