Revista leiaSFF 33

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25 de abril Grupo de História

A História é feita por personalidades marcantes que, por ações valorosas, conseguem mudanças extraordinárias no percurso das civilizações. Essas são frequentemente lembradas, homenageadas e estão sempre presentes na nossa memória. Mas a História também é feita pelos cidadãos comuns, aqueles que passam para as gerações futuras como anónimos, mas sem os quais a progressão histórica não se realizaria. São eles os GRANDES HOMENS da História, que merecem também a nossa homenagem. Pegando neste mote, e sob o pretexto da Comemoração do 25 de abril, foi pedido aos alunos da disciplina de História da Francisco Franco que recolhessem, junto de familiares ou conhecidos que tivessem presenciado o 25 de Abril de 1974, testemunhos da forma como viveram o

dia, como era a vida antes dele e o que com ele mudou. Nada melhor do que pegar nas recordações dos que da Revolução fizeram parte, para a sentir e entender Achamos também que seria muito enriquecedor associar os testemunhos recolhidos de quem viveu o dia, a interpretações plásticas feitas pelo agrupamento das Artes da escola, mais concretamente, os alunos do Professor Nélio. Conseguiríamos assim unir o testemunho real com a interpretação pessoal, a geração passada com a geração presente, a palavra com a imagem. Nasceu então uma mostra, percorrida pelo gosto agradável que a sensação de objetivo cumprido, no que respeita ao relembrar de Abril de 74, nos traz. Em relação ao cumprimento do Espírito de Abril, já não temos tantas certezas. Compete a cada um de nós avaliá-lo. A todos um bem-haja! E VIVA O 25 DE ABRIL

Testemunho de Conceição Mendes Lisandra 11º 26

A minha avó, Conceição Mendes, residente no Jardim da Serra, estrada do Luzeirão, deixa aqui o seu testemunho de como viveu antes, durante e depois da Revolução do 25 de abril. “Antes do dia da revolução a vida era muito rigorosa. Não havia luz, usava-se o petróleo para iluminação, tinha-se de ir à ribeira lavar a roupa e buscar água à fonte. Para enxugar a roupa, acendia-se uma fogueira na lareira. Não havia estradas, andava-se descalço. Os meus filhos, que na altura eram apenas quatro, iam para a escola sem sapatos e tinham de levar um banco para se poderem sentar. Quando eles che-

gavam, iam para a serra apanhar moitas para tratar os porcos e as cabras. Tinha-se apenas um conjunto de roupa boa para ir à missa no Domingo e quando se chegava a casa tirava-se e vestia-se a velha, que era para não estragar. Na altura não se podia falar, dizer o que se pensava e não havia dinheiro. Eu era agricultora e bordadeira. O dinheiro vinha do que se cultivava e vendia, mas ganhava-se pouco. Ia comprar meio quilo de massa, 1 dl de azeite, ¼ de quilo de sabão apenas com 20 escudos e 5 tostões de peixe. As coisas eram muito caras, não se tinha dinheiro que chegasse para comprar o que era preciso e às vezes tinha-se de comprar fiado. A gente tratava porcos, cabras e bois para se poder ter carne em casa e alguma era vendida para se poder ter dinheiro. 39


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