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REGINALDO GARCIA
OPINIÃO
REGINALDO GARCIA
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Empresário e presidente da Associação dos Lojistas do Flamboyant Shopping Center (Aslof)
COMÉRCIO: O FOCO É TRABALHO
Ovarejo brasileiro é desafiado nos últimos anos por questões que já eram grandes barreiras na década passada, mas ganharam um reforço de dificuldade maior após o início da pandemia. Não vamos avançar aqui, aliás, sobre o período tenso das quarentenas e decretos de fechamento, mas sim das consequências: Alta de custos e da falta de mão de obra.
Sobre alta de custos, podemos destacar que todos os produtos subiram muito de 2020 para cá. É uma realidade mundial. É fato que o poder de consumo menor faz com o que o consumidor fique mais seletivo. É obrigado a escolher menos produtos e/ou menor quantidade dos produtos que comprava antes, para equilibrar seu orçamento.
Do outro lado do balcão, o empresário angustiado. Os insumos dobraram de preço, mão de obra escassa, nova tabela de preço chegando com alta em produtos que o consumidor já está reclamando. Os lojistas foram obrigados a absorver parte destes custos novos, repassando no limite para os preços, pois ninguém melhor para entender o consumidor do que o vendedor e o gerente de loja.
Essa relação de confiança foi determinante neste período – o consumidor não culpou o lojista em momento algum, pois compreendeu que a conjuntura econômica de inflação, nacional e até mundial, que estava afetando os preços. A parceria lojista-consumidor foi preservada, muito porque não ocorreram abusos ou oportunismo. O varejista quer vender, dar giro para a loja, e o preço alto é o grande inimigo da venda.
E a inflação não veio sozinha atordoar o empresário brasileiro – uma dor que afetou todos setores, destaca-se. Ela trouxe junto a falta de mão de obra. O País, mesmo em momentos que a taxa de desemprego estava em dois dígitos, registrava situação crítica para se contratar. Ou faltava qualificação mínima nos currículos que apareciam ou faltava vontade de assumir a vaga.
Essa indecisão em assumir a vaga tem, entre outras raízes, o excesso de ‘sub-empregos’, muitos com horários flexíveis e remuneração semelhante ao emprego formal, mas sem qualquer proteção ou garantias dos direitos trabalhistas.
O comércio, que tradicionalmente é a porta de entrada do trabalhador no mercado de trabalho, agora enfrenta a concorrência, por exemplo, de serviços de aplicativos ou a informalidade, que a todo momento cresceu, mas não reduziu com a queda na taxa de desemprego. Essa realidade torna a mão de obra mais cara e difícil de achar, quadro que se agrava quanto mais se necessita de qualificação.
Mas o comerciante tem sido valente e criativo. Não vi, hora alguma, desânimo ou dúvidas quanto a vitalidade do comércio. São problemas conjunturais que serão resolvidos com o tempo. Entre as virtudes do empresário no País estão a resiliência e a disposição. O empreendedor quando acusa o golpe nestas duas “variáveis”, ele pode estar dando um passo firme no rumo do fechamento. E nós sabemos disso e tomamos doses extras diariamente, pois não vamos vencer os desafios só reclamando ou procurando culpados. O foco é trabalho.
“O comércio ainda é a entrada do trabalhador no mercado de trabalho. Mas, agora concorre com aplicativos, por exemplo, que não são CLT."