Centro Assistencial de Hemodiálise

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CENTRO ASSISTENCIAL DE HEMODIÁLISE

Leandra Nicolli de Souza

Universidade São Francisco

Trabalho Final de Graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo

CENTRO ASSISTENCIAL DE HEMODIÁLISE

Leandra Nicolli de Souza Prof. Orientador: Dennis Flores de Souza
Campus Itatiba 2022
“A arquitetura é a arte que determina a identidade do nosso tempo e melhora a vida das pessoas.”
Santiago Calatrava

AGRADEÇO,

aos meus orientadores, professor Dennis Flores de Souza, pelos conselhos e ensinamentos compartilhados no desenvolvimento do projeto, e Paulo Eduardo Borzani Gonçalves, pelas orientações e direcionamentos no estudo do tema.

À Universidade São Francisco e ao corpo docente do curso de Arquitetura e Urbanismo, por todos os aprendizados e referências passadas durante os últimos cinco anos, pelas vivências e trocas de experiências e pela perseverança em formar profissionais capacitados.

Aos meus amigos e colegas de classe, com os quais compartilhei momentos de felicidade e aprendizagens que levaremos para a vida toda. Em especial aos que se tornaram amigos próximos e que me ajudaram com conversas, informações e desabafos nos momentos em que este trabalho se fazia pesado, trazendo risadas e leveza durante o ano.

Aos meus pais e familiares que sempre me apoiaram e motivaram no percurso, e por me proporcionarem oportunidades para chegar onde cheguei.

À minha mãe, Marilaine, por possibilitar o entendimento do ponto de vista do paciente da terapia renal substitutiva, e por me guiar em inspirações de força e coragem. É por você!

RESUMO

Este memorial foi desenvolvido a partir de preocupações acerca da saúde pública e da influência da arquitetura hospitalar humanizada na qualidade de vida das pessoas. Dados mostram que o número incidente de pacientes de hemodiálise cresce progressivamente a cada ano, fator que não se replica na quantidade de clínicas especializadas. O tratamento dialítico realizado nos pacientes portadores de IR (insuficiência renal) se configura como integrante diário da rotina dessas pessoas, sendo realizado, em média, em três sessões semanais. Por este fato e pelo procedimento ser considerado razoavelmente agressivo ao corpo, pessoas nesta situação demandam de um ambiente hospitalar humanizado, que as acolham e proporcione bemestar.

Por isso, este estudo pretende realizar a proposta de um projeto para uma clínica especializada em terapia renal substitutiva, compreendendo as medidas e técnicas de humanização e de conforto ambiental que podem ser empregadas na tentativa de criar um ambiente aconchegante e seguro, que melhore a qualidade de vida e de tempo dos pacientes, e agregue efeitos positivos no seu processo de cura e de estado de saúde física e psicológica.

S U M Á R
1. Arquitetura Hospitlar 11 2. Histórico do Local 15 3. Histórico do Tema 19
I O
Estudos
Caso 25
43 6. Referências Bbibliográficas 91
4.
de
5. Projeto
Arquitetura

A P Í T U L O 1

Arquitetura Hospitalar

Este capítulo discorrerá sobre a história da arquitetura hospitalar e a origem destes espaços, sua evolução através das décadas e a importância da arquitetura para sua configuração atual.

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Arquitetura Hospitalar

INTRODUÇÃO

Diferente da relação direta que a medicina possui com os hospitais hoje em dia, a origem desses locais não comporta como finalidade um espaço para a prática medicinal.

Hospitalis, do latim, derivado de hospes (hóspede, estrangeiro, viajante) representa, inicialmente, um abrigo para passageiros de embarcações e demais viajantes. Era vinculado ao ato de acolher e proporcionar condições de estadia, além de hospedar pessoas com doenças graves e/ou saúde fragilizada, as quais buscavam as instituições (de caráter filantrópico) para passar seus últimos dias com cuidados e dignidade. Mais tarde, na Roma antiga, surgiam como equipamentos para cura e tratamento da saúde de soldados feridos em batalha.

O hospital enquanto edifício surge ao final do século XVIII, junto ao desenvolvimento da ciência medicinal e de novas áreas de atuação clínica e cirúrgica, o que demandou um espaço destinado a práticas e aprendizagem médica. A partir deste momento, a arquitetura recebe um papel significante na busca e na promoção destes espaços relacionados à saúde e cura. Ela auxiliou, de acordo com a evolução cronológica das técnicas e percepções de necessidades, na criação desses espaços de forma a atender os programas e suas questões funcionais, assumindo nova importância.

CONFIGURAÇÃO ATUAL

Como tantas outras áreas, a arquitetura hospitalar e a concepção destes espaços se modificam proporcionalmente aos avanços tecnológicos e científicos, especialmente a partir do século XX, no qual o número de hospitais se expandiu consideravelmente. Do ponto de vista das enfermidades, o hospital deixou de ser o destino daqueles que estão ao fim da vida, para um local focado na assistência da saúde, na cura e no reestabelecimento da vida saudável.

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No Brasil, o modelo pavilhonar foi aos poucos sendo substituído pelos blocos verticais, nos quais os setores comuns passaram a ser agrupados e os percursos a serem percorridos, reduzidos (MIQUELIN, 1992 apud MATOS, 2008).

Esses modelos foram popularizados no movimento do Modernismo, sendo utilizado por arquitetos como Rino Levi e Oscar Niemeyer, por exemplo, no projeto do Hospital Sul América, localizado no Rio de Janeiro (figura 1).

Com os avanços da medicina e de todas as atividades que acontecem em um hospital, a arquitetura busca criar espaços focados na funcionalidade de demandas e na regularização de fluxos e setores de atendimento. No entanto, à medida em que o tempo de permanência dos pacientes aumentou dentro dos hospitais e, simultaneamente, a preocupação com a configuração técnica, as soluções de humanização destes espaços acabaram ficando esquecidas por anos, tornando a serem discutidas nos dias atuais (ABDALLA et. al., 2010).

A cidade de São Paulo-SP possui uma grande concentração de polos hospitalares que atendem à demanda de grande parte do estado. O bairro Bela Vista se apresenta estrategicamente localizada neste setor, estando entre dois bairros supridos de hospitais e clínicas assistenciais da saúde.

Imagem 1: Hospital Sul América (Oscar Niemeyer e Hélio Uchôa, 1950) (fonte: https://iph.org.br/revista-iph/materia/o-hospital-sul-america-e-o-projeto-moderno-na-arquitetura-de-saude). Acessado em 18/05/2022.
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C A P Í T U L O 2

Histórico do Local

Neste capítulo, o discurso está focado no histórico do local de intervenção, e o entendimento da configuração atual em que a implantação estará inserida.

LOCAL DE INTERVENÇÃO

O bairro Bela Vista, situado no município de São Paulo/SP, abrange os bairros do Morro dos Ingleses e da Bixiga, e destaca-se por sua tradicionalidade e localização. Parte do centro da cidade, o distrito é cercado por vias de importância como as Avenidas Paulista, 23 de Maio e 9 de Julho. Sua peculiaridade é ser um dos poucos bairros que conservam as características do passado do município; neste caso, com forte influência italiana na arquitetura dos casarões e nas cantinas e restaurantes populares. Originalmente como um conjunto de propriedades rurais, o bairro paulistano passou a ser loteado por imigrantes italianos atraídos pelos baixos preços e pela forte produção cafeeira no município, com destaque ao alto índice de fertilidade no solo da região, ao fim do século XIX. O local também abrigou negros que fugiram da escravidão e escravos libertos. A mescla de diferentes pessoas e culturas de imigrantes que se desenvolveram ali resultou na formação do bairro que hoje é chamado de Bela Vista, e conta com grande apreço local pela tradicionalidade visual que foi preservada e pelas ruas movimentadas por diversas atividades que ali se desenvolvem.

A região é facilmente acessada pelas linhas de metrô verde e azul e pelas rotas e pontos de transporte coletivo, que se adensam próximas às grandes vias que a transpassam. Segundo o COGNATIS (2017), o Bela Vista possui 95.324 habitantes, predominantemente composta por adultos.

O bairro encontra-se estrategicamente localizado quando se fala em acesso a saúde. Além de possuir diversos estabelecimentos assistenciais e complementares da saúde, e contar com grandes nomes como os hospitais Beneficência Portuguesa (BP) e Sírio Libanês; está cercado por regiões que também possuem muitos pontos de interesse, como a Liberdade e a Consolação.

Giannotto (2014) destaca que a abertura de grandes vias e avenidas no distrito como a Radial Leste-Oeste resultou na deterioração de patrimônios culturais materiais e imateriais, danos que deixaram o bairro e as políticas públicas estagnadas. Por isso, várias tentativas de planejamento urbanos foram pensadas em forma de Planos Diretores, zoneamentos e projetos.

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Em 2002, o distrito passou por um processo de tombamento, instaurado pelo Conselho Municipal de Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da cidade de São Paulo (CONPRESP), visando estimular a revitalização e o crescimento planejado do bairro.

Nos anos seguintes, o Plano Diretor passou por duas novas atualizações, com mudanças e repropostas de zonas e macrozonas com foco na preservação. Atualmente, a macrozona de estruturação e qualificação urbana é a que consolida grande parte do Bela Vista, tendo como inovação os Eixos da Transformação Urbana (ZEU), as quais são definidas por elementos estruturais de transporte coletivo e de maiores coeficientes de aproveitamento. O Plano também conta com incentivos através de ortoga onerosa à criação de térreos ativos, com fruição, além áreas destinadas à implantação de HIS/recursos do Fundo de Desenvolvimento Urbano (FUNDURB).

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Imagem 2: Perspectiva do bairro Bela Vista (fonte: https://guiadebairros.proprietariodireto.com.br/bairro-bela-vista-sao-paulo/). Acessado em 06/06/2022.

A P Í T U L O 3

Histórico do Tema

Este capítulo possui dados históricos e estatísticos da Terapia Renal Substitutiva (hemodiálise), justificando sua necessidade; além de destacar as principais características dos espaços assistenciais da saúde que fornecem este serviço.

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CLÍNICAS DE HEMODIÁLISE

A insuficiência renal ou doença renal é caracterizada pela OMS como a condição na qual os rins perdem a capacidade de efetuar suas funções básicas (filtrar as substâncias nocivas do sangue e controlar a pressão arterial), podendo ela ser aguda – quando a função renal se perde de forma rápida e súbita – ou crônica – quando a perda se dá de maneira gradual e irreversível. As doenças crônicas são um dos grandes desafios das políticas e das técnicas de saúde pública atualmente.

Dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) informam que cerca de 10% da população adulta já perdeu em algum estágio a função renal, percentual que aumenta de 3 a 5 vezes em pessoas acima de 65 anos – evidenciando a relação da enfermidade com o envelhecimento. A quantidade de brasileiros portadores de IRC (insuficiência renal crônica) teve um crescimento de mais de três vezes nos últimos 20 anos.

Gráfico 1: número estimado de pacientes em diálise crônica por ano (fonte: Inquérito Brasileiro de Diálise Crônica 2019, grifo pelo autor).

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Quanto maior a perda da função renal, maior a necessidade de ações extracorpóreas que auxiliem no processo de filtração do sangue no organismo; se a condição é superior a 85% da função, o paciente deve ser submetido à terapia renal substitutiva (hemodiálise) – tratamento realizado em 3 sessões semanais, cada sessão com 4 horas de duração.

O tempo destinado tanto ao tratamento quanto ao deslocamento até o local de tratamento, por ser um elemento diário da rotina dos pacientes, pode acabar se transformando em mais uma forma de desmotivação dos usuários. Neste quesito, a arquitetura pode se configurar como uma forte aliada, auxiliando nas características convidativas e de apoio à permanência no ambiente hospitalar.

Toledo (2006), explica de forma clara a importância da humanização dentro do espaço hospitalar:

“Em geral, é nesse edifício que nos conscientizamos de nossas fragilidades, impotências e solidão diante da doença, é também que podemos vir a encontrar a coragem, a solidariedade e a esperança necessárias ao processo de curo. A humanização do edifício hospitalar é condição imprescindível para que esses sentimentos positivos floresçam, ajudando-nos a superar o estresse, a mitigar a dor e a abreviar o momento da alta.”

De acordo com a UNIFESP (2021), a primeira tentativa bem sucedida de filtração artificial do sangue foi realizada em 1943, pelo holandês Willem Kolff. Seis anos depois, a técnica chegou ao Brasil e foi realizada no Hospital das Clínicas de São Paulo. A princípio, os hospitais universitários eram os principais provisores do tratamento.

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A partir da década de 1970, com a evolução da tecnologia e da disponibilidade das máquinas utilizadas no tratamento, e do crescimento do número de pacientes necessitando de diálise, começou a se pensar em espaços destinados especificamente à terapia renal substitutiva, descartando a necessidade dos pacientes de frequentar o ambiente hospitalar e diariamente ver-se em posição de enfermidade. A criação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988, possibilitou que a hemodiálise pudesse ser acessada pelas classes menos abastadas também.

De acordo com Lessa (2004) hoje a IRC é vista como um problema mundial de saúde pública e tem recebido uma atenção cada vez maior da comunidade médica e cientifica em decorrência da sua elevada prevalência.

A Resolução da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) definiu os critérios mínimos para o funcionamento de estabelecimentos públicos e privados que realizam a diálise em pacientes ambulatoriais (BVSMS, 2004).

“9.1. As Unidades de Diálise devem atender aos requisitos de estrutura física previstos na RDC/ ANVISA nº 50, de 21 de fevereiro de 2002 ou instrumento legal que venha a substituí-la, além das exigências estabelecidas neste regulamento, em códigos, leis ou normas pertinentes, quer na esfera federal, estadual ou municipal e, normas específicas da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas referenciadas.” PORTARIA Nº 593, DE 25 DE AGOSTO DE 2000

A RDC nº 154, de 15 de junto de 2004 estabelece um regulamento técnico que contempla diretrizes de programa de necessidades, serviços mínimos e equipe médica que estes estabelecimentos devem suprir.

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PROGRAMA MÍNIMO PARA AS ATIVIDADES

1. Área de registro (arquivo) e espera de paciente;

2. Sanitários para pacientes (ambos os sexos);

3. Consultório médico;

4. Sala de recuperação de pacientes;

5. Sala para tratamento hemodialítico;

6. Sala para tratamento hemodialítico de pacientes HBsAg positivos;

7. Sala de reprocessamento de dialisadores de pacientes não contaminados;

8. Sala de reprocessamento de dialisadores de pacientes HBsAg positivos;

9. Posto de enfermagem e serviços;

10. Sala para o tratamento e reservatório de água tratada para diálise;

11. Sala para armanezagem de concentrados, medicamentos e material médico hospitalar;

12. Depósito de material de limpeza;

13. Sala de utilidades;

14. Sanitários para funcionários (ambos os sexos);

15. Copa;

16. Sala administrativa;

17. Área para guarda de macas e cadeira de rodas;

18. Vestiários de funcionários;

19. Abrigo reduzido de coleta de resíduos sólidos de serviços de saúde;

20. Área de processamento de roupa (lavanderia)

A Portaria GM/MS nº 1884, de 11 de novembro de 1994, determina que as salas de tratamento hemodialítico devem possuir, no mínimo, uma área de 5,00m² por poltrona/leito, sendo dispostas de forma a permitir uma distância mínima de 1,00 entre si.

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C A P Í T U L O 4

Estudos de Caso

Este capítulo tem o intuito de expor a análise de três projetos hospitalares, suas soluções arquitetônicas e bioclimáticas, que referenciarão o partido e o desenvolvimento do trabalho.

HOSPITAL SARAH KUBITSCHEK

FICHA TÉCNICA

Arquiteto: João Filgueiras Lima (Lelé)

Localização: Salvador, Brasil

Ano (projeto): 1987

Ano (construção): 1994

Status: Construído

Materialidade: Metal Estrutura: Aço Implantação no terreno: Isolado

O Hospital Sarah Kubitschek (Salvador) é um de nove estabelecimentos que compõem a Rede Sarah, todos especializados na assistência médica e de reabilitação nas áreas neurológicas e ortopédicas (s/a, REDE SARAH). As edificações destacam-se arquitetonicamente quando se fala em soluções de conforto bioclimático e de humanização do espaço hospitalar.

João Filgueiras Lima, ou Lelé, foi o arquiteto responsável pelo projeto do objeto de estudo supracitado, implantado em um terreno de 128.395,84m², com 27.000m² de área construída. Inicialmente, o hospital possuía capacidade de 157 leitos, e tornou-se modelo para as 7 unidades posteriores.

O edifício foi implantado em um terreno exclusivo, próximo a uma área de Mata Atlântica. Seu entorno imediato se relaciona com alguns estabelecimentos de serviço (shopping, restaurantes, mercados...) e com majoritariamente quadras residenciais.

LEGENDA POR PREDOMINÂNCIA

Hospital Rede Sarah Residencial Misto Serviços

Imagem 3: vista aérea de implantação (fonte: Google Earth (acessado em 11/05/2022), grifo do autor).
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Sob um grande platô, o projeto tem partido horizontal implantando em sistema linear e apresenta as unidades distintas do hospital interligadas por um corredor em comum. Sua setorização é dividida em duas grandes plataformas paralelas situadas sobre um grande embasamento com galerias de ventilação (COELHO, 2018), sendo a primeira plataforma composta pelos setores de infraestrutura e serviços, enquanto o segundo comporta os ambulatórios, centros cirúrgicos, enfermarias e áreas de atendimento e reabilitação.

Plataforma de ambulatórios, centros cirúrgicos, enfermarias e áreas de atendimento e rabilitação

Plataforma de infrasestrutura e serviços

Imagem 4: corte esquemático das duas plataformas (fonte: Archdaily, grifo do autor).

Imagem 5: vista superior das duas plataformas (fonte: Archdaily)

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Imagem 6: planta baixa, identificado sistema linear (fonte: Archdaily, grifo do autor)

Internamente, os ambientes são conectados à jardins externos que cercam e permeiam a construção, através de aberturas, panos de vidro e leitos com varanda. A presença de áreas verdes no projeto (já implantando próximo a uma área de Mata Atlântica) possibilitam a relação direta dos pacientes com espaços humanizados e confortáveis, além de maximizar a entrada e a circulação de luz e ventilação naturais, agregando valores de conforto térmico ao edifício.

Imagem 7: jardins externos (fonte: Archdaily)
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Imagem 8: jardins externos (fonte: https://www.nelsonkon.com.br/en/hospital-sarah-kubitschek-salvador/)

Ainda analisando as soluções bioclimáticas usadas pelo arquiteto, devese citar a cobertura, que também aparece como característica marcante arquitetônica do projeto. Ela é composta por shed metálico curvo, com diferentes extensões, repetidos em padrões paralelos sobre as plataformas do edifício.

Imagem 9: panos de vidro (fonte: Archdaily) Imagem 10: corredor (fonte: Archdaily)
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Imagem 11: vista do shed metálico (fonte: Archdaily, grifo do autor)

Imagem 12: vista do shed metálico (fonte: Archdaily)

Imagem 13: vista do shed metálico (fonte: https://www. nelsonkon.com.br/en/hospital-sarah-kubitschek-salvador/)

Imagem 14: aberturas criadas no shed (fonte: https:// www.nelsonkon.com.br/en/hospital-sarah-kubitschek-salvador/)

Suas variações de altura entre a base do shed e o topo das ondulações são fechadas por janelas e brises, que proporcionam um sistema bastante eficiente de circulação de vento e de entrada de luz natural, tornando o edifício termicamente bem resolvido.

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Imagem 15: vista das aberturas no shed (fonte: Archdaily, grifo do autor)

FICHA TÉCNICA

HEMODIÁLISE
Situada em um bairro de periferia em transformação entre a ruralidade e a urbanidade, a Clínica de Hemodiálise Nefrodouro foi pensada para se tornar um espaço marcadamente distinto das clínicas convencionais, adotando uma abordagem urbana e contemporânea. CLÍNICA DE
NEFRODOURO
Arquitetos: Ventura+Partners Localização: Santa
Portugal Ano (projeto): 2011 Ano (construção): 2018 Status: Construído Materialidade: Concreto Estrutura: Aço Implantação no terreno:
Imagem 16: fachada frontal (fonte: ArchDaily, acessado em 05/10/2022) Vencedor do International Architecture Awards 2020 na categoria de hospitais e centros médicos Clínica Nefrodouro LEGENDA Residencial Misto Serviços Institucional 31 Imagem 17: vista aérea da implantação (fonte: Google Earth (acessado em 05/10/2022), grifo do autor)
Maria da Feira,
Isolado

Considerando o declive do terreno, seu programa se divide em dois pisos que possuem forma paralelepipédica, apresentando a estrutura modular em dois planos horizontais.

Imagem 18: cortes mostrando o partido horizontal do projeto e as duas lâminas paralelepipédicas (fonte: Archdaily, (acessado em 21/09/2022), grifo do autor)

Sendo assim, sua sequência construtiva pode ser divida em: pavimento inferior implantado no platô mais baixo do terreno (1) contendo o acesso de funcionários (5); a laje deste pavimento acompanhando o platô mais alto do terreno, servindo como piso para a construção superior (2); o pavimento superior surgindo como um plano horizontal monolítico (3) contendo o acesso de pedestres e pacientes (5). O projeto conta com uma projeção de ampliação vertical caso se faça necessário (4).

Imagem 19: esquemas da sequência construtiva (fonte: Archdaily, (acessado em 21/09/2022), grifo do autor)

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A geometria também se faz evidente nos vãos e nos painéis que revestem a fachada, criando uma sequência replicada de janelas. O partido horizontal proporciona ao concreto uma relação harmoniosa com a estrutura metálica e o vidro, conferindo ao edifício uma sobriedade imponente e contrastante em relação ao seu entorno predominantemente residencial (vide imagem 16).

As aberturas verticais do volume, além de proporcionarem uma boa relação visual entre o interior e o exterior do edifício, evidenciam a forma com que a iluminação foi pensada como elemento de conforto, uma vez que possibilitam uma boa incursão de luz natural em sua parte interna. Esse fator foi priorizado especialmente na sala de tratamento, segundo os arquitetos, visando o bem-estar e o conforto físico e psicológico dos pacientes onde passam longos períodos de tempo.

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Imagem 20: fachada frontal e entrada principal mostrando o partido horizontal do projeto e as aberturas (fonte: Archdaily (acessado em 15/09/2022), grifo do autor) Imagem 21: aberturas, vista externa (fonte: Archdaily) Imagem 22: aberturas, vista interna (fonte: Archdaily) Imagem 23: aberturas, vista externa (fonte: Archdaily)
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Imagem 24: aberturas, vista interna da sala de hemodiálise (fonte: Archdaily)

Como mencionado anteriormente, o edifício possui seu programa dividido em dois pisos, sendo o piso inferior destinado aos setores de apoio e funcionários, enquanto o piso superior comporta os setores de administração e atendimento médico.

Imagem 25: setorização do pavimento térreo (fonte: Archdaily, (acessado em 15/09/2022), grifo do autor)

Imagem 26: setorização do pavimento inferior (fonte: Archdaily, (acessado em 15/09/2022), grifo do autor)

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Dessa forma, pode-se notar que a relação de acessos entre os pavimentos permite um fluxo de pessoas e materiais funcionais para o que se destina.

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Imagem 27: vista do edifício a partir do pavimento inferior (fonte: Archdaily, (acessado em 15/09/2022) grifo do autor).
Localizada no deserto da Austrália Ocidental, a clínica de saúde aborígene de Punmu e Parnngurr atende a algumas das comunidades mais remotas do país, estando a centenas de quilômetros das cidades mais próximas.
MÉDICOS WESTERN DESERTS
TÉCNICA Arquitetos: Kaunitz Yeung Architecture Localização: Telfer, Austrália Ano (projeto): 2018 Ano (construção): 2020 Status: Construído Materialidade: Metal Estrutura: Concreto pré-moldado Implantação no terreno: Isolado Imagem 28: fachada frontal (fonte: ArchDaily, acessado em 21/10/2022). Gold Winner do European Healthcare Design Award 2020 na categoria de design de assistência médica 37
CENTROS
FICHA
Imagem 29: localização (fonte:
Brett Boardman, 2020) Imagem 30: localização (fonte: Brett Boardman, 2020)

A propriedade de caráter comunitário foi projetada com o intuito de substituir as clínicas originais da década de 90, construídas quando as comunidades foram estabelecidas e que não eram mais adequadas para o propósito. Desta forma, a nova clínica possibilitou que novas especialidades e profissionais da saúde ampliassem o alcance e a qualidade da prestação de serviços, além de proporcionar um envolvimento significativo da comunidade, favorecendo a adequação cultural no projeto.

Imagens 31 e 32: moradores da comunidade na clínica (fonte: Brett Boardman, 2020)

O fato do local ser peculiarmente remoto e de que os materiais e equipamentos eram de difícil acesso exigiram uma abordagem exclusiva. Por isso, a edificação é um misto de estrutura modular e vedação executada no local.

Imagem 33: fachada mostrando parte da estrutura e da vedação (fonte:

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Brett Boardman, 2020)

Os módulos pré-fabricados (1) foram confeccionados em Perth, capital da Austrália, em concreto pré-moldado com revestimento externo, assim como os telhados (2) e todos os encaixes internos (3). Desta forma, os ambientes alcançaram uma qualidade mais alta do que convencionalmente se encontraria na região. Depois de transportados e posicionados no local, foram construídas as vedações externas (4) conforme cada volume no que diz respeito às condições locais e culturais.

Imagem 34:

Como resultado, observa-se um volume monolítico que se apresenta em um plano horizontal, com variações na cobertura, mas que compõem um sistema simétrico.

Imagem 35:

Técnicas de conforto e sustentabilidade também foram consideradas no projeto. A temperatura é regularmente superior a 40º, podendo chegar a 50º no verão. Por isso, o volume é protegido por uma pérgola escultural que atua como um telhado secundário e fornece sombra ao redor do edifício. Esse elemento também dá suporte para 60 painéis fotovoltaicos que fornecem 30% da energia da clínica.

elevações (fonte: Brett Boardman, 2020, grifo do autor) fachada frontal (fonte: Brett Boardman, 2020, grifo do autor)
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Onde existem aberturas revestidas por vidro, foram empregados brises e elementos vazados, confeccionados por artistas locais, que também auxiliam no controle de temperatura interna na clínica, visando trazer ao ambiente mais conforto e bem-estar para os usuários.

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Imagens 36 e 37: vistas da pérgola (fonte: Brett Boardman, 2020) Imagem 38: brises, vista interna (fonte: Archdaily) Imagem 39: brises, vista externa (fonte: Archdaily) Imagem 40: brises, vista externa (fonte: Archdaily) Imagem 41: brises, detalhe (fonte: Archdaily)

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Projeto

Neste capítulo serão apresentados o objetivo, a justificativa, as pretensões e etapas do desenvolvimento do projeto, concluindo com seu resultado final.

OBJETIVO

Este trabalho tem como objetivo geral projetar, a nível de anteprojeto arquitetônico, um Centro Assistencial de Hemodiálise, na cidade de São Paulo-SP, onde os usuários terão contato apenas com os procedimentos do próprio tratamento e infraestrutura pertinente. Além disso, visa-se também contemplar no projeto os benefícios que a arquitetura em seus conceitos de humanização, funcionalidade e conforto podem agregar ao ambiente hospitalar e ao estado de saúde dos pacientes e funcionários.

Espera-se que o projeto forneça, além de um espaço adequado para o tratamento de hemodiálise, um ambiente agradável que mude a perspectiva dos pacientes em relação ao lugar e contribua para a qualidade de vida dos usuários do edifício.

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JUSTIFICATIVA

A arquitetura hospitalar passou e ainda passa por processos de mudança. O que antes era visto como abrigo de doentes ou local de mortalidade, hoje se apresenta com uma gama de conceitos e técnicas de conforto ambiental e humanização, integrando lugares ventilados, iluminados e funcionais aos procedimentos que ali ocorrem.

Mesmo com tantos avanços, as clínicas de hemodiálise no Brasil ainda são escassas em relação ao aumento do número de pacientes a cada ano, conforme o gráfico a seguir:

Gráfico 2: número estimado de pacientes por ano (fonte: Inquérito Brasileiro de Diálise Crônica 2019,grifo do autor).

O gráfico 2 mostra que o número de pacientes no Brasil aproximadamente triplicou em um período de 18 anos, o que não aconteceu com a quantidade de clínicas. Sendo assim, os hospitais que fornecem o tratamento vêm se apresentando sobrecarregados, principalmente no período pós pandemia da Covid-19.

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No Brasil, o estado de São Paulo se apresenta com a maior concentração de pacientes renais (vide gráfico 3), com foco na cidade capital, São PauloSP, por conter os principais polos de tratamento. Segundo dados do censo do IBGE realizado em 2010, neste ano a população predominante tinha de 25 a 29 anos. Atualmente e, durante os próximos anos, a tendência é que este número continue evoluindo, conforme o envelhecimento da população para as idades mais afetadas - conforme gráfico 3.

+75 13,5% 64 a 74 22,5% 45

Sul Sudeste Centro-Oeste Nordeste Norte 15,8% 40,7% 6,5% 32,1% 4,9%

20 a 44 21,1% 45 a 64 43,0%

Gráfico 4: predominância de casos por idade (fonte: Inquérito Brasileiro de Diálise Crônica 2019, grifo do autor).

Gráfico 3: prevalência estimada de pacientes em diálise crônica por região geográfica no Brasil em 2020 (fonte: Inquérito Brasileiro de Diálise Crônica 2020, grifo do autor).
Pensando nisso e tendo como base a bibliografia estudada, percebese a necessidade de novas clínicas de hemodiálise onde o bem-estar e o conforto do paciente sejam prioridades, visando amenizar o desgaste físico e emocional da rotina diretamente conectada ao ambiente hospitalar. Começando por criar um espaço exclusivo para o tratamento, diminuindo o contato dessas pessoas com outras enfermidades e ocorrências e, tendo o planejamento arquitetônico hospitalar qualificado como aliado na qualidade de vida de todos que ali passam os dias, justifica-se a implantação de um Centro Assistencial de Hemodiálise que possua técnicas de conforto ambiental - ventilação e iluminação naturais -, integração com espaços verdes e de convivência e componentes de distração na cidade com o maior número de pacientes do Brasil.

“Uma pessoa está confortável em um ambiente quando está em neutralidade em relação a ele. No caso dos edifícios hospitalares, a arquitetura pode ser um instrumento terapêutico se contribuir para o bem-estar físico do paciente com a criação de espaços que, além de acompanharem os avanços da tecnologia, desenvolvam condições de convívio mais humanas.”

OSCAR CORBELLA, 2003

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Imagem 42: referência de arquitetura hospitalar humanizada (fonte: Viva Decora)

ANÁLISE URBANA

Diversos fatores influenciaram na escolha da área de intervenção, podendo-se dividir em quatro pontos principais de análise urbana. Além de compreender a justificar a determinação do terreno, tal análise também estabelece condições e possíveis diretrizes que fundamentam o conceito e o partido a serem adotados no projeto.

1. Localização

O terreno escolhido está localizado na rua Pedroso, próximo ao corredor Norte-Sul, como já mencionado, no perímetro do Bela Vista, bairro central da cidade de São Paulo - SP. Está inserido na ZEU (Zona de Eixo de Estruturação da Transformação Urbana), na qual se destaca uma “orientação da produção imobiliária para áreas localizadas ao longo dos eixos de transporte coletivo público com novas formas de implantação de empreendimentos que promovam melhores relações entre espaços públicos e privados e contribuam para a redução dos tempos e distâncias de deslocamentos.” (Gestão Urbana SP, s/d).

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Imagem 43: mapa de zoneamento (fonte: autora)

Com isso, nota-se uma grande diversidade de usos e ocupações em toda a área de análise, com quadras contendo residências, comércios, instituições, serviços (mercados, estacionamentos, postos de gasolina, etc.), edificações mistas e estabelecimentos de saúde.

De acordo com a Resolução nº 154 da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), de 15 de junho de 2004, os estabelecimentos autônomos que prestam serviços de diálise devem “dispor de um hospital de retaguarda que tenha recursos (materiais e humanos) compatíveis com o atendimento aos pacientes submetidos ao tratamento dialítico, em situações de intercorrência ou emergência, localizado em área próxima e de fácil acesso”.

Sendo assim, outro fator considerado para a escolha do terreno foi a sua proximidade com outros hospitais; neste caso, em especial com o Hospital Alemão Oswaldo Cruz (unidade Vergueiro), que é o estabelecimento mais próximo e já fornece essa assistência no município.

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Imagem 44: mapa de uso e ocupação (fonte: autora)

Imagem 45: levantamento dos estabelecimentos de saúde (fonte: autora)

2. Acessos

Outra potencialidade considerada foram as possibilidades e a facilidade do acesso ao terreno. Conforme mencionado acima, o terreno está em uma zona de eixos de transporte público coletivo, portanto, com várias opções de deslocamento até o local.

Na figura 46 foram levantadas as linhas e estações de metrô na escala do bairro. Com o terreno indicado em laranja, nota-se que a linha azul passa tangenciando sua fachada lateral pela rua Vergueiro, com a Estação São Joaquim a apenas uma quadra de distância.

Imagem 46: mapa de linhas e estações de metrô (fonte: autora)

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O mesmo pode ser observado em relação às linhas e pontos de ônibus. Existem linhas passando em todas as ruas adjacentes ao terreno, além de ao menos 4 pontos de parada do transporte coletivo próximos ao mesmo.

Imagem 47: mapa de linhas e estações de ônibus (fonte: autora)

3.

Entorno e Escala urbana

Este item refere-se à inserção do terreno no bairro e sua relação com o seu entorno. Conforme levantado, o bairro Bela Vista se destaca por manter sua tradicionalidade nas construções e na cultura. Nele, encontrase uma gama variada de equipamentos públicos, culturais, institucionais, educacionais, esportivos, de serviço e de saúde.

Imagem 48: mapa de equipamentos (fonte: autora)

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A presença de tantos e variados serviços faz com que haja um grande fluxo de veículos e pedestres diariamente, que desfrutam de uma boa infraestrutura urbana e de eixos visuais que seguem a relação de gabaritos das edificações.

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Imagem 51: infraestrutura do bairro: arquitetura tradicional (fonte: Redação Lopes) Imagem 52: infraestrutura do bairro: arte (fonte: Redação Lopes) Imagem 53: mapa de gabarito de altura (fonte: autora) Imagem 49: infraestrutura do bairro: cultura (fonte: Redação Lopes) Imagem 50: infraestrutura do bairro: lazer (fonte: Redação Lopes)

Apesar da notável densidade urbana observada, o bairro conta com vias arborizadas e pequenos jardins. O terreno está localizado próximo ao corredor Norte-Sul, que conta com canteiros entre as avenidas e cria uma relação de contato com áreas verdes.

4. Características do terreno

A área de intervenção escolhida possui uma área de 2.795,90 m² e é um terreno de esquina a esquina, tendo face para três vias, sendo a principal a Rua Pedroso (coletora), a secundária Rua Barão de Ijuí (coletora), do lado esquerdo de quem da rua olha para o lote, e a outra secundária Rua Vergueiro (arterial), do lado direito de quem da rua olha para o terreno. Longitudinalmente, sua extensão apresenta um declive de 7 metros de altura, sendo a cota mais baixa na rua Barão de Ijuí e a cota mais alta na rua Rua Vergueiro.

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Imagem 54: mapa de áreas verdes (fonte: autora)

Imagem 55: levantamento 1: classificação e sentido das vias (fonte: autora)

Imagem 56: levantamento 2: cotas e medidas + topografia (fonte: autora)

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Sua face principal está voltada para a direção sul e os ventos predominantes vêm da direção oeste, conforme o esquema abaixo, que mostra também os principais pontos geradores de ruídos.

Imagem 57: esquema dos aspectos ambientais (fonte: autora)

Como parâmetros legais, a ZEU (Zona de Eixo de Estruturação da Transformação Urbana) estabelece:

Imagem 58: tabela das diretrizes do zoneamento (fonte: autora)

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CONCEITO

Com o conceito de acolhimento, segurança e humanização, o CHBV (Centro de Hemodiálise Bela Vista) surge como um equipamento que ao invés de ocasionar intrusões visuais e/ou sensoriais, se adapta ao seu entorno através de formas orgânicas e alturas compatíveis com a escala humana, enquanto constitui em seu interior um refúgio da agitação urbana externa através de materiais adequados, integração com áreas verdes e fluxos bem estabelecidos.

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PARTIDO

Para isso, optou-se por uma implantação em formato de “E”, onde um bloco horizontal compõe a fachada frontal, e dele surgem três blocos perpendiculares ao mesmo em direção aos fundos do terreno. Este formato permitiu o emprego do modelo pavilhonar, usado em grandes hospitais até meados do século XX, na microescala de uma clínica de um único pavimento, além de propiciar uma setorização bem definida e uma melhor organização dos fluxos dentro do estabelecimento.

Para estabelecer a implantação do programa no edifício, o primeiro fator considerado foi a topografia do terreno, uma vez que os seis metros de desnível de uma extremidade para a outra caracterizaram o principal desafio do projeto. Esta característica de declive tornou inviável a inserção do edifício em um único nível em termos de acessibilidade e circulação pública nos passeios, além de ocasionar a necessidade de super-movimentação de terra na obra, criando também um muro de arrimo muito alto em relação a uma das calçadas.

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Imagem 59: situação (fonte: autora)

Pensando nisso e com o objetivo de manter os atributos naturais do terreno, ao invés de produzir um único e grande platô, dividiu-se a implantação do projeto em três principais níveis, sendo: Pavimento térreo, constituído pela entrada principal e pelos setores de recepção e espera, apoio ao acompanhante e hemodiálise; dois metros acima, o pavimento superior: onde encontram-se os setores administrativo e de apoio e funcionários; e, por fim, dois metros abaixo do pavimento térreo, encontra-se o pavimento inferior: composto pelos setores de atendimento clínico, cirúrgico e emergencial.

Para transitar entre os três pavimentos o edifício dispõe de conjuntos de escada e rampas (conforme NBR 9050).

Como resultado, observa-se um edifício de implantação em um único pavimento, dividido em três níveis, nos quais os setores estão divididos de forma a ocasionar a menor necessidade de circulação possível para os pacientes.

Imagem 60: corte esquemático da edificação não escalonada (fonte: autora)

Imagem 61: corte esquemático da edificação escalonada (fonte: autora)

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A clínica conta com duas salas destinadas à terapia renal substitutiva (hemodiálise), cada uma com capacidade de 12 leitos, totalizando em 24 pacientes por sessão. Disponibilizando três turnos de tratamento (manhã, tarde e noite), 72 pacientes serão atendidos por dia, resultando em 504 sessões semanais.

As duas salas de hemodiálise contam com um grande espaço para as poltronas/macas, que estão distanciadas em 1,00 metro entre si, conforme a RDC 154 da Anvisa.

Cada leito possui um painel com televisão particular, proporcionando uma alternativa de distração pessoal para os pacientes durante as horas de tratamento. Eles também terão acesso a uma pequena biblioteca na sala, composta por prateleiras com livros e revistas que também podem auxiliar como passatempo.

Medidas de distração como as citadas anteriormente somadas à materialidade aplicada: tons neutros, detalhes em madeira e grandes aberturas que dão vista ao jardim e paisagismo externo, potencializam a humanização do espaço e o conforto ambiental/pessoal dos pacientes enquanto estão ali, contribuindo para o bem-estar e qualidade de vida dos usuários. A Clínica de Nefrologia Premium RJ, localizada no Rio de Janeiro, é uma referência das diretrizes adotadas no projeto:

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Imagens 62 e 63: sala de hemodiálise da Clínica de Nefrologia Premium RJ (fonte: Grupo Nefroclínicas, 2021)

Todo o setor de hemodiálise está isolado e privativo, ou seja, as únicas pessoas que circulam por ele são os pacientes e funcionários envolvidos na sessão. Foi pensada também uma sala de espera unicamente para aqueles que estão aguardando a hora da sua sessão, não havendo necessidade de ficarem nas áreas de convívio comum da clínica. Este espaço privativo conta com um jardim interno e com mobiliário de permanência, salientando uma sensação de aconchego e pertencimento.

Imagem 64: esquema de cores e texturas utilizadas no projeto (fonte: autora)

O mesmo partido foi adotado no restante do edifício, que combinado às soluções de estrutura e grandes aberturas sequenciadas, conferem ao projeto um caráter harmonioso, agradável e contemporâneo, capaz de proporcionar aos usuários sensações de segurança e acolhimento.

Estrutura e Materialidade

A fim de facilitar e otimizar a execução, o projeto conta com um sistema construtivo metálico. Este sistema permite que os vãos sejam vencidos por pilares de menor seção e sua implantação modulada favorece o desempenho da mão de obra, além de minimizar consideravelmente os desperdícios de materiais e recursos.

Para a vedação do edifício, são utilizadas placas de concreto préfabricadas, visando também a redução de desperdícios na construção. Essas placas são intercaladas por fechamentos em vidro, principalmente na fachada principal, onde optou-se por manter quase toda a sua face envidraçada a fim de maximizar a entrada de luz natural no interior e conferir identidade visual à clínica.

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A concepção estrutural conta com uma modulação de 1,50m x 1,50m, com base nas referências construtivas do arquiteto João Filgueiras Lima (Lelé). Os pilares de perfil H possuem 20cm x 20cm e são encaixados dentro dos parâmetros da modulação, seguindo também as divisórias internas. As vigas, também de perfil H, são encaixadas nos pilares através de ligações soldadas.

Nas áreas de convívio comum, a estrutura fica aparente até a cobertura; já nas salas onde ocorrem atividades e procedimentos, ela fica acima do sistema de laje e forro.

Imagem 65: planta de forro com modulação estrutural (fonte: autora)

Imagem 66: referência construtiva 01 (fonte: Ligações de Estruturas Metálicas, Juliano Neto)

Imagem 67: referência construtiva 02 (fonte: Apoios de Estruturas Metálicas, Alexandre Sardá)

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Um diferencial do projeto é a cobertura, que é composta por três plataformas onduladas metálicas divididas na extensão transversal do edifício. A plataforma do meio foi deslocada das outras duas, criando uma diferença de altura onde podem ser consideradas novas aberturas, potencializando a entrada de luz natural. Para viabilizar a colocação da cobertura, foram utilizadas nove treliças, sendo três empregadas em cada plataforma.

Imagem 68: vista das novas aberturas (fonte: autora)

Imagem 69: esquema da circulação de vento (fonte: autora)

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Imagem 70: esquema da sequência estrutural (fonte: autora)

Conforto Ambiental

Conforme as diretrizes priorizadas por Lelé nas unidades hospitalares da Rede Sarah, o projeto da CHBV buscou explorar ao máximo a entrada de luz natural e circulação de vento, contando com grandes e sequenciadas aberturas em toda sua extensão.

Por ser quase inteiramente revestida por vidro, a fachada principal demanda de uma solução para tratamento de conforto térmico e ambiental, por isso, foram empregados elementos de madeira sequenciados, cuja dimensão (40 cm) e distanciamento entre si (80 cm) possibilitam a proteção contra a incisão dos raios solares (30º).

Estes elementos foram replicados nas laterais, com maior afastamento do edifício, para criar comunicação e identidade visual em todas as fachadas visíveis da clínica.

30º 30º

Áreas verdes e Paisagismo

Espaços do terreno que não estão sendo utilizados para a construção ou para caminhos/vias se mantiveram na forma de taludes (seguindo a topografia natural), onde foram trabalhadas áreas verdes e paisagismo, que compõem um sistema de sombreamento e proteção contra ruídos externos, contribuindo para o conforto térmico e auditivo. Podem-se citar três principais jardins no projeto: dois localizados entre o bloco do pavimento térreo e os outros dois pavimentos. Estes jardins dão vista principalmente para as salas de hemodiálise, tornando-se um elemento arquitetônico e um eixo visual para os pacientes. O terceiro jardim está no talude que chega à rua Barão de Ijuí, fachada lateral esquerda do edifício e

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Imagem 71: detalhamento brise (fonte: autora)

o ponto mais baixo do seu perímetro, se apresentando como um elemento paisagístico externo para quem olha da rua para a clínica.

Internamente, foram trabalhados espaços verdes nas áreas de recepção e espera (geral e hemodiálise) e junto às rampas. A cobertura possui aberturas acima dos jardins externos nos fundos e dos internos em meio às rampas, possibilitando que os mesmos tenham contato com a luz solar e criando uma integração entre o interior e o exterior do projeto.

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Imagem 72: planta de áreas verdes (fonte: autora) Imagem 73: referência jardim (fonte: Vitruvius) Imagem 74: referência jardim (fonte: Débora Bonetto)
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Imagem 75: planta baixa (fonte: autora)
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Forma

Inicialmente, pensou-se em priorizar o aproveitamento das extensões do terreno para alcançar uma implantação de um único pavimento, a fim de facilitar a locomoção e a acessibilidade no edifício (1). A fim de obter um maior número de faces onde se fizessem possível a criação de mais aberturas, otimizando a entrada de luz natural e a circulação de vento, e também viabilizar o escalonamento do prédio na topografia, propôsse dois recortes no bloco retangular inicial (2). Como resultado, observase o formato “E”, composto por um bloco horizontal em toda a extensão voltada para a fachada frontal do terreno, de onde saem três elementos perpendiculares em direção ao norte (3).

1: proposta da forma inicial

Imagem 76: diagrama de forma nº 1 (fonte: autora)

2: a fim de criar um maior número de aberturas, maximizando a entrada de luz natural e a circulação de vento, propôs-se os dois recortes indicados em vermelho

Imagem 77: diagrama de forma nº 2 (fonte: autora)

3: como resultado, observa-se a implantação em formato de “E”

Imagem 78: diagrama de forma nº 3 (fonte: autora)

PROCESSO CRIATIVO 67

Desde o início havia a ideia de trabalhar na cobertura uma forma não convencional, conferindo ao projeto um caráter orgânico que destoasse do entorno padronizado de edificações altas e retangulares, sem se tornar uma intrusão visual em qualquer um dos eixos. A configuração curva/ondulada foi a solução adotada para atender a esta diretriz (1). Com o objetivo de criar uma diferença de alturas para agregar um efeito ainda mais orgânico, dividiu-se a cobertura em três plataformas, sendo a do meio deslocada das outras duas (2).

Imagem 79: croqui da fachada 1 (fonte: autora)

Imagem 80: croqui da fachada 2 (fonte: autora)

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Função

Tendo a forma definida, a premissa para a definição dos ambientes foi uma pré noção do fluxograma pretendido para o projeto (1). Após considerar a inter-relação e correspondência de cada setor junto ao fluxograma, fezse possível o esboço inicial da divisão dos setores (2) determinados no briefing do programa de necessidades.

Imagem 81: croqui fluxograma (fonte: autora)

Imagem 82: croqui setorização (fonte: autora)

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Por fim, foram definidos os acessos públicos e restritos com base na setorização e, assim, também os detalhes externos do terreno como caminhos e áreas verdes.

Imagem 83: croqui implantação (fonte: autora)

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PROGRAMA DE NECESSIDADES

A fim de conceber um ambiente organizado e funcional, o projeto foi dividido em seis setores, posicionados conforme sua inter-relação de fluxos, a fim de minimizar a necessidade de grandes locomoções por parte dos funcionários e dos pacientes dentro do edifício, diminuindo também o risco de transmissão de infecções e contaminações.

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Imagem 84: planta de setorização (fonte: autora)

Uma das principais condicionantes para o bom funcionamento de uma unidade hospitalar é a definição dos fluxos - público, de funcionários e de pacientes. A setorização demonstrada permitiu que essas circulações e seus respectivos acessos sejam realizados da seguinte forma:

Cada setor é composto pelas salas técnicas e de apoio pertinentes ao seu funcionamento, baseado na Portaria nº 82, de 03 de janeiro de 2000, que estabelece o regulamento técnico para o funcionamento dos serviços de diálise, e nas demais referências, conforme a tabela a seguir:

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Imagem 85: planta de fluxograma e acessos (fonte: autora)
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Legislação

Para estabelecer a relação de áreas e tamanhos no terreno, foram considerados e respeitados os parâmetros e código de obras do plano diretor municipal no que se refere à zona inserida (ZEU).

Imagem 86: tabela comparativa do zoneamento x projeto (fonte: autora)

A = 2.796,72 m²

Imagem 87: planta baixa área total (fonte: autora)

A = 1.359,25 m²

Imagem 88: planta baixa área construída (fonte: autora)

A = 441,15 m²

Imagem 89: planta baixa indíce de permeabilidade (fonte: autora)

75
76
Imagem 90: perspectiva da clínica (fonte: autora)
IMPLANTAÇÃO 77
78
PLANTA BAIXA - SETORES 79
80
PLANTA BAIXA - LAYOUT 81
82
PLANTA DE COBERTURA 83
84
CORTES 85
86
CORTES 87
88

ELEVAÇÃO SUL ELEVAÇÃO LESTE

ELEVAÇÕES 89
90

ELEVAÇÃO NORTE

ELEVAÇÃO OESTE

ELEVAÇÕES 91
92
PROJETO EM 3D 93
Imagem 102: entrada principal (fonte: autora) Imagem 103: perspectiva + via de ambulância (fonte: autora)
94
Imagem 104: entrada principal (fonte: autora) Imagem 105: perspectiva (fonte: autora)
PROJETO EM 3D 95
Imagem 106: via de serviço (fonte: autora) Imagem 107: perspectiva (fonte: autora)
96
Imagem 108: perspectiva (fonte: autora) Imagem 109: perspectiva (fonte: autora)
PROJETO EM 3D 97
Imagem 110: fachada principal (fonte: autora) Imagem 111: rampa interna com vegetação (fonte: autora)
98
Imagem 112: jardim externo (fonte: autora) Imagem 113: vista aérea (fonte: autora)

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