Hedem issue

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com a arte e mais do que isso, que se expressasse para o mundo, algo que é tão difícil hoje. É difícil aceitarmos que o mundo nos conheça, temos medo de ser quem somos na maioria das vezes. André Coelho tem tudo a ver com o que procurarão: a liberdade em se expressar.

“Eu gosto de me expressar através da moda como se eu fosse uma tela. Eu não visto nada que não seja eu, eu sou honesto com o que me visto. Quem não gosta de moda, tá perdendo, porque eu acho legal você se conhecer, se expressar.”

ENTREVISTA

Moda sem gênero não é apenas um modelo de corte, um uniforme de cores, de igual para igual. Moda sem gênero é um grito no mundo da arte, um grito de liberdade, de socorro para essa sociedade que já deu de tabus e regras. Moda sem gênero é uma liberdade necessária na moda e na arte. Assim como André desenha plantas e jardins que “não existem” você também pode vestir o que a tendência não indica.

Depois de muitas aulas analisando a Santa Ceia, Mona Lisa e etc. Eu senti pela primeira vez a arte perfurar minha alma. Vindo dizer que o novo, a arte: era o agora. E foi inevitável escrever essa matéria de maneira pessoal, porque muito mais de querer que você leitor conheça o artista que eu conheci, eu quero que você sinta o que eu senti. Eu quero que você construa uma história, assim como fiz aqui, com personagem e cenário. Mas o cenário que eu escolhi é um cenário existente, um cenário onde transcende a alma artística. No dia da entrevista, estava chovendo e isso só foi um “boom” para sentir toda a magia de um estúdio de quem faz uma arte para qualquer pessoa, qualquer público, sem exigências de conhecimento, apenas de sentimento. No meio da entrevista eu comentei com André Coelho o quão difícil é achar no mercado artístico algo incomum, que não seja igual. Você leitor, também sabe que é. Então essa matéria é um convite para que você aprenda a acordar todos os dias e olhar a poesia que existe em volta de você. Não se contempla quem já fez e o que já fizeram, apenas se tem gratidão. Contempla-se quem faz agora. A arte está tão perto de nós: nos jardins, nas ruas, nas

“Não precisamos de ‘mulher rosa e menino azul, mulher boneca e menino carrinho’, o mundo está se abrindo de uma forma que isso não cabe mais nele. O legal é você se vestir do jeito que você quiser... Mas sobre isso as pessoas são mais corajosas do que o mercado.” Um trabalho intuitivo, sem política e moral da história. Meu personagem não busca passar uma mensagem, apenas espera que as pessoas sintam a obra. Com toda energia embutida em seus traços, e que assim, elas encontrem a mensagem dentro delas mesmas. E posso dizer que é inevitável não sentir. Em tempos de história da arte, glorificamos nossos passados e esquecemos de vasculhar o hoje. As preciosidades com assinaturas únicas. Com detalhes e encanto único. No meu segundo ano de faculdade, eu tinha um professor de história da arte que sempre dizia que jornalista que não sabe sentir a arte, não sabe nada sobre arte, obrigada Marcos Araujo.

plantas que não existem no mundo real, mas deixam o nosso imaginário mais bonito. A arte está em chamar alguém para colorir sua parede branca, para trazer cor a sua vida. A arte é o que meu personagem, dessa história real, faz. Essa é nossa arte hoje, é nossa arte para ser aplaudida, é a arte que nos relembra a nossa própria natureza, o nosso próprio mundo e as coisas mais simples que estão a nossa volta.

“A vida é minha grande poesia, tudo que é feito na cidade me alimenta muito. Eu vejo poesia no dia a dia, nas pessoas na rua, na transformação da cidade, na mudança da natureza, nas coisas simples” Obrigada ao grande protagonista dessa história André Coelho, que me permitiu lembrar que arte, são as coisas mais simples que o nosso tempo curto não nos permite observar. Ainda bem que alguém faz isso por nós.

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